Assassins Creed: Amor sem Descendentes escrita por InukiRuki


Capítulo 1
Codex Page 1: Malika


Notas iniciais do capítulo

"Fugitivos... Apenas Fugitivos."



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A noite de Nova York escondia coisas que nem mesmo Deus tinha conhecimento.

Mas é justamente por ser uma cidade de natureza oculta e de ser o lar de pessoas com histórias tão perturbadoras e irreveláveis que a faz ser tão charmosa e fascinante. E ela escondia Desmond.

Um bar subterrâneo estava com o movimento brando; mas estava frequentada por bêbados, arruaceiros e, por que não dizer, supostos criminosos endinheirados. Era enojante ver tanta gente fora-da-lei junta num lugar só, mas era algo que não se tinha o direito de reclamar demais…

Um bartender de cabelos arrepiados cutucou Desmond, que preparava um Martini:

- Falta uma hora pra gente dar o fora! To pra lá de cansado!

- Pois é… Também preciso esticar as canelas e puxar um ronco…

- Será que teremos movimento amanhã? Como dentro em breve vai ser feriado, acho que seria pra lá de desnecessário a gente vir… - disse o bartender do cabelo arrepiado, secando copos.

- Eu já pedi folga na véspera do feriado mesmo… - comentou Desmond, após entregar o Martini pronto para a garçonete levar. – To pensando em fazer algumas coisas, tipo descansar, viajar…

- Sério mesmo? Nem vai sair pra balada curtir umas gatinhas?

- Sai dessa, Dave! – exclamou Desmond, após lavar os aparatos de batida. – Não quero saber disso por enquanto! Quero sossego e viver minha vida, só isso!

- Chego a pensar se você é gay, Desmond… - ironizou Dave.

- Ora, vá se ferrar, Dave!!! – Desmond deu um tapa na nuca de Dave, que ria da brincadeira que fez.

Mas as piadinhas cessaram quando uma figura se destacou na freguesia; principalmente por não parecer pertencente ao mundo que habitava aquele bar. Era uma garota, com seus um metro e setenta, usando um vestido que batia quadro dedos acima dos joelhos, uma jaqueta de time e coturnos. Seus olhos verde-oliva vasculhavam tudo ao redor; aparentemente estava perdida e apenas portando uma mochila de ginástica lotada. Timidamente, ela sentou-se na banqueta do bar e olhava ao redor, muito apreensiva:

-… Vai querer o quê, moçoila? –inquiriu Desmond, com uma cara de desdém.

- E-eu… Eu vou querer uma batida de frutas; sem álcool, por favor…

- Batida sem álcool? É menor de idade, por acaso?

- Agora é crime ser maior de idade e NÃO gostar de álcool? – a garota fez um olhar criticista a Desmond, que ficou sem graça com a réplica.

- Não, não por isso… É que aqui não é lugar pra alguém como você!

- O que quer dizer com isso?

- Bonita, jovem, e pedindo bebida sem álcool numa espelunca como essa… - Desmond estendeu a batida de frutas à garota. – Ou tá sem coragem de fazer besteira ou fugiu de casa.

A garota engoliu em seco e parou o copo no ar. Ela colocou o copo sobre a bancada e encheu os olhos de lágrimas, visivelmente trêmula. Desmond percebeu que tinha tocado em ferida alheia; só não sabia qual era.

- Eu não pretendo fazer besteira, nem mesmo fugi de casa… - dizia ela, com a voz embargada pelo choro iminente. – Fizeram besteira, me culparam e eu fui expulsa de casa…

Como se a última sentença fosse um gatilho, a garota desabou num choro baixo e convulsivo; como se estivesse segurando há séculos. Desmond ficou sem ação, angustiado por não poder consolar a garota naquele momento. Depois de dar voltas feito uma barata tonta e gaguejar, ele finalmente tomou uma providência:

- Pare de chorar; garotas chorando me deixam nervoso! –Desmond estendeu um pano de prato limpo do bar para ela enxugar o rosto lavado em lágrimas. – Venha; fique por aqui que assim que acabar o expediente te levo pra algum lugar pra ficar… Nessa noite você não dorme na rua.

Já eram duas da manhã; Desmond estava fechando o caixa do bar, enquanto David já ajeitava sua jaqueta da Gap novinha no braço. Ele acenou dizendo tchau e saiu, com a porta bang-bang balançando atrás dele. Assim que travou a máquina, o jovem de pele morena suspirou e olhou para a jovem moça, que o aguardava sentada toda comportada numa poltrona confortável e de cor vermelha de uma mesa da ala VIP do bar.

- Okay, acabei tudo por aqui… Já podemos ir agora!

A jovem deu um sorriso acanhado, assentindo levemente com a cabeça. Desmond trocou de roupa rapidamente e ajeitou a mochila nas costas, e saiu, guiando a jovem até as escadas.

-Só vou trancar o bar; me dá só um minuto! – disse ele, todo desajeitado pra acertar a fechadura, ao mesmo tempo em que estava falando com a moça, que subia as escadas timidamente.

Assim que alcançaram a rua, a jovem deu um suspiro, olhando ao redor. Ruas vazias, luzes por todos os lados, mas ninguém além das prostitutas tentando ganhar a vida, mendigos desesperançados tentando se aquecer e possíveis bandidos se esgueirando pelos becos. Desmond esboçou-lhe um sorriso de confiança, e olhando pro relógio de pulso, indagou a jovem:

- A menos que você tenha alguns princípios de donzela, só me ocorreu uma única opção viável pra sua situação.

-…? –A moça olhou para Desmond, confusa.

- Você tem algo contra em dividir um teto com um cara?

-… Está me convidando pra morar com você?

-Éééé… Mais ou menos isso! –Desmond fez uma expressão de constrangimento, coçando a nuca.

-Não vejo problema algum… - A jovem deu um sorriso largo, mesmo estando com a face ruborizada.

-Ah, então vamos nessa! To cansadão, quero uma caneca transbordando de café e quero andar descalço!

A jovem deu um risinho do jeito desencanado e moleque de Desmond, que olhou e viu certa similaridade nela… Como se ele enxergasse a si mesmo naquela menina desamparada. Talvez fosse esta a razão por ter esta estranha simpatia por uma reles desconhecida.

Eles pegaram o último trem da noite, e rapidamente chegaram ao edifício onde Desmond estava morando. Era um prédio de aparência envelhecida; bastante descuidada na pintura e pequenas rachaduras, porém limpa e higienizada – dava para sentir o cheiro de desinfetante no ar. Assim que Desmond abriu a porta do saguão e entrou, um senhor cheio de dificuldades de locomoção e bastante debilitado saiu porta afora.

- Já falei pra não chegar a essa hora da madrugada, moleque!

- Já pedi desculpas por isso, senhor Fickleberry! – Desmond rolava os olhos, mostrando estar de saco cheio das picuinhas do velho.

- Que desculpas o quê! Você pensa que isso daqui é um cortiço?!? Tome juízo!

- Tá, senhor Fickleberry… Agora se me dá licença; uma boa noite…

Antes que o velho retomasse sua reclamação infinita e sem razão, Desmond abriu a porta e logo entrou juntamente com a jovem garota no apartamento. Trancou a porta em três trincas, e deu um suspiro de alívio por não precisar mais ouvir o velho Fickleberry e suas insanidades. A jovem moça olhava o apartamento com grande curiosidade, pois tinha o típico jeito de apartamento de homem; simples, mas com uma leve bagunça em algum canto. Ela caminhava lentamente para não perder nenhum detalhe, e logo pousou sua mochila perto do sofá.

- Foi mal pelo velho Fickleberry, guria… - Desmond jogava a chave na bancada da cozinha e a mochila de uma alça só sobre o sofá. – Além de ser um velho beirando as portas da morte, é um chato solitário que só enche o saco pra ter algum assunto… Não ligue pra isso! E falando em ligar… - Desmond olhava para a garota, o que a deixou constrangida e vermelha de vergonha. – Qual é seu nome mesmo?

A jovem, num sorriso tímido, porém cativante, disse em um som quase inaudível:

-… Meu nome é Malika…


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Notas finais do capítulo

Olá, caro leitor!
Muito obrigada por ter lido esse pedacinho de doideira que me assola o cérebro vez ou outra, e se gostou do que leu, aguarde por mais capítulos, estarei postando sempre!
Abraços e beijos!



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