Crystal Gelo não era um vilarejo qualquer. Era uma localidade num vale no meio de montanhas médias de areia e neve, lagos cristalinos ao redor e perto de grutas que davam os famosos cristais de gelo de Sahaarian. As areias eram de uma coloração branca pendendo para o cinza, enquanto a neve que caía de fato era branca. Ficava um belo contraste. E assim como na Zona Verde de Alameda, o sol não batia completamente no chão, haja vista havia uma constante nuvem fria oriunda do Monte Koju. As casas eram de um cimento branco produzido pela própria areia da região com gesso e outros materiais da natureza. Por isso que, para os leigos, as casas eram feitas de gelo. Não! O cimento branco dava essa impressão. Também cristais de gelo brotavam do solo por toda a parte do vilarejo. Árvores grandes eram raras, mas havia vegetações médias. Os habitantes vestiam roupas bem diferentes de quaisquer outros no distrito. Por onde Jason passava, sempre havia pessoas vestidas com roupas árabes ou esvoaçantes. Em Crystal Gelo, a população usava uma uma espécie de roupa térmica azul (lembrava uma roupa de nadador olímpico) com pelos ou plumas brancas sobre o peito, cintura, tornozelos e pulsos. Usavam botas felpudas e gorros.

— Olha ali. Tá vendo? — Guedara devolveu o binóculo a Jason.

— Lucarios! Andando para lá e para cá. Tem miniaturas de Lucarios também.

— Riolus. Aqui é onde vivem Riolus e Lucarios naturalmente. Os Ramsés foram os únicos que domesticaram a espécie.

Jason viu uma picape preta passar pela rua central do vilarejo. Um homem de cabelo branco saiu de dentro dela, pegou alguém da carroceria e jogou na rua.

— Quem é?

— Deixa eu ver. Ah, droga. Esqueci de dizer que abaixo do Rosé existem 3 generais. Eles são os segundos em comandando depois do marechal. O General Smoker é o encarregado dessa zona de Sahaarian.

— E os outros dois?

— Tem a General Pink, que é a guardiã da Fortaleza do Cacau. E o General Heart, que vigia a Cidade de Sahaarian. Aquele é o Smoker.

Smoker era um homem alto e aparentemente forte. Gostava de fumar dois charutos ao mesmo tempo, por isso vivia rodeado de fumaça. Tinha uma cicatriz no pescoço. Em suas costas estava um AK-47. O general jogou um escravo no meio da rua e chamou os outros habitantes para levarem o homem a um médico. Não podia dar ao luxo de perder uma pessoa que criava diamante frio.

— Voltem ao trabalho, bando de curiosos! — os moradores correram de volta para as casas.

O motorista da picape dirigiu para fora do vilarejo com o general.

Jason e Guedara não tinham planos para libertarem os habitantes de Crystal Gelo sem que os soldados pudessem chamar reforços. Como fariam isso?

— Precisamos entrar numa gruta. Temos que procurar.

— Onde?

— Precisamos andar bastante. A prisão fica nas minas. Fica a muitos metros para lá.

— Senhor Guedara, andar no frio e no calor é comigo mesmo. Fui treinado para isso.

Ambos caminharam pelas dunas frias. Passaram por um pequeno lago e tomaram água. Encontraram uma gruta.

— Aqui é mais frio do que lá fora — disse Jason ao entrar.

— Deve ter uns 4 graus aqui. Seu Charmander não vai entrar na pokébola?

— Ele não gosta. Ele ficará bem — Pyro estava dormindo nos braços do garoto.

A gruta era toda de rocha azul com algumas brilhantes. Estalactites surgiram. Pingavam água gelada.

— Isso é o cristal de gelo?

— Sim, é um cristal de gelo normal. E não, não é o que fazemos os diamantes. É esse aqui.

Guedara colocou um pedaço de cristal frio na mão de Jason. Era brilhante como diamante, de cor azul bem claro. O cristal derretia perto do fogo da cauda de Charmander até virar uma água azul. A palma da mão de Jason ficou brilhosa como se tivesse cheia de purpurina.

— Viu? É só um pedaço de gelo. A verdadeira joia é a purpurina que tem dentro. Mas só brilha 100% com á água congelada dessas cavernas, por isso os cristais de gelo são as joias mais difíceis e caras do planeta. Os Ramsés conseguem impedir o derretimento do gelo mesmo no fogo. Assim os diamantes são basicamente gelos brilhantes que nunca derretem.

— O governo nunca vai desfazer dos habitantes daqui. Eles estão fadados à escravidão eterna.

— Isso mesmo. Por isso venho lutando para acabar com o atual governo. Um dos motivos é a vida miserável dos moradores daqui. Mas era difícil até para eu me mover nessa parte norte de Sahaarian. Eles acreditarem que estamos mortos é um golpe de sorte.

— Graças ao grande templo. Mas é sério, senhor Guedara, não darei meia-volta até expulsarmos o tal Smoker e todos esses militares daqui.

Guedara assentiu.

...

O avião que Jade pilotava chegou a uma distância razoável da antiga capital do distrito — Cidade de Sahaarian.

— Em poucos minutos, pousaremos. Melhor se segurarem.

— Eu já me seguro desde que subi nesse avião — disse Simon.

A mulher desceu a aeronave até um planalto.

— Queridos, chegamos. Vamos, está quase escurecendo.

Pouco tempo depois, Jade olhou para o horizonte e viu um pedaço da cidade. Não era nem 10% dela. Sahaarian City era a maior e mais industrializada cidade do distrito. Tinha o mesmo nome.

— Tá vendo aquelas pirâmides? — Ela deu o binóculo para Simon.

— Parecem maiores do que a de Omã.

— Exatamente. São as verdadeiras pirâmides de Sahaarian. Aquela é uma réplica feita pelo governo da guerrilha. Essas sim existem desde tempos antigos. Após elas, fica o antigo palácio real e atual quartel general do...

— Marechal Rosé — completou Silverster.

Jade mudou de expressão. Lembrou do homem que destruiu a sua vida. Fechou o punho com muita força.

— Invadir o local que controla os militares de toda a região? Molezinha para o Zoroark. Só precisamos entrar lá e tchau.

— Você tem um pokémon com uma habilidade formidável — falou Silverster.

— Formidável será quando o vírus destruir o sistema deles. Isso vai ser divertido — falou Simon bastante motivado.

Os quatro desceram o planalto com cordas.

27 HORAS PARA A INVASÃO!!!