Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 36
Capítulo 32 - Anne


Notas iniciais do capítulo

Olá piratas! É, eu sei que devem estar querendo me matar, desculpem pela demora. Eu estive meio sem ideias e essa vida de estudar pra vestibular está me deixando louca. Mas vou tentar postar nos fins de semana porque muitas leitoras não tem tempo durante a semana por causa de faculdade ou mesmo escola. Fica mais fácil pra mim também porque nos fins de semana eu fico descansando (Isso quando não faço faxinão no meu quarto) rsrs Enfim...
Agradeço a Anjo de Prata pela recomendação. Quem me pediu pra entrar na história e eu não coloquei ainda, peço desculpas. Ainda não consegui encaixar umas pessoas, mas logo irei encontrar um lugar para vocês.
Esse não ficou muito grande, mas talvez os próximos fiquem maiores. Vocês lembram da Anne? O Capitão mencionou ela pra Ruby quando estavam na Terra do Nunca (no capítulo 16, se não me engano). Enfim, espero que gostem.



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Capítulo 32 – Anne

– Capitão, eu vi uma coisa – disse Ellanor – Seu pai. Seu pai está vindo até você...

Killian levou dois segundos para processar aquela informação. Ele abriu a boca para falar, mas não sabia o que dizer.

– Como? Está vindo, mas... então ele se libertou?

– Ainda não. Eu tive a visão de uma cela e uma garota. Ao que parece, a garota é a chave para a liberdade de seu pai. Em breve ele estará aqui...

O Capitão ficou atordoado por uns segundos. Anita procurava por Ruby e quando a encontrou disse que a princesa devia descansar. Nisso vieram dois guardas arrastando uma mulher que se debatia. Era a mesma mulher que Killian e Ruby haviam visto mais cedo, seu rosto estava meio encoberto pelo capuz negro que ela usava.

– Que está acontecendo? – perguntou Anita aos guardas.

– Encontramos essa moça no escritório do Rei – disse um dos guardas – Estava tentando roubar.

A moça encarava o chão. Anita se aproximou e tirou o capuz que a mulher usava, revelando seu rosto.

–Anne?! – o Capitão a reconheceu. Não havia dúvida, era Anne, sua amiga de infância. Ele nunca a esquecera. Ela ainda estava do jeito que ele se lembrava, mas ainda mais bela.

Ruby olhou do Capitão para Anne. Ele já falara dela uma vez. Anne olhou para ele com certo rancor e ele entendeu que ela devia estar com muita raiva. Ele prometera voltar por ela e nunca mais voltou.

– Você de novo? – pelo visto Anita já a conhecia – O que quer?

Anne não respondeu, ficou encarando Anita e vez ou outra olhava para Killian. A moça era de uma beleza estonteante. Tinha uns cabelos negros como a noite, uma pele bronzeada, olhos pequenos e boca rosada. Anita estava impaciente:

– Vamos, responda! O que quer?

– Anthony não está aqui para me dar o que quero: amor – A moça cuspiu as palavras na cara de Anita. A Rainha simplesmente não poderia aturar aquilo e lhe deu um tapa no rosto.

– Saia daqui! Saia imediatamente! – ordenou e os guardas levaram Anne para fora do castelo.

Anita estava realmente tomada por ódio. Ruby começou a ter uma leve ideia do que estava acontecendo ali. Sua mãe se afastou andando depressa e Killian resolveu ir atrás de Anne. Ruby, é claro, foi com ele. Rapidamente o Capitão alcançou o pátio do castelo e Anne era jogada para fora pelos guardas. Ela caiu no chão, sentindo-se completamente humilhada. As pessoas que passavam por ali a olhavam como se ela fosse indigna de qualquer respeito. Afinal, qualquer pessoa que era expulsa do castelo poderia ser considerada indigna. Anne rapidamente se recuperou e saiu andando apressada em direção a floresta.

– Anne! – Killian chamava por ela – Anne, espere!

O Capitão correu para alcançá-la e a segurou pelo braço.

– Me larga, Killian! O que quer? – ela esbravejou tentando se livrar do aperto de Killian.

– O que está fazendo aqui? O que tem feito esse tempo todo?

– Olha, eu não tenho tempo para conversa. Até mais ver, Killian.

Ruby se aproximou dos dois. Ela fazia uma ideia de quem era aquela mulher. Só não podia dizer com certeza, mas ela imaginava quem fosse aquela. A princesa analisou a moça. Anne estava muito bem vestida e certamente não era uma plebéia qualquer, ela quase poderia se passar por dama nobre. Ah sim, Ruby sabia exatamente quem era aquela e onde arranjara dinheiro para comprar roupas tão finas.

– É você a amante de meu pai? – a princesa foi logo perguntando – Foi com você que ele gastou todo aquele dinheiro?

– Ruby! – o Capitão olhou para ela indignado. Como ela podia pensar uma coisa dessas de Anne? Quer dizer, ele conhecia Anne, sabia que ela era uma moça muito bem educada e digna de confiança. Ela não poderia ser a amante de Anthony, poderia?

Anne fez uma cara estranha. Culpada! Sim, ela era amante de Anthony. A moça pareceu estar se sentindo envergonhada e humilhada. Ela encarou o chão e mais uma vez Killian precisou admitir o quanto Ruby era esperta.

– Anne... você era amante dele? – ele perguntou, temendo a resposta.

– Sim. – ela suspirou e continuou a fitar o chão.

– Céus! Mas que estava pensando? Você simplesmente desperdiçou sua vida com ele?

Killian estava revoltado, mas porque ele realmente se importava com Anne, embora praticamente tivesse a abandonado naquela aldeia em que moravam. Mas eles tinham tantos planos! Anne queria fazer tanta coisa, ela tinha tantos objetivos... Killian não entendia o que poderia ter feito ela desistir de tudo. Ela simplesmente achara mais fácil encontrar um homem rico? Era assim que acabava?

– Olha, eu não tenho culpa se ele não amava a esposa – Anne olhou de Killian para Ruby. Ela entendia que Ruby estivesse com raiva, mas a princesa não sabia toda a história, ela não sabia os motivos que a levaram a ser amante de Anthony – Só vim pegar o que é meu, exigir o que é meu por direito...

– Você não tem direito a nada... – ia dizendo Ruby.

– Tenho sim. Tenho direito a dar um nome para o meu filho.

Ruby entrou em choque. Por um momento, toda a história se revelou para a princesa. Ela entendeu tudo. Seu pai era mesmo um canalha.

– Você... você engravidou dele? Teve um filho com meu pai?

Ah era só o que faltava! Não bastava tudo o que Ruby e Mary estavam passando. Elas também tinham um meio-irmão bastardo. Que maravilha!

– Foi isso mesmo que eu entendi? Eu tenho um irmão?

Killian não disse nada, tão chocado que estava. Anne apenas assentiu, estava bastante envergonhada, ela não se orgulhava de nada do que fizera.

– Anthony me manteve calada por todos esses anos, mas não posso suportar isso mais. Meu filho precisa de um pai. Infelizmente não posso dar isso a ele, então o mínimo que posso fazer é dar a ele um sobrenome. Ele precisa ser reconhecido como filho de Anthony...

– Quantos anos ele tem? – Killian perguntou ainda atordoado.

– Três. Sei que não é uma boa hora. Anthony acabou de morrer, mas não posso simplesmente ficar calada. O mundo vai saber sobre esse filho.

– Três anos, mas então... – Ruby parou para pensar – Então ele já traía minha mãe há tempos...

– Eu sinto muito! – disse Anne e Ruby se revoltou.

– Sente muito? Você sente muito? – a princesa estava quase gritando – Você causou a destruição dessa família. Ele gastou todo nosso dinheiro com presentes pra você.

– Desculpe, querida, mas ele se autodestruiu – Anne se pronunciou – Você não tem ideia do quanto aquele homem era ganancioso, ele poderia tomar o mundo e ainda não estaria satisfeito. Ele destruiu a própria família.

Ruby estava triste, angustiada, enraivecida e confusa. Tudo ao mesmo tempo. Killian sabia que ela ia acabar por explodir e por isso pediu que ela voltasse ao castelo. Ele não queria que as coisas ficassem ainda pior para a noiva.

– Amor, vá descansar. Preciso falar com Anne.

– Eu não tenho nada para falar com você – Anne falou com ferocidade. Ela claramente não perdoara Killian por abandoná-la.

– Não acha que me deve uma explicação? – ele estava irritado – Teve um filho com o Rei... o que estava pensando?

– Eu não lhe devo explicações. Você não significa nada pra mim. Você simplesmente me deu as costas e nunca mais voltou. – Anne gritou. Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. Ela não estava triste, só muito enraivecida. – Por que disse que voltaria? Por que fez uma promessa que não poderia cumprir? Eu simplesmente esperei por você. Semanas, meses, anos... Mas você nunca mais voltou.

– Ruby, vá para o quarto. – Killian pediu mais uma vez, já que Ruby ainda estava por ali presenciando a cena. Ela se recusou.

– Não. Não, Killian, eu preciso saber. Por mais que eu esteja devastada, preciso saber tudo. Ele era meu pai!

O Capitão a olhou e em seguida se voltou para Anne, que enxugava as lágrimas com brusquidão.

– Você está mais do que certa por estar com raiva – ele disse a ela – Entendo que guarde rancor. Eu ia voltar para te buscar, mas minha vida virou um turbilhão de problemas com as quais eu não conseguia lidar...

– Diga o que quiser – a moça retrucou – Sua vida não foi pior do que a minha.

– Pior? – Ruby intrometeu-se. Ela não ia deixar isso barato – Você não sabe o que ele passou. O que nós passamos. E enquanto isso você simplesmente enriquecia com o dinheiro do meu pai, não é?

Ficaram em silêncio, apenas se encarando. Ruby queria bater em Anne, do mesmo jeito que ela batera em Liza. Mas antes ela queria saber a história toda.

– Ele te pagava para ficar calada? – Killian perguntou depois de um tempo. Ele coçava a cabeça, nervoso com toda aquela situação.

Anne assentiu.

– Ele não queria que ninguém soubesse do nosso filho. Vocês entendem o escândalo que isso iria causar, não é? Anthony dava mais importância ao trono do que a outra coisa. Então ele basicamente me pagava para que eu ficasse quieta. Fomos amantes, mas eu nunca o amei. Eu só gostava da ideia de ter um homem aos meus pés, fazendo tudo o que eu queria, me presenteando com joias, me dando atenção... Não me orgulho do que fiz, mas fiz pelo meu filho.

– Não seria melhor ter se afastado dele? Quero dizer, um filho não merece isso. – disse Ruby – Entendo que não é fácil ser mãe solteira, mas você se aproveitou disso para enriquecer à custa do meu pai...

– Você poderia ter qualquer homem que quisesse, Anne – o Capitão falou – Você é linda, inteligente, cheia de vida... Como foi que acabou com um cara como Anthony?

Ruby ficou enciumada por ver o Capitão falando bem de outra mulher. Anne era realmente linda. E se Killian desistisse de Ruby? E se ele não a amasse mais? E se ele corresse para os braços de Anne? Não, ele não faria isso. A princesa balançou a cabeça, como que para afastar esses pensamentos. Killian a amava e eles iam se casar.

– Eu fui enganada. – o rosto de Anne mudou para uma expressão de tristeza – Eu segui meus sonhos, Killian. Lembra como fazíamos planos? Nossos sonhos, nossos objetivos? Eu fui atrás dos meus sonhos, mas Anthony entrou no meu caminho. Não sabia que ele era casado. Nos conhecemos quando ele estava de passagem por um dos reinos. Eu estava viajando pelo mundo, queria ir atrás das aventuras. Anthony disse que procurava por uma esposa. Eu acreditei nele, ele sabia ser encantador quando queria. Fui tola por cair na conversa dele e foi questão de tempo até que ele me levasse pra cama. Quando eu engravidei meu mundo desabou... eu estava sozinha, deixei minha família, minha casa... Eu não tinha condições de criar um filho e logo descobri que Anthony não era bem o que dizia ser. Ele ia me abandonar depois de ter se aproveitado de mim, mas eu ameacei contar a todos sobre o nosso filho. Vocês não entendem? Todo o dinheiro que eu aceitei dele foi para dar uma vida melhor ao meu filho. Não me orgulho disso, mas foi a saída que eu encontrei. Não era minha vida que estava em jogo, mas a vida de uma criança...

– Entendo... – balbuciou Ruby.

– Eu preciso ir. – Anne se afastou em direção a floresta.

Ruby e Killian se entreolharam e a princesa decidiu o que precisava ser feito.

– Eu vou te ajudar – disse e Anne se virou para olhá-la – Mas só porque ele é meu meio-irmão. Volte amanhã e iremos conversar.

Anne assentiu e desapareceu na floresta. Ruby e Killian voltaram ao castelo. O Capitão não sabia mesmo como Ruby estava se agüentando em pé depois de tudo o que passou. Ela apenas disse que precisava ser forte num momento desses. Parecia que o mundo ia desabar na cabeça deles. Os problemas sempre escolhiam a pior hora para aparecer. Eles subiram até a torre e Ruby se jogou na cama.

– Então ela era a mulher que Ellanor viu – disse Ruby e em seguida suspirou – Ella disse que seria um tempo de paz para nós dois, mas acho que se enganou. Como podemos ter paz quando tudo parece ruir?

– Amor, vamos dar um jeito, está bem? – Killian segurou o rosto de sua princesa, encarando aqueles lindos olhos verdes que ela tinha – Já passamos por coisa pior. E ainda estamos juntos. Vamos dar um jeito.

– Você realmente não sabia que ela era a amante?

– Não. Céus, eu não fazia ideia. É uma pena que a vida dela tenha enredado por esse caminho... Mas agora você precisa dormir.

– Como posso dormir com todos esses pensamentos passando por minha cabeça?

Ele sorriu:

– Eu vou te contar uma história. – disse arrumando os travesseiros para que Ruby ficasse confortável.

Nesse momento alguém bateu na porta e Vovó entrou. Sua expressão era de preocupação.

– Será que podem me dizer o que está acontecendo? Anita está lá trancada no quarto, chorando como condenada...

Ruby e Killian se entreolharam.

– Vou falar com ela – disse a princesa.

– Você precisa descansar – falou o Capitão.

– Eu não vou demorar. Ela precisa conversar com alguém.

A princesa desceu a enorme escadaria até o andar de baixo. O castelo devia ter pelo menos uns cinquenta quartos, agora ocupados pelos marujos de Killian Jones. Ruby passou por Mabel e Beto que riam e conversavam, depois por Tinker Bell e Will. Pelo menos eles podiam aproveitar a vida sem ter tantos problemas o tempo todo. A princesa parou em frente ao quarto da mãe – Anita já não ocupava o luxuoso quarto de casal do Rei – e colou o ouvido à porta. A mãe chorava baixinho.

– Mãe! – Ruby deu duas batidas na porta – Mamãe, abra a porta.

– Quero ficar sozinha. – veio a voz chorosa da mãe – Por favor, me deixe sozinha.

– Não posso. Você precisa de alguém neste momento...

Anita se recusou a abrir a porta e Ruby precisou usar um meio não muito educado para abri-la. A garota tirou um grampo do cabelo e com ele arrombou a porta. Anita não se surpreendeu.

– Eu devia lembrar que você agora é uma pirata – disse, enxugando as lágrimas.

Anita estava sentada na cama, recostada à cabeceira. Ruby se sentou ao lado dela e tomou as mãos da mãe.

– Eu sei... Sobre a Anne – foi o que a princesa disse. Anita fungou.

– Lamento que tenha sido desse jeito. Seu pai nunca me amou... Eles tiveram um filho... – Anita começou a soluçar e chorar alto – Um filho bastardo... Eu não posso suportar isso... Ele me tratou como se eu fosse um trapo velho...

Ruby apenas abraçou a mãe e as duas ficaram assim por um longo tempo. Depois que a Rainha se acalmou, Ruby disse que elas deviam aceitar aquele filho ilegítimo.

– Querendo ou não ele é parte da família. Precisa de um nome...

– Ela conseguiu tudo o que queria – Anita suspirou – Ela tirou tudo de mim. Agora esse filho... receio que eles terão de morar no castelo. Isso eu não posso suportar. Sabe, acho que vou me mudar... vou morar com a sua avó, não quero mais saber da realeza.

– Talvez seja o melhor a se fazer... E quanto ao trono?

– Bem, Mary não quer assumir. É claro, com Regina atrás dela a situação fica complicada. E eu não sou mais uma Rainha, na verdade, sempre fui uma plebeia e temos de aceitar isso. Suponho que seu tio deva assumir. – Anita mudou de assunto, tentando esquecer tudo o que estava acontecendo – Mas agora temos que pensar no casamento. Já pensou no vestido que quer usar?

– Bem, eu queria usar vermelho, mas as meninas ainda não se decidiram.

– Vão mesmo fazer um casamento quádruplo?

– Sim. Sei que não é apropriado, mas nós gostaríamos de algo bem simples.

– Não precisa ser apropriado, desde que estejam felizes assim. Sabe, nunca gostei destas tradições que temos que seguir. Eu gostaria que meu casamento tivesse sido de outra maneira, sem tantas frescuras... E é por isso que quero que você e Mary tenham o melhor, quero que sejam felizes com seus maridos.

Ruby sorriu e disse que com certeza seriam. A mãe disse que mandaria trazer as melhores costureiras ao reino, para que elas fizessem os vestidos das quatro noivas. Mabel e Tinker Bell adoraram, mas Ellanor reclamou dizendo que poderia fazer o próprio vestido.

– Certamente teremos que usar roupas formais, não? – o Capitão comentou – Já que as senhoras usarão vestidos chiques, o mais apropriado é que nós também usemos roupas chiques.

Ruby riu dizendo que não seria uma cerimônia muito formal e que eles poderiam usar a roupa que quisessem.

– ... desde que se livre de suas roupas pretas de couro – ela disse ao Capitão. Ele prometeu que se livraria da aparência de pirata sedutor pelo menos por um dia.

Na manhã seguinte, quatro costureiras chegaram ao reino. As garotas se trancaram a um quarto, dizendo aos noivos que não tentassem espioná-las ou teriam azar no casamento. Anita encomendou tecidos e mais tecidos. Ruby achou que era um exagero, mas ao ver a felicidade das amigas, achou que aquilo até que era necessário. Tink e Mabel nunca viveram aquele luxo e estavam adorando a experiência.

Mais tarde, Ellanor apareceu dizendo que seu vestido estava pronto. Bem, quando se era uma bruxa, essas coisas eram bem fáceis de fazer. Ela ia mesmo se casar de preto e disse que elas não deviam se preocupar, pois seu vestido não tinha nada de bizarro ou espalhafatoso, e afinal, elas tinham concordado em fazer uma coisa bem simples.

– Mas parece que simples é um conceito que não existe no dicionário de vocês – Ela foi logo dizendo ao ver os vestidos sendo costurados. Foi até uma das pilhas de tecidos e ergueu uma sobrancelha ao ver que havia panos feitos de cetim, veludo e linho. – Isso é o que chamam de simples?

– Ora, Ellanor, casamento só acontece uma vez na vida. – falou Tink. Uma das costureiras tirava a medida de sua cintura – Faremos algo simples, mas também devemos usar roupas que gostemos.

– E quanto ao lugar que será realizada a cerimônia? Já se decidiram?

As garotas se entreolharam. Elas não conseguiam concordar em nada e Ellanor continuava a insistir que se casassem na floresta. Ruby previu que uma discussão iria começar e saiu da sala, dizendo que tinha coisas a resolver. Ela não conseguia parar de pensar em Anne e tudo o que estava acontecendo. Ter um irmão era algo que ela não esperava.

Ela passou por serviçais até chegar ao pátio do castelo. Anne tentava entrar, mas os guardas a barraram.

– Já disse que tenho permissão para entrar. – ela dizia a eles – A própria Princesa me convidou a vir aqui hoje.

– Deixem que ela entre – Ruby ordenou aos guardas e Anne os olhou com certo ar de superioridade quando passou. Um garotinho estava agarrado à sua mão e parecia deslumbrado com tudo o que estava vendo.

Ruby foi caminhando devagar até eles e Anne se virou para olhá-la.

– Você disse que eu devia vir e aqui estou.

Ruby assentiu.

– Eu falei com minha mãe e concordamos em fazer o que é certo. Ele vai ter o sobrenome de meu pai...

A princesa deu uma boa olhada no garoto. Sem dúvida, era filho de Anthony. O menino tinha os cabelos escuros e brilhantes como os da mãe, mas os olhos e nariz eram iguaizinhos aos de Anthony.

– Como é o nome dele?

– Joshua.

Joshua, ou Josh como a mãe costumava chamá-lo, agora olhava Ruby com interesse.

– Você mora aqui? – perguntou com sua vozinha infantil. Ruby logo se encantou pelo garoto.

– Moro sim – ela sorriu.

– Esta é sua irmã mais velha – disse Anne – Ruby.

– Então ela também é filha do papai?

– Sim. Ela é sua meia-irmã.

O garoto estava confuso e Ruby nem conseguia imaginar o que estaria se passando pela cabeça dele agora. Como era suposto que uma criança entendesse tudo o que estava acontecendo? A mãe queria explicar a situação, mas não sabia como fazê-lo.

– Você veio – Anita estava no alto da escada de entrada do castelo – Este é o garoto?

Anne assentiu e Anita observou o menino, chegando à conclusão de que era mesmo filho de Anthony. Ela e Ruby se entreolharam.

– Precisamos conversar – a ex-Rainha se voltou para Anne e depois olhou para Ruby – Talvez fosse melhor Ruby cuidar dele enquanto resolvemos tudo.

Anne assentiu e disse ao garoto que ficasse com Ruby.

– Voltarei logo – disse e foi atrás de Anita.

Ruby não soube o que fazer. Ela gostava de crianças, mas não sabia como lidar com o irmãozinho. Felizmente, o garoto gostara dela.

– Aquela moça era sua mãe? – perguntou se referindo a Anita.

– Sim.

– Mas por que temos mães diferentes?

– Ahn, bem... é que o nosso pai... como posso dizer? Bem, ele primeiro se casou com a minha mãe e depois conheceu a sua mãe e então...

– Ah, ele tinha duas namoradas...

Ruby não pôde deixar de rir.

– É, mais ou menos isso.

– Você é uma princesa, não é?

Ela assentiu.

– Que tal darmos uma volta pelo castelo? – Ruby sugeriu.

O menino ficou feliz por isso e agarrou a mão de Ruby. Ele falava o tempo todo e era muito inteligente para alguém que tinha apenas três anos. A Princesa mostrou todo o castelo a ele e teve que admitir que o meio-irmão era bem parecido com ela: Josh era muito curioso e não parava de fazer perguntas.

– O papai foi pro céu?

– Foi.

– Ele vai dormir pra sempre?

Ela assentiu.

– Por quê?

Ela achou que o garoto não entenderia se ela falasse sobre morte e também achou que Anne não gostaria disso, então tentou explicar de forma mais branda:

– Bem, o tempo dele neste mundo acabou. – disse – Agora ele está descansando.

– Ah... nunca mais vamos ver ele?

– Não, mas vamos nos lembrar dele, não é? E aposto que ele também vai pensar na gente...

– Ruby! Te procurei por toda parte... – o Capitão veio na direção deles – Anne está aqui? E este é o filho dela?

– É o Joshua, meu irmãozinho – ela disse e o garotinho riu. O olhar dele se demorou no gancho que Killian usava no lugar da mão e imediatamente Ruby mandou que o Capitão guardasse aquilo pra não assustar o garoto. Killian não ficou muito feliz, mas guardou o gancho num dos bolsos de seu casaco.

– Ele se parece mesmo com seu pai – o Capitão comentou.

– Esse é seu namorado? – Josh perguntou à Ruby e ela riu.

– É. Mas logo iremos nos casar.

– Você me convida pro casamento?

– É claro, meu bem. Agora você é parte da família...

– Já se apegou a ele ein? – o Capitão disse com um sorriso, enquanto observava Josh se afastar para observar o riacho.

– Sempre gostei de crianças. – ela também sorriu.

Anne veio até eles, Anita a observava de longe. Ao ver a mãe, Josh correu até ela.

– Mamãe, posso ficar com a Ruby hoje? – ele perguntou com os olhinhos brilhando.

– Temos que ir, querido. – a mãe brincou com os cabelos encaracolados do filho – Mas prometo que voltamos amanhã.

– Então vocês já resolveram tudo? - perguntou Ruby e Anne assentiu.

– Sua mãe não gosta muito da ideia, mas reconhece que Josh precisa de um lugar na família. Nos mudaremos amanhã.

– Vamos morar aqui? – um sorriso de felicidade se abriu no rosto do garotinho.

– Sim, mas primeiro precisamos fazer nossa mudança – disse Anne e depois se voltou para Ruby – Obrigada. Se não fosse você, talvez sua mãe nunca me escutasse.

– Não precisa agradecer, vocês são parte da família agora.

Ruby e o Capitão observaram enquanto Anne e Josh desapareciam ao longe. Ruby não ganhara apenas um irmão, mas também um amiguinho. O Capitão se perdeu em seus pensamentos e depois os compartilhou com Ruby.

– Sabe, você vai ser uma ótima mãe.

– Acha mesmo?

– É claro. Eu sempre soube.

E eles caminharam abraçados até o castelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Eu sei que poderia ter ficado melhor, mas eu escrevi meio correndo pra postar logo.
Acho que já devem ter percebido que algumas coisas eu coloco com intenção de voltar nelas depois. Como eu fiz ao mencionar a prisioneira do Capitão, já com intenção de ela aparecer mais tarde. E o mesmo eu fiz ao mencionar a Anne, já com intenção de fazer ela ser a tal amante do Rei.
Anne:http://www.fansshare.com/gallery/photos/459620/erin-cummings/?loadimage
Se encontrarem algum furo, me digam. Eu escrevo tanta coisa que às vezes me esqueço de alguns detalhes. Quem quiser entrar na história, é só dizer. Beijos e até a próxima



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