P.O.V – Ryan.

— Então você vai mesmo para esse acampamento de loucos? —Perguntei á Lana, enquanto andava com ela por um parque não muito movimentado da cidade.

— Sim. — riu, olhando para mim. — Mas vou voltar antes de que possa sentir minha falta.

— Preciso te falar uma coisa — virei-me para ela, a cara séria. A verdade é que precisava descobrir sobre o segredo de Lana o mais rápido possível, antes de ela ir para o Acampamento. Precisava descobrir. Minha vida dependia disso. — Eu... estou tendo um caso com a Rachel. — fechei os olhos, esperando pelo baque da notícia, e do começo da briga, que não tardou a chegar.

— O- o que? — gaguejou ela, os olhos marejados, mas com uma expressão de fúria. — O que você disse?

— Estou te traindo com a Rachel — confirmei. — Eu não gosto de você, Lana. É só um jogo. — senti minhas pernas fraquejarem e uma enorme dor de cabeça quando, com um baque, fui jogado contra a árvore mais próxima do parque. Lana ainda tinha a expressão mortífera. Como ela conseguiu fazer aquilo? Outro baque e senti meus joelhos doendo. Caí ajoelhado. Mais uma vez, senti uma dor lacinante no meu peito. Lana chegou mais perto, e rasgou minha camisa. Eu estava sangrando. — O que você fez? — e então ela me deu um tapa no rosto.

— Isso é pra você aprender a não mexer comigo — vi uma única lágrima cair de seus olhos, que ela logo enxugou com as mãos, e então foi embora.

P.O.V – Lana.

— Lana? Lana, o que aconteceu? — Ouvi Grover, preocupado, me chamar quando cheguei em casa chorando, correndo para o meu quarto. — Lana, o que houve? — trotou até a porta de meu quarto, os cascos batendo no chão, com uma enorme rapidez e bateu na porta.

— Me deixa, por favor — gritei em resposta, a voz chorosa. Droga, eu não consegui me controlar! Quase matei Ryan. Fiz uma coisa que não poderia ter feito. Ele pode descobrir sobre o meu segredo, — segredo do qual nem eu mesma descobri —, e acabar com tudo. Eu não gosto dele, não mesmo, mas me senti traída, acabada, envergonhada. Ele não podia ter feito isso comigo.

— Lana? — A voz de Lucas chegou em meus ouvidos, e, de repente, me senti um pouco melhor. Queria ele aqui me abraçando. — Você está bem? — levantei-me a passos largos e abri a porta, dando permissão para que Lucas entrasse. Ele se sentou em minha cama, e viu meus olhos vermelhos e chorosos, minha cara inchada por chorar muito, e veio em minha direção, me abraçando. — Me conta o que houve? — pediu, beijando o topo de minha cabeça.

— Ele... ele me traía com a Rachel — Lucas se desvencilhou de mim, os olhos arregalados.

— A Rachel... Rach... a nossa... essa Rachel? — perguntou.

— Sim — confirmei com a cabeça.

— A Rachel e o Ryan? — gritou. — Você tem certeza? A Rachel e o Ryan?

— Sim, ele me confessou. — funguei. — E porque está tão surpreso? Sempre achei que Rachel não prestava.

— Não, não, ele está mentindo Lana! — disse, convicto.

— Lucas, eu sei que é difícil de acreditar. Ela é sua amiga, eu te entendo perfeitamente. Mas eu duvido muito que ele mentiria sobre isso. — suspirei. — Mas o pior de tudo não é isso, o pior é que eu fiz aquela coisa de novo. — abaixei a cabeça, um risco de lágrima passeava pelo meu rosto. — Com o meu poder.

— Você machucou ele? — Lucas perguntou.

— Sim — olhei para ele, envergonhada. Ele secou minha lágrima com o dedo, mas mais lágrimas teimavam a sair.

— Foi o mínimo que você poderia ter feito — sorriu, me abraçando novamente.

— Obrigada — sussurrei.

P.O.V – Rachel.

— O que está acontecendo? — perguntei, assim que encontrei Grover e Leo na cozinha.

— Nós não sabemos — Grover suspirou. — Lana chegou chorando, tentei falar com ela mas ela não me respondeu o que tinha acontecido, então o Lucas entrou lá. Estão há mais de meia hora no quarto.

— Provavelmente ela só está querendo dar uma de vítima para o Lucas. — respondi. — Justo agora que ele está se apaixonando por mim — sussurrei.

— O que?

— Nada, Leo, nada. — me escorei no balcão da cozinha, e vi Lucas saindo do quarto de Lana. — Lucas, o que houve? — ele virou-se para mim, os olhos vermelhos, os punhos fechados, uma expressão séria.

— Preciso conversar com você —percebi que Lucas tentava controlar a voz. Ele indicou o segundo andar, e subi, acompanhando-o. Fomos para o quarto que eu ocupava e ele fechou a porta. — Você tem um caso com o Ryan? — gritou ele, e fiquei paralisada, sem fala, por alguns minutos.

— Hum... quem te disse isso? — perguntei.

— Lana — respondeu. Ficou o mais longe de mim possível. Enquanto eu me sentava na cama, ele ficou em pé perto da porta.

— Ela está mentindo. —disse.

— Não. Você está mentindo.

— Porque não acredita em mim? — perguntei, já perdendo a paciência. — Porcaria, Lucas, ela faz a sua cabeça e você deixa!

— Estou te dando a chance de me explicar essa história. — sussurrou ele, cruzando os braços em frente ao corpo.

— Não tenho nada para explicar, Lucas. Eu não tenho nada com Ryan.

—Então tá. — disse. — Ryan confessou para Lana que vocês dois têm um caso.

— O-o que? — gaguejei. Droga, que merda Ryan fez? — Ele está mentindo!

— Vai continuar a mentir para mim?!

— Tudo bem — suspirei. — É verdade, mas eu só estava com ele pra descobrir mais sobre ele porque eu realmente acho que ele tem alguma coisa pra esconder.

— Deixa eu ver se entendi — olhou para mim, os olhos semi-cerrados. — Então você até agora só virou minha amiga pra descobrir mais sobre mim para ter certeza que eu sou um livro aberto e que não tenho segredos? Meu Deus, eu sou tão idiota!

— Não. Nós somos amigos faz muito tempo, e eu sempre quis ser sua amiga. Não tem nada a ver, eu só achei que Ryan poderia ferir Lana...

— Ah, legal, e uma ótima forma de proteger Lana de ser machucada por Ryan foi ter um caso com ele? — riu. — Me conta outra, Rachel. Você não gosta da Lana.

— É, não gosto da Lana, mas sou apaixonada por você! — gritei, com lágrimas nos olhos. — E sei que você gosta dela. Só não queria que ela tivesse uma decepção. — suspirei. — Sei que meu método não foi o mais convencional de todos, mas juro que fiz com as melhores das intenções.

P.O.V – Percy.

— Como você está essa manhã? — Lana sorriu pra mim, ao trazer meu lanche. Ela tinha feito um cupcake azul para mim. Sorri pra ela.

— Obrigado pelo cupcake — respondi. — Estou melhor. Você não está muito bem, pelo que Grover me disse.

— Ah, não foi nada. Só descobri o que suspeitava há algum tempo — suspirou. — Que Ryan é um cafajeste.

— O que ele fez? — perguntei.

— Me confessou que tem um caso com a Rachel. — deu de ombros, se sentando ao pé de minha cama.

— Hum... — eu não sabia o que responder, então optei por ficar quieto.

— Grover me disse que falou com Quíron via mensagem de Iris hoje. — Lana disse. — E ele acha que precisamos voltar para o Acampamento, mas disse que você precisa de descanso, e que vai trazer junto com Blackjack alguns curandeiros do Acampamento para você assim que chegarmos lá.

— Você sabe, acho que já estou muito melhor para voltar para o Acampamento — respondi, segurando na mão de Lana para me sentar. A verdade é que não me sentia melhor em nenhum aspecto, só estava cansado de ficar deitado, e precisava de luta.

— Ah, seu espertinho — Lana riu. — Ainda é muito cedo. Precisa estar cem por cento para voltar para a batalha. Não apenas cinquenta por cento — piscou para mim. — Agora descanse. Mais tarde eu volto para te contar uma história — sorriu, levantando-se e parando na soleira da porta. — Bom sonhos.

P.O.V – Lucas.

— Você não deveria estar aqui... — Rachel sussurrava. — Você não devia ter dito nada.

— Olhe, eu precisava saber! — a voz familiar de Ryan bufou, e eu tive a súbita vontade de sair de trás da porta que dava para o jardim do fundo e dar um soco na cara dele, mas me controlei. — Você descobriu alguma coisa?

— Claro que não! E mesmo que descobrisse, não falaria para você. Estava tudo sob controle e você estragou tudo, seu idiota!

— Você como uma semi-deusa, deveria saber!

— Olha, Ryan, vai se foder, tá legal?! — rosnou. Abri a porta e me adiantei para Ryan, dando um soco em sua bochecha. Ele urrou. — Lucas!

— Cala a boca, Rachel. — senti-me cair para trás quando um soco de Ryan veio, certeiro, em minha barriga.

— Quem você acha que é pra me bater? — gritou ele.

— Eu sou o futuro namorado de Lana, e eu vou acabar com você! — respondi, e ele investiu contra mim novamente, mas, dessa vez, recuei e ele se desequilibrou. Mais um soco. Então ele caiu sobre mim e me deu um soco na costela, e comecei a tossir desesperadamente.

— Ryan! — gritou Rachel, a voz afetada, nervosa, desesperada. — Solta ele! Por Zeus, solte ele. — nesse ponto, ele já tinha praticamente me socado em todos os lugares visíveis de meu corpo, e eu começava a ver tudo borrado. Virei-me para Rachel e ela estava chorando. Ela veio pra cima de Ryan e puxou sua adaga, que agora consigo ver com mais clareza, sem a névoa, e ele se levantou, indo para cima dela.

— Agora você vai ficar do lado desse merda?! — riu-se, e ela traçou um risco de sangue em seu rosto com a adaga. Ele tirou algo do bolso, que eu não conseguia ver, e, logo depois, apareceu uma espada em suas mãos.

— Lucas, você precisa chamar o Grover e a Lana. Acha que pode levantar? — Rach gritou pra mim, sem perder de vista a espada de Ryan. Levantei-me devagar e caminhei a passos largos até a sala, onde Grover se encontrava.

— O que aconteceu? — baliu ele.

— Ryan. — sussurrei. — Rachel pediu para chamar você e Lana. Eles estão no jardim.

— Tudo bem, mas antes você precisa de cuidados.

— Não se preocupe comigo — ri, sentindo minhas costelas doerem. — Eu não sei bem, mas parece que Ryan é um semi-deus — sussurrei.