Era de madrugada. O sol, teimoso, tentava se mostrar ao mundo mas algo lhe impedia...ainda não era altura.

Scarlet acorda confusa no seu quarto. Paredes cobertas de papel de parede de cor lavanda estavam repletas de fotografias de amigos e dos seus avós. O chão, de madeira clara, apoiava o mobiliário branco onde estariam todos os seus pertences. Era o quarto de sonho de Scarlet..

–"O meu quarto?" - Scarlet olha à sua volta identificando o lugar onde estava. Passou a mão de tez clara pela cabeça como sinal de que se sentia confusa. - "Foi tudo um sonho?"- Scarlet relembra o episódio passado. -"Que coisa mais doida... ah! Castiel!" - que estaria ele a fazer lá? Se tudo aquilo foi, na realidade um sonho, porque é que ele estava lá? Porque é que ela sonhou com ele e não com a sua personagem favorita da última manga que tinha lido?

Scarlet olha para um relógio branco que se encontrava pendurado numa das paredes e vê as horas: eram quatro horas da manhã.

Não tendo sono, esta dirige-se ao banheiro e se arranja. Tencionava passar o resto da noite a ver televisão até chegar a hora de ir para a escola.

Ao dirigir-se para as escadas, para descer para o salão, a menina passa pelo único quarto vazio da casa. Ela ainda não tinha pensado em que ela o iria usar, mas também não tinha tempo para pensar nisso. Começa então a descer para o primeiro andar da casa, onde se situariam ao salão e a cozinha. Ouve-se um barulho e Scarlet assusta-se. Alguma coisa estava em sua casa! Seria outra daquelas criaturas? Scarlet dá uma tapa a si mesma. - "Pára de pensar em coisas doidas! Anjos e demónios não existem!" - Ao descer calmamente as escadas a fim de não fazer barulho pois esta ainda se sentia um pouco intimidada com o som que acabou de ouvir, Scarlet depara-se com aquilo que só poderia ser uma ilusão. Castiel encontrava-se perto da janela do salão que deixava a luz do luar entrar e iluminar o cenário inteiro. O negro dos olhos do ruivo era tão opaco como o negro do par de asas que saíam das suas costas.

–"Castiel..." - a voz de Scarlet saiu sem esta dar conta. Ela não queria acreditar no que estava a ver, mas também não conseguia parar de olhar para ele.

O rapaz, sobressaltado, esconde as suas asas na tentativa que a moça não as visse..

–"Aine..." - responde - "Já está acordada?".

Scarlet, no momento em que sai do transe causado pela beleza do ser que estava à sua frente, realmente considera o incidente passado realidade e não sonho... Realmente existiam anjos!

Castiel esperava uma reacção de medo ou até de desprezo da menina, mas recebeu dela um grande e brilhante sorriso. Tão brilhante como os seus olhos azuis, que reluziam com a luz do luar.

–"Você viu?" - perguntou o moço com um ar de embaraço, como se tivesse vergonha do ser que era.

–"Sim... vi." - respondeu a menina. - "Você é um anjo?" - um olhar de curiosidade radiava da face da Scarlet e trespassavam Castiel como se este fosse feito de cristal.

–"Sim... e não." - respondeu com uma ar triste mas também sarcástico. - Sou um anjo caído. Antes puro, mas agora manchado com os meus pecados. Perdi minhas asas brancas e em sua vez recebi estas pretas.".

"Um anjo caído..." estas palavras ecoavam na mente da moça, envolvendo seu corpo num arrepio intenso que sem razão levam os seus olhos a lacrimejar.

–"Porque chora?" - Castiel fica preocupado aproximando-se lentamente da moça. Ele sentia uma necessidade inexplicável de reduzir o espaço entre eles.

–"Dizendo a verdade, nem eu sei."- Scarlet dá um sorriso leve enquanto limpava suas lágrimas com as costas das suas mãos. Os seus olhos reflectidos nos de Castiel brilhavam ainda mais,