"O segredo do amor é maior do que o segredo da morte."

– Oscar Wilde.

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Eu não consigo mais dormir. Não consigo mais olhar para a felicidade, tão pouco sorrir. Desde que você foi arrancado de mim, não vejo mais o sol nascer, só a chuva caindo.

Tudo parecia ser tão mais fácil quando eu o tinha. As pessoas pareciam mais sorridentes, não aparentavam possuir a falsidade que possuem agora. Quando você me olhava com aquela expressão de que tudo iria ficar bem, todo mal se camuflava.

Agora estou aqui, sentado e olhando para a chuva que cai solitária, assim como eu me encontro agora. Eu olho para tudo, parece que eu te enxergo.

Eu o vejo vindo me encontrar na porta. Eu lembro-me de você vindo na minha direção, do seu sorriso tentando me confortar, dos seus braços balançando quando você fazia alguma brincadeira idiota, de quanto o seu toque e suas palavras me acalentavam.

A vida fora mesmo muito injusta em tê-lo tirado de mim desta forma horrível e dolorosa.

Ah querido, se você me visse agora! Não aparo a barba há tempos e estou usando aquela camiseta azul que você odiava. Não como mais legumes e não enxugo mais os pés antes de sair do banheiro.

Tudo que eu faço agora, é sentar-me naquele sofá que você se sentava, e ficar mirando a chuva que cai. Esse lugar não é o mesmo sem você. Ele não brilha e não exala mais felicidade.

Por mais que eu tente, não deixo de olhar aquela foto que tiramos no lago junto da "Pedra dos Desejos", onde desejamos sermos um do outro para sempre... Pedra desgraçada!

Calafrios vem a colidir meu peito todas as vezes que lembro-me daquela noite... Noite terrível e maldita! Você saiu naquele carro, prometendo que voltaria em duas horas. Passaram-se duas, três, e na quarta hora, o telefone tocou mais triste do que o costume. Disseram-me que eu tinha te perdido. O carro chocara-se com um caminhão na estrada molhada pela chuva... A maldita chuva que cai!

Meu chão despencou. Minha vida acabou! Como eu quis partir naquela mesma hora! Forçar o contentamento e acabar de vez com tudo isto!

Eu recordo-me de cada palavra que você dizia:

– Tenho motivos para crer que você é meu anjo... - Você sussurrava em meu ouvido todos os dias antes de dormir, se lembra?

Agora eu que posso dizer que você é o meu anjo. O anjo dos meus pesadelos... O anjo que me traz saudades e amargura. O anjo que cantarolava que tudo ia ficar bem...

– Someday we'll know, why Samson loved Delilah. One day I'll go, dancing on the moon. Someday you'll know, that I was the one for you...

Agora o que me resta, é esperar a consumação... Esperar o dia que irei encontrar-me com você novamente... E continuar a observar essa chuva que cai...

E eu sinto sua falta, amor...