What Happens Between Birth And Death escrita por violetisdead


Capítulo 1
Charlie


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é mais uma introdução dos personagens, espero que gostem.



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CHARLIE

Essa não é mais uma história sobre uma garota que se mudou de cidade. Essa é a minha história. E nela, o sangue escorre pelos azulejos do colégio Light Station, em Ames.

Ames é uma cidadezinha tranquila no estado de Iowa. Centro-oeste dos Estados Unidos. Um lugar calmo para você criar seus filhos. Casas grandes com jardins imensos pro seus cachorros correrem alegremente. Frio aconchegante para os casais, e empregos para todos. Por que não gostar de Ames? É o lugar perfeito pra você e sua família! Pelo menos era isso que meus pais me disseram quando nós estávamos de mudança. Mas é claro, eles estavam enganados. Muito enganados.

What Happens Between Birth and Death.

Sempre vivi bem com meu irmão mais velho, Ian, minha irmã mais nova, Lucy, e meus pais Mike e Zac, gays. Tanto eu, como meus irmãos, éramos adotados, mas acho que isso é meio obvio. Quando Ian fez dezoito anos, as coisas começaram a mudar para ele e consequentemente para nós. Ele tinha ataques de fúria repentinos e começava a gritar e atacar coisas no chão, nos ofendendo verbalmente e gritando com os vizinhos. Mesmo com as visitas de Claire, a psicóloga da família, Ian não mudava. Só piorava conforme os dias passavam.

Mas o fim de tudo foi em julho. Eu estava dormindo em paz, com as janelas fechadas até que a porta se escancarou revelando um Ian sem controle, com uma faca na mão. Gritei o máximo que pude e Ian fez um corte na minha perna esquerda. Meus pais chegaram a tempo de retirá-lo do quarto.

E desde aquela noite, Ian não era mais o mesmo, não falava mais nada. Era como se não estivesse lá conosco. Lucy e eu começamos a dormir juntas, por medo.

- Temos que interná-lo! Esse comportamento não é normal! Ele pode matar Charlotte! – Mike disse para Zac.

Charlotte sou eu. Nessa época eu tinha 16 anos. Morávamos na Califórnia e eu tinha a vida perfeita. Muitos amigos, praia toda tarde, festas e etc. Porém, Mike e Zac começaram a brigar constantemente.  Mike queria o melhor pra mim e Lucy, estava preocupado com o que Ian podia fazer. Já Zac, não queria ver Ian em um hospício sendo tratado como lixo. Então discutiam todos os dias em busca de uma solução. Até que depois de analisar tudo, cuidadosamente, acharam uma “saída”.

- Crianças, - disse Zac. – nós vamos nos mudar. A senhorita Claire conhece uma ótima instituição em Iowa. É um colégio que trata alunos como Ian. E também como vocês, meninas. É particular e é bastante famoso e respeitado na cidade para onde estamos indo. Prometo que vão fazer novos amigos logos e que vamos voltar a ter harmoni... – Mike deu um chute em Zac, censurando-o. – e que vai dar tudo certo.

Eles sorriam falsamente.

É claro que eu aceitei, pelo bem de Ian. Mas não foi fácil dizer adeus para os meus amigos e para o sol da Califórnia. Eu era teimosa, mas sabia que era hora de ir.

A viagem não foi prazerosa. Ian estava ao meu lado, grudado no vidro falando e murmurando sozinho, eu acho. Será que ele sabia para onde estava indo? Provavelmente não, senão teria fugido assim que possível. Estávamos indo para um colégio que tratava crianças com problemas mentais, como psicóticos e outros. E também atendiam aos “normais”, como eu e minha irmã. Era de se esperar que o lugar fosse meio esquisito. Os loucos não devem se misturar com os de mente sã, mas era um lugar bem melhor que um hospício, afinal.

- Chegamos. – anunciou um dos meus pais, com cara de desgosto.

Olhando pela janela embaçada, vi uma cidade pequena e vazia. Lojinhas simples e praças grandes. Casas bonitas e crianças sorridentes. Não parecia ser tão ruim.  Estacionamos numa casa de estilo vitoriana, gigante. Eles sabiam me agradar. Eu adorava esse tipo de casa e sempre quis morar em uma.

- Espero que goste. – disse Zac. – Tem até uma biblioteca e essas coisas que você gosta, tipo... sala de jogos.

- Sala de jogos? – disse, provavelmente, com os olhos brilhando.

- Sim, e seu quarto é imenso. E Lucy, vai ter espaço para todas as suas coleções de livros.

- Pai, essa casa é perfeita! – ela exclamou abrindo a porta do carro.

- Claro que é!

Mas apesar de toda a beleza, toda a riqueza da casa, ela tinha algo estranho. Talvez um mistério que não foi resolvido. Uma morte repentina na sala de estar, alguma aparição estranha na cozinha, não sei. A casa escondia algum segredo através de seus vitrais antigos. Mas eu não tinha tempo pra descobrir. Minha preocupação era cuidar de Ian.

Entrei na casa e comecei a fazer a mudança sozinha. A iluminação da casa não era muito boa, das janelas, não entrava muito sol. As cortinas e persianas eram pesadas e estavam empoeiradas. Os quartos eram grandes, até demais. Talvez a beleza da casa, estivesse escondida debaixo de tanta sujeira.

- Venham jantar! – Zac anunciou.

Reunimo-nos na sala de jantar.  A comida estava boa, mas o silêncio estava me perturbando. Ian era apenas um corpo sentado ao nosso lado, comendo e respirando. Lucy só não parava de reclamar sobre como o sinal da internet era horrível.

Depois de ajudar meus pais com a louça, fui para o meu quarto, faltavam poucas coisas para eu guardar. E depois de arrumar tudo, eu me deitei pra ler um livro.

- Oi.

Olhei para trás. Ele não falava há dois meses. De repente, soltou um oi vazio no ar. Encostado na porta, Ian sorriu. Eu odiava o que estava acontecendo, e apesar de transparecer indiferença, eu estava transtornada, porque eu não queria isso. Afinal, por que eu iria querer?

- Oi. Tudo bem?  - perguntei estranhando.

- Não. Quero voltar para casa. – ele disse fechando os olhos. Sua voz estava calma.

- Agora essa é nossa casa, se você não percebeu. – eu disse levantando.

- Não. Como você não pode ver? Não quero ir para escola! Já sou formado! Charlie, vamos fugir daqui.

- Não podemos fugir. Vamos ficar. Eu sei que você já se formou e que nunca gostou do colégio, mas encare isso como um acampamento de verão. 

- Que ridículo! Não vou pra esse manicômio, vamos fazer as malas e ir para bem longe! – ele disse com seus olhos azuis me encarando.

- Chega disso, eu não vou embora. Adorei a nova casa. E porque resolveu falar depois de tanto tempo? – essa era uma pergunta que eu tinha que fazer. – Porque você tem agido desse jeito com a gente?

Ian se afastou de mim.

- Isso tudo é culpa isso! Ele veio atrás de mim por sua causa! Nada do que vocês estão fazendo está afastando ele! – ele começou a gritar, sua voz começou a alterar. Ele deu um chute forte no batente da porta

- Pai!  – gritei na esperança de que qualquer um viesse.

Mike chegou correndo, ofegante com a toalha de mesa na mão. Zac o segurou pelos braços firmemente e o levou para o andar debaixo.

- Charlie, você está bem?

- Sim, pai. Ele apenas perdeu o controle. – disse fechando os olhos. – Falou algumas besteiras, só.

- O que ele falou?

- Nada que você deva se preocupar.  – eu fechei a porta e sentei na minha cama. Meu quarto era realmente muito grande. Tinha uma janela enorme e uma penteadeira perfeita.

- Queria ter tanta esperança como vocês, mas estou acabado! Meu casamento está arruinado, meu filho está indo pra uma espécie de hospício e minhas filhas, coitada, tem que aguentar tudo. Também não está cansada?

Eu sorri dizendo que não. Mas eu estava. Cansada dos dois estúpidos brigando toda hora e de ter que ser a única “controlada” na casa.

 – Queria largar tudo pra trás. Nunca pensei que minha família poderia ser assim. – meu pai disse se sentando na minha cama.

- Nem eu. Você acha que eu gostei de deixar minhas amigas pra trás?

- Me desculpa filha. Eu pensei em fugir, mas não consigo abrir mão de vocês. É difícil desistir.

- Mas você não deve desistir! Nunca! Você é meu pai, e deve dizer que está tudo bem para mim! – disse cerrando os dentes com raiva. Como ele podia ser tão egoísta?

- Eu estaria mentindo.

- Todo mundo mente!

Todas as luzes da casa se apagaram.



No próximo capitulo

- Mike, querido! Eu vi um homem na cozinha e depois ele sumiu! E não estou louco. Sinto que essa casa não foi barata á toa! Alguma coisa não está certa aqui!

[...]

- Você vai morrer lá dentro!

 [...]

- Bem-vindos ao Light Station. Vocês vão amar esse colégio. É um dos melhores daqui.

- Um dos melhores? Provavelmente, mas o problema é que...

- Calado!

[...]

- Não vou te machucar. Apesar de querer muito... Mas é claro, estou brincando.


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Notas finais do capítulo

Continuem acompanhando c: