P.O.V Elise

Logan estava quieto, sem expressão. Olhava através do vidro ao longe. Fazia algum tempo que estávamos no carro, parados.

Eu podia sentir a tensão em que Logan se encontrava. Meu coração batia acelerado no peito, e por mais que eu tentasse, eu não conseguia controlar as lágrimas que caiam por meu rosto. Elas escorriam sem minha autorização, mas eu podia sentir que meu colo já estava molhado por elas. A decisão era difícil e eu não iria tomá-la agora, mas, pareceu-me certo falar a Logan sobre isso.

Mas pelo visto, ele não entendeu como eu achei que entenderia.

Seus dedos batiam no volante e a mandíbula estava travada. Ele não olhava para mim. Seus olhos estavam focados em alguma coisa, pensativos.

Sequei algumas lágrimas que caiam e tomei coragem. Levei minha mão a sua e apertei-a de modo fraco, mas era a força que eu tinha.

Ele virou seus olhos encontrando os meus.

Não havia palavras para descrever aquele momento, apenas o silêncio parecia falar por nós dois. Ele ficou olhando-me seus olhos presos aos meus e sua mão abaixo da minha. Seus olhos demonstravam angustia, dor e sofrimento, coisas que eu detestava ver neles. Logan piscou e abaixou a cabeça. Eu sabia que aquilo era como um: 'esta tudo bem, vá em frente' mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ele queria dizer: 'não faça isso, fique comigo'. Logan estava me permitindo escolher, e esta escolha estava me machucando. Fechei meus olhos fortemente, querendo que tudo aquilo passasse, mas isso não ocorreu. Quando abri meus olhos novamente, Logan olhava para frente com o semblante intacto. Eu sei que ele precisava pensar, assim como eu precisava de um tempo para me decidir. Coloquei a mão na maçaneta do carro, girando-a para abrir a porta. Assim que ela abriu, eu levantei-me e sai.

Meus olhos estavam cheios d'água, e por um instante pensei não ser capaz de chegar até o apartamento.

Fechei a porta e comecei a andar, a visão embaçada.

Meu coração estava em pedaços, e o sangue parecia pulsar sob minhas veias.

Mas, então eu me virei ao ouvir sua voz me chamar.

- Elise! Espera! - ele corria em minha direção diminuindo a cada passo a distancia entre nós.

- Logan... - falei em um sussurro quase inaudível.

- Elise, eu te amo, eu te amo mais que tudo e não quero te perder! - ele disse assim que chegou ao meu lado e me abraçou apertado. Enrosquei meus braços em sua volta e escondi meu rosto em seu pescoço, deixando as lágrimas caírem ali. - Eu sei que é difícil para você, mas, eu te amo, eu não sei o que eu faria sem você.

- Logan...

- Não diga nada Liz, não diga. - ele se afastou e olhou em meus olhos. Seus olhos estavam vermelhos e molhados. Ele pousou sua mão em minha mandíbula e me beijou.

Eu não sabia o que pensar, na verdade acho que parei de pensar naquele instante.

- Eu faço qualquer coisa para vê-la feliz meu anjo, e se você realmente for, daremos um jeito de fazermos isso dar certo. - ele disse.

- Eu te amo Logan. Eu te amo muito e não sei se sou capaz de deixa-lo. - falei fitando-o.

- Eu nunca deixarei de te amar, Elise. - ele falou antes de pousar seus lábios novamente nos meus.

P.O.V Sofia

Carlos estava sendo um fofo comigo. Ele ficou horas aqui, ao meu lado. Nós conversamos e resolvemos dar uma chance a 'nós'. Eu sei, parece bobo, mas Carlos realmente faz-me sentir bem. De um modo estranho, fez parecer uma adolescente de dezeseis anos, que estava encontrando pela primeira vez, o amor. O tempo com ele fazia o passado ser esquecido, como que apagado repentinamente.

- Sofia... - Carlos chamou-me num sussurro.

- Que foi Los? - Perguntei. Ele segurava seu celular na mão, o semblante assustado.

- James... - ele disse baixo.

- O que tem o James? - perguntei sentindo o coração se apertar no peito.

- Um carro o atropelou quando ele chegava ao apartamento da Lu, ele foi levado inconsciente pro hospital.

- Esta brincando não é? - James não podia ter se acidentado, também.

- Não, é serio Sofia. Preciso ir pro Hospital! - Carlos levantou num pulo.

- Eu vou junto. Posso ser útil em algo lá. Só um instante. - Falei e corri até meu quarto peguei uma bolsa e troquei rapidamente minha roupa.

- Sofia, você é um anjo! - Carlos disse assim que me viu, sem mais nem menos. Senti minhas bochechas corarem.

Ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Senti meu coração pular uma batida, mas não era de medo, mas sim de alegria.

P.O.V Kendall

Luiza permaneceu quieta durante todo o trajeto até o hospital. Parecia estar preocupada com algo, possivelmente pelo fato de Michael ter provocado aquele atropelamento.

Instintivamente segurei sua mão e levemente a apertei.

Luiza olhou para mim e eu vi uma lagrima cair de seus olhos.

Com a mão livre ela secou o rosto antes de olhar novamente para mim.

- Kendall, se você tivesse que deixar a Renata para mante-la em segurança, você o faria? - Seus olhos demonstravam uma tristeza profunda, incomparável. Porem, eu pude notar um toque de medo em sua voz. A pergunta era meio estranha, ainda mais vinda de Luiza, mas eu sei que, se fosse necessário, eu faria isso.

- Sim. - Respondi olhando-a.

- E você acha que ela entenderia, mesmo que você não dissesse o motivo de estar terminando? - A voz de Luiza estava ficando cada vez mais fraca.

- Acho que ela não entenderia no começo, e não acho que eu mesmo seria capaz de realizar tal ato, mas se ela descobrisse o motivo, talvez um dia entende se. - Falei e pausei brevemente entendendo o motivo das perguntas. - Você foi ameaçada não foi Luiza? - Soltei e ela se assustou.

- Eu não quero fazer o James sofrer, mas eu não tenho escolha Kendall. Se eu não terminar com ele, temo o que Michael pode fazer... - Novas lagrimas caíram de seu rosto.

- James não vai aceitar isso, tenha certeza. - Falei.

- Eu sei, isso só vai fazer as coisas ficarem ainda mais difíceis do que já estão. Não posso colocar a vida dele em risco por minha causa. Prefiro vê-lo bravo agora a... - ela deixou as palavras no ar.

- Lu, nós daremos um jeito nisso, e este pesadelo vai acabar em breve. - Falei apertando sua mão.

- Mas será que James vai me perdoar quando isso acabar? - Ela perguntou num fio de voz.

- Espero que sim. - foi só o que pude dizer.

Chegamos ao hospital e logo Dr. David apareceu, parecia aguardar-nos.

- Sr Knight, Srta. Bittencourt, que bom vê-los. Bom, presumo que querem saber de James. - Ele disse sorrindo. Nós assentimos. - O Sr Diamond esta bem, esta descansando. O grande impacto do atropelamento o assustou apenas, e na queda, a cabeça teve uma leve contusão, mas nada de mais. Ele esta dormindo agora, pois demos alguns remédios a ele para a dor. Mas, podem esperar ele acordar. -  Suspirei aliviado e notei que Luiza também.

- Eu poderia ver a Renata? - Perguntei. O medico assentiu. - Lu, você espera um pouco? - Perguntei e ela deu um mínimo sorriso assentindo.

Caminhei pelos corredores conhecidos até o quarto da minha boneca.

Ela estava intacta, assim como eu a vira ontem. Daniela estava num canto meio afastado, com o semblante cansado.

- Oi Dani. - falei - Quer ir para casa? Descansar um pouco?

-  Você vai ficar com ela? Por favor, Kendall não a deixe sozinha.

- Julia apareceu de novo? - perguntei já serrando o punho.

- Não, mas temo que ela apareça e faça algo a Re. Se isso acontecer, eu não sei o que eu faço com ela. - Daniela se levantou e antes de sair deu um beijo na testa de Renata. - Até mais Kendall. - Falou e saiu.

Sentei-me ao lado de Renata e tomei sua mão na minha. Contei a ela sobre tudo o que estava ocorrendo e o quanto eu queria que ela estivesse ali ao meu lado para me orientar, mas acima de tudo o quanto eu queria que ela estive-se viva.

P.O.V Luiza

Fiquei durante horas naquele saguão pensando em como falar com James. Meu coração sangrava, mas eu não tinha mais escolhas. James não aceitaria isso, eu tinha certeza, mas o que eu posso fazer? Continuar com ele e vê-lo sofrer nas mãos de Michael? Vê-lo novamente no hospital por minha causa ou até mesmo morto? Não.

 O amor é mais do que isso. Amar não é simplesmente ficar com uma pessoa, abraça-la ou beija-la. Amar é dedicar-se a outra pessoa, ajuda-la quando necessário, fazer sacrifícios se for preciso. Amar é abrir mão da sua própria felicidade para que a outra pessoa seja feliz ou pelo menos, não sofra.

James provavelmente nunca irá entender os motivos pelo qual eu irei terminar, mas eu sei que por ele eu faço qualquer coisa.

Respirei mais uma vez.  O ar do hospital era estranho, mas eu necessitava de me acalmar.

Uma enfermeira apareceu e disse que James havia acordado e queria me ver. Meu coração batia apertado no peito e eu limpei varias vezes a garganta com medo de a voz não sair.

Abri a porta do quarto e entrei. James estava distraído mas quando me viu, abriu um lindo sorriso.

- Lu, você esta aqui! – disse feliz.

- Estou sim James. – falei com a voz baixa.

James parou de sorrir e me olhou meio confuso. Meu coração se apertou no peito. Eu tinha que tomar coragem para isso, mas ela pareceu sumir.

- O que houve Luiza? Esta tudo bem? – Ele disse me fitando.

Inspirei e expirei o ar.

- Não James, não esta tudo bem. – Falei e olhei na janela. Eu já podia sentir as lagrimas chegarem aos meus olhos, mas eu poderia chorar, não agora.

- O que esta acontecendo meu amor? – ele perguntou aflito.

- Não me chame de meu amor. – soltei e tentei ao Maximo parecer ríspida. – Eu quero terminar James, aquele contrato será anulado. Não precisamos mais fingir que nos amamos. – soltei como uma faca em meu próprio coração.

- O que? Como assim? Lu, o que você esta dizendo? – perguntou-me ele.

- É isso que você esta ouvindo. ACABOU! Não estou sendo claro o bastante? Terei que desenhar James? – minha voz estava embargada pelas lagrimas, mas eu me esforçava para não demonstrar nada a ele. Ele teria que acreditar que estava tudo acabado.

James ficou em silencio.

-E quanto ao amor? E nossas promessas? E o nós ‘juntos até o fim’? – James soltou de repende assustando-me.

- Nunca existiu amor James. Eu apenas cumpria um contrato estúpido. Eu sempre amei apenas um homem, e o nome dele é Michael! Você foi tão tolo, acreditou mesmo que eu me apaixonaria por alguém como você?  - Menti. Meu coração transbordava em dor, mas eu mentia.

- Não acredito no que você diz! Michael não te amava e você terminou com ele! Você mesma disse! – A voz de James estava alterada.

- Sim, ele não me amava, mas eu o amava e continuo o amando. Eu quase o matei por ele me trair. Mas agora, ficaremos juntos em fim! – falei não escutando a minha própria voz.

James parou. Em choque.

A máquina cardíaca que estava ligada a ele apitava freneticamente.

- Então se tudo o que tivemos foi mentira, olhe nos meus olhos e repita isso! – James disse num grito. Eu o fitei por um longo instante, mas essas palavras não podiam sair de minha boca. Eu não conseguiria. Eu poderia mentir o quanto fosse, mas não desta forma.

A minha vontade era de simplesmente dizer que era tudo mentira, que eu o amava, e estava sendo ameaçada. Meu corpo pedia o corpo de James. Eu queria seu abraço, seus lábios nos meus. Mas eu não podia coloca-lo em risco novamente. Eu tinha que mentir. Eu o olhei novamente, e peguei minha bolsa e apenas soltei:

- Eu não preciso provar nada a você! – e então girando os calcanhares, eu saí do quarto sem olhar para trás. Mas assim que a porta se fechou atrás de mim, as lagrimas que caíram de meus olhos foram incontáveis.