Consegui sair dessa confusão
De alguma forma, consegui
Não sabia o quanto estava perdida
Até encontrá-lo...

– Mais onde diabos você se meteu ontem a noite?! – Elena gritou quando Damon adentrou o quarto na manhã do dia seguinte. Já se passava das 10 horas e ela já devia ter deixado uns 30 recados na caixa postal dele.

– Calminha Elena, não acha que está levando esse negócio de namoro a sério demais? – Ele falou sem dar tanta atenção a ela, tirou a blusa e a jaqueta e sentou-se na cama para tirar os sapatos. Sentia-se até descansado, mais a vontade de voltar para a cama ainda era grande – Ou isso tudo é preocupação com o seu Salvatore preferido? – ele piscou levemente para ela a fazendo revirar os olhos.

– Eu estava preocupada sim, Damon – ela recomeçou a falar cruzando os braços a frente dele – COM A MINHA REPUTAÇÃO! – Ela gritou quando ele levantou – A final que espécie de namorada não sabe pra onde e muito menos porquê o namorado saiu de uma festa onde estava, a princípio, se divertindo? E ainda por cima o sujeito só aparece no dia seguinte as 10 da manhã. Da próxima, avisa pelo menos... Merda, Damon! Vai pro banheiro! – Ela voltou a gritar quando percebeu que a calça jeans já estava desabotoada, o zíper aberto e ele se preparava para tirá-la.

– Como se nunca tivesse me visto de sunga...

– Eu nem sei se você ta de cueca – ela respondeu e ele riu alto.

– O que é belo tem que ser visto, Elena...

– Você ainda ta bêbado, por um acaso? – ela o perguntou, aquela lhe pareceu a única explicação plausível para o quase show de estripe de Damon, não que ela não quisesse ver... – Vai pro banheiro, Damon!

– Tudo bem... Mais saiba que é você quem está perdendo... – Saiu com seu sorriso lateral no rosto.

– Babaca...

– Se arruma! – ele voltou a falar depois de algum tempo de silencio.

– Pra quê? – Elena perguntou raivosa.

– Como pra quê? – Ele respondeu como se fosse óbvio – Nós temos mais três capítulos pra dar fim!

– São 10h16 da manhã, Damon! Você estragou nosso tempo!

– Que estraguei nada... Se arruma!

Meia hora depois os dois estavam batendo no quarto de Caroline.

– Não vou sair nem que me paguem! Estou me arrumando para um almoço com o Klaus! – Caroline gritou la de dentro e Damon riu.

– Mais não era um jantar e só depois do concurso de Miss?

– Eu ganhei um almoço também – a voz dela estava animada – Agora vão embora que estão me atrapalhando!

– Tá bom, então... – Elena respondeu fazendo coro a risada de Damon. Caroline devia estar animadíssima.

– Acha que ela tem chance com o Klaus? – Elena perguntou quando eles adentraram o carro.

– Se tem... – ele disse fazendo Elena rir.

– Vocês são todos farinha do mesmo saco...

– Acho que somos mesmo... Pra onde vamos, baby?

– Para o colégio...

– Que?

– O colégio, Damon...

– Credo, Elena... Se era pra escrever sobre coisas comuns da vida de adolescente, porque não contar sobre uma adolescente de Paris? Estaríamos bem melhor hospedados em um hotel na cidade luz...

– Eu escreveria se eu conhecesse Paris, mais para seu azar, eu só conhecia Mystic Falls...

Para azar dos dois, o Mystic Falls High School estava cheio de adolescentes.

– Não acredito que esquecemos que as porcarias das coisas pro desfile são feitas na escola – Damon resmungou dando um soco no volante.

– Pra que isso? – Elena balançou a cabeça desaprovando a atitude dele – Abaixa Damon!

– O quê? – ele perguntou sem entender quando ela baixou o máximo que pode o corpo dentro do carro.

– Abaixa droga! O Alaric e as meninas estão bem ali!

– Pra que isso? – ele respondeu tentando imitar a voz dela.

– Não quero ser pega pra boia! – Elena esbravejou ao lado dela.

– Tarde demais... – ele disse com voz pesada olhando a janela ao lado dela.

Toc Toc Toc. O som no vidro fez Elena querer pular em Damon. Ninguém menos que Rebekah estava lá a olhando encolhida tentando se esconder.

– Caiu meu brinco... – Elena tentou se justificar quando abriu o vidro do carro.

– Aham – Rebekah disse sem acreditar – O brinco do Damon também? – Elena o encarou e ele revirou os olhos.

– Damon! Elena! – Agora era Alaric que sorria do lado do motorista – Chegaram bem na hora. Prontos para matar a saudade de como é ser um estudante de ensino médio!?

– Fala sério... – Damon bufou já entendendo o recado.

– Sabe o que é... – Elena tentou arranjar uma desculpa – É que nós erramos o caminho pra casa dos Salvatore...

– Claro... – Alaric respondeu sorrindo em direção a Rebekah.

– Mais já que estão ai, estamos precisando de mão de obra... O desfile é amanhã e esse moleques de hoje em dia não são tão rápidos quanto nós éramos... – ela abriu a porta de Elena a puxando de dentro do carro. Damon abriu sua porta e desceu sozinho. Era bem capaz de Alaric fazer o mesmo...

– Bela desculpa, Elena... Mais a casa dos meus pais fica do outro lado da cidade! – Ela não respondeu, mais quando ele virou o rosto lhe beliscou o pescoço – Doida – xingou Elena baixo para que os outros não escutassem.

Depois dos cumprimentos, Alaric, o professor de História e Rebekah, a de química (por incrível que pareça) designaram para Damon e Elena alguma coisa bem atrasada para que eles ajudassem a terminar.

(...)

Voltaram para casa sujos de tinta, cola e glitter por volta das 14 horas. A essa hora o coquetel do Miss Mystic Falls já estava começado. Quando subiam a pequena escada para a varanda da casa, Damon jogou o glitter rosa que Alaric tinha jogado no seu cabelo, sobre Elena, ela abriu a porta e girou nos calcanhares para ver exatamente de onde vinha o brilho e entrou de costas na casa. Tentando tirar um pouco que entrou em seu nariz, ela tropeçou e só não caiu por que Damon a segurou e a puxou para si. Os rostos sujos dos dois não se tocaram por pouco mais novamente estavam a centímetros. Os sorrisos que ostentavam aos poucos sumia, entre eles se instalava apenas uma pequena tensão que nenhum dos dois reconhecia.

– Eu vim constatar com os meus próprios olhos... – eles ouviram uma voz forte e segura vir da direção do sofá da sala e por instinto, Damon soltou Elena de seus braços. Aquela voz também fez os dois engolirem em seco, ambos ainda a reconheciam.

– Mãe – Damon disse a encarando desejando na verdade nem ter levantado da cama aquele dia. Elena não sabia se falava ou ficava calada. Odiou constatar com aquilo que Lily Salvatore ainda a intimidava.

– Pela forma como entraram, o que estão comentando é verdade então?

– O que estão comentando? – Elena perguntou só para odiar-se logo em seguida. A atenção de Lily voltou-se toda para ela. A mulher agora a observava dos pés à cabeça. Elena odiava isso... Sempre que a via, aquela mulher a analisava.

– Continua a mesma, Srta. Gilbert – Lily constatou e Elena logo entendeu o que ela quis dizer. Lily a achava a garota menos apropriada a seu filho de toda a Mystic Falls, sempre taxando Elena de infantil, mimada e malcriada (Elena a ouviu falar isso certa vez na casa dos Salvatore quando dormiu com Stefan). Dessa vez não havia sido diferente – Damon Salvatore, como pode vir a Mystic Falls e não fazer uma visita aos seus velhos pais?

– Mamãe, Elena e eu viemos a trabalho, não tivemos tempo nenhum de fazer qualquer outra coisa.

– Eu tenho o melhor trabalho do mundo! – Caroline entrou na casa cantarolando sem se importa com quem estava na sala – Essas viagens de trabalho são melhores que férias! Eu te amo, Elena! Obrigada por esse livro maravilhoso! – disse por último, dando um sonoro beijo na bochecha de Elena.

Lily os olhou com todo o desprezo que conseguiu. Com a entrada triunfal de Caroline, estava na cara que ele estava mentindo, sem falar o quanto os dois estavam sujos de brilho e tinta.

– Ok, mamãe, desculpe – ele disse por fim, admitindo.

– Desculpo, desculpo sim – ela falou balançado a cabeça.

– Bom, eu tenho que tomar um banho...

– Espere, Gilbert – A mulher a chamou fazendo Elena parar de imediato – Eu vim convidar vocês para o fim de semana dos fundadores na mansão.

– A senhora ainda faz isso, mãe? – Damon perguntou sem acreditar.

– É como uma tradição.

Era a tradição dela. Todos os anos, Lily reunia os filhos de famílias fundadoras em uma espécie de acampamento na mansão dos Salvatore. Durante o sábado e o domingo eles participavam de competições, interagiam entre si, se divertiam, afinal eram todos amigos, mais a última vez que participaram disso, Damon e Elena tinham 19 anos e não se imaginavam fazendo isso novamente aos 23 e 27 anos, respectivamente.

– Estamos velhos demais pra isso, mãe...

– Todos os seus amigos vão todos esses anos, e se não aceitarem e não estiverem em casa até as 8 horas da manhã, me sentirei profundamente ofendida, entenderam? – Aquilo era sério.

– Mãe! – Damon exclamou quando ela se encaminhou em direção a saída.

– Eu até daria um abraço em você, filho, mais todo sujo desse jeito não dá... Até amanhã, crianças.

(...)

– Não acredito que vamos pra gincana da sua mãe... - Elena comentou quando saiu do banheiro. Damon estava deitado na cama apenas de bermuda e procurava algo para assistir na TV.

– Vai ser bom pra tirar o meu atraso...

– Quê? – ela perguntou a princípio sem entender, mais quando ele lhe lançou seu sorriso torto ela logo compreendeu – Credo, Damon!

– Como se você não transasse – ele deu de ombros mais ela ficou estranhamente quieta. Aquilo não pareceu normal para ele e ele tentou provocar – Aproveita e faz o mesmo, dá uns pegas em alguém... O Tyler por exemplo... Soube que esta solteiro – Ela continuou sem responder, apenas encarava a parede, o que o intrigou – O que foi Elena? – ele perguntou por fim, esperando que ela respondesse de uma vez.

– Nada...

– Tá, então me diz... Quanto tempo você ta no “atraso”?

– Eu não vou falar isso pra você! – ela franziu o senhor, como se ele a tivesse ofendido. Ele apenas sorriu.

– Por que não? Você sempre falou tudo pra mim...

– Isso não é assunto...

– Claro que é... Somos amigos, não somos?

– Somos... – ela disse baixo, pedindo que, por algum milagre ele mudasse de assunto. Mas era o Damon...

– E então? Quanto tempo?

– Cinco anos – disse baixo demais. Era difícil admitir aquilo.

– Cinco o que? – ele perguntou.

– ahvsgvg.

– Fala direito Elena – ele cobrou após não entender mais uma vez o que ela tinha dito.

– Anos.

– Anus?

– Anos! CINCO ANOS, seu idiota! – ela gritou por fim e ele arregalou os olhos.

– Para de palhaçada... – ele só acreditou quando ela virou-se de costas pra ele – Elena! 5 anos? Mesmo? Com quem foi? Não me diga que foi com...Stefan? FALA SÉRIO! – ele gargalhou e em um acesso de raiva e arrependimento de ter contado aquilo, Elena jogou seu frasco de perfume na direção dele. Em reflexo, Damon o pegou e logo o pôs de lado. Ela continuou calada e ele entendeu que aquilo era um assunto difícil pra ela – Desculpa, Lena... Eu... Só...

– Tá, Damon – ela falou voltando a o encarar - Pode me zoar...

– Eu só quero cantar uma musica perfeita para você... I was beat, incomplete I'd been had, I was sad and blue But you made me feel, Yeah, you made me feel, Shiny and new

– Like a virgin. Touched for the very first time. Like a virgin. When your heart beats, Next to mine! – Ela cantou em coro a ele dançando como se estivesse realmente ouvindo a musica. Damon levantou-se da cama e foi até ela. Repetindo mais uma vez o refrão ele a abraçou sorrindo, e a puxou para dançar no ritmo da musica.

Naquele momento ele agradeceu por ela ter entrado em sua brincadeira, 5 anos era tempo demais para seus padrões ou os padrões de qualquer pessoa, ele diria e seria estranho demais tentar contornar a situação, se ela não tivesse ido na sua de primeira.

Mais o corpo quente e cheiroso de Elena pareceu o embriagar, além do pensamento de ela estar intocável todo esse tempo. Ele precisava perguntar...

– Elena... Esse tempo todo... Isso tudo o que estamos fazendo... O lance do namoro... É tudo pelo Stefan, você ainda quer o Stefan, Elena? – ela paralisou e ele sentiu isso em seus braços. Elena estava confusa.

– Não, claro que não! – ela respondeu o olhando nos olhos, mais ele não pareceu acreditar. Tudo parecia se encaixar perfeitamente contra ela naquele momento – Isso é por mim, Damon, por mim.

Então, sem que ela percebesse a súbita aproximação e sem o prévio aviso, Damon a beijou e para a surpresa de ambos, ela pareceu corresponder.