Para Osiris, Jason foi extremamente insolente e precisava aprender uma lição. Ninguém se atrevia a respondê-lo daquela forma.

— A loja será interditada a partir de amanhã pela prefeitura. Pedirei ao meu pai que feche essa espelunca.

Yousseff ameaçou avançar no filho do prefeito, mas Jason o segurou a tempo.

— Então vamos apostar a loja numa luta. Eu tenho dois anos de treinamento de kung fu. Ou será que você está com medo de mim?

Osiris riu da cara de Jason e não acreditou nas palavras. Tinha 17 anos e praticava musculação. Era inimaginável perder para um garoto 5 anos mais jovem.

— Tenho uma ideia melhor. Que tal apostar todos os seus pokémons num duelo entre pokémons? O meu Scrafty aqui está louco para tirar o couro dos inimigos.

— Aqui? — indagou Jason.

— Não, idiota. Chamaria muita atenção. Mas e se for no torneio secreto? Sou um patrocinador e atual tricampeão em 4 edições. Se vencer, fica com a loja e nunca mais perturbamos os velhotes, se perder, os seus pokémons serão meus.

Mahmoud pediu para Jason negar o convite.

— Aceito.

— Que maravilha. Pegue, aqui está o endereço... — Osiris aproveitou para dar um chute na barriga de Jason, que caiu sobre as latas de lixo na frente da loja. Osiris jogou um papel dobrado a Jason — Aqui, perdedor. Espero que cumpra a sua palavra. E se não aparecer daqui a 3 noites, esses velhos caquéticos morarão debaixo da ponte.

Osiris gargalhou e foi embora com os seus amigos. Os seguranças continuaram na loja.

Pell Scorpion saiu de dentro de um táxi e correu para ver Jason e os outros. Nesse momento, Yousseff ajudava o rapaz a se levantar.

— Podemos ser descobertos, Jason! — Pell repreendeu.

— Pelo menos nem tudo foi em vão.

— O que é isso? — Pell segurou o papel com as coordenadas.

— Fui convidado formalmente por um patrocinador do torneio. Será no dia 20 por volta das 22 horas.

Pell ficou de queixo caído com a facilidade que Jason havia conseguido o convite para o torneio secreto do submundo.

Enquanto isso, Mahmoud se preparou para se mudar com a sua família para um centro de acolhimento para pessoas sem teto. A loja também era a moradia da família Saiid, e eles não tinham nenhuma outra residência.

Jason prometeu pegar a loja de volta. Derrotar Osiris era uma questão de honra.

— Não esqueça da nossa missão original — disse Pell.

— Bom, pelo menos vamos matar dois coelhos com uma cajadada só. Pyro não vai perder esse torneio de maneira alguma.

No dia seguinte, a família Saiid não estava mais na loja. Esta foi interditada pela prefeitura.

...

Três dias depois, no dia 20 daquele mês, às 21:43, Jason, Pell e Pyro pegaram um táxi para o píer da cidade, que ficava ao sul da praia turística da cidade.

— Tá nervoso? — indagou Pell.

— Um pouco. Pyro tá mais tranquilo do que eu — Charmander cochilava no colo dele.

Mas uma pokébola fazia pequenos movimentos. Jason não entendia o porquê Cacnea queria sair. Todos os pokémons foram alimentados e limpos, não havia motivo para nenhum deles ficarem incomodados.

O táxi parou num local com um muro. Os guardas abriram o portão automático e o carro passou. Havia outros carros estacionados e muitas pessoas caminhando numa mesma direção.

— Há tanta gente — disse Jason.

— Só vi esse torneio uma vez e no primeiro ano. Na época, lutei nas preliminares contra um forte oponente que viria ser o campeão — revelou Pell.

— É difícil acreditar que o Gliscor perdera logo no começo. Mas Pyro jamais cairá nesse mesmo destino. Venceremos.

O táxi parou perto de um deposito onde fabricava alguns barcos. Um homem que mais parecia um segurança anotou o nome de Jason como participante e Pell como acompanhante.

— Aguardem a lancha pegá-los ali — apontou para um mirante de madeira.

Eles passaram por uma ponte de madeira e chegaram ao mirante. Havia umas trinta pessoas aguardando.

A lancha era grande o suficiente para levar de dez em dez pessoas.

Aguardaram alguns minutos e logo foram na lancha. Jason percebeu que tudo era feito na clandestinidade, mas havia policiais envolvidos na segurança.

Enquanto isso, um carro parou no píer. Dois homens saíram. Eram Chucky e Gamb disfarçados. Chucky usava uma jaqueta camo, boina vermelha e um bigode falso; Gamb usava um casaco branco, peruca loira e óculos escuro.

— Odeio esse disfarce — resmungou Gamb.

— Cala a boca, idiota. Foi o único que encontrei.

Chucky se inscreveu como participante e Gamb como acompanhante.

...

Jason chegou ao local do torneio. Era um navio cargueiro ancorado a uns 2 quilômetros da costa. Subiram numa rampa improvisada de madeira e entraram no convés inferior. Andaram por alguns corredores e chegaram a um salão com dezenas de participantes.

— Ele chegou — disse Osiris num mezanino. Ao seu lado estava Henry Candy.

— O grande amigo de Luiza apareceu. Não me parece que é grande coisa. Agora eu tenho certeza de que a pessoa a seu lado é o famoso revolucionário Pell Scorpion.

— Escuta aqui, coroa. Não quero que se meta a besta nesse torneio.

— Calma, garotinho. Estou aqui como um simples espectador. Veremos o quão forte é o tal amigo da Luiza.

Henry saiu para um outro lugar enquanto Sarkih, Cleo e Sansan foram conversar com Osiris.

Ainda no salão de espera, um homem colocou a mão sobre o ombro de Pell.

— Há quanto tempo?

— Você? — disse Pell.

O nome do sujeito era Shingo, antigo campeão da primeira edição do torneio. O homem que havia derrotado Pell. Um homem de meia-idade e oriental que usava uma jaqueta e calça amarelas e esportivas.

— Vejo que ainda não evoluiu o seu pokémon — falou Pell.

— Evoluir não é tudo num treinamento. Vai participar?

— Não, eu. Ele será o participante.

Jason cumprimentou Shingo. Havia um pokémon a lado que Jason analisou na pokédex.

Nome: Pignite

Designação: Pokémon porco de fogo

Número: 499

Tipo: Fogo/Lutador

Sexo: Macho

Grupo de ovos: campo

Peso: 45 kg

Altura: 1 metro

Razão de gênero: 87,5% masculino, 12,5% feminino

Estado: Ataque

Pignite e Charmander se conheceram, mas não se deram muito bem. Jason e Shingo tiveram que separá-los.