Naraku Apaixonado? escrita por Amanda Catarina


Capítulo 6
Reunião




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Capítulo 6

Trovões iluminavam a noite tempestuosa e uma forte chuva despencava do céu, até as árvores pareciam ter encolhido suas folhas.

Inuyasha sentiu a cabeça de Yeda pender em seu ombro, certamente desmaiara, mas a chuva era tanta que não pôde pensar em nada além de encontrar um abrigo. Kagome andava tão rápido quanto ele, mas sabia que ela devia estar exausta. Foi então que avistou uma construção adiante.

– Kagome, vamos rápido!

– Sim.

Tratava-se de uma mansão abandonada. A casa principal ainda inteira, estava repleta de entulho e sujeira, mas ao menos podia protegê-los da chuva impetuosa.

– Coloque-a aqui Inuyasha, eu tenho alguns remédios comigo.

O meio-youkai assentiu e ajeitou Yeda cuidadosamente no chão.

– Vou dar uma olhada em volta, talvez encontre algum cobertor. Você está bem?

A colegial assentiu com um gesto de cabeça.

– Ainda bem que achamos esse lugar - falou ela.

– É... Será que o Jaken e a menininha que anda com o Sesshoumaru estavam por lá?

Kagome o olhou com surpresa.

– É mesmo... Estranho você se preocupar com eles agora.

– Ah, não é isso... bem, vamos tratar de nós mesmos por hora.

ooo ooo ooo ooo

Sesshoumaru ergueu sua espada, assumindo postura de combate, enfim teria sua luta contra Naraku. Impetuoso, ele disparou um golpe transversal, que rachou o chão e atingiu o peito do meio-youkai.

Naraku passou a mão pelo ferimento, quatro rasgos no peito. Doeu, mas estava tão absorto pela raiva que não se importou. Não se preocupou em se regenerar, queria apenas que o youkai a sua frente desaparecesse. Invocou sua energia, que tornou seus olhos em globos vermelhos, e disparou uma terrível rajada contra seu oponente. Mas Sesshoumaru se esquivou com facilidade.

– Pra onde está mirando? - provocou o youkai branco.

Ele não deu resposta, invocou tentáculos, lançou espinhos, rajadas. E apesar da abundância de ataques, Sesshoumaru mal precisava se mover para livrar-se.

– Não vai me dizer que esse é todo seu poder? Ou terá gastado toda sua energia contra Yeda.

A menção do nome fez Naraku vidrar os olhos. Tremendo, estendeu a mão para um disparo, mas antes que lançasse a energia, Sesshoumaru surgiu a sua frente e decepou-lhe a mão.

– Lento! - xingou e se aprontou para outro golpe de espada.

Naraku, num rápido reflexo, segurou Toukijin com a outra mão, mas, aos poucos, a espada começou a desintegrar essa mão também. Baixou a cabeça, as idéias confusas na mente, e numa explosão de youki repeliu Sesshoumaru.

O youkai branco flutuou alguns metros acima de Naraku. Analisou um pouco seu oponente, surpreso com a quietude e a forma de ataque sem qualquer estratégia.

– Está estranho... não parece a mesma pessoa. - ele falou baixo consigo.

Naraku levantou o olhar aSesshoumaru acima de si, jogou a cabeça para trás e um dardo saiu de sua boca. O youkai cachorro usou sua espada para bloquear o dardo, mas quando este bateu na lâmina uma cortina de fumaça se formou, atrapalhando momentaneamente sua visão.

Invocando mais tentáculos, certo da desorientação de Sesshoumaru, Naraku imaginava que o acertaria em cheio, mas então, de dentro da nuvem de fumaça, um brilho verde voou em sua direção, e quando deu por si, o chicote do youkai envolveu seu corpo em várias voltas. Ele inspirou irritado.

– Cachorro maldito! Saia do meu caminho de uma vez! - berrou, raivoso.

Quase três metros adiante, Sesshoumaru desceu ao chão, com a ponta do chicote firme em sua única mão. Seus olhos também estavam como os de Naraku, saltados e vermelhos, além de desenhos roxos na face.

– Vai encontrar a morte, seu miserável, nas mãos de Sesshoumaru - ameaçou determinado.

– Não vou morrer! Nunca! Sou invencível!! E aquela youkai maldita ainda vai lamber meus pés!

Sesshoumaru estranhou o comentário, mas não disse nada. Estava diante de uma rara oportunidade, e nada disposto a desperdiçá-la. Mataria Naraku sem piedade.

– É melhor parar, agora, Sesshoumaru.

O youkai cachorro se voltou para trás, atônito, ao reconhecer a voz de Kagura e o cheiro de seus protegidos. Kagura e Kana tinham Jaken e Rin dominados.

– Bando de covardes. Mas dessa vez nem seus ardis serão capazes de me deter. É o fim de Naraku!

Sesshoumaru soltou o chicote, que manteve a tensão ainda por alguns instantes, tempo o bastante para ele sacar Tokijin, então muito rápido, desferiu um ataque potentíssimo.

Naraku lutara tenazmente contra Yeda, usara seus poderes ao extremo, e seu oponente era ninguém menos que o poderoso Sesshoumaru. Além disso, sua mente estava perturbada com sentimentos novos e perturbadores. Diante de tudo isso, não se acercou do real perigo de morte em que se encontrava. Assim, num baque surdo, o concentrado disparo atravessou seu peito.

Kana e Kagura gritaram ao mesmo tempo, e escorregaram atordoadas ao chão.

Tocando o local atingido, Naraku viu sua mão se encharcar de sangue. Ofegou, sem conseguir respirar. As vistas turvaram e a cabeça pesou.

– ...tolo - xingou a si mesmo e desabou no chão.

Os pingos gelados despertaram Jaken, que gritou de susto ao ver-se ao lado de uma mortificada Kagura. Sesshoumaru endireitou o corpo e se voltou na direção de seus protegidos, a tempo de ver Rin se mexer levemente.

Kana e Kagura estavam em estado de choque, petrificadas, suas vidas estavam ligadas à de Naraku, talvez não sobrevivessem se ele morresse. Ambas suaram frio com a aproximação de Sesshoumaru, mas ele não fez caso delas.

Cuidadoso, o youkai branco tocou o rostinho gelado da menininha humana.

– Senhor Sesshoumaru! - Jaken exclamou, e pegando seu cajado caído próximo de Kana, veio para perto de seu mestre.

Sesshoumaru pegou Rin no braço.

– Não há mais nada a se fazer aqui... vamos Jaken.

– Sim, senhor.

Rin resmungou fracamente e abriu os olhinhos.

– Segure-se em mim - Sesshoumaru falou a ela, que ficou meio abobada por uns instantes, mas então passou os bracinhos pelo pescoço do youkai.

– O senhor o matou?! - Jaken perguntou, tentando acompanhar o ritmo do outro, afundando os pezinhos na lama.

– Pode ser que sim, mas mesmo que tenha sobrevivido, não é mais uma ameaça. Não para mim.

– Ah... - disse, meio abismado. – Senhor Sesshoumaru, precisamos de um abrigo!

– Não estamos muito longe de um. Ande mais rápido, Jaken. - mandou e olhou por uns instantes para a pequenina em seu braço, reparando na baixa respiração dela contra si e o rostinho colado em seu peito. Seus sentidos aguçados captaram o batimento cardíaco dela mais acelerado. "Deve ser de medo", ele pensou.

ooo ooo ooo ooo

Yeda suava e mexia a cabeça para os lados, numa respiração entrecortada. Cenas horripilantes povoavam seu conturbado sono.

Kagome tinha adormecido na perna esquerda de Inuyasha. Apesar do cansaço, ele não conseguia dormir, acariciou os cabelos de Kagome e suspirou.

A parca fogueira quase não dava conta de aquecê-los. Suas roupas estavam encharcadas demais, no entanto, sabia que o corpo de Yeda poderia agüentar condições extremas, e o mesmo valia para ele, por isso pensava se não era melhor deixar seu quimono com Kagome e livrá-la das vestes de colegial, mas a idéia de despi-la, estando ela desacordada não lhe pareceu muito direita.

– ...mas não quero que ela fique doente - falou baixinho e pousou a mão no ombro da humana, intentando acordá-la, quando subitamente ouviu um barulho e uma figura pequenina entrou correndo porta a dentro.

– Hã? Mas é o Inuyasha!?

– Jaken! O que... - dizia ele, mas emudeceu ao ver o irmão adentrando com a criança humana no braço. – Sesshoumaru! - exclamou atônito.

Rin virou a cabeça e se atentou a menina humana, reconhecendo-a como a moça gentil que sempre estava junto com o irmão do senhor Sesshoumaru.

– Não ouse nos expulsar! - falou Jaken, apontando o cajado para Inuyasha. – Está caindo o mundo lá fora, não vamos sair de jeito nenhum.

Sesshoumaru se curvou e colocou Rin no chão. Inuyasha o encarou. É claro que não iria expulsá-los, afinal aquilo não passava de uma casa abandonada, mas a presença dele ali era desconcertante.

– Senhor Jaken, aqui está quentinho! - vibrou de alegria a menina humana, correndo em volta da fogueira.

Kagome acordou com a voz de Rin.

– O que? - balbuciou esfregando os olhos, e então levou um susto ao ver Sesshoumaru. Inuyasha tocou em seu no braço, como quem dissesse que está tudo bem e depois se levantou.

– E o Naraku? - perguntou ao irmão em seu tom sempre atrevido.

Sesshoumaru ficou quieto por alguns instantes, não gostava de dar satisfações a ninguém, mas ao pensar que deixaria Inuyasha furioso, com a provável notícia da morte de seu pior inimigo, decidiu falar mas Jaken se adiantou:

– O Senhor Sesshoumaru acabou com ele!

Kagome fez uma expressão de espanto.

– É verdade?! - Kagome indagou, abismada.

– Eu duvido! - falou Inuyasha.

– Eu não devo satisfação a vocês - disse e olhando ao redor, buscou com os olhos um canto para recostar.

– É um metido, sempre será assim... Ei, pirralha, vê se respeita os doentes, arruma um canto e vai dormir.

– Não fala assim com ela, Inuyasha - Kagome pediu, mas ele lhe virou a cara.

Sesshoumaru sentou-se no chão, recostando numa parede. Virou um pouco a cabeça de lado, apoiando-a levemente ali, e depois não falou mais nada. Rin e Jaken vieram rápido para perto dele e se acomodaram.

Kagome e Inuyasha os observavam, pasmados, mas enfim não havia nada a se fazer além de se acomodarem também.

– Ah, já que acordou... fique com isso - Inuyasha falou a humana, e colocou seu quimono sobre os ombros dela.

– Não precisa... - disse, um pouco encabulada.

– É melhor... meu corpo é mais resistente.

– Não tão resistente - Sesshoumaru o provocou, de olhos fechados.

– Você fica quieto aí!

Kagome mal acreditou no que ouviu, mas logo acabou rindo, baixinho. Estarem abrigados sob o mesmo teto que Sesshoumaru era algo que nunca tinha passado por sua cabeça.

Caminhando para perto de onde Yeda estava, Inuyasha reparou que ela parecia ter se aquietado, depois olhou na direção de Kagome como se a chamasse e logo ela se juntou a ele. A menina da outra era, esperou que o meio-youkai se ajeitasse, e depois deitou no chão bem próxima ao corpo dele. O sono voltou com força redobrada e ela não demorou a adormecer.

E o mesmo valeu a todos, exaustos se renderam ao sono.

ooo ooo ooo ooo

Ao amanhecer, ainda bem cedo, Inuyasha despertou num susto quando não percebeu a presença de Yeda na casa. Levantou-se num repente acordando Kagome com isso.

– O que foi? - ela perguntou sonolenta.

– Cadê a Yeda?

Nesse exato instante, a porta esburacada se abriu com tudo, e eles ouviram a voz debochada da youkai lobo.

– Hora de acordar cachorrada!!

Inuyasha veio andando na direção dela, balançando o dedo.

– Mas como você...

– Yokais de meia-tigela! - ela o cortou – Tive que ir bem longe pra achar algo que servisse de alimento a suas lindas humanas... Vamos, acordem de uma vez!

Sesshoumaru estreitou os olhos, com ímpetos de assumir sua forma youkai aquela faladeira, mas foi totalmente desarmado pela cena de seus protegidos encolhidos junto a si. Deitados em suas pernas, mesmo com o estardalhaço de Yeda os dois não acordaram. Então, tudo que fez foi virar o rosto para o lado e suspirar. Não se reconhecia, sua vida tomara um rumo completamente diferente desde que Rin entrara nela.

– Que cena linda, né? - Yeda falou.

– Ora... - começou Sesshoumaru, mas Inuyasha o interrompeu.

– Isso não importa! Yeda, como você se curou daqueles ferimentos?

– Ah, deve ter acontecido um milagre, Inuyasha...

– Não me venha com histórias sem nexo! - rebateu bravo.

– É ruim que eu esteja bem?

– Ora, não foi isso que eu disse...

Yeda sorriu a ele, que ficou muito sem jeito e vermelho.

– Vamos, comam - mandou ela. – Esse lugar já não era grande coisa, com toda aquela chuva pode até desmoronar.

Sesshoumaru bufou, então afastando Rin e Jaken de si, ele se levantou. Depois, num vulto negro, deixou a casa.

– Ué, aonde ele foi? - quis saber Kagome.

– Deve ter ido se alimentar enquanto os pequeninos não acordam - deduziu a youkai – Eu trouxe o bastante pra todos, mas ele é assim mesmo, não é?

– Eu disse pra você - falou Inuyasha, e se atirou à comida, faminto.

Yeda balançou a cabeça, e logo se atentou ao youkai sapo e a menina humana.

– Por que não os seqüestramos e cobramos uma tonelada de ouro de resgate de Sesshoumaru? - disse brincalhona, o que fez Inuyasha até engasgar de rir.

– Você é terrível.

Kagome riu também, mas mais moderada.

– Eles são uma gracinha, não acha, senhorita Yeda?

– São sim. - assentiu sorrindo.

Em menos de uma hora os grupos se separaram. Yeda partiu com Inuyasha e Kagome, enquanto Jaken e Rin ficaram esperando pela volta de Sesshoumaru.

No caminho rumo ao vilarejo, enquanto Inuyasha e Kagome conversavam descontraídos, Yeda não pôde deixar de voltar seu pensamento a Naraku.

O relato de Jaken, de que ele tinha sido derrotado por Sesshoumaru, não a convenceu. Sentia, com todo seu ser, que ele estava vivo. E o que mais a perturbava naquele momento, era perceber-se preocupada com ele.

CONTINUA...

 


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Notas finais do capítulo

Agradeço pelos comentários até aqui! ^_^
Um desenho da Yeda foi adicionado no capítulo 2.