Andrew                              

 Acordei de um pesadelo, o que eu sempre tenho, olhei para os lados. Estava no mesmo lugar de sempre. Meu quarto. Um quarto escuro, onde as cortinas com a pintura velha de azul permanece fechada sempre, um lugar úmido e nojento, cheira  a drogas e bebidas, eu nunca gostei do meu  quarto,  mas eu não gosto de arrumar nada, então sempre irá ficar assim. Olhei que horas eram:

“Merda, eu estou atrasado, não devia ter ficado até tarde ontem no bar com os amigos.”

Eu tomei banho, vesti minha calça botei minha blusa quadriculada por cima de uma regata preta, fui até a cozinha, merda, meu pai se esquecera de fazer compras, de novo. Terei que me virar no cereal velho e leite. Comi rápido e já fui saindo de casa. No meio do caminho me encontrei com as pessoas do muro. As pessoas do muro são as que bebem e fumam junto comigo, não pude falar com elas, pois já estava atrasado.

 Nunca corri tanto, meu coração já está quase morto, eu não posso continuar, pois se  eu já estou desse  jeito e ainda não é  a metade do caminho, mas pelo o outro lado não posso parar, não quero chegar atrasado. Não no primeiro dia de aula.

Chego morto no colégio, bebo água e vou ver meu horário e minha turma. As mesmas de sempre, não gosto da sala nem do jeito que sou tratado lá, nunca sentam ao meu lado, nem na frente, nem atrás. Eu posso usar droga, mas sou uma boa pessoa. Sinto-me solitário, só tenho um único amigo, um que sabe como é ter essa solidão, Stan, ele é igual a mim, sabe como é ser traumatizado e sabe como é  ser excluído.

Antes de tocar para as aulas, esvaziei minha cabeça e fui encarar mais um ano idiota, com pessoas idiotas e um julgamento idiota sobre mim. Direcionei-me ao meu armário, para depositar os livros, olho no horário, vejo que é matemática e vou para a sala.

Escutei o toque das aulas, logo o professor entrara, se apresentara e começou a dar aula,  mas ninguém sentou do meu lado, assim como no ano passado. Abri minha mochila para pegar o caderno e anotar o que estará em breve no quadro, mas para a minha surpresa eu  esqueci o caderno, em cima da escrivaninha. Na certa estava de baixo de uma pilha de roupas. Sujas.

“O que vou fazer? Tenho que anotar desde do começo, afinal o 2° ano não é fácil. Tem que estudar desde do primeiro dia de aula. Uma qualidade minha:  sou bastante estudioso. Droga, vou ter que pedir uma folha para alguém agora! Mas quem iria me dar uma folha?”

Olhei  para trás, realmente não tem  ninguém, olhei para os lados, ninguém. No meu momento de desespero, o Diretor, o Sr. Jonhs, entrou. Apresentando uma nova aluna, muita bonita,baixa, daria uns 1,60, ruiva, de cabelos cacheados que caía nos seus ombros, com pernas incrivelmente sensuais, ela vestia uma saia  jeans um pouco acima do joelho e uma blusa roxa com um casaco para o frio, com o ar condicionado ela realmente precisara de um. Aparentava estar um pouco assustada.

-Classe, essa é a nova aluna da escola. Meredith, Meredith Parker. Façam com que ela se sinta em casa. Procure um lugar para sentar, Meredith

Fiquei observando cada movimento dela como se eu estivesse obcecado nela, felizmente ela se sentou do meu lado. Logo fiquei  aliviado, posso pedir uma folha para ela. Vou falar com ela, não melhor não... Ela  não gostaria de falar com uma pessoa como eu, ela é tão linda e parece ser tão delicada.. E eu sou um drogado.

- Com licença, Meredith né? Eu sou Andrew, Andrew Ducan, eu meio que esqueci meu caderno em cima da mesa, você poderia me emprestar uma folha?

Ela me olhou com um ar de desconfiança por um momento, até que respondeu com uma voz calma e gentil

-É Meredith sim, Meredith Parker. Claro que eu empresto, eu quase ia esquecendo o meu também. Prazer Andrew.

Ela destacou uma folha e me entregou com um sorriso meigo e delicado, quando eu ia pega-lá ,as nossas mãos se tocaram, a sua mão era delicada e bem macia , será que ela tinha gostado da minha? Será que ela viu alguma mancha? Uso sempre casaco por causa disso... Merda se ela tiver visto ela nunca vai querer falar comigo de novo.  

Bateu o toque para o professor entrar. Desde de pequeno gosto de matemática,  mas mesmo assim ela não se tornamenos difícil. O professor era baixo e calvo, com cabelo nos lados estes eram brancos, não era velho, mas não era novo. Ele parecia ser gentil. “Quem sabe esse não vai ser o professor que vai me aconselhar? E será que esse ano, com a ajuda dele eu vou conseguir largar as drogas?”

Sempre quis largar as drogas, mas nunca consegui, elas faziam com que eu quisesse mais. Claro, pois é um vicio. Já fui à vários psicólogos, mas nenhum conseguiu fazer com que eu parasse. As manchas? De acordo com a dermatologista elas não chegaram à um nível de ser permanente, para elas saírem eu teria que parar de usar as drogas, e passar um creme especifico que tira manchas de pele,enquanto  não paro, passo um creme que ela receitou para elas continuarem em um nível ameno.

O professor começou aula, eu infelizmente só conseguia olhar para a minha mão, e para a Meredith. Quando eu ia prestar atenção na aula, já estava quase acabando. Olhei para o quadro e copiei as formulas, felizmente deu tempo para  escutar o discurso que o professor fez sobre a matemática. Escutei cada palavra, até me esqueci da mão e da Meredith.

No fim da aula, conversei com ele, parabenizando – o pelo o ótimo discurso, conversamos até bater o toque de o professor sair de sala e os alunos pegarem os livros da próxima.

Voltei para o meu lugar, e me senti inspirado com aquele discurso, estava pensando o que faria quando chegasse em casa, eu escreveria no meu caderno sobre a matéria de hoje. E meu pai teria aquela conversa comigo sobre como eu tenho que largar drogas, e ai eu começaria a falar que sempre tento, mas nunca dá certo. Mal sabe ele que eu sei dos seus segredos.  Mas meus pensamentos foram interrompidos por uma pequena e simples pergunta.

- Quer outro folha? Vi que você já usou essa.

-Quero sim, muito obrigada

 Corei muito. Nunca fiquei tão avermelhado que me fez ficar com muita mais  vergonha, o que me fez ficar mais corado ainda. Argg ela deve está me achando um idiota.Por que ela estava sendo tão legal? Não sou o tipo de pessoa que você gostava de cara, eu sou aquele tipo de pessoa que todos olham torto, Por que ela era tão gentil? Bem eu não sei a resposta, mas sabia que ela poderia ser uma grande amiga.