Dylan ! escrita por ro_dollores


Capítulo 1
Capítulo Único




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O garoto estava deitado de barriga para baixo no tapete macio, colorindo um enorme desenho.

Ele olhou para a canetinha e em um impulso de criança levou até sua pequena boquinha bem feita e provou, fazendo uma careta.

_Dylan !!!

Ele se assustou fazendo um azulado biquinho choroso. Grissom, que estava terminando de lavar a pequena louça, se virou assustado também.

_O que foi, querida ?

_Largue isso agora, filho !

O beicinho continuou e seus olhos se encheram de água.

_Oh … meu anjinho, mamãe te assustou ?

Ela correu até ele e o levantou em seus braços, que já estava chorando sentido.

_Não pode provar essas coisas, você pode ficar doente !

Grissom olhou para seu filho, com o rosto escondido no pescoço de sua mulher.

_O que ele fez ?

_A canetinha … olha só … o que fez com ele.

Seus lábios estavam azuis e ele tentou limpar com os dedinhos, sem deixar de chorar.

Grissom foi até eles e o pegou do colo dela.

_Vamos limpar isso, papai vai ajudar você.

_Mamãe está brava ...

_Não … ela está preocupada com você.

Sara se segurou para não esmorecer, mas ela tinha que repreendê – lo.

No banheiro, o pai lavou sua boca e escovou seus dentinhos, tirou sua camiseta manchada e trocou pelo seu pijama de formigas.

_Papai … é que … tinha um … cheiro de chiclete … - ele fungou ...

Como é que ele nunca percebeu que aquela porcaria tinha aquele cheiro, é claro que crianças iam querer experimentar.

_Agora a mamãe está brava. - Ele repetiu e deu mais um soluço.

Eles quase nunca gritavam com ele, o repreendiam mas sempre moderadamente, ás vezes ele era teimoso, como toda criança, mas no geral, obedecia.

_Eu tenho uma ideia.

_É …

_Que tal se você pedisse desculpas a ela … e prometesse que não vai mais fazer isso ?

_Tá bom …

_Então pare de chorar … está bem ?

Ele o pegou no colo novamente e voltou para a sala.

Sara estava inspecionando a caixinha colorida, com uma expressão preocupada.

Assim que ele viu a mãe, escondeu o rosto no pescoço do pai.

Grissom olhou para ela e em um gesto cúmplice, declarou.

_Ele tem uma coisa para dizer … querida.

_E o que é … hein ?

Ela tocou suas costas e passou a mão em seus cabelinhos cacheados.

_Diga a ela, filho !

_Desculpa mamãe … não vou fazer mais isso.

Sara apertou seus lábios, morrendo de vontade de lhe encher de beijos.

_Você promete ? Fiquei preocupada, você pode ficar doente, meu amorzinho.

_Sim … - ele se separou do pescoço de seu pai para se agarrar ao de sua mãe.

Ela se sentou no sofá com ele, enquanto analisava o pequeno estrago.

Ainda havia uma pequena mancha em seu rosto, que acabaria saindo com o tempo.

_Dê uma olhada nisso, Gris. Como não percebemos ?

Ele aspirou o pequeno objeto e balançou a cabeça.

_Vou jogar no lixo.

_Tá vendo ? Não dá vontade de comer ? - Ele estufou o peito, orgulhoso de sua justificativa.

….......

Ela começou a rir quando entrou no quarto, os dois estavam conversando no banheiro, e Dylan não parava com seus por quês !

Era uma chuva de perguntas, das mais variadas possíveis.

A que ela mais riu foi quando ele perguntou como o sol conseguia ficar pendurado no céu. Seu marido tentava conciliar uma explicação científica com uma maneira simples dele entender.

_Existe uma força que a gente não vê que deixa ele flutuando

_Hum … e para onde ele vai quando escurece ? Ele se transforma na lua ?

_Não … filho.

Grissom pegou a bola de borracha, o shampoo em forma de esfera também um pouco maior e simulou a terra girando em seu eixo, tentando fazer o pequeno cérebro entender.

_Ah … uma hora a gente vê o sol e outro a lua … hum … que legal, papai !

_O que estão fazendo ?

Seu marido vestia apenas shorts e estava sentado na borda da banheira de torneiras coloridas em vermelho e azul. O banheiro de Dylan era colorido e alegre.

_Papai está me ensinando ...

_E o que foi que você aprendeu ?

_Que o sol fica pendurado porque uma força segura ele …

_Isso mesmo … e o que mais ?

_Umas outras coisas …

_Que outras coisas ?

_Posso contar, papai ?

Ele sorriu divertido e o incentivou.

_Vá em frente !

_Ele disse que você era a garota mais bonita da sala !

Ela soltou uma gargalhada, então aquela conversa tinha começado muito antes dela ouvir.

_É mesmo ? Era …. não sou mais ?

_Ihhhh … eu …

_O que você acha ?

_Que você é linda … a mãe mais bonita do mundo ... não é papai ?

_A mais bonita do mundo.- Ele repetiu, olhando em seus olhos.

_Hum … obrigada meus amores.

Ela se agachou e se apoiou em sua coxas firmes, enquanto ele guardava uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha.

_Acho melhor sair da água …

_Ah … mamãe …

Ela apenas ergueu uma de sua sobrancelhas e ele se calou.

_Olhe as suas mãos …. estão enrugadas … sabe porque não é ?

_Sei …

Em uma das vezes em que Grissom lhe dava banho, ele deixou o garoto tanto tempo na água que sua pele ficou completamente enrugada e como era de se esperar, acabou soltando uma de suas pérolas;

_A vovó também fica muito na água, papai ?

_Hã … - O pai ficou confuso.

_Olha aqui … estou ficando velhinho …

Grissom não segurou as muitas gargalhadas, balançando a cabeça.

_Hora de sair, senão eu vou demorar para virar criança de novo !

Os dois sorriram um para o outro e ele ficou de pé, esperando o pai enrolar uma toalha colorida em seu corpinho macio.

….......

_Amor ?

Ele apenas murmurou e mal se mexeu.

_Você vai se atrasar. - Ela bateu a mão no interruptor e ele apertou os olhos.

_O que foi ?

_Minha cabeça …

_Sua enxaqueca ?

_Acho que sim …

_Você se empanturrou de café, não foi ?

Ele não respondeu. Lá vinham as broncas.

_Quantas vezes já disse para controlar essa sua mania de beber tanto café ?

De novo, sem resposta.

Ela se agachou na cama e tocou sua testa delicadamente, bastante preocupada.

_Fique quietinho, vou trazer seus comprimidos.

De repente um pequeno furacãozinho ...

_Papai … até que enfim …

Os gritinhos eufóricos de seu filhou reverberou em sua cabeça feito um enorme tambor, e ficou ainda pior quando Sara não conseguiu segurá – lo a tempo de pular em sua barriga.

_Não … filho ! O papai está doente.

Ele olhou com piedade para o pai, levando a mão à boca.

_Onde está doendo, sua barriga ? - Ele desceu rapidamente, se ajoelhando na cama.

_Não ...

_É a sua cabeça ?

Suas mãozinhas fofas foram até o alto de sua cabeça.

_Vai passar, você tem que tomar seu remédio e ficar quietinho, tá bom ?

Grissom segurou suas mãos na dele e beijou várias vezes.

_”Tá” bom.

_Fique aí com ele … que vou pegar os comprimidos, mas bem quietinho também.

_Eu já sei ...mamãe …

O garoto se aconchegou nele feito um filhotinho de bicho, enquanto uma mão descansava em seu rosto, como se o toque fosse trazer alívio.

_Não quero que tome uma injeção, papai … dói !

_O papai vai melhorar … e não vou … precisar.

_Aqui está. Acho que vou ligar para o laboratório.

_Não precisa,  … daqui há pouco estarei melhor.

_Mas Grissom … como pode ser tão teimoso …

Enquanto eles entravam em um pequeno impasse, Dylan saiu sorrateiramente do quarto e foi correndo para a sala.

Minutos depois, ele voltou com uma carinha de anjo, era visível que havia aprontado alguma, segurando seu quebra cabeças e se sentando no tapete do quarto, junto a eles, completamente mudo.

Não demorou muito para seus pais descobrirem, logo o telefone tocava.

_Sara ! O que aconteceu com o Gil ?

_Nada ! Como assim ?

Ela olhou para o telefone em dúvida e o pequeno geniozinho em profundo silêncio.

_O Dylan me ligou dizendo que ele está doente.

_Ahhh !

Há um tempo, eles memorizaram os números de Cath e Jim, atribuindo um número para cada um, e o ensinaram a ligar para emergências, assim como ele sabia o próprio número de casa, seu endereço e o nome completo de seus pais.

_O que foi, honey ?

Ela esticou a mão e tocou seu rosto, o silenciando, enquanto prestava atenção às explicações da CSI ao telefone.

Ele tinha dito a ela, da maneira dele, que o pai precisa de silêncio e escuro e que o barulho do laboratório ia deixá – lo mais doente.

_É uma daquelas enxaquecas …

_Oh meu Deus … coitado … mas também sabe quantos copos de café ele tomou ? - Cath havia o entregado. _Eu avisei que você não ia gostar.

_Sabia … esse teimoso … as vezes não sei quem é mais teimoso nesta casa, o pai ou o filho !

Dylan olhou pelo canto do olho para ela, mas continuou quieto.

Que molequinho terrível !

_Ele está teimando comigo que vai trabalhar.

_Não … podemos nos virar aqui … ele precisa de uma recita ? Peço as Doc !

_Ainda temos o bastante.

_Quero falar com ela, Sara !

_Ele quer falar com você !

Ela passou o telefone ao marido e sentou na cama encarando o filho enquanto Grissom dava algumas instruções importantes que ainda estavam pendentes.

A mãe sustentou o olhar e ficou medindo quanto tempo o filho se negaria a olhar para ela novamente.

De repente … ele teve um estalo, precisava sair da enrascada em que havia se metido.

_Acho que minha cabeça tá doendo também, mamãe. Acho que fiquei doente.

Grissom desligou e viu quando ele subiu no colo da mãe. Sara olhou por cima de sua cabecinha e piscou para seu marido.

_Deite com seu pai um pouquinho e logo vai passar.

_Tá bom …

Dessa ele tinha se livrado.

….........

_Que garoto lindo ! Como se chama ?

Ele olhou para seus pais e bateu os dedinhos uns nos outros, como Grissom costumava fazer.

_Responda, filho !

_Dylan Sidle Grissom ! - Ele estava acomodado na cadeirinha do carrinho do supermercado e ela conseguiu tocar seu narizinho bem feito.

_Hum … seu nome também é muito bonito.

Ele apertou os lábios completamente envergonhado enquanto a atendente entregava os frios à Sara.

_Como é que se diz ?

_Obrigado !

Eles ainda levaram um tempo até comprar tudo que precisavam, deram mais algumas voltas pelo lugar enorme e quando, por fim, estavam acomodando as compras no porta malas da suv, ele se levantou do banco traseiro e olhou para eles severamente.

Ele havia emudecido de repente depois da brincadeira da atendente.

_O que foi, meu filho ?

Ele continuou olhando para eles, depois cruzou os braços sobre o peito, ainda de pé no banco.

_Dylan ? - O pai insistiu.

_Sabe … eu não entendo …

_O que ?

_Tô cansado de ouvir para não falar com estranhos …

_Mas isso é diferente …

_Em quê ? Ela é uma amiga ?

_Não … mas ..

_Tá vendo ?

_Quando você estiver com um de nós dois, pode responder, sem problemas.

_Não sei não, tá errado !

_Por que ? - Os dois disseram juntos.

_Ela ainda continua uma estranha, por acaso vocês sabem o nome dela ?

_Meu Deus … acho que estamos subestimando nosso garoto, querida !


NÃO É O FIM !


Quem sabe, quando minha inspiração me ajudar …. novas ideias virão !








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Notas finais do capítulo

E ENTÃO ?