A Hora Da Escuridão escrita por CahGrassi


Capítulo 1
Capítulo 1 - Riley


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Essa não é minha primeira fic, mas é a primeira a que estou realmente disposta a terminar. Espero que gostem, e deixem reviews!
PS.: O Capítulo ficou meio pequeno, me perdoem. Vou fazer maior na próxima, ok? Beijão!



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Olhei para fora da janela do Chalé 3, sentindo a brisa gelada que vinha do mar. Fechei os olhos, enquanto o cheiro agradável da maresia preenchia meus pulmões. O ar estava gelado... gelado demais. Ainda era noite, mas olhando para os lados pude perceber alguns campistas saindo de seus chalés, já arrumados para o café-da-manhã.

“Que estranho”, pensei, enquanto me voltava para o quarto. Meu irmão mais velho, Percy, estava deitado em sua cama, babando como sempre. Dei risada de sua pose “perereca na cama”, que consistia em ficar completamente espalhado e babando enquanto dorme (Eu particularmente não consigo dormir assim, principalmente depois de assistir “Atividade Paranormal”. É, eu sou uma idiota). Resolvi acordar meu irmão da forma de sempre:

- MINOTAAAAAUROOOO!!! – gritei o mais alto que pude, e quase rolei de rir no chão quando ele saiu da cama empunhando Contracorrente, sua espada (leia-se: companheira de todos os dias, quase uma amante).

- Muito engraçado, Riley. Eu quase morri – disse ele, fazendo careta e caindo de volta na cama – Ainda é noite, me deixa dormir.

- Errado, Perseu – eu disse, apontando para o relógio – Na verdade, são oito da manhã.

Ele olhou para o despertador, e depois para mim.

- Não tem sol, Riley.

- Exatamente, cabeção – eu disse, revirando os olhos – Esse é o problema, por isso eu te acordei. Vem cá.

Fomos até a janela e eu apontei para os campistas agitados, que aos poucos se aglomeravam em volta de Quíron, que olhava para o céu de forma nervosa.

- Ou os relógios do Acampamento inteiro estão adiantados, ou realmente não amanheceu – disse Percy.

- Acha que pode ser uma pegadinha dos Stoll?perguntei. Percy apontou para os irmãos perto de refeitório. Eles pareciam tão confusos quanto nós. Que ótimo. Do nada, o sol resolve sumir.

- Vem, vamos nos arrumar – Percy falou, indo em direção ao banheiro – Se vamos todos morrer sem sol, eu quero estar por dentro do assunto.

Depois desse feliz comentário, acho que é hora de me apresentar. Meu nome é Riley Cook, e eu tenho 15 anos de idade. Eu cheguei no Acampamento Meio-Sangue há três anos, o que significa que eu não participei da batalha de Manhattan. Ou seja: Perdi toda a diversão. Que pena.

Ah, antes que você fique confuso, eu sou uma garota. Tenho ressentimentos com a minha mãe por causa do meu nome unissex, principalmente quando uma garota começou a paquerar comigo num chat, achando que eu era um cara. Não foi uma experiência muito agradável.

Felizmente meu pai, Poseidon, o deus dos mares, não me sacaneou e me reclamou logo que eu cheguei ao Acampamento. Nem preciso dizer que foi extremamente estranho ver todo mundo cochichando e apontando pra um tridente azul em cima da minha cabeça. Mas foi bom conhecer o meu irmão, porque ele ficava meio deprimido, sozinho naquele chalé enorme. Não que ele ficasse sempre sozinho; ele tinha Annabeth, a namorada “versão-feminina-de-Einstein-só-que-mais-legal-e-mais-bonita-(bem-mais)”. Ela também gosta muito de mim.

Depois que Percy, a noiva, saiu do banheiro, eu fui me arrumar. Tomei um bom banho (como sou filha de Poseidon, nunca vou a lugar nenhum sem tomar um banho antes), escovei os dentes e travei uma luta contra o meu cabelo. Entenda: meu cabelo é lindo, mas é cheio de cachos, então eu tenho eu meio que provoco a Terceira Guerra Mundial todos os dias no banheiro. Tirando esse detalhe, eu sou muito parecida com o meu irmão. Temos cabelos pretos e olhos verde-mar, e o mesmo nariz pequeno também, além de sermos levemente bronzeados por natureza. Ninguém duvida que somos irmãos, mas tem uma desvantagem: Me sinto uma idiota quando chamo ele de feio.

Coloquei jeans azul-claros, uma camiseta do The Strokes, minha banda favorita, e chinelos. Ninguém se veste muito bem no Acampamento, exceto as filhas de Afrodite, e aposto que algumas já torceram os tornozelos por andar na grama de saltos. Estava meio frio lá fora, provavelmente por causa da ausência de sol, então peguei um casaco do meu irmão emprestado. Nós saímos e fomos para perto do grupo de campistas que conversava com Quíron.

- Eu também não sei o que aconteceu – disse ele – Não é só no Acampamento, os mortais também estão sem sol lá fora. Ninguém sabe o que foi, mas estamos contatando o Olimpo para tentarmos coletar alguma informação.

- Eu acho que tem algo a ver com Apolo – disse Percy. Quíron engoliu em seco, e pude ver que ele estava começando a suar. Depois de três anos conhecendo Quíron, pude constatar que ele estava escondendo alguma coisa.

- Como eu já disse, Percy, ninguém sabe. Enquanto não há mais informações, preciso que vocês se acalmem e continuem com suas atividades normalmente. Vão, vão! – Quíron disse, depois pegou sua concha e a soprou.

 – Todos para o refeitório!

Quando os campistas de dispersaram, Quíron olhou para Percy e moveu os lábios:

“Precisamos conversar”.

Percy olhou para mim e franziu a testa. Eu dei de ombros:

- Ele olhou pra você, não pra mim. Eu guardo um prato de comida pra você, não se preocupe.

- Valeu, maninha. Não se esqueça das lichias! – ele gritou enquanto eu me afastava em direção ao refeitório. Me sentei á nossa mesa, cumprimentando Annabeth quando ela passou perto de mim. Comi pouco, jogando a maior parte da minha comida na fogueira para meu pai. Depois fui dar uma volta pelo Acampamento. Estava tensa demais para treinar qualquer coisa. De repente, ouvi o burburinho dos campistas: Vi duas filhas de Deméter apontando para o céu, com os olhos arregalados. Olhei para cima. Há poucos segundos atrás, a lua estava radiante no céu... agora, tudo que restava era um buraco no lugar dela, com milhões de estrelas em volta.

A lua havia desaparecido.

“Mas que droga é essa?”, pensei, correndo em direção á Casa Grande. Subi os degraus até chegar na varanda, então bati na porta várias vezes, meio desesperada. Quíron atendeu alguns momentos depois, e franziu a testa. Eu devia estar mesmo esquisita.

- Quíron... a lua acabou de sumir – eu disse, como se despejasse as palavras.

- Como assim, acabou de sumir? A lua não some do nada – Percy apareceu atrás do traseiro de Quíron.

- O sol sumiu do nada também, Percy, eu não duvido de mais nada – eu disse – Olha o tamanho do buraco no céu. Era onde ela estava há segundos atrás.

- Riley – Quíron virou de volta para nós – Chame Annabeth e todos os outros líderes de chalé. Estão convocados para uma reunião de emergência.

Mas será que eu tenho que fazer tudo?

- Reunião de emergência! – eu disse, batendo na porta do Chalé 4. Miranda Gardiner atendeu a porta, assentindo, e correu em direção á Casa Grande. Engoli em seco quando percebi que teria que falar com Clarisse, do Chalé 5. Digamos que eu não era muito fã dela, e o sentimento era recíproco.

- Err... Clarisse? Quíron convocou uma reunião de emergência com todos os líderes de chalé – eu disse, gritando para a porta. Clarisse a abriu, me olhando de cara feia, mas marchou atrás de Miranda. Convoquei os outros líderes, incluindo Annabeth, e depois voltei para a Casa Grande. Depois de todo aquele trabalho, eu juro por Zeus que eu depilaria Quíron com cera quente se ele não me deixasse participar da reunião. Felizmente (para ele), ele me deixou entrar.

- Estamos em uma situação delicada, campistas – disse Quíron, olhando para cada rosto presente. Seymour, o leopardo, olhava raivoso para nós, esperando um pedaço de comida, ou talvez um afago. Joguei um bacon para ele.

- Você disse que não sabia o que estava acontecendo, Quíron – disse Lou Ellen, de Hécate.

- Sim, para não causar pânico nos outros campistas – disse Quíron – Presumo que vocês, como líderes de chalé, sejam maduros o suficiente para entender a gravidade da situação. Como todos já perceberam, hoje não amanheceu, e há poucos minutos a lua também sumiu. Talvez a possibilidade já tenha passado pela cabeça de alguns de vocês... Apolo e Ártemis foram sequestrados.

Vinte e cinco bocas se pronunciaram ao mesmo tempo, desesperadas. Eu fiquei calada, processando a informação. O único quieto além de mim era Nico di Angelo, filho de Hades, também conhecido como “aquele garoto esquisito, mas bem gatinho que as filhas de Afrodite adoram encher o saco”. Ele olhou pra mim e deu um sorrisinho. Eu sorri de volta. Nós tínhamos a mesma idade, mas ele parecia mais velho. Talvez porquê ele voltou pro Acampamento há um ano e meio e começou a treinar, e ganhou uns músculos legais e...

Certo, parei.

Quando Quíron conseguiu fazer a farofada calar a boca, Rachel Dare, o Oráculo, desceu as escadas. Seus cabelos ruivos estavam cada vez mais longos, presos numa trança que ia até os quadris. Usava um vestido branco e longo, e debaixo dele saía a fumaça verde que indicava que ela estava prestes a proclamar uma profecia. Instintivamente, todos nós nos afastamos. Seus olhos estavam completamente brancos nas órbitas, e quando ela falou, sua voz era como se várias Rachels falassem ao mesmo tempo. Ela começou a recitar:

Oito semideuses da escuridão irão se erguer

A Morte, a Mente, as Habilidades e o Poder

Os descendentes de Pontos, apresentem-se para morrer

O Sol e a Lua salvar ou eternamente padecer

Se um falhar, a morte de todos será seu castigo

Pois o Destino e o Caos estão do lado do inimigo”.

Então Rachel desmaiou, quase batendo a cabeça no chão se não fosse por Quíron a segurando. Todos nós engolimos em seco. Após alguns minutos de silêncio, Percy falou:

- Bom, acho que temos a próxima Grande Profecia.

- E ela cabe no contexto atual – eu disse, me pronunciando pela primeira vez – Mas precisamos decifrá-la. Annabeth?

- Oito semideuses... A Morte – ela apontou para Nico – A Mente – ela apontou para si mesma – As Habilidades – ela apontou para Charles Beckendorf, de Hefesto – E o Poder... bom, não sei o que esse significa. Mas... descendentes de Pontos? Ele foi o primeiro deus-oceano do universo – ela olhou para mim e Percy, pesarosa – Eu acho que são vocês.

Os descendentes de Pontos, se apresentem para morrer”.

- A profecia diz para nos apresentarmos para... morrer? – perguntou Percy, franzindo as sobrancelhas. Senti um enjoo repentino no estômago.

- Ei, provavelmente deve significar outra coisa – disse Annabeth – Missões são extremamente perigosas, então a profecia deve se referir a isso. Se apresentar para “morrer” deve significar “se apresentar para o perigo”, ou algo do tipo. Não é nada demais.

- Mas são só cinco até agora – disse Beckendorf – Temos que fazer um grupo de oito.

- Certo... a profecia diz “As Habilidades”, e não “A Habilidade”, então devemos incluir mais duas pessoas do chalé de Hefesto – disse Annabeth, olhando para Beckendorf.

- Mas, Annie, o chalé de Hefesto não é o único habilidoso – eu disse – O Oráculo deu a profecia apenas para nós, líderes de chalé. A profecia se refere apenas aos presentes aqui.

- Certo... Hermes, então? – Annabeth olhou para Travis e Connor Stoll, que eram líderes juntos – Com esse tal “Poder”, vamos formar exatamente oito.

- Acha que o “Poder” se refere a qual semideus? – perguntou Miranda Gardiner.

- Não sei... Zeus é a escolha mais lógica – disse Annabeth.

- Mas Thalia está nas Caçadoras agora, não participa das nossas missões – Percy falou.

- É, mas não podemos esquecer que Ártemis também foi sequestrada. As Caçadoras provavelmente virão para cá em busca de ajuda.

Eu mal tinha acabado de falar, alguém bateu na porta da Casa Grande. Eu, como escrava oficial dos mais velhos, fui atender.

- Ei, Riley, as Caçadoras estão aqui – disse Daniel Yelps, de Apolo. Eu não tinha reparado antes, mas os filhos de Apolo pareciam meio doentes. A falta de sol estava os afetando. Olhando além dele, perto dos Campos de Morangos, um grupo de garotas se aproximava. A líder usava uma fita prateada nos cabelos. Eles estavam mais compridos desde a última vez em que eu a vira, mas aquele olhos azul-raio eram inconfundíveis.

- Thalia! – exclamei, e corri em direção á minha prima. Ela não tinha envelhecido um dia sequer, e agora parecíamos ser da mesma idade, apesar de ela ter quase 23 anos. Dei um abraço rápido nela. Apesar de parecer feliz em me ver, Thalia parecia meio desconectada. Ártemis deveria fazer muita falta para todas elas.

- Ei, Cara-de-pinheiro! – Percy disse, dando um abraço nela, que sorriu de leve.

- Ei, Peixe podre – ela disse, e depois ficou séria novamente.

- Oi, Thalia – Annabeth a cumprimentou com um aperto de mãos – Sentimos muito pelo que houve.

- Eu sei – disse ela, baixando o olhar.

- Nós acabamos de receber uma Grande Profecia – disse Percy – E ela envolvia você.

Thalia olhou para cima de olhos aregalados.

- Vocês estão indo em uma missão?

- Sim, para resgatar Apolo e Ártemis – eu disse – Como chegaram aqui tão depressa?

- Estávamos caçando em um bosque de Long Island, quando nossa Senhora foi levada. Não sabemos o que aconteceu, mas quando voltamos para acampar, ela não estava em lugar nenhum – disse Thalia, dando de ombros, visivelmente arrasada.

- Entendo – eu disse – Vai vir conosco na missão?

- A Grande Profecia diz que devo ir? – perguntou Thalia, hesitante. Ela olhou para as outras Caçadoras, que pareciam agitadas.

- Não exatamente – disse Annabeth – Ela menciona “A Morte, A Mente, As Habilidades e O Poder”. Já resolvemos todos, menos o último, e a escolha mais lógica seria uma filha de Zeus.

- Minhas Caçadoras não podem ir junto?

- Um grupo muito grande de semideuses chamaria atenção demais, Thalia. Além disso, você vai ter a oportunidade de salvar Ártemis – disse Percy – As Caçadoras podem ficar instaladas no Chalé 8 até voltarmos, certo, Quíron?

- Será um prazer recebê-las, minhas jovens – Quíron fez um gesto para as Caçadoras passarem e as guiou até o Chalé 8. Quando ele voltou, olhou para nós e disse:

- Todos os mencionados na Profecia, se arrumem. Vocês partem imediatamente.

Nós fomos para nossos respectivos chalés. Quando eu e Percy chegamos ao 3, pegamos nossas mochilas. Coloquei uma troca de roupa, um casaco, escova de dentes e um elástico de cabelo. Coloquei na bolsa também um saquinho de ambrosia, uma garrafa térmica com néctar e alguns instrumentos de primeiros-socorros, como gaze, álcool e kit costura. Joguei um isqueiro também, já que nunca se sabe. Peguei meu colar de prata com pingente de pérola – Não o subestime. Ao meu toque, a pérola se transforma em uma espada pouco menor que Contracorrente, com uma pequena pérola no cabo de couro marrom. Fora um presente do meu pai, entregue por Hermes no meu primeiro dia de Acampamento. Ele disse que a espada não teria nome enquanto eu não tivesse minha primeira vitória de verdade, tipo quando matasse alguém pra valer. Até agora, ela realmente não tinha nome, mas eu duvidava que ela não voltasse batizada quando eles retornassem da missão.

- Está pronta, Riley? – perguntou Percy. Eu assenti. Nós saímos do chalé para nos encontrarmos com o resto do grupo. Todos já estavam com as mochilas nas costas, nos esperando.

- Prontos? – Perguntou Thalia. Todos nós assentimos. Nos Campos de Morangos, os campistas nos esperavam. Acenos e cumprimentos de cabeça nos foram dados enquanto eles abriam caminho para a saída da Colina Meio-Sangue. Lá, Quíron nos esperava. Ele sorriu e deu um aperto de mão em cada um de nós.

- Sejam sábios, semideuses – ele disse, sério – Vocês estão em desvantagem, mas sei que vão conseguir. Boa sorte.

Nós assentimos, e seguimos em frente para o desconhecido que nos esperava lá fora.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews para essa pobre semideusa que vos pede? *olhinhos brilhando*