Chegando no shopping fomos tomar sorvete no McDonald’s, sentamos na mesa mais afastada de todas, odiava encontrar gente no shopping, não que eu conhecesse muitas pessoas aqui né, mas sempre rola um “Oi, lembra de mim? Sou da sua escola.” Ou “Oi, eu te peguei no colo quando você nasceu, como cresceu.” Tá, exagerei um pouco, mas é tipo isso. Ficamos tomando sorvete e de vez em quando falávamos alguma coisa sem relevância.

— Ei gente, olha o Daniel ali.

— Vish, ele tá com a Júlia – pronto, quando Henrique disse isso eu tive que olhar, ai que ódio, eles estavam abraçados e conversavam e riam também. Mas eu acho que eles estavam muito ocupados para nos notar aqui. Errada, eles estavam vindo em nossa direção, que cara de pau ein, acho que mesmo sentando afastado de tudo ainda podíamos ser notados.

— E ai galera – disse Daniel quando chegou.

— Oi meninos. E você deve ser Marianne, prazer, Daniel me falou de você. – Ah, e ele te falou que ele me beijou? Não? Poxa.

— Prazer, e você deve ser a Júlia, não é?

Ela concordou com a cabeça e então logo os dois puxaram uma cadeira e se sentaram com a gente. Eu não tinha obrigação nenhuma de aguentar aquilo, eu não gostava dele nem nada, mas porra, você fica com um menino e dois dias depois ele tá com outra? Por favor né, depois ainda me perguntam por que eu nunca gosto de ninguém.

— Pessoal, eu acho que já vou indo – eu disse me levantando.

— Ah não Mari, fica mais um pouco. – Tá, espera, quem deu essa intimidade pra Júlia de me chamar de Mari? Mas vamos lá.

— Não Júlia, tenho que ir mesmo. Tchau gente.

— Ei Mari, espera. Eu vou com você – disse Otávio.

— Vou também. Tchau – disse Henrique.

— Tudo bem, vamos.

Ficamos andando em silêncio até a saída do shopping, Henrique disse que sua mão tinha mandado uma mensagem dizendo que estava esperando ele na porta, então ele foi embora e eu e o Otávio continuamos andando.

— Ei, ruivinha, desculpa.

— Pelo que?

— Por eu ter incentivado você a ficar com o Daniel e ele está com outra hoje – Então eles estavam juntos mesmo.

— Não, tudo bem. Você só fez isso porque achou que daria certo, não tem culpa nenhuma sobre ele estar com a Júlia, e ela também parece ser muito legal. – Tá talvez nem tanto.

— Ela é, mas enfim. Você não ficou chateada, ficou?

— Chateada não, só fiquei um pouquinho incomodada, sei lá, foi estranho.

— Sei como é, mas vamos falar sobre outra coisa. Ah, vou pra sua casa, tá? Pedi pra minha mãe ir me buscar lá, não tava muito a fim de andar tanto. Espero que tudo bem pra você.

— Tudo bem sim.

Chegamos em casa e logo a mãe do Otávio foi buscar ele, ele me falou que amanhã ele iria vir me buscar pra que eu não precisasse ir com o Daniel. Fiquei muito feliz, eu não iria aguentar ficar com ele sozinha.

Tomei meu banho e fui comer, eu estava muito cansada, mas antes de dormir fui falar com Pedro.

— Oi maninho.

— Oi baixinha.

— Posso dormir aqui hoje?

— Lógico que sim, deita ai.

— Obrigada, boa noite. – Virei para o lado e dormi imediatamente.

Eu estava dormindo tão bem quando, de repente, ouço uma bozina. Ai meu deus, já são 6:45, deve ser a mão de Otávio. Corri, troquei de roupa e peguei minha mochila. Não deu tempo de comer nada, mas não teria problema.

— Olá mocinha – disse a mãe de Otávio.

— Oi Otávio, oi tia. Desculpa a demora.

— Que nada – falou Otávio.

Chegamos na escola ainda a tempo porque fomos de carro, mas eu tive que ir direto pra sala. Não tinha mais lugares na frente, então eu tive que sentar lá no fundo, mas tudo bem, eu não queria assistir aula mesmo, abaixei a cabeça e dormi.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim

— Mari, vamos, a aula acabou. – Henrique falou enquanto me cutucava.

— Como assim acabou? Eu dormir isso tudo? Credo.

— Pois é, acredite se quiser. E, ah, o Otávio teve que sair mais cedo hoje porque ficou com febre e disse que não daria para a mãe dele vir te buscar e pediu desculpas.

— Ah sim, não tem problema não.

Então fomos pra fora, fiquei esperando Henrique ir embora, não queria deixa-lo sozinho, mas depois Daniel chegou e ficou lá com a gente, eu pensei em ir embora, mas depois eu percebi que eu estava fazendo tempestade em copo d’água, eu não iria ignorar o menino para sempre, e além do mais ele era amigo dos meninos então eu não podia discutir com isso.

— Você vem? – perguntei.

— Vou. É, e posso falar com você?

— Pode claro. O que foi?

— Eu queria pedir desculpas sobre o shopping e tudo mais, não me arrependo do nosso beijo, mas não acho que o que eu fiz tenha sido legal.

— Tudo bem Daniel, foi só um beijo.

— Na verdade foram três.

— Tá, mas você entendeu o que eu quis dizer. Mas e ai, você e a Júlia estão juntos?

— Quase, mas não temos nada sério ainda.

— Ah sim, então boa sorte pra vocês dois.

— Obrigado.

— Eu fico por aqui, tchau.

Entrei em casa e fui almoçar, estava faminta, eu não tinha comido nada a manhã toda. Depois do almoço eu fui tomar banho, e depois disso eu geralmente iria dormir ou fazer a atividade, mas como eu tinha dormido a aula toda não dava pra fazer nenhum dos dois. Resolvi entrar no face. Alguns amigos meus da minha antiga cidade estavam online, resolvi falar com eles, precisava manter contato e eu também já estava morrendo de saudade de todos eles, não que aqui não seja legal, os meninos e tudo mais, só que a minha antiga cidade tinha sido tudo pra mim e eu também precisava ligar para a minha tia e informar de como estávamos, ela fez muito por nós esse tempo todo que ficamos na casa dela. Decidi que iríamos fazer uma visita a ela no próximo final de semana, iria falar com Pedro e ver as passagens. Espero que eu consiga ir lá.