Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 56
Capítulo 52 - De volta dos mortos


Notas iniciais do capítulo

Mais um! Me baseei em alguns episódios da segunda temporada, mas vocês vão ver que muitas coisas eu mudei e adaptei de outro jeito. Espero que gostem. Nos próximos o Neal vai aparecer e também vai ter uma surpresa que acho que vão gostar. Que bom que gostaram da ideia de uma continuação, porque estou apegada demais pra deixar essa fic acabar assim. Enfim.



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O menino ainda estava aturdido, mas correu a desamarrar Graham. Tirou lhe a mordaça e o homem balbuciou palavras sem sentido. Disse o nome de Regina várias vezes e lançava olhares desconfiados em direção à escada, como se temesse que a Rainha Má aparecesse. Henry lhe ofereceu água e Graham sorveu o líquido com grande sofreguidão.

– A minha mãe, ela te prendeu aqui – disse Henry, enquanto cortava o resto das cordas com um canivete.

– Ela forjou minha morte – falou Graham com a voz fraca – e me trouxe pra cá. Há dias que estou aqui. Regina só vem pra me trazer comida, mas me ameaça o tempo todo, dizendo que vai me matar se eu tentar fugir. Ah Henry, graças a Deus!

O ex-Xerife começou a chorar sem que Henry soubesse se ele chorava de alegria por ter sido encontrado ou de dor, pelo sofrimento que passara. Graham estava tão fraco que mal conseguiu se levantar, Henry o segurou como pôde.

– Emma... a maldição...

– Sim, a maldição foi quebrada – o garoto confirmou, ajudando o ex-Xerife a subir a escadinha. – Tenho que levá-lo ao hospital.

– Não, não...

– Você está fraco e parece meio desnutrido. Não se preocupe, minha mãe não vai te machucar, eu não vou deixar.

Os dois mancaram para fora do memorial e Henry ligou para o avô pedindo que ele viesse ao cemitério com urgência. Graham se sentou em frente ao memorial, respirando com dificuldade. Elevou os olhos para o céu e sorriu ao ver as estrelas. David chegou uns minutos depois e arregalou os olhos ao ver quem estava com Henry.

– Mas o quê...? Graham? Como é que pode? Você não morreu? Regina! Isso é coisa da Regina, não é?

– Por favor – Graham caiu de joelhos, agarrando as mãos de David – Por favor, não deixem que ela me mate. Ela é louca! A Regina é louca!

– Tudo bem! Nós vamos protegê-lo, mas agora precisa ver o doutor Whale.

Whale quase caiu da cadeira em que estava sentado quando viu Graham. Aliás, todos que o viram levaram o maior susto, porque tinham enterrado um caixão vazio há uns meses. Na época, acharam que Graham tinha se afogado no rio, mas ele contou a todos que fora Regina quem o seqüestrara, mantendo-o preso em seu cofre escuro.

– Ele está desidratado – informou o doutor – além de desnutrido, mas vai ficar bem.

O pobre Graham estava muito magro e fraco. Sua barba estava crescida e seus olhos estavam fundos e sem brilho. Seus olhos estavam sensíveis à luz, já que ele ficara dias na escuridão. Ele estava com muito medo de Regina e temia que ela o matasse, agora que recuperara seus poderes.

– Regina não vai machucar ninguém, não enquanto eu estiver aqui – disse David. – Estou ocupando o posto de Xerife por enquanto, mas creio que vá retomar o cargo quando se recuperar.

Graham não disse nada, parecia não estar dando a mínima pra quem ocupava o cargo de Xerife. Talvez devesse arrumar outro emprego, pensou. Uma enfermeira chamada Charlotte lhe trouxe comida e em seguida enfiou uma agulha em sua veia, pra que ele recebesse soro.

– E a Emma? – ele perguntou, de boca cheia - Onde está a Emma? Eu quero vê-la!

– Aconteceu uma coisa – disse Henry, sentado perto da cama de Graham – Mary Margaret e Emma caíram por um portal.

– Então não podem voltar? Temos que fazer alguma coisa!

– Estamos resolvendo isso – David o tranqüilizou – Por ora, trate de se alimentar bem.

Henry e David ficaram ali por um tempo. Graham queria saber tudo o que acontecera nos últimos dois meses e ficou mesmo feliz por ouvir como Emma quebrara a maldição. Ele sentia falta dela. Enquanto estivera em cativeiro, pensar em Emma o acalmava, lhe dava esperança. Muitas vezes o homem sonhara com o dia em que a Xerife desceria por aquela escadinha e derramaria lágrimas quando visse que ele estava vivo. Bem, acabou não sendo como ele imaginara, mas de todo jeito, estava feliz por ter sido salvo por Henry.

– Deus te abençoe, garoto. – Graham pegou na mão de Henry, lhe dando um olhar de agradecimento - Achei que ia morrer naquele buraco escuro. Regina não apareceu nos últimos dias, achei que ia me deixar morrer de fome...

– Ela vai pagar por isso! – David prometeu – E vai ter que se explicar. Enterraram um caixão vazio, disseram que você tinha morrido afogado.

Graham contou a eles por que Regina fizera o que fizera, ela temia que a maldição fosse quebrada, porque Graham tinha recuperado suas memórias. Depois de ouvir toda a história do homem, David levou Henry pra casa, prometendo a Graham que Regina não ia machucá-lo. O príncipe pediu aos médicos e enfermeiros que guardassem segredo, mas era pedir muito, já que a fofoca sempre se espalhava rápido naquela cidade.

A notícia passou de boca em boca, até chegar aos ouvidos de Regina. A mulher não ficou furiosa pelo resgate de Graham, pelo contrário, temia o que poderia lhe acontecer. A Rainha já era odiada por ter lançado aquela maldição e agora ia ser mais odiada ainda por ter forjado a morte de uma pessoa tão querida naquela cidade.

– Ele me contou tudo, Regina – Encantado fora até a casa da mulher, e agora a ameaçava – E para o seu bem, espero que pense duas vezes antes de fazer mal a mais alguém nesta cidade. Escute bem o que vou lhe dizer: se tentar matar o Graham, eu mato você. Henry pode acreditar na sua mudança, mas eu não. Já tivemos muitas experiências ruins e eu sei quem você realmente é: manipuladora e dissimulada. Agora, se quer conquistar o amor de seu filho, vou lhe dar um conselho: fique longe da minha família.

David foi embora pisando duro e Regina ficou sem fala. Ela tinha consciência de que suas maldades no fim acabavam se voltando para ela, afinal, como Rumplestiltskin sempre dizia: toda magia tem um preço. Ela estava pagando por tudo o que fizera e tinha consciência de que a cada dia Henry se afastava mais. Se quisesse conquistar o amor e a confiança do garoto, ia ter que mudar pra melhor.

O Granny’s reabriu na manhã seguinte. Por toda a cidade, não se falava de outra coisa. A fofoca tinha chegado a tal ponto, que agora diziam que Regina tinha seqüestrado Graham para mantê-lo longe da senhorita Swan.

– A mulher é louca! – dizia Juliet, bebericando chá e sentada ao balcão da lanchonete – Onde já se viu, seqüestrar o pobre homem apenas por ciúmes da Emma.

– Não foi bem isso que eu ouvi, vovó – disse Ruby – Parece que ela tentou calá-lo, pra que ele não revelasse a Emma que a maldição era real. Acontece que Graham tinha recuperado as memórias dele e Regina se sentiu ameaçada.

– Digam o que quiserem – Vovó se intrometeu na conversa – Pra mim isso é falta de um homem! A Regina está é se sentindo sozinha, mal amada... Também, quem ia querer alguém como ela?

Ruby riu e as duas idosas se puseram a falar mal da prefeita. Uma moça sentada sozinha a um canto pediu mais um chá gelado e Ruby foi servi-la.

– Você está bem? – perguntou – Este é seu terceiro chá gelado.

– É que eu nunca tinha provado isto antes – a moça respondeu, de forma simpática. Era Belle. Ela parecia muito bem, pra quem tinha acabado de sair de um hospício – É delicioso!

Ruby sorriu.

– Eu nunca te vi por aqui antes.

– Ah... é que eu era meio que uma prisioneira...

– Você é a Belle? Ouvi dizer que Regina te trancou num hospício. Perdão... não devia dizer essas coisas.

– Tudo bem – Belle sorriu, sentindo que Ruby podia ser uma amiga – Ruby, não é? Por que não se senta?

– Você ajudou o James – Ruby se sentou, lembrando-se de quando James reaparecera e contara que uma garota chamada Belle o libertara do domínio de Rumplestiltskin – o pai do Killian. Ele nos contou sobre você.

– Contou, é? Bem, fico feliz por ter ajudado. Eu o vi há uns dias, ele parece feliz, agora que está com os filhos.

Ficaram em silêncio por uns segundos, enquanto Belle tomava mais um gole de chá gelado e Ruby analisava a moça. O que Belle teria visto em Rumplestiltskin? A garota agora morava com ele e na cidade corria o boato de que os dois eram namorados. A garçonete não disse nada, no entanto, apenas perguntou se a moça tinha reencontrado sua família.

– Só tenho meu pai – Bell respondeu – Você deve conhecê-lo, é dono da floricultura. E estou morando com o Rumple. Família não é problema, o que eu queria mesmo era um emprego.

– O que gosta de fazer? Talvez possa te ajudar.

– Eu amo livros! – Belle respondeu sem hesitar. Ela era uma leitora ávida, amava todo tipo de histórias. Ruby pensou um pouco, depois sorriu.

– A biblioteca! Está fechada há muito tempo, talvez precisem de uma bibliotecária.

Belle ficou toda contente, agradeceu Ruby e em seguida foi até o prédio da biblioteca.

– Arrumou mais uma amiga? – Killian perguntou à esposa quando ela voltou para perto do balcão. O homem estava ajudando na cozinha. John, o cozinheiro que eles tinham no navio, era o cozinheiro dali e ficou feliz por seu antigo capitão o auxiliá-lo no trabalho – Parece que vou ter que te dividir com mais gente.

– Ah, não seja tão ciumento! – ela riu, dando a volta no balcão e indo abraçá-lo – Sabe, acho que vou descansar um pouco, não estou me sentindo bem.

– Tudo bem, amor. Posso te substituir até você... Ruby?

Ruby desmaiou e Killian a segurou antes que ela batesse no chão. A avó veio correndo e Killian pôs a moça deitada numa das poltronas do canto. Fizeram com que ela cheirasse álcool e aos poucos Ruby foi recobrando a consciência.

– É a gravidez – disse a avó e mais uma vez Ruby se sentiu insegura.

– Tem algo errado, Killian – ela disse ao marido, depois que a avó se afastou – Eu não sentia essas coisas quando engravidei da primeira vez... Estou com medo!

– Não tenha medo. Provavelmente foi algum efeito colateral da gravidez. Podemos consultar a doutora Coleman mais tarde. Venha, vou levá-la lá pra cima.

– Oh, não se preocupe, querida – disse Anita, quando Ruby se deitou em sua antiga cama – Maternidade é algo complicado, mas vale a pena quando você vê aquele bebezinho que acabou de ter. Oh, lembro-me bem de como a gravidez de sua irmã foi difícil. Aquele foi o inverno mais rigoroso de todos.

Ruby sorriu, vendo a mãe contar aquilo de novo.

– Eu sentia tanta dor nas costas! E o seu pai, ah, aquele imprestável! Ele me botava na cama e me deixava lá sozinha. Não suportava me ouvir reclamar das dores e do frio. Então, quando sua irmã nasceu, ele simplesmente ficou apaixonado por ela, dizia que ela era um pequeno milagrinho, e era mesmo, mas milagre foi eu ter suportado a gravidez até o fim, sem ter estrangulado seu pai nenhuma vez.

– Não acha que está exagerando? – Ruby acariciava a barriga, pensando em como sua filhinha seria. Imaginava que ela ia ter os olhos azuis de Killian e os cabelos ondulados como os dela.

– Não, ele era mesmo um insensível. Depois, quando engravidei de você, ele queria que fosse um menino, dizia que nosso filho um dia ia ser rei. Ficou um pouco desapontado quando viu que era menina, mas depois começou a fazer planos, pra quando você e sua irmã fossem rainhas. Você não me deu nenhum trabalho, era tão calminha! Já a Mary, como era bagunceira! Corria pelo castelo inteiro, recusando-se a tomar banho – as duas riram – Lembro-me de como vocês sempre foram amigas. Ah, minha pobre filhinha... espero que ela esteja bem... – Anita suspirou, perdida em seus pensamentos. Depois voltou a olhar a filha, que a observava – E sabe, você tem sorte de ter um marido como Killian. Ele se preocupa com você, querida, seu pai nunca fez por mim o que ele faz por você. Não brigue com ele quando ele ficar superprotetor, ele só quer o seu bem.

– Eu sei...

– O que é que está te perturbando? – Ruby às vezes odiava o quanto sua mãe podia perceber quando as coisas não estavam bem. – Vamos, me conte tudo, sei que há algo de errado.

Ruby acabou por confessar que estava com medo e que temia que algo estivesse errado com o bebê, já que ela estava sempre sentindo enjôos fortes, tonturas, e agora aquele desmaio. Anita a tranqüilizou, dizendo que aquilo era normal, ainda mais por ser a segunda gravidez de Ruby.

– Não se preocupe, vai dar tudo certo – ela abraçou a filha – Sua família está aqui para o que precisar.

***

– O que está fazendo aqui?

– Vim me desculpar.

– Não quero nada seu. Saia!

– Graham, me escute, querido...

– Não toque em mim! Vai embora, Regina!

– Por favor, eu só quero conversar...

– Estou escutando...

Regina fora até o hospital para ver Graham. Por mais que David tivesse se esforçado em manter o lugar protegido, Regina passara facilmente pelos médicos e agora estava parada no quarto de Graham. Ele a encarava com ódio e ainda um pouco amedrontado. A mulher parecia realmente arrependida e pensava que se queria mudar, bem, então tinha que fazer a coisa certa.

– Eu sei que errei, Graham, mas entenda, sou humana, estou sujeita a erros. Esta maldição, esta vida... agora sei que é tudo uma grande ilusão. Achei que podia ser feliz se controlasse as pessoas, se elas me amassem... Eu tenho uma casa bonita, um emprego, um filho... mas nada disso parece certo. Meu filho me odeia, as pessoas daqui me odeiam... Mas eu posso mudar, Graham, descobri que posso ser outra pessoa. E o doutor Hopper disse que eu precisava falar com você, disse que era o certo a se fazer. Olhe... estou mesmo arrependida e sei que foi loucura te trancar naquele lugar. Só quero que me perdoe, Graham... Está me ouvindo?

Graham evitava encará-la. Ouvira cada palavra da mulher, mas não sabia bem o que dizer. Regina era manipuladora e podia convencer qualquer pessoa com suas palavras de arrependimento. Mas ele nunca ia confiar nela, não depois de tudo o que ela lhe fizera.

– Por favor, Graham... tudo o que eu peço é seu perdão.

– Admiro sua coragem, Regina – ele finalmente disse, encarando-a com amargura – Porque depois de tudo o que você fez, ainda tem a audácia de vir aqui pedir por meu perdão. Sabe de uma coisa? Eu não acredito em nenhuma palavra do que diz... Você não se envergonha, Regina? Como é que consegue sair na rua, sabendo que as pessoas odeiam você? Como é que consegue encarar seu filho, depois de tê-lo tratado como louco? Como é que consegue se olhar no espelho? O que você vê quando olha seu próprio reflexo? Eu, sinceramente, me odiaria se fosse você. E o seu pai? Acha que ele se orgulha de você, por ter feito o que fez? Não... Como é que conseguiu olhar nos olhos dele e lhe arrancar o coração? Como é que consegue dormir a noite, Regina, sabendo que não passa de um monstro cruel?

Ah, Graham acabara de cutucar as feridas. Regina estava desarmada e o encarava com lágrimas nos olhos, incapaz de balbuciar uma palavra.

– E em todo esse tempo, nesses mais de vinte e oito anos, orgulha-se por me usar como um brinquedo, não é? Oh, pobre Daniel... Ele sentiria vergonha de você, se soubesse tudo o que você fez. Ah sim... eu sei sobre o Daniel... você fala dormindo e foram muitas as vezes em que balbuciou o nome dele, enquanto eu, o palhaço que você usava como distração, se deitava ao seu lado, incapaz de deixá-la... Sabe por que seu filho não te ama? Porque ele vê tudo o que há de ruim nesse seu coração. Não subestime o Henry, Regina, ele vale mais do que você pensa. E sabe, agradeço ao garoto por ter me encontrado, porque talvez eu apodrecesse naquele lugar. Oh, está chorando? Adoraria dizer que sinto pena por você, mas não... sinto pena do Henry. Sabe de uma coisa? A Emma deve estar adorando o fato de você ter descido do seu pedestal. Como é que se sente quando vê o Henry com ela? Oh, eu sei, querida, eu sei exatamente o que está sentindo. A pobre Regina mal amada... a pobre garotinha que era controlada pela mãe... Isso mesmo, derrame algumas lágrimas, quem sabe assim eles vão ter pena de você... Quer ter um pouco de decência? Pode começar me devolvendo meu coração, mas meu perdão... isso você nunca vai ter.

Ela sabia que Graham a odiava pelo o que ela tinha feito, mas não esperava que ele a atacasse com aquelas palavras tão ásperas. Mas Graham era um homem sem coração, ela se lembrou. Talvez, se ainda tivesse um coração batendo em seu peito, talvez ele a perdoasse. Regina não conseguiu conter as lágrimas. Ela encarou Graham pela última vez e saiu correndo do hospital.

***

Enquanto isso, na Floresta Encantada, Emma e Mary Margaret passavam por poucas e boas. Não bastasse terem sido amarradas e arrastadas até o acampamento de refugiados, elas também tiveram que enfrentar um terrível ogro. Felizmente, Mary ainda tinha suas habilidades com arco e flecha e acertou o olho da criatura, salvando Emma.

Agora, escoltadas por Mulan, as duas voltaram ao antigo castelo real, ou o que restara dele. O quartinho de Emma ainda estava lá, coberto de poeira e destroços, e o teto fora completamente destruído. Mas a um canto, ainda inteiro, estava o pequeno guarda-roupa que transportara Emma e Pinóquio para o outro mundo.

Talvez houvesse um meio de fazer o guarda-roupa funcionar de novo, elas pensaram. Mas assim como mãe e filha tentavam retornar para sua família, havia outra pessoa que tentava chegar a Storybrooke: Cora.

A Rainha de Copas perdera os poderes quando a maldição atingira a Floresta Encantada. De alguma maneira, ela deixara o País das Maravilhas e fora parar ali. Cora tinha sido mantida como prisioneira no acampamento de sobreviventes e desde que conhecera Emma e reencontrara Branca, tentava ser amável com as duas. É claro, Branca não se deixava enganar pela mulher, sabendo do que ela era capaz. Emma e a mãe evitaram falar sobre seus planos enquanto Cora estava por perto, mas a mulher era mais esperta.

Quando Branca e Emma contaram a Lancelot sobre o guarda-roupa mágico, na verdade estavam contando seu plano à Cora. A bruxa tinha matado o guerreiro há muito tempo e agora se fazia passar por ele. Quando Emma e a mãe descobriram a verdade, já era tarde demais. Cora agora sabia como ir para Storybrooke.

– Obrigada, Branca! – Cora prendeu Mary Margaret contra a parede, usando sua magia. Ela não perdera os poderes, no fim das contas, estava apenas fingindo, pra que as pessoas não tivessem medo dela. – Graças a você, agora sei como chegar a Storybrooke. Finalmente vou poder ver minha filha depois de tanto tempo, e vou amar conhecer meu neto Henry.

– Não! – Emma gritou – Você não vai a lugar nenhum!

Emma precisou pensar rápido e acabou incendiando o guarda-roupa. Cora ficou furiosa e desapareceu numa nuvem de fumaça. Com o guarda-roupa reduzido a pó, não havia mais nada que elas pudessem fazer. Depois Emma culpou a si mesma por ter destruído a única chance que elas tinham. Como ela fora idiota! Branca, sempre esperançosa, disse que elas iam encontrar outro meio de ir pra casa e assim as duas passaram a noite na floresta, com Mulan e Aurora.

Naquela noite, Aurora foi parar num mundo de fogo enquanto dormia, uma sala vermelha e cheia de chamas. Aquilo era resultado de sua maldição do sono. Ela fora amaldiçoada por Malévola e só acordara depois de muito tempo, despertada por príncipe Philip. Infelizmente o príncipe se fora. Quando Emma e Branca caíram naquele mundo com o Wraith, Philip fora marcado pelo espectro e acabara tendo a alma sugada. No começo Aurora odiara Emma e Mary, culpando-as pela morte de seu amado, mas depois percebeu que tudo não passara de um acidente.

Henry também foi parar na sala de fogo quando dormiu. Ao que parecia, aquilo acontecia a todos que passavam por uma maldição do sono. Aurora e Henry se encontraram e o menino acabou por descobrir que a princesa estava com Mary e Emma. Pelo menos elas estavam bem. Aurora contou a elas sobre o menino chamado Henry e de alguma forma Emma se sentiu esperançada, acreditando que um dia retornaria para seu filho.

Felizmente, Cora as procurou, querendo fazer um acordo. As cinzas do guarda-roupa ainda tinham propriedades mágicas e poderiam levá-las a Storybrooke, mas não era o suficiente, elas também precisavam de uma bússola mágica.

– E onde é que está essa bússola? – perguntou Emma.

– Já ouviu falar do gigante que vive nas nuvens? – disse Cora, segurando o frasco que continha as cinzas do guarda-roupa - A bússola está lá em cima, no castelo dele.

– Peraí, um gigante que vive nas nuvens? – Emma arqueou a sobrancelha, desacreditada - Onde é que eu já ouvi essa história antes? Não vai me dizer que temos que subir por um pé de feijão.

– Como sabia?

– Emma, não dê ouvidos a ela – falou Branca, mais uma vez apontando uma espada afiada na direção de Cora – Não podemos confiar nela!

– É a melhor chance que temos – Emma sussurrou para a mãe – Se ela diz que as cinzas do guarda-roupa ainda tem magia...

– Você sabe quem ela é? – Mary sussurrou de volta – Ela matou o Daniel, o homem que Regina amava. Você não conhece a Cora e não está acostumada com esse mundo, mas eu sim. Vamos encontrar outro jeito.

– Que jeito? Você não disse que os feijões mágicos acabaram? E então como é que vamos voltar pra casa?

– Não estão pensando direito, queridas – disse Cora, sorrindo – Vamos esquecer o que aconteceu ontem. Se quisermos ir para Storybrooke, devemos nos unir.

– Por que está tão interessada em rever sua filha? – Branca a encarava desconfiada – Pelo o que sei, ela te baniu pra uma terra longínqua. O que a faz pensar que Regina precisa de você?

– Ora, eu sou a mãe dela! É claro que ela precisa de mim, só não sabe disso ainda. Não seria mais fácil se todos colaborassem pela mesma causa? Tenho as cinzas e logo terei a bússola. Vejam, eu já poderia ter partido e deixado vocês aqui, mas ao invés disso, vim pedir por ajuda.

– E precisa de nós pra subir no pé de feijão – falou Emma – Pegamos a bússola e vamos pra casa. É isso? Simples assim?

– Não tão simples, querida. Ainda há um gigante lá em cima e é o mais terrível de todos. Se vamos pegar a bússola, primeiro precisamos passar pelo gigante. Eu teria ido sozinha, mas este é um trabalho para mais de uma pessoa.

– Você não tem magia? – rebateu Branca – Por que precisa de nós?

– Oh, Branca, querida, sempre tão desconfiada... Acontece que a escalada exige muito esforço físico e já não sou tão jovem e saudável como antes. Magia é poder, mas não resolve tudo. Então, proponho um acordo. Vocês sobem no feijão, trazem a bússola, e então iremos juntas pra Storybrooke.

– Como sabemos que não está mentindo? – foi a vez de Emma desconfiar – Como vamos saber que vai manter o acordo?

– Você claramente não pertence a este mundo, querida. Acontece que acordos não podem ser quebrados. Tem a minha palavra, jamais quebraria um acordo.

Branca e Emma se entreolharam. O que mais elas podiam fazer? Bem, não havia mesmo escolha... Mulan não confiava muito na bruxa, mas era a melhor chance que elas tinham, por isso acabaram aceitando o acordo.

Caminharam até o pé de feijão e Emma ficou pensando se seria a mesma história que ela já ouvira, algo sobre uma harpa e uma galinha de ovos de ouro. Mary e Emma subiram, enquanto Cora, Mulan e Aurora ficaram lá embaixo. Por mais que odiasse a ideia de subir naquela coisa imensa, Emma não podia fazer mais nada e também não permitiria que a mãe fosse sozinha.

– Nós vamos conseguir – disse Mary, quando já tinham subido um bom pedaço – Lembro-me de quando sua tia nos contou sobre o pé de feijão. Ela e o Killian o escalaram. Se eles conseguiram, vamos conseguir também.

– A Ruby escalou um pé de feijão? – Emma riu, sem conseguir imaginar a cena. Ela não conseguia ver Ruby como uma moça corajosa, apenas como uma garçonete.

– Oh, não a subestime, Emma. Sabe que ela é muito mais do que você imagina? Há muita coisa que não sabe sobre nossa família. E Ruby passou por umas poucas e boas, seu avô não suportava o fato de ela estar apaixonada por um pirata.

– Meu avô... Ele não está em Storybrooke, está? Eu só me lembro da Anita...

– Infelizmente, ele era covarde demais...

Emma não tivera tempo de saber a história inteira a fundo. Então, enquanto escalavam o feijão, Mary lhe contou brevemente como Ruby e Killian tiveram que lutar por seu amor, assim como ela e Encantado. Contou sobre a morte de Anthony, a descoberta de que ele tinha um filho bastardo e como Regina matara o bebezinho de Ruby. Emma ficou chocada com a maldade da Rainha.

Escalar o feijão foi fácil, pegar a bússola é que foi difícil. Emma e Mary botaram o gigante pra dormir, atirando um pó sonífero em seu rosto. Como da vez em que Ruby e Killian tinham estado lá, o castelo estava repleto de ouro e jóias. Elas tinham pouco tempo pra encontrar a bússola e quando o gigante acordou, Emma achou que estavam perdidas, iam morrer. Mas Anton não era tão mau quanto parecia e quando soube que Mary era irmã de Ruby, soube também que ela devia ser tão boa quanto a irmã.

O gigante concordou em lhes dar a bússola, mas com uma condição: deviam permitir que ele fosse com elas a Storybrooke. O pobre Anton já estava cansado de viver ali sozinho. Elas concordaram em levá-lo e assim os três desceram pelo pé de feijão.

Cora cumpriu com o acordo, como prometera, e depois de se despedirem de Mulan e Aurora, os quatro fizeram seu caminho até o Lago Nostos.

– Pensei que o lago tivesse secado – lembrou Branca.

– Oh, querida Branca, não me subestime – riu Cora.

De fato, o lago tinha secado, mas Cora fez sua magia, remexendo a areia amarelada que sobrara no lugar onde fora o lago. Um buraco foi aberto bem no centro do lago e de lá brotou água. Talvez ninguém tivesse tido a ideia de cavar um buraco fundo ali antes, mas o fato é que ainda havia água no subsolo. Cora jogou as cinzas do guarda-roupa na água e aquilo virou um portal. Depois, usando a bússola para guiá-los entres os mundos, eles pularam no portal.

***

– Emma!

– Elas voltaram!

Não houve alegria maior do que a volta de Mary e Emma. Elas estavam imundas, exaustas e descabeladas, mas abraçaram todo mundo. Anton também foi muito bem recebido e logo foi cumprimentar Ruby e Killian.

– Como é que vocês voltaram? – perguntou Anita, sufocando Emma num abraço – Pensei que não existissem mais feijões mágicos.

– É... – Emma começou, pensando se devia contar sobre Cora.

– É uma longa história! – disse Mary, lançando a Emma um olhar de advertência. Ela sabia que as coisas não iam ficar nada bem quando Cora e Regina se reencontrassem, mas achou que não devia dizer nada ainda. – Mas o importante é que estamos de volta.

– Graças a Deus – David deu mais um beijo na esposa – Estávamos tão preocupados... Os anões até começaram a trabalhar na mina, procurando por pó de fada. Achamos que talvez pudéssemos trazê-las de volta.

– Por que está tudo tão enfeitado? – Emma notou a decoração no Granny’s.

Estavam preparando uma festa pra Graham e havia balões e faixas coloridos sendo pendurados. Todos se entreolharam, pensando em como contar a Emma que Graham estava vivo. Sabiam que ela ia querer matar Regina quando soubesse da história toda.

– O que foi? – ela franziu a testa, olhando de um para o outro - Por que essas caras?

– Ah, Emma... escuta, aconteceu uma coisa e... – David começou, mas não chegou a terminar.

– O que foi? O que ela aprontou dessa vez? – Emma irritou-se, logo pensando em Regina.

– Emma?

Todos se viraram. Graham estava parado à porta da lanchonete. Estava muito melhor agora, com a barba aparada e os cabelos penteados. Se vestia de forma simples, usando calça jeans e blusa xadrez. Emma abriu e fechou a boca, sem saber o que pensar ou dizer. Como assim? Como é que ele podia estar vivo? Os dois se olharam por uns segundos e um silêncio constrangedor se estabeleceu no lugar.

– Como... como é que...

– Eu senti sua falta! – o homem sorriu, vindo abraçá-la. Emma ficou sem reação. Ele era de carne e osso, ela via isso, mas como é que isso era possível?

– Pensei que estivesse morto... eu... – ela estava abobada por ver o homem. Depois virou-se para olhar o pai, que parecia meio enciumado por Graham estar abraçando sua filha – Regina! Foi a Regina, não foi?

– Olha, Emma, nós já resolvemos isso – disse David, mas Emma estava com muita raiva.

– Eu vou matar a Regina! – ela marchou para a porta, mas Graham segurou a mão dela.

– Não vale a pena, Emma – ele disse, olhando nos olhos dela – Regina vai ter o que merece. Ela já está colhendo o que plantou. Não se rebaixe ao nível dela.

Enquanto isso, na mansão da Rua Mifflin, Regina atendia a porta.

– Mãe?

– Olá, Regina!

***

Naquela noite, todos se reuniram no Granny’s na festa de boas vindas a Graham, Emma e Mary Margaret. Cada um levou uma comida e agora conversavam e riam animadamente. Mary e Emma contaram suas aventuras na Floresta Encantada e então todos começaram a perguntar como elas tinham conseguido voltar.

– O guarda-roupa que Gepeto construiu. – explicou Mary, ocultando a participação de Cora – Ainda tinha propriedades mágicas. Nós acidentalmente o queimamos, então pensamos que as cinzas talvez pudessem funcionar para abrir um portal. Bastou que as jogássemos no lago Nostos e então viemos pra cá.

Anton lhes lançou um olhar de cumplicidade. As duas tinham pedido ao gigante que não revelassem a verdade sobre Cora, pois não sabiam como as pessoas iam reagir a isso. Regina já era poderosa demais sozinha, com Cora então...

– Tem certeza de que está bem? – Emma perguntou a Graham. Os dois tinham se sentado afastados dos outros e agora conversavam – A Regina... ela tem que ser punida.

– E ela vai. – ele disse, brincando com seu copo de cerveja – Acredite, Emma, ela vai pagar por todos os pecados que cometeu. Mas sabe, acho que ainda há um pouquinho de decência nela – ele pegou a mão da mulher, colocando-a sobre seu peito. Seu coração batia normalmente.

– Ela te devolveu seu coração?

– Colocou numa caixa e entregou na portaria do hospital. Não teve coragem de me encarar, não depois de tudo o que disse a ela.

– Por que? O que você disse?

– Umas verdades... Sabia que ela tem medo de perder o Henry? Ela sabe que ele gosta mais de você do que dela.

– E como é que você sabe disso? – Emma sorriu, divertida – Ah é, esqueci que você era amante dela.

Ele riu, depois tomou um gole de cerveja, enquanto Emma o encarava.

– Imagino que vai querer seu posto de xerife – ela disse. Ele negou com a cabeça.

– Fui xerife por vinte e oito anos, acho que devo me aposentar. Talvez eu faça outra coisa, não sei... Gostaria de trabalhar no abrigo de animais...

Do outro lado da lanchonete, David, Mary, Killian e Ruby conversavam.

– Esses dois tem assunto hein? – David comentou, olhando na direção de Emma e Graham. Mary riu, percebendo que o marido estava enciumado.

– Deixa ela! Vocês sabem que a Emma sente algo pelo Graham, não é? Ela não vai admitir, mas sei que há algo entre os dois.

– Por que será que as mulheres dessa família demoram tanto pra admitir seus sentimentos? – falou Killian e deu uma olhada pra Ruby, que botou as mãos na cintura.

– O que quer dizer com isso?

– Você sabe... demorou demais pra admitir que me amava. – ele sorriu maroto.

– Isso porque eu te odiava demais, pirata. – ela sorriu - Você sempre foi muito arrogante!

– E você sempre foi muito irritante!

Eles riram e se beijaram.

***

Enquanto isso, na mansão de Regina...

– Enquanto Emma estiver aqui, ele nunca será realmente seu – dizia Cora, tentando reconquistar o amor da filha. – Você tem sido má por muito tempo e agora... eles te vêem como uma cobra pronta pra dar o bote. É isso que você quer? Se esconder aqui enquanto todos seguem com suas vidas?

– Eu só quero meu filho de volta – Regina deixou escorrer uma lágrima.

– E eu quero minha filha de volta. Estou tão arrependida! Eu sinto muito, Regina. Me deixe entrar em seu coração. Juntas nós podemos recuperar Henry.

– Como?

– Oh, tenho algumas ideias...


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Notas finais do capítulo

Só uma imagenzinha pra alegrar vocês:
http://images6.fanpop.com/image/photos/32700000/Captain-Hook-killian-jones-captain-hook-32709798-500-546.gif
kkkkk Beijos e até a próxima



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