Invadi a sala vorazmente:

- CONTAR O QUÊ? PRA QUEM?

-Ah, não é nada filha, à propósito, que bom que veio, quero quee vá ao supermercado comprar coisas pro jantar. 

- Olha, eu vou só porque tô morrendo de fome, mas não pensem que vou esquecer o que ouvi aqui. Vou querer saber do que se trata mais tarde.

Eram quase 19:30 e o supermercado fechava às 20:00. Eu fui correndo, sem parar de pensar no que tinha ouvido naquele escritório. Comprei tudo correndo, estava atordoada com tudo aquilo, queria ir embora o mais rápido possível, mas como se não bastasse a desgraça que estava aquele dia, um desgraçado lerdo me fez derrubar as coisas que estava levando.

- ÔÔ desgraça, não vê por onde anda?

- Nossa, desculpa... Kath?!

- James.. Para de me seguir, que droga!

- Eu cheguei aqui primeiro, então, se tem alguém seguindo alguém aqui é você.

- Affe, você não presta pra nada.

- Posso te ajudar a pegar as coisas que a senhorita estressadinha derrubou e te dar uma carona, será que pra isso eu sirvo?

- Tá, voc6e serve, vamos logo.

- O carro tá no primeiro andar, vamos pro elevador.

- Mais essa agora.. --`

No elevador..

- Qual é, esse primeiro andar fica no céu?

- Eu acho que .. ele .. parou

- Maravilha, ma-ra-vi-lha, isso tudo é culpa sua James, eu não devia ter vindo com você.

- Claro, fui eu que comi os fios do elevador e fiz ele parar propositalmente, claro - ele fez uma cara brava e eu percebi que não era só a cara, eu tinha sido uma grossa nojenta.

- Olha, me desculpa. É que se eu chegar em casa a tempo com as coisas do jantar, meu pai me mata.

- Tá tudo bem. Mas matar é exagero.

- Não se você conhecer o meu pai.

- Ele não pode ser tão mal assim.

- Ele sempre deu mais importância à bens materiais do que à família. Sempre achou que amor era me dar tudo o que eu queria. Nunca ligou pra sentimentos. Ele já me ofendeu várias vezes, acho que me acostumei com isso. - eu não percebi, mas acho que estava chorando. Eu nunca tinha falado sobre isso com ninguém.

- Kath, calma... eu... eu sinto muito por isso... Olha.. eu sinto muito mesmo, se eu puder fazer algo pra ajudar...

- Não, tá tudo bem.. ou vai ficar algum dia..

- Kath, você sabe que sempre pode contar comigo.. eu sempre vou estar aqui... pra te dar uma carona talvez... - ele riu ironicamente e se aproximou de mim.

Enquanto ele terminava de secar minhas lágrimas, olhou no fundo dos meus olhos, e eu fiz o mesmo. Eu sabia o que iria acontecer naquele momento. E querem saber? Eu não iria fugir daquilo.

Ele se aproximou mais, colocou as mãos sobre a minha nuca e me beijou. Nos beijamos. Eu não podia me recusar. Era algo que eu queria, e parecia estar esperando por isso há anos. Não era o tipo de beijo que se pode descrever. Era perfeito, inexplicável.