A Substituta escrita por Erika N


Capítulo 7
Capítulo 2 - Parte 3




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A Substituta

Autora: Érika

"Saint Seiya" é propriedade de Masami Kurumada, Shueisha e Toei Animation.

Capítulo 2 - Parte 3



Nachi estava preocupado, pois não sabia que rumo tomar. Até havia pensado em pedir permissão a Athena para parar de lutar, pois sentia muita vergonha de sua debilidade como cavaleiro. Recordava-se sempre de sua luta no Torneio Intergaláctico, ou melhor, humilhação, porque fora apenas isso, afinal, Ikki o atingira bem facilmente e o transformara em farrapos.

Obviamente Nachi sabia que Ikki era um dos mais poderosos cavaleiros de bronze, mas apesar disso, sentia-se mal pela forma como fora derrotado. E o problema não era a derrota em si, pois Nachi não era uma pessoa vaidosa, e sim o fato de que ele não poderia proteger ninguém, por mais que quisesse. Ele sabia que Ban, Geki, Jabu e Ichi (principalmente os dois últimos) sentiam o mesmo, mas aparentemente todos eles se esforçavam para reverter aquela situação, só que seu caso era distinto, pois não conseguia entender quais eram seus reais objetivos. No entanto, ele não poderia ser egoísta naquele momento, precisava considerar que Athena não podia ser abandonada justamente agora que perdera vários cavaleiros. Talvez com o tempo pudesse chegar a alguma conclusão, todavia, quando isso acontecesse, provavelmente ele não poderia mais desistir de ser cavaleiro.

Poderia ter uma vida tranqüila e seria o dono de seu destino se abdicasse de sua condição de guerreiro... "Sim, eu vou desistir. Falarei com Athena e... e nada. Pensando bem, eu também não tenho nenhuma vida lá fora. Ninguém me conhece, não tenho nada a perder. Deixarei de ser covarde e não vou mais fugir. Essa é a minha vida e vou enfrentá-la com toda a dignidade possível", pensou Nachi. E ainda que em seu interior as dúvidas persistissem, ele preferiu mentir para si mesmo e continuar lutando (pelo quê)?

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Em outra parte do Santuário, Ban se perguntava onde estariam seus amigos, por que não estavam todos juntos. Talvez cada um preferisse ficar sozinho com sua própria vergonha por não poder ajudar Athena. Ele também se sentia impotente ante a situação, pois fora inútil que eles tivessem regressado aos seus respectivos locais de treinamento, já que continuavam tão fracos como antes. Agora só lhes restava voltar a treinar com muito afinco, talvez ali mesmo no Santuário. Mas esse não era o momento de se preocupar com isso, afinal, Athena e os outros tinham acabado de sair de uma batalha, agora precisavam recuperar-se. Entretanto, Ban imaginava que aquela não seria a última luta; certamente haveria mais batalhas e tempos difíceis, e ele receava não estar preparado ainda para enfrentar esses momentos.

Ele queria lutar e ser um grande cavaleiro... mas também queria ter sua própria vida e não ser alguém que vivia em função de uma deusa vinte e quatro horas por dia. Porque essa mesma deusa nem era sua religião, ele podia admirá-la, respeitá-la, mas não escolhera servi-la, pois como japonês e tendo sido criado por seu pai na religião budista, sentia certa dificuldade em venerar uma deusa grega. Entretanto, seu pai morrera havia anos e ele tivera que ir para um orfanato, então, por que os ensinamentos dele não tinham sido esquecidos?

"Não, eu não poderia enterrar tudo o que eu aprendi com o papai, ele era meu maior incentivo. E sempre foi muito alegre, um grande homem. E eu também não sou uma pessoa de natureza infeliz; apesar de lamentar todas essas mortes, eu quero ser eu mesmo, sem máscaras ou disfarces, não quero sofrer, quero rir, sentir-me alegre... como eu sempre me sentia quando papai estava comigo. E também desejo ser um grande guerreiro, defender Athena... mas não quero fingir uma devoção que eu não sinto", Ban pensou consigo mesmo. Neste momento, ele tomou uma decisão: assim que tudo estivesse mais calmo no Santuário, iria conversar com Athena. Ela era uma pessoa compreensiva, portanto, ele esperava que ela pudesse entendê-lo.

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A frustração estava dominando Geki e ele odiava sentir-se assim. Outrossim, ele sabia perfeitamente quem era o responsável: o miserável Mitsumasa Kido. Mas ao pensar nisso, Geki perguntou-se se seria correto raciocinar nestes termos, já que aquele fora o avô da própria deusa Athena. Por outro lado, ele não tinha realmente nenhum parentesco com ela, e certamente não viu nenhum problema em adotá-la, já que seria um privilégio para qualquer pessoa no mundo criar uma deusa, e como Mitsumasa Kido era um homem tão importante, ele não perderia a oportunidade de ter o destino de um ser divino em suas próprias mãos.

O fato era que o infeliz Kido também interferira na vida de outras pessoas; usara a ele, Geki, e a todos os outros órfãos sem nenhuma compaixão. Não era justo que crianças tivessem que submeter-se a treinamentos tão difíceis e sofressem maus-tratos daquele estúpido mordomo Tatsumi. Era verdade que Tatsumi havia modificado seu comportamento e hoje era um homem muito melhor, no entanto, ele só mudara devido à influência de Athena, do contrário, Geki estava convicto de que ele continuaria sendo tão intratável como no passado. Porém, a maior parte da raiva do cavaleiro continuava direcionada a Kido, pois ele era o grande culpado de todos os sofrimentos dos cavaleiros de bronze e, indiretamente, fora o causador da morte do cavaleiro de Pégasus. "O maldito sempre nos olhava como se fôssemos lixo; era o rei, e nós, órfãos, o tapete sobre o qual ele passava indiferentemente", murmurou Geki consigo mesmo. E em voz alta:

- E agora, Kido, você está no paraíso, certamente muito tranqüilo por ter feito de todos nós seres sem capacidade para escolher o próprio destino. Eu mesmo não sei fazer outra coisa senão lutar, e mesmo assim, ainda não consigo defender Athena ou meus amigos. Eu o desprezo por você ter podido transformar-me numa pessoa que só consegue sobreviver em um mundo de lutas, e não tem coragem ou força suficiente para escapar.


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