Os três passaram pelas mesas cheias de clientes. Uma mulher baixinha com cabelos grisalhos e crespos amarrados num coque surgiu atrás do balcão. Era a Mama Silverster, mãe do homenzarrão.

— Oh! Não posso acreditar! — exclamou ao ver Luiza.

— Mama, não fale alto. Sabe que vivemos no território inimigo.

O homem pediu a todos que fossem à área externa da peixaria, que ficava atrás. Luiza e Simon viram um pokémon peculiar usando uma faca e jogando-a para cima num malabarismo. Era um urso pequeno cinza, com pelos brancos na testa e tórax, dedos pretos e uma cara de poucos amigos.

— Esse é o meu parceiro Kubfu. Adora preparar ensopado de Magikarps.

Kubfu jogou o Magikarp morto para o alto e pulou. Com a faca, tratou rapidamente o peixe, que caiu na mesa em forma de tiras em filés.

— Seu amigo e o pokémon são interessantes. A propósito, o nome dele é o mesmo do seu sobrenome? — indagou Simon.

— Meu sobrenome é Ramsés, não Silverster. Mas eu adotei o sobrenome diferente em homenagem a ele, pois foi um grande amigo do meu pai e chefe da guarda real. Claro que eu mudei um pouco e pus Sylvester só para deixar mais chique.

Silverster, Kubfu, Mama Silverster, Simon e Luiza entraram num armazém atrás da peixaria. Era o local onde um grande frigorífico ficava.

— Está frio — reclamou Simon.

— Prefiro deixar coisas como essas guardadas aqui atrás. Entrem — O homem abriu uma porta antes trancada.

Entraram numa sala cheia de computadores. Luiza percebeu que havia duas cabines que mais pareciam máquinas de refrigerante no canto da sala. Entre as máquinas havia um fio grosso que saía de uma para a outra.

— Pensei que estava brincando quando disse que amava coisas tecnológicas — disse Luiza ainda observando a sala.

— Depois do golpe, passei dez anos da minha vida estudando fora de Sahaarian. Mas tive que voltar para sustentar a minha família que vivia em Alameda. Não pude deixar mamãe sozinha.

— Esse é o meu filhinho. Puxou a sua mãe em todos os aspectos — A mulher deu um abraço no filho gigante.

Luiza deixou a conversa sem sentido de lado e revelou tudo até o momento da chegada na peixaria.

— E por isso quero a sua ajuda. Há um amigo meu que precisa sair daquele cassino o quanto antes. Apostei todas as minhas fichas nele. Jason vai derrotar Sirajudin.

— Princesa, eu admiro a sua fé nos outros, mas é praticamente impossível vencer o príncipe herdeiro. É dificil de acreditar que um simples amigo venceria Sirajudin Sandstone.

— Pois eu tenho fé em Jason — respondeu ela.

— Eu também — falou Simon.

Silverster coçou a cabeça. Aceitou fazer parte da invasão ao cassino.

...

Cassino Sphynx

— Não se ache só porque eu deixei que me vencesse. Eu queria falar de qualquer jeito. O motivo de eu deixar a Luiza viva e não permitir que a família Sandstone a matasse foi puramente por meu amor à mãe dela.

— Como assim?

— Quando eu era mais jovem, apaixonei-me pela Rainha Rashida antes mesmo de ela ser rainha consorte, quando eu estava na escola e ela fora a minha professora. Ambos tivemos um caso proibido. Ela era mais velha e a minha professora. Depois descobri que ela havia iniciado um namoro com o então príncipe Omar, pai da Luiza. Lamentei a perda do meu amor da minha juventude. Jurei vingança, que só veio no dia que o golpe ocorreu. A família real estava pronta para fugir de Sahaarian e se exilar em White City, mas eu descobri o plano e revelei para Sirajudin Sandstone. Ele pediu ao pai dele para não demonstrar nenhuma clemência. O Rei Nilo enforcara Omar e Rashida enquanto Luiza via a execução.

— Quanta crueldade! — esbravejou Jason.

— Eu sei. Fui egoísta. Sobretudo quando um membro do clã Ramsés traiu outro Ramsés. Sou do clã tanto da Rashida, Omar, Luiza e Ernest. Mas eu não me arrependo de virar traidor. Não morri e não fiquei com a corda no meu pescoço.

Jason ficou com muita raiva de ouvir as palavras de Candy. Aquilo era o cúmulo da covardia.

— Luiza não sabe nada disso. Acha que eu fiquei com pena dela, por isso virei tutor. Mas a verdade é que ela se parece com a mãe. Ao mesmo tempo que salvei a vida dela por se parecer com a Rashida, coloquei um destino de escravidão por vingança. Um homem com o coração partido é perigoso.

Aquilo deixou Jason chocado.

— Agora basta de falatório. Escolha as suas cartas.

Era o 8° turno. Nada de Jason encontrar um jeito de driblar a trapaça de Candy.

— Eu quero os números 103, 115, 116, 117 e 118.

"Coqueiro Três Faces" Azul - 2 Pontos

"Mama Khan" Vermelho - 1 Ponto

"Cavalo Marinho" Vermelho - 1 Ponto

"Pequeno Dragão Marinho" Azul - 2 Pontos

"Peixe de Chifre" Vermelho - 1 Ponto

TOTAL DE PONTOS: 7

Candy escolheu os números 12, 15, 21, 22 e 24.

"Borboleta Bela" Azul - 2 Pontos

"Abelha Esporão" Azul - 2 Pontos

"Passarinho Bicudo" Vermelho - 1 Ponto

"Pássaro Bico Fino" Vermelho - 1 Ponto

"Kobra Rei Naja" Azul - 2 Pontos

TOTAL DE PONTOS: 8 + 10

8° TURNO

Henry Candy: 109 pontos

Jason Krueger: 73 pontos

Enquanto isso, Pell Scorpion apenas aguardou com a sua filha, Pyro e Zoroark. Olhou Dokuro com outros militares do outro lado da piscina. Ainda era difícil de crer que o seu antigo amigo era um agente infiltrado do governo.

A jaula caiu mais um pouco. A água já batia nos joelhos de Sarah.

— Papai.

— Calma. Tenhamos fé em Jason.

Era o 9° turno. Jason havia pedido cinco cartas. Uma delas era a mais especial.

— Escolho os números 46, 47, 49, 50 e 53.

"Pequeno Cogumelo" Vermelho - 1 Ponto

"Grande Cogumelo" Vermelho - 1 Ponto

"Mariposa Tóxica" Azul - 2 Pontos

"Escavador Sem Corpo" Vermelho - 1 Ponto

"ESFINGE PERSA" Branco - Vitória Automática

— Senhor Jason venceu por K.O. Ganhou 10 pontos da Esfinge, 10 pontos do turno e mais 5 das cartas anteriores. Senhor Candy não joga nesse turno e descartará 5 cartas — avisou o crupiê.

9° TURNO

Henry Candy: 109 pontos

Jason Krueger: 98 pontos