Forks , 19 de março de1998.

–Bella, o jantar está pronto, hora de entrar – minha mãe já estava me chamando, mas eu queria continuar brincando com meus melhores amigos Edward e Jacob.

–Não vai Bebella, a gente precisa falar com você. – falou Edward segurando em meu braço.

–Espera um pouco – corri ao encontro de minha mãe - mãe, deixa eu ficar com eles mais um pouquinho deixa? Prometo que é rapidinho, a brincadeira tá tão boa – falei fazendo biquinho e um pouco distante de nós Ed e Jake gritavam “ deixa tia deixa”.

–Tudo bem, só mais alguns minutos – minha mãe falou sorrindo, deu um beijo na minha bochecha e acenou para os meninos, depois entrou em casa.

Corri em direção a eles, sorrindo e os abracei.

–Do que vamos brincar? Ela já volta pra me chamar de novo – sorria.

–Temos uma pergunta pra te fazer – disse Jacob, ele estava tão sério.

–Pergunta então – falei, o sorriso foi sumindo.

–Você tem que escolher entre mim e ele – dessa vez quem falou foi Edward, apontando para Jacob.

–Como é? Não vou escolher entre vocês dois, deixa de ser bobo Ed, vocês são meus melhores amigos – falei tentando abraça-los mas eles me impediram, me empurraram e eu cai no chão.

–Por que? – fiquei chateada, continuei no chão.

– Você não respondeu Isabella, é simples, você quer namorar comigo ou com o Jacob? – ele me chamou de Isabella? Não acredito nisso, não existia Isabella, Edward ou Jacob, nós éramos Bebella, Ed e Jake, os melhores amigos do mundo. E que pergunta era essa, como assim namorar? Eu sou uma criança, tenho só 8 anos, crianças não namoram.

–Eu não vou namorar com vocês, a gente é criança, não podemos namorar .

–Então não vamos mais ser seus amigos, você tem que decidir. - Jake cruzou os braços.

–Mas..mas eu não posso ficar sem vocês, não podem fazer isso comigo – falei já chorando, entre soluços.

–A gente pode e vai fazer, a gente não gosta mais de você Isabella – Edward me mostrou a língua e virou-se – vamos embora Jake, só somos nós dois.

–É Isabella, você é uma chata - Jake também me mostrou a língua e foi embora conversando com Edward e eu permaneci sentada no chão, sem entender direito o que acabara de acontecer.

–Mas eu amo vocês – gritei, mas eles ignoraram. – Ah é? Também não gosto mais de vocês.

Eu chorava alto, levantei e sai correndo, entrei em casa, encontrei minha mãe na cozinha, fiquei olhando para ela.

– Que bom que entrou Bellinha, já ia chamar você – falou vindo em direção – Bella, está chorando? Por que está chorando? – ela me abraçou.

–Eu nunca mais quero ver Edward e o Jacob mãe, nunca mais – falei soluçando, enxugando as lágrimas com a costa da mão.

–Bella, o que eles te fizeram? Me diz minha filha, eles te fizeram mal? – minha mãe se desesperou.

–Eles são dois bocós, dois bobos e eu não vou ser mais amiga deles nem em um milhão de anos – falei me acalmando, as lágrimas já não rolavam mais. – Eu odeio eles. – corri para o meu quarto.

–Bella! Bella vem cá...

–*-*- 14 anos depois... -*-*-

Nova York, 7 de novembro de 2012.

Levantei desesperada, os gritos de minha mãe ecoavam em meu ouvido, foi tão real esse sonho, parecia que estava vivenciando aquilo de novo. No susto, rolei e cai da cama.

–Bom dia Isabella – falei pra mim mesma, ainda tentando entender o porquê desse sonho, há séculos eu não via nem Edward nem Jacob, nunca mais nos falamos desde esse dia, depois que terminamos o colégio, cada um foi para seu canto e eu nunca mais tive notícia deles.

Me apoiei na cama para ficar de pé, olhei no despertador, já marcavam 7:30.

–Desgraça por que você não tocou? – peguei o despertador e joguei na parede.

–Que isso Bella, quer derrubar o prédio? - perguntou Alice com cara de sono enquanto invadia meu quarto.

–Essa porcaria não tocou, vou chegar atrasada no trabalho, tenho uma reunião importante. – falei enquanto corria desesperada pelo meu quarto bagunçado atrás de algo descente pra vestir.

–O que? Que horas são? – Alice arregalou os olhos.

–Bom, pouco mais de 7:30 – respondi já correndo pro banheiro, no mesmo momento em que Alice corria de volta ao seu quarto , gritando feito uma louca.

Tomei um banho rápido, escovei os dentes, coloquei um vestido preto simples, um salto e prendi o cabelo num rabo de cavalo e corri para a empresa, onde trabalhava como RP.

–Aliiiiiiiiiiiiiiiiiice, eu vou indo, te espero lá – gritei para Alice, ela ainda tomava banho e eu sabia que ela ainda ia demorar e bom, dessa vez ela ia se encrencar sozinha. Ela trabalhava comigo, foi na empresa que nos conhecemos e dai viemos morar juntas, mas essa é uma longa história e eu estou sem tempo agora.

Peguei minha pasta, entrei no maldito elevador e comecei a apertar o botão do térreo repetidamente, na esperança de que ele descesse mais rápido, isso é que dá morar no quinto andar, pensando bem, que bom que o elevador funciona. Ok, nem é tão alto.

Sai do elevador correndo, dei bom dia aos gritos para o porteiro e comecei a fazer sinal para todos os táxis que passavam, mas quem consegue pegar táxi rapidamente em Nova York?

Comecei a correr desesperada, eu ia chegar na hora, nem que pra isso eu tivesse que ir andando para o trabalho.

Meu celular tocou e por um momento me distrai , adorava aquela música e deixei tocar, até que lembrei, quando olhei vi que era Aro Volturi, meu chefinho que ia me matar.

–Eu já to chegando, eu já to chegando. – falei ofegante.

–É bom que esteja mesmo Isabella, você tem meia hora, caso contrário nem precisa mais se dar o trabalho. – ele estava muito bravo, ele costumava ser legal, até descobrir que a mulher o traía, dai veio a separação e bom, devia ser falta de sexo mesmo.

–Não se preocupe eu vou... aiiiiiiii – fui caindo de costa mas mãos fortes me seguraram e impediram que meu corpo fosse de encontro ao chão, mas meu celular voou longe.

Consegui ficar de pé e mas o rapaz continuou me segurando.

–Qual é cara, não olha pra onde anda não? - falei empurrando as mãos dele de mim.

– Ei sua louca, você que tava correndo sem prestar atenção. – gritou de volta – mal agradecida, devia te-la deixado cair.

–Presta atenção seu... Jacob Black? – não acredito.

–Isabella Swan? – ele arregalou os olhos.

–O que você tá fazendo em Nova York?

–Eu moro aqui, me mudei há pouco tempo.

–Ah...enfim, tenho que ir ou vou morrer. – já ia saindo quando ele me chamou. - o que foi?

–Você parece atrasada, quer uma carona?

–Carona a pé? Não obrigada. – tentei fazer parada para o táxi e mais um me ignorou.

–Não sua grossa, te levo de moto. – ele cruzou os braços.

–Ah... não vou incomodar? – fiquei vermelha.

–É bom irmos logo, ou vai se atrasar mais. – ele sorriu, e que sorriso viu? Ele estava lindo, alto, forte, moreno, u-a-u. – Espere aqui, vou pegar minha moto.

Esperei.

Ele voltou montado numa moto linda, não me pergunte modelo, não entendo nada disso.

–Vem – me entregou o capacete, coloquei e subi na garupa.- pra onde vamos senhorita?

–Midtown Manhattan por favor.

–Certo, segura firme Bebella – pude ouvi-lo gargalhar, soquei sua costa e tive o ímpeto de descer da moto e ir andando, mas além de estar atrasada demais para ser orgulhosa, ele já havia dado partida, tive que agarrá-lo para não cair.

–Então Isabella, o que tem feito da vida?

–Sou relações públicas...vai devagar pow, quero chegar inteira.

–Escolhe, quer chegar rápido ou inteira? Os dois não dá. – gargalhou novamente. Idiota.

–É melhor você parar de ser engraçadinho ou você não vai viver por muito tempo.

–Eu sou fotógrafo Isabella, já viajei por muitos lugares, então decidi sossegar em Nova York, vim visitar um amigo e acho que vou estabelecer residência por aqui. – perguntei por acaso idiota?

–Ah, que legal - me limitei a falar.

Ficamos em silêncio, expliquei onde era a empresa, e ele me deixou na porta, a viagem ( sim , do Brooklyn pra Manhattan é bem longe), durou pouco menos de 30 minutos, ele dirigia feito louco.

Desci da moto cambaleando, devolvi o capacete.

–Bem, muito obrigada pela carona. – me virei pra ir embora e ele me segurou pelo braço.

–Espera Isabella, não vou te morder. – deu meio sorriso, aposto que pensou “ só se você pedir”.

–O que quer? - perguntei, puxando meu braço.

–Ainda tem raiva de mim? Por uma besteira de criança?

–Claro que não, só não tenho o que falar e estou atrasada.

–Edward vai adorar saber disso. – ah claro, o Edward. Espera, o Edward?

–Edward Cullen? – arqueei a sombrancelha.

–Sim, ele é o amigo que vim visitar, aliás, meu melhor amigo ainda. Nós brigamos algumas vezes, por sua causa claro – riu sem humor - mas a amizade nunca acabou.

–Que bom então, mande lembranças, eu realmente tenho que ir.

–Tudo bem,então, me dá seu número?

–Tá - peguei um cartão na pasta e o entreguei – mas nem tenta ligar, você detonou meu celular.

–Ah é, ok,você sabe onde eu moro, nos vemos por ai.

–Claro, tchau.

–Muito bom te encontrar Bella, muito bom. – piscou pra mim, colocou o capacete e foi embora.

Fiquei parada lá, no mesmo lugar, esqueci totalmente do trabalho. Edward e Jacob, meus amigos de infância, na verdade, meus amores de infância estavam mais perto do que eu imaginava. Engraçado, sonhei com eles hoje de manhã e..

–Bella sua tapada, perdeu a noção do perigo? Corre- Alice gritou atravessando a rua e passou por mim feito um furacão, me arrastando para a reunião, que por acaso foi um tédio. A parte boa é que eu não fui demitida.