POV James

Três dias.
Três dias sem ver Luiza.
Três dias agonizando num hospital idiota.
Três dias pensando em como Luiza deve estar.
Três dias sem dormir.
Três dias sem ela.
Desde que a Luiza disse tudo aquilo, que queria terminar, que o amor da vida dela era o Michael e não eu, eu não consegui mais ficar quieto, dormir ou pensar em outra coisa a não ser em como ela deve estar agora.
Sim, por um momento pensei que ela era apenas uma vadia que tinha me usado, mas depois que Kendall disse que Michael provocou o acidente, eu sei que ela esta mentindo. Ela mentiu para me proteger, o pior de tudo é isso. E essa droga de hospital não me deu alta para que eu pudesse ir vê-la, abraça-la e dizer que eu, EU acabarei com a raça daquele desgraçado.
Elise, Logan, Carlos e Sophia vieram aqui me ver, até o pequeno Vitor.
Obviamente, eles já sabem de tudo o que aconteceu entre mim e Luiza.
O pior, o que me revolta ainda mais, é que eles, o novo casalzinho já apareceu na mídia. Quer dizer, Michael apareceu.
Eu estava vendo TV quando num programa o vi. Parece que ele vai estrelar um filme ou alo assim, e daí ele disse que ele e Luiza Bittencourt haviam voltado, estavam justos enfim. A entrevistadora perguntou de mim e ele disse que Luiza deve ter me usado para fazer ciúmes a ele, mas isso não importava. O importante é que eles se amavam e agora estavam juntos novamente.
A minha vontade era de destruir aquela televisão, mas de que adiantaria? Ele continuaria por ai. Não, eu tinha que acabar com ele. ELE.
Os médicos me disseram que hoje ainda me liberariam, e estou contando os minutos para que isso aconteça.
Quero mais que tudo ver Luiza, ver que ela esta bem e dizer o quanto a amo, e que sei que ela esta mentindo para me proteger. Afinal, Michael queria me matar, pelo que Kendall deu a entender. Mas ele não conseguiu.
Surpreendo-me quando uma enfermeira entra no quarto, remove os aparelhos de meu corpo e escreve algo na prancheta, me dando um papel logo em seguida.
– Esta livre Sr. Diamond – ela disse entregando-me o papel.
Respiro aliviado e meu coração se acelera.
Livre.
Agora posso ir vê-la.
Visto-me as pressas tirando a roupa horrível do hospital.
Pego um taxi e em poucos minutos estou em casa.
Kendall, Carlos e Logan jogam videogame enquanto a Sr Knight faz alguma coisa na cozinha.
– Já? Porque não nos ligou? Teríamos te buscado! – Logan disse parando o jogo.
– Não precisava. Estava só de observação lembram? Agora tenho que correr. – Falei subindo as pressas para o meu quarto tomando um banho rápido e vestindo a primeira roupa que vejo.
Penteio meus cabelos deixando-os jogados e passo meu perfume.
Desço novamente e apenas aceno para os meninos.
Nada me importa.
Nada exceto Luiza.
Recebo mensagem de Kendall assim que chego a porta do prédio.
“ James, o que você vai fazer? – K”
“ Estou indo ver a Luiza. Não tente me impedir – J”
“ Não vou te impedir. Só... se cuide – K”
“Obrigado mamãe ;) – J”
Kendall e suas preocupações.
Peguei um taxi e em minutos estou no prédio de Luiza. O porteiro já me conhece então permite que eu entre sem avisar Luiza.
Subo pelo elevador, meu coração aos saltos.
O sangue pulsa sob minhas veias acelerado de mais.
Suor escorre pelo meu rosto e a cada andar que passo sinto meu coração ainda mais acelerado.
Quando chego ao seu andar, nem mais sinto meu coração. Estou imóvel.
A respiração para, esqueço-me de como realizar este simples ato. Meus pés se movem automaticamente e antes que eu possa bater a porta, ouço um choro baixo.
Respiro fundo e aperto a campainha. Saio de frente da porta para que ela não veja-me pelo olho mágico. Ela da um grito de “já vai” e leva algum tempo para que ela abra a porta. Quando ela o faz, meu coração para de vez.
– Ja. Jam. James?! – ela gagueja.
– Luiza... – sussurro.
Seus olhos estão vermelhos, parece que ela chorou por horas.
Seu rosto todo esta vermelho, parece que a pouco levou tapas.
Seus braços não cobertos mostram-me hematomas profundos.
Seus lábios estão rachados.
Ela tem profundas olheiras, e está pálida.
– Vai embora! – ela diz e tenta fechar a porta, mas eu a seguro.
– Não, eu não vou.
– James, vai embora! – ela grita novamente – Eu já disse que acabou eu não quero mais vê-lo! – ela tenta empurrar mais a porta, mas não consegue.
– Eu não vou ir a lugar nenhum. Eu já descobri tudo Luiza! – quando eu digo isso ela alivia a porta e para.
– Você o que? – ela diz baixo.
Eu olho em seus olhos, e minha vontade é de abraça-la. Mas não o faço.
Seus olhos não me enganam, ela ainda me ama, assim como eu a amo.
– Eu sei que você terminou comigo para me proteger do Michael. – falo e ela engole em seco, deixando em seguida uma lagrima cair de seus olhos. – Você ainda me ama, você só esta tentando me proteger dele e eu sei Luiza. – Falo e não me contenho. Puxo-a para mim abraçando-a com todas as minhas forças. Ela retribui o abraço e a aperto ainda mais sobre mim. – Eu te amo Luiza, eu te amo muito. – sussurro em seus cabelos.
Quero beija-la, quero fazê-la minha novamente, mas ela de repente me solta.
– James, por favor, vá embora. Eu não quero que se machuque... – ela sussurra se afastando. Lagrimas caem de seus olhos sem que ela permita.
– Eu não vou ir embora Luiza. Olhe em meus olhos e diga para eu ir, só assim irei. – Falo sentindo meu coração se esmagar dentro de mim. Ela me fita com os olhos vermelhos e logo desaba a chorar. Seu choro é compulsivo.
Pego-a pelos braços e ela geme de dor.
– Lu, você esta machucada – digo e ela se encolhe. – O que ele tem feito a você? – pergunto mas ela se encolhe ainda mais.
Puxo-a junto a mim e coloco-a em meu colo, abraçando-a como a um bebe.
– James, ele vai voltar a qualquer momento... – ela diz baixinho.
– Se ele chegar eu vou acabar com ele. Luiza venha comigo. Vamos sair daqui. – peço, mas ela nega.
– James, eu não estou protegendo apenas você. Você não sabe do que Michael é capaz. Ele pode... Matar todos vocês. – ela diz secando as lagrimas. – Por favor, vá embora.
– Não. Não vou deixa-la sozinha. Nunca mais. Algumas pessoas riem, algumas pessoas choram, algumas pessoas vivem, algumas pessoas morrem, algumas pessoas lutam, algumas pessoas caem. Se você quer lutar, eu ficarei bem ao seu lado, e no dia que você cair, estarei atrás de você para juntar seus pedaços. Nem sempre é fácil, mas eu estarei aqui para sempre. Por que nós somos amantes, e eu sei que você acredita em mim, então olhe em meus olhos – peço e seguro seu rosto – Por que o Coração NUNCA mente.
– James... – ela sussurra meu nome e eu a beijo.
Não posso beija-la como eu queria, mas me contento com o que posso. Ela esta machucada. Muito machucada, eu posso ver.
Levanto-a em meus braços e a levo para o quarto. Deito-a sobre a cama e procuro alguns remédios ou pomadas para passar nela para os hematomas pararem. Mas nada encontro. Volto para a cozinha e reviro os armários em busca de qualquer coisa, mas nada também. Vou até o banheiro e enfim encontro uma caixinha com remédios e alguns cremes estranhos que imagino devam ser para dores e machucados.
Volto para o quarto e vejo-a sentada.
Puxo sua camiseta para cima, deixando-a apenas com o sutiã. Seus seios e barriga também estão machucados.
– Ele te bate não é Luiza. – afirmo e ela assentiu.
Começo a passar a pomada que encontrei pelos seus braços e ela fecha os olhos fazendo careta.
– Dói? – pergunto e ela apenas meche a cabeça afirmando. – Vai passar minha princesa. Não vou mais deixa-lo te machucar. – digo passando ainda mais pomada pelo braço dela, deixando uma camada grossa do produto.
Depois de passar pelos dois braços começo a passar pelo seu pescoço e vou descendo pelo seu abdômen. Ela mantém os olhos fechados, e em alguns pontos ela geme de dor. Seu rosto se contorce quanto eu encosto em seus seios e ela me olha alarmada.
– Ele... – seus olhos demonstram pavor e entendo o que ela esta sentindo.
Ele a violentou sexualmente.
Quando minha mente processa essa informação, meu sangue ferve em minhas veias. Tenho vontade de soca-lo até a morte, tortura-lo, pois é isso que ele tem feito com a minha Luiza.
Passo a pomada levemente pelos seios dela enquanto ela me olha deixando lagrimas caírem de seus olhos. Continuo passando o remédio pelo seu corpo e acabo quando chego a seus pés. Viro-a um pouco de costas e passo ali também, pois ela aparentemente foi empurrada e possui uma marca horrível nas costas.
Deito-a novamente para cima e dou a ela alguns comprimidos para dor e anti-inflamatórios.
Sento-me ao seu lado e coloco sua cabeça em meu colo.
Começo a acariciar seus cabelos e a cantar uma musica lenta e calma para que ela durma.
Ela aos poucos para de chorar e seu corpo relaxa. Ela começa a fechar os olhos, e antes de se entregar ao sono, ela me olha.
Seus olhos estão calmos, a cor deles esta dominantemente brilhosa. Ela esta calma.
– Eu te amo James, apenas você. – ela diz e aperta minha mão que ela já segurava e entra no sono.
Minha princesa estava machucada, agora dorme tranquila.
Fico com ela por um longo tempo, ate que sinto sede.
Cuidadosamente coloco-a na cama e a arrumo, cobrindo seu corpo agora que sua pele já sugou grande parte da grossa camada de pomada que apliquei.
Levanto-me e guardo aqueles remédios e pomadas novamente no lugar.
Lavo meu rosto no banheiro e vou até a cozinha.
Abro a geladeira e pego um pouco do suco de laranja que estava ali. Depois de um longo copo, sirvo-me de mais um e após acaba-lo encho-o novamente e levo para o quarto para dar a Luiza quando ela acordar.
Mas quando chego a porta do quarto, Luiza esta acordada.
Sua cabeça no colo de Michael.
Ele esta acariciando o cabelo dela como eu estivera fazendo a poucos minutos.
Os olhos de Luiza demonstram dor novamente. E o copo que eu segurava cai de minha mão.
– Oi James. É sempre um prazer revê-lo. – Michael diz e eu engulo em seco.
– James... – Luiza sibila inaudivelmente. Então percebo que Michael está segurando um de seus pulsos, prendo-lhe a circulação.
– Solta a Luiza AGORA! – eu grito, mas ele não se meche.
– E se eu não soltar, o que você vai fazer? – ele me pergunta apertando ainda mais o braço dela, posso ver pela cara de dor que ela faz.
– Eu te mato! – eu digo entre dentes e antes mesmo que minha mente processe meus atos eu já estou em cima dele.
Luiza solta um grito enquanto eu caio por cima dele, esmurrando seu rosto com toda a força que tenho. Ele tenta me segurar, mas eu não deixo. Continuo o esmurrando até que ele consegue me acertar uma joelhada.
Ele rola para cima de mim e começa a me socar o rosto.
– Quem você pensa que é, o playboyzinho da Big Time? O Príncipe encantado da Luiza? Vamos ver até aonde você aguenta valentão. – ele diz me socando ainda mais.
Uso toda a minha força para joga-lo de cima de mim e então consigo voltar a ficar sob ele e a soca-lo ainda mais.
– Pare James, por favor, pare! – Luiza grita apavorada quando Michael já começa a mostrar inconsciência.
Eu paro e me levanto.
– James... – Luiza corre e me abraça. Eu retribuo sujando-a com o sangue que escorre de meu rosto e nariz.
– Vadia! – Michael grita e antes que eu possa reagir ele a puxa pelo cabelo soltando-a de mim.
Ele passa a mão pelo rosto e me encara.
– Você – ele aponta e eu concentro toda minha força no meu punho esquerdo e o soco na cara. Ele volta a querer me socar, mas eu o soco primeiro. Antes de eu dar meu terceiro soco nele, Luiza entra no meio de nós dois e grita um “parem”, mas Michael a puxa pelo cabelo e a arremessa fazendo-a bater com a nuca na quina da cama. Instantaneamente Luiza desmaia e sangue começa a sair de sua cabeça.
– Seu idiota! – eu grito e pulo nele, mas quando chego perto sinto uma dor instantânea no abdômen. Ele me soca ali e em seguida tapa minha boca com um pano.
Vejo Luiza caída e a observo sangrar antes de eu perder totalmente a consciência.