Quando acordei , já estava de noite , e não havia mais ninguém no local ( N.A: Ohrly? ). Me levantei devagar e fiquei a observar ao meu redor. Vi apenas uns animais noturnos , e uma luz fraquíssima no final do parque. Aquilo obviamente atiçou minha curiosidade , então decidi ir ver o que era aquilo. Quando já estava razoavelmente próximo da fonte da luz , pude ouvir algumas vozes. E uma delas me era bastante familiar.

– Isso é o que você ganha por não ter nos obedecido , pirralho. - Era Tohma. O valentão idiota de minha antiga faculdade. Pelo que ele havia dito , deu pra perceber que ele estava batendo em alguém , o que realmente não me surpreendeu. Decidi esperar Tohma ir embora para depois ajudar o sujeito. Vi o garoto encostado na parede , de cabeça baixa e sangrando um pouco. Assim que o reconheci , me arrependi amargamente de ter esperado , e não o ajudado logo.

– Haku! - Corri até ele e o sacudi , implorando para ele não ter perdido totalmente a consciência.

– Sh... Shinsuke? Você... - Pus o indicador nos lábios dele , o indicando para não falar. A voz dele estava meio fraca , porque parece que levou alguns chutes e socos na barriga.

– Shhhh , falamos disso depois. Não se esforce para falar. - Dito isso , o peguei no colo e fui andando até sua casa. Por sorte éramos melhores amigos a muito tempo , e eu já fui milhares de vezes na casa dele quando ainda estava vivo , então eu sabia muito bem onde ele morava. Haku desmaiou no meu colo enquanto eu o carregava , mas não era nada grave , ele estava respirando normalmente , então... Estava tudo bem.

Assim que cheguei na casa dele , o pus na cama e fui procurar a caixa de medicamentos para cuidar dos ferimentos dele. Não foi tão difícil encontra-la , porque ela estava bem visível em cima de uma prateleira na cozinha. Aproveitei para pegar um saco com gelo no congelador , e voltei ao quarto. Pus o saco com gelo um pouco abaixo do peito de Haku , e enfaixei alguns ferimentos que ele tinha nos braços e pernas. Me sentei ao lado dele na cama , e o esperei adormecer. Ele já aparentava estar com sono , mas notei que não iria dormir tão cedo , porque ele não deixava de me encarar por um segundo , com uma cara de quem quer explicações.

– Então... Estou indo. - Dito isso , me levantei e me preparei para ir embora , mas Haku segura meu braço fortemente antes mesmo de eu dar sequer um passo , me impedindo de sair.

– Realmente pretende deixar alguém ferido sozinho , Shinsuke? Sabe muito bem que não mora ninguém aqui além de mim. - Ele disse em um tom bastante sério. Haku pode parecer um doce de pessoa , mas pode ser sério até demais as vezes. Apenas suspirei e voltei a sentar-me ao seu lado na cama. Logo depois disso um silencio assustador se estabeleceu naquele quarto.

– Ei , você não me explicou ainda... Você não tinha morrido? ( N.A: Tods perguntam isso , lul ) - Ele TINHA que lembrar daquilo. Merda.

– É... Eu ainda estou morto. - Falei sem muita indiferença. Até porque , era a verdade , não é? Prefiro falar de uma vez do que mentir o tempo todo , e depois guardar rancores por ter mentido.

– Eh? Se você está morto , como está aqui? Está de brincadeira com a minha cara , né? - Ele não parecia assustado , por sorte. Só estava um pouco confuso. Não falei nada , apenas peguei sua mão e a pus onde supostamente era pra estar meu coração , que não batia sequer uma única vez.

– Vê? Ele não bate. - Agora sim ele pareceu assustado. Simplesmente ficou paralisado , olhando para a própria mão , que ainda se encontrava sobre meu peito. Apertei sua mão um pouco , e logo depois a tirei de lá , fazendo-o finalmente acordar do "transe". Ele pareceu muito confuso com tudo aquilo , e o silencio se estabeleceu novamente naquele quarto. Ms eu nem precisei falar nada , porque alguns segundos depois ele decidiu quebrar o silencio por si mesmo.

– Mas... Se você está morto , porque voltou..?

– Voltei para me vingar... Me vingar da pessoa que pôs fogo em minha casa. - Não podia falar para ele que vim atrás de Yuuya , então falei apenas meu motivo secundário. E ele acabaria descobrindo uma hora ou outra. Fiquei o olhando e pus minha mão que emitia um brilho azul sobre seus olhos , obrigando-o a fecha-los. - Agora , durma... - Ele adormeceu na hora. Dei um beijo em sua testa , e sai de sua casa.

Fiquei andando pela cidade , feliz por ter encontrado meu melhor amigo novamente , depois de tanto tempo. Passei em frente a uma loja de televisores , e as TV's a mostra estavam passando no noticiário. Decidi parar para ouvir.

TV's: A jovem Yumi Hara foi dada como desaparecida nesta tarde de domingo. A causa do desaparecimento é desconhecida , mas os pais da jovem afirmaram que viram rastros de sangue que iam até a janela do quarto da garota. Os policiais também afirmaram que encontraram vários objetos cortantes , como facas , tesouras , estiletes e vários outros objetos escondidos pelo quarto , e todos se encontravam ensanguentados.

Dei um sorriso enorme quando ouvi aquilo e sai andando , rindo baixinho , mas ainda assim era uma risada meio diabólica. Afinal , foi muito prazeroso ouvir aquilo.

– Bom trabalho , Hiromi. Agora o Tohma saberá como é ver alguém importante pra você ferido , mas pior... Huhuhu. - Continuei rindo por um bom tempo , tentando controlar um pouco para simplesmente não sair rindo absurdamente alto por ai.

– Não fiz nada além do que me ordenou , mestre.