-Ei, acorda garota.-Acordei com gritos, e água gelada em meu rosto. Tossi e cuspi a água. Tentei disfarçar que tinha me engasgado, mas isso só piorou, e eles riram de mim.-Desculpa, “princesa”. Quer saber qual é o café da manhã hoje?

 O olhei esperançosa. Estava morrendo de fome, sério mesmo. Precisava de algo pra comer nem que fosse pouco. Mas ao invés dele me dar algo pra comer, ele jogou mais água em meu rosto e riu com os amigos.

 Cuspi tudo de novo. Como eles podiam ser tão cruéis?

-Por quê está fazendo isso? O que eu fiz pra você?

  O cara moreno riu, e se aproximou, e levantou meu rosto me forçando a olhá-lo.

-Você nos decepcionou, princesa. Se tivesse se entregado, no começo, isso não estaria assim, teríamos vencido. Mas não, fugiu com aquele ladrão, que era uma de nossas esperanças, queimou nosso cativeiro, matou vários de nossos homens. E o último, mas não menos importante. Fez a guerra piorar.

 Mordi o lábio, tentando segurar as lágrimas que estavam descendo rápido. Aquilo não era verdade, era?

 Só queria saber que alguém viria pra me salvar dali.                                                           

P.O.V Edward. 

É, eu estava ficando maluco.

Eu nunca fui o tipo que vai atrás de uma garota, e é sério. Podia jurar que nunca faria isso. Mas as coisas mudam e aqui estou eu, cortando galhos de árvores, vasculhando cavernas e esconderijos, e nada da loira.  O fato é que eu não faria isso por outra garota. Mas ela... Me sentiria um idiota se apenas a deixasse lá fora.  Mas onde ela devia estar agora?

Achei alguns rastros num tipo de gruta. Um pouco de comida, e tochas. Inclusive, até sujei meus sapatos com ovos na entrada, abaixo de uma arvore. Quem disse que eu me importei? Pelo menos era um sinal de vida.

Eram mas ou menos seis da manhã. Fugi enquanto o velho “namorava suas plantas”, por quê se soubesse que vinha, com certeza me mandaria pro quarto com tapas. Então isso era errado, certo?

Atravessei um campo, onde pegadas e pequenas marcas de sangue estavam evidentes. Essa guerra acabou com tudo. Tudo.

E então, como eu acharia Sophie naquele campo minado?

P.O.V Sophie

-Será que poderiam me dar algo pra comer?-Pedi fraca, com os olhos quase fechando. Os rapazes simplesmente fingiram não escutar.-Por favor.-Pedi. Não adiantou. Droga.

Tentei me soltar. Inútil. A corda era forte dessa vez, e minha força não estava mais lá.

-Se eu estiver morta,-Começei.-Não vou poder ajudá-los a pegar o “ladrão”.

-Sabe onde ele está?-O moreno se virou pra mim.  Sorri e assenti.

-Sim. E sei de mais outros espalhados por aí. E pra completar, há um segredo.

-Então, o que está esperando? Vamos, fale.

-Falar? Assim, fácil? Ah, não. Essa não sou eu.

- Ah garota.-Ele bateu o pé, impaciente.-Estou perdendo meu tempo.

-Tenho certeza que não.

-O que você quer?-Ele gritou.

-Você sabe muito bem o que eu quero.-Sussurrei. Ele entrou em sua tenda, e voltou com uma bandeja cheia de frutas, e alguns pães.

-Eu vou soltar você, princesa. Mas se você fugir, vai ser muito, muito pior.

-Ande logo com isso, por favor.-Pedi, tentando fazer minha voz não parecer fraca e acabada.

Ele me soltou, e eu caí ao lado da bandeja. Devorei tudo, faminta.

 O que eles não sabiam era: Eu não iria perder. Eu não aceito empates, muito menos sair perdendo. Eu iria lutar até que eu estivesse acima. Sophie Hadley não será mais a princesinha indefesa.

Nunca mais.