Capítulo 6: Titia?

PDV Esme

 Os anos que passei em Yale, apesar de proveitosos, foram os mais longos e difíceis da minha vida. O tempo era corrido e curto, o que tornava quase impossível pra mim visitar Emmett pois o tempo de viagem era muito longo. Mesmo com todas as dificuldades tentava estar o mais presente possível em sua vida. Ligava diariamente pra saber como ele estava, enchia Renée de perguntas, mesmo de longe queria acompanhar seu desenvolvimento.

 Em pouco mais de 8 meses já estava me adaptando melhor com os horários conseguindo tempo para em fim visitar meu filho. Emmett estava simplesmente enorme em seus 10 meses. Um garotão forte e saudável.

 - Quem deu fermento pro meu filho? – falei ao vê-lo. Emmett realmente estava enorme, com os olhinhos de um azul intenso como o céu, e os cabelos escuros, quase negros, que encaracolava nas pontas. Fiquei feliz por ele ter algo meu, já que seus olhos eram de Carlisle.

 Emmett, apesar da distancia e do tempo que não me via, não me estranhou, pelo contrario, ficou comigo todo tempo que fiquei em Voltera. De acordo com Renée, ele sentia que eu era a mãe dele, ou pelo menos sentia essa ligação forte que eu havia criado desde que ele ainda estava em meu ventre.

 Renée sempre dizia coisas como: “vai com a mamãe”, até mesmo quando eu ligava e pedia pra ela colocar o telefone no ouvidinho dele só pra ouvir seus resmungos. Isso ajudou com que eu me tranquilizasse um pouco, me dava esperanças de que não iria perdê-lo. Mas nem mesmo isso pode sumir com o medo e a angustia que sentia. E sobre esses sentimentos... mais tarde eu descobri que estava certa.

 Já haviam se passado 2 anos que não via Carlisle, nem se quer tinha notícias sobre ele.

 Emmett já estava com 1 ano quando li a notícia numa revista: “Carlisle Cullen, o aluno mais renomado de Haward e filho do magnata Vladimir Cullen, se casará em três dias com Elisabeth Denali, uma das alunas mais prestigiada da instituição e filha de Makenna Denali que é sócia de Vladimir  e umas das acionistas com mais títulos da empresa. Esse casamento promete ser o mais comentado durante os últimos anos, não só porque os Cullens tem um enorme poder nas mãos, mais também, com a união do casal, esse só irá aumentar pois o controle das empresas ficará totalmente nas mão de Vladimir Cullen. É um casal realmente perfeito. Elisabeth está grávida de dois meses, e, de acordo com ela, não pretende atrasar muito com os preparativos pois quer uma cerimônia simples e fechada.”

 Meu mundo literalmente desabou. Como ele tinha coragem de se casar com a irmã mais nova de Carmen? Então todo o meu sofrimento não serviu pra nada? Ele me traiu e nem se quer ficou com ela? Me traiu simplesmente por trair? Só pra me ver sofrer? Que espécie de ser humano é esse que faz a pessoa que tanto diz amar sofrer por nada? Ele ainda teria um filho com ela. Um filho que não fazia idéia do caráter sujo do pai que ele ainda nem conhecia. Por um longo segundo fiquei feliz por Emmett não conviver com uma pessoa assim. Ele não merecia ter um pai assim.

 Como desgraça pouca é bobagem, além de correr um risco ainda maior de perder o meu filho se alguém descobrisse algo, pois os Cullens estavam com mais poder nas mãos do que nunca, minha tristeza só foi aumentando.

 Já haviam se passado três anos depois da ultima “notícia” que tive de Carlisle. Já estava me formando na universidade e com proposta de trabalhar no hospital de Forks ajudando as crianças vitimas de acidentes traumatizantes, que não pretendia aceitar pois iria me afastar mais ainda de Emmett.

...

 Eu e Renée estávamos preparando a festa do aniversário de 4 anos de Emmett quando ele entrou correndo na cozinha com duas rosas azuis na mão.

...

 - Mamãaaaaaae – eu e Renée olhamos para ele enquanto corria pela cozinha – olha o que eu achei – disse para Renée a entregando uma das rosas – e essa é pra você tia!

 Petrifiquei quando ele me entregou a rosa e me chamou de tia. Ele sempre havia me chamado de mãe. Comecei a chorar. Todo o medo que sentia ganhou uma dimensão que não coube dentro de mim. Eu estava certa. Todo esse tempo eu estava certa. Eu o perderia.

 - O que foi titi...

 - De onde você tirou isso menino? Esme é a sua mãe – Renée o cortou percebendo o meu estado. – você nasceu da barriga dela!

 - Mas quando a gente foi visitar o papai a Camilly chamou você de tia e eu pensei que só os homens eram tios e as mulheres eram mães, aí eu perguntei pro tiú Caius, só que ele não explicou, acho que ele ficou com medo de chatear a “filinha” dele falando que ela era burra, aí eu perguntei pro vovô e ele disse que a irmã ou irmão dos nossos pais são nossos tios e se eles forem casados a mulher e o marido deles também são nossos tios, e que os filhos dos nossos tios são nossos primos, por isso que Camilly é minha prima e o tiú Marcus é o meu tio. Porque ele é irmão do meu pai. Então a mamãe Esme também é minha tia entendeu? Mais pera aí... Se eu nasci da barriga dela e ela é minha mãe, então minha mãe é a minha tia ou minha tia é a minha mãe? Por que se vocês são irmãs e as duas são minhas mães... quem é a minha tia? – Emmett falava com naturalidade, maturidade e inteligência impressionante até começar a se confundir.

 - OMG! – Renée estava sem saber o que falar – É ... n-não ... é que ... eu é que não sou sua mãe meu amor.

 - Mais se você é minha tia, Esme é minha mãe. E se meu pai é marido da minha tia então ele também é meu tio? E quem é meu pai, mamãe? – perguntou pra mim e eu simplesmente travei. Aquelas palavras estavam me matando mais ele não tinha culpa.

 Não podia deixar meu filho passar por essa confusão toda. Ele só tinha 4 anos! Não havia outra saída.

 - Não meu amor – falei ainda chorando – não precisa se confundir. E-eu sou sua t-tia – engasguei ao falar a palavra. Renée me olhou incrédula – porque sou irmã da sua m-mãe – chorei ainda mais.

 - Tia, não chora. Olha se você quiser eu te chamo de mãe – sorriu – aí você não fica triste!

 - Own meu amor, n-não, eu estou feliz por ter um filh...  – respirei fundo – um sobrinho tão inteligente – soltei de uma vez só. Naquele momento, definitivamente, eu havia perdido o meu mundo inteiro. Eu havia perdido o meu filho.