The Darkness is Coming escrita por Liran Rabbit


Capítulo 9
A Guerra Fria do garotinho azul


Notas iniciais do capítulo

aviso: esse capítulo terá alguns trechos do livro "Sadman - A Guerra dos Sonhos".



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Por um tempo, Jack teve que parar o treino com Dentiana e se afastar do palácio das fadas por sua doença.

Ardia como um inferno, coçava e fazia sua pele parecer carne viva e ele pensou que em um desses momentos de agonia, lágrimas tinham lhe torneado o rosto e molhado a pálida face do garoto que nunca crescia, caindo no chão e se tornando negras como... Como um dos males que os humanos criaram e matavam as forças da mãe natureza.

Dentiana se tornava selvagem aos poucos, mas por consequência voltava a voar como antes e com algumas diferenças notáveis. Jack sentia que o treinamento estava mais intenso, sentia que ela estava com mais força e mais bruta com o passar dos dias e ela escondia algo dele. Seu olhar, esse que era a janela da sua alma e a mais gentil que viu, escondia algo profundo.

Tentava não sentir o ardor novo que se envolvia com essa maldição que caiu em si. Já acabou envolvendo Dentiana muito nessa história, machuca-la de forma sentimental e iludi-la com o tempo que passavam juntos era algo cruel da qual mesmo que fosse involuntário, não se atreveria feri-la. Essa sensação era humana demais e ele é eternamente jovem para pensar além o que estava sentindo por ela.
Estava condenado a ser assim. Puro.

Os treinos tinha parado porque ele insistiu para ser assim, faziam dias que ele não ia ao palácio das fadas. Ele se escondia no lugares mais extremos em que o frio reinava, sempre pedindo silenciosamente que Sandman lhe desse um pouco da areia dos sonhos e sempre era atendido, apagava e acordava bastante tempo depois, quase sempre acobertado pela neve.

Quase como uma mania, ficava inerte e sem saber direito o que se passava. Sentia o vento em seu rosto, mas era uma suave brisa. Conseguia sentir um arrepio nos dedos da mão e do pé, os ver ficando roxos e azulados, mas não sentindo nada humano para essas reações. Ele estava perdido no tempo. Ele seguia em rumo aos Estados Unidos, usando o vento com menor influência de antes e tendo de ficar acima das nuvens para não olhar para o mar e cair.

O local era onde tudo começou, a cidade onde teve a primeira batalha contra Breu. O general antigo e líder das tropas Lunares, protetor da casa Lunanoff. A queda de um homem dizia muito sobre si.

A casa de Jaime estava agitada e Jack sabia que ele era o único em fase de crescimento que acreditava nele, mas olhava de longe o seu velho amigo, sorrindo ao vê-lo parar na janela e acenando quando o mesmo acenou para si. Ele acreditava de alguma forma, talvez fosse o significado das datas comemorativas ou como ele nunca esquece o que significa o floco de gelo caindo em seu nariz. Jack não sabia, mas queria que continuasse assim, ter alguém acreditando nele.

Se apegar na crença era algo errado, ela morre e vira uma lenda, some como pó no tempo e ele... Ele era apenas um garoto perdido.

Flutuava até o lago, antigo esconderijo seu, olhava com desdém para a cama antes quebrada que tinha ali perto e que agora se enterrou com Breu, Pitchnner.

Pensar nisso trouxe a dor daquela praga que se alastrava em seu corpo, ardendo e machucando. Como se queimasse sua pele, ele tirou o moletom e resmungou até mesmo com o esforço, o peito pálido e nu, sem nenhuma blusa para cobrir sua nudez da cintura para cima, mas a nudez era pouca coisa com a marca que crescia como um tumor, mas que era viscoso e colocada a mão, parecia areia.

“Por favor, papai. Por favor, por favor, abra a porta!”

Seu pescoço ardia e aquilo parecia gritar na sua cabeça. Ele não conhecia aquela voz, de uma garotinha. Alarmada e em pânico, mas Jack não sucumbiu e acabou caindo de joelhos, seus ombros estavam tensos e sua respiração queimava na garganta, como se sua saliva estivesse congelando e queimando por dentro.

— Isso dói! – Gritou para o vazio do lugar.

“Jack! Eu tô com medo!”

Não era medo, era desespero. As duas gritavam, batiam em sua cabeça para sair.

— Para! Faz isso parar!

“Você me tornou assim, Capitão Sandman! Você me fez assim, matou o que restava!”

Então ele apagou, mas despertar foi pior quando tudo parecia tão escuro e não havia luz, um lugar conhecido e por isso, trouxe medo a Jack com o que poderia vir. O covil de alguém maligno, talvez antes fosse, mas tinha sido arrastado enquanto estava vulnerável.

Levantando da forma que podia, olhou para todos os cantos e o pânico dentro de si se confirmou quando seu moletom azul foi jogado no chão por alguém.

Das sombras ele apareceu, a face abatida e sem sinal de fingimento. Breu “Pitchnner” não parecia mais no seu auge de antes da sua síndrome de grandeza. Breu era literalmente a sombra do homem que antes foi, do assassino, do ladrão se sonhos e pior pesadelo das crianças.

— Quem diria, acabei de salvar a minha primeira visita depois de anos – Sua voz era vazia, não havia sarcasmo ou ironia, era... Estranho – Faz muito tempo, Jackson Overland Frost.

— O que você fez...? – Perguntava e Breu apenas manejou com a cabeça.

— Está tendo problemas, garoto perdido? – Ignorando a pergunta, ele apontava para o peito de Jack, para a marca em si – Eu me pergunto como você conseguiu isso... – Ponderou.

Ele fazia aquele tipo de pergunta como se não fosse nada! Isso irritava Jack do mais profundo do seu ser e... A dor acabou voltando e o sentimento de raiva fosse o que piorava o sintoma, a aproximação de Breu com a doença só tornava as coisas piores também.

— Você acha que é minha culpa? – Agora o desdém era nítido, sua face se contorceu em uma careta e um sorriso com escárnio era mais assustador que a cara de um verdadeiro assassino – O mundo não gira a minha volta, garoto perdido.

— Mas essa marca, essa coisa é coisa sua! – Esbravejou, pegando o moletom, mas não o colocando – Esse caos todo é culpa sua, a infância estar ruindo é sua culpa!

— Será minha culpa ou você necessita de alguém para aliviar a sua dor? – Rebateu – Para alguém que teve tanta esperança em me derrotar e teve a proeza de conseguir, você me parece literalmente no poço, Jack.

As palavras dele não faziam sentido, não era para ter aquele embate e Jack se sentir perdido e que sua dor fosse deixada de lado. Olhando no fundo dos olhos do Breu, ele não o julgava ou brincava com a sua cara, mas o encarava apenas.

— Mas aprendi com o tempo, desde que fui tomado pelas sombras até ficar sóbrio delas até o momento presente que, a esperança é um erro e tentar concerta-la em um homem quebrado... Pode acabar o levando a loucura.

— Eu não vou ficar maluco... – Resmungou.

— Posso ajuda-lo, mas não posso cura-lo – Ofereceu, se aproximando e Jack recuou, desconfiado – Por favor, se eu o quisesse morto, já o teria feito – E a contra gosto ele tocou o ombro de Jack.

A palma da mão foi o suficiente para aliviar a dor e sugar a praga que se alastrava em seu corpo. Mas ela ainda estava lá.

— Você vai ficar inconsciente, mas é para o seu bem – Declarou e apenas com essas palavras, a visão de Jack apagava novamente – Bons sonhos, Frost.

Para adormecer e acordar em um lugar amigável, Jack nunca tinha parado na ilha de areia flutuante de Sandman, mas ao saber que estava em um lugar seguro... Breu não o tinha transformado em um de seus pesadelos, nem mesmo em um aliado manipulável pelas areias dos pesadelos. Ele não se importava ou deixou de se importar com o tempo.

Então Jack chorou suas primeiras lágrimas de gelo em trezentos anos.


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Notas finais do capítulo

Por favor, se o clima estiver ficando muito pesado e estiver incomodando, me avisem que tentarei amenizar. Não sei se estou colocando a dose certa.

Obrigada por acompanharem~!



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