Havia se passado alguns minutos até que todos voltassem da paralisia. Edward não disse mais nada. Nem sobre o nome desconhecido que pronunciou. Nenhum dos Cullen pareceu conhecer aquele nome a não ser Edward.

- Quem é essa? - Emmett falou pela primeira vez, desde que entramos na sala.

- É uma vampira que conheci na Inglaterra quando estava de passagem por lá. - Respondeu Edward. - Ela foi transformada muito jovem, e descobriu seu talento há apenas alguns anos mas é capaz de nos ajudar.

- E qual seria este talento? - Jasper perguntou.

- É exatamente o que precisamos. Alguém que pode apagar mentes ou partes dela. Se ela nos ajudar com isso, talvez possamos salvar o pai de Bella - Edward estava tão esperançoso quanto eu.

- Mas acha que ela viria? - Foi a minha vez de perguntar.

- Sim, ela mostrou grande simpatia quando nos conhecemos. - Disse Edward.

- Ela vai ter que ser rápida. Ou os Volturi vão quere-la na Guarda. - Disse Carlisle.

- Volturi? - Perguntei confusa.

- Sim, é o nome de toda a família de Aro - Respondeu Carlisle.

- Mas... - Eu tinha uma dúvida - Ela não é como nós, não é? Essa Bree não é vegetariana.

- Não, mas tenho certeza de que a cidade vai estar segura, ela pode se controlar se quiser. Não se preocupe. - Me acalmou.

      Depois de muito tempo, resolvemos que era hora de chamarmos essa Bree para nos ajudar o quanto antes. Edward disse que era o único que saberia onde encontra-la e que ele deveria ir. Ele disse que Bree é uma nômade e viaja por toda Inglaterra. Deveríamos rastreá-la logo, só tínhamos alguns dias.

      Discuti com Edward que eu deveria ir. Ele não queria me levar, dizendo que poderia ser perigoso. Eu disse que era a minha vida e a do meu pai que estava em risco, e por isso eu devia ir sim. Ele não conseguiu persuadir comigo, então estava decidido que eu também viajaria. Havia apenas um problema. Charlie. Alguém tinha de vigia-lo quando voltasse da viagem de pesca.

- Eu vou vigia-lo - Disse Alice - Vou ficar atenta a cada um que chegar na cidade e ficar de olho em seu futuro. Pode ir em paz, Bella, ele vai ficar bem. - Depois ela me abraçou e me deu um beijo no rosto. Fitei aquele rosto miúdo de fada e percebi que já considerava Alice como uma verdadeira amiga. Eu esperava poder viver para aproveitar essa amizade.

      Edward me acompanhou até minha casa para eu arrumar roupas de viagem, passaporte e outros documentos. Alice fazia questão de me emprestar roupas dela e que seriam mais resistentes a corridas, mas quando eu olhei em seu closet, decidi que as minhas prestavam muito bem.

      Ao chegar em frente a minha casa, Edward paralisou ao volante e me olhou com pavor. Droga, o que é dessa vez? E se os Volturi já tivessem chegado? Eu entrei em pânico. Pensei que Edward estava querendo me torturar com a dúvida até que disse:

- Seu pai chegou mais cedo. - Disse vagamente.

- E agora? - Ele pediria uma boa explicação para eu poder viajar.

- Acho que está na hora de nos apresentarmos formalmente. - Disse num sorriso falso.

      Entrei em casa trazendo Edward pela mão. Charlie estava sentado na mesa de jantar lendo um jornal e comendo alguns biscoitos. Decidi ser direta.

- Pai... - Ele pulou na cadeira. Eu tinha desenvolvido uma mania de ser muito silenciosa desde que me tornei vampira.

- Oh! Ah, Bells, que susto. - Disse ele pondo a mão no coração. E então ele me olhou de frente e viu que eu estava acompanhada. - Ora, é ele então.

- Sim. - Não consegui bolar uma resposta melhor.

- Chefe Swan, permita-me me apresentar. Sou Edward Cullen - Ele estava sendo formal.

      Charlie levou um tempo para reconhecer o sobrenome e então ficou totalmente branco como cera. Ele estava sem conseguir respirar e eu o levei para a sala e o sentei na poltrona.

- Calma, pai. Respire! - Tentei acalma-lo, mas ele fuzilava Edward com os olhos que eu mesma fiquei com medo de qualquer reação sua. Ele finalmente falou:

- A família Cullen é... - Ele não conseguiu terminar, apontando o indicador trêmulo para Edward.

- Sim - Edward respondeu por mim.

- Mas... Eu teria percebido! - Ele quase gritou.

- Não acho, pai. - Tentei argumentar. - Você estava tão vago quanto à mim sendo quem sou, acho que não notaria algo de errado com os Cullen.

- Bom, de qualquer forma - Edward mudou de assunto, estendendo a mão para Charlie - É um prazer conhecer o senhor. Espero que não se importe com nada disto. - Sorriu.

     Charlie ficou olhando a mão de Edward estendida e pensou por alguns momentos. Por fim, se levantou da poltrona e apertou a mão de Edward.

- O prazer é meu, Edward - Falou numa voz mais grossa do que a que costuma usar. A voz de um policial. Decidi levantar logo o assunto.

- Ham, pai?

- Que foi, Bella? - Me olhou com inocência.

- Hmm, bom, Edward estava planejando uma viajem com os irmãos, e...

- E eu pensei que Bella poderia nos acompanhar, - Edward me interrompeu - ela é praticamente da família agora. - Ele disse num tom de diversão e satisfação. Repeti a última frase na minha cabeça: 'Ela é praticamente da família...'

'Da família...'

      Foi então que percebi, eu estava com Edward agora. Eu havia entrado para a família dos Cullen sem nem perceber ou pedir. Fui muito bem recebida na família sem nem mesmo dar nenhuma explicação. Edward tinha muita sorte de estar em uma família assim. E eu também.

- Viajar? - Voltei meus pensamentos de volta para a sala quando Charlie finalmente falou.

- Sim, mas não vamos nos demorar a voltar. Ela chegará sã e salva em poucos dias. - Respondeu Edward. Percebi que ele não deu um prazo exato. Nós não sabíamos quando acharíamos Bree.

- Pra onde? - Essa pergunta foi pra mim. Charlie me olhava com medo.

- Hmm, Londres - Falei com simplicidade, com um sorriso tímido.

- Londres! - Charlie se espantou. - O que vão fazer em Londres?

- Passear, é claro - Edward respondeu na minha frente - Bella me disse que gostaria de conhecer. - Era verdade. Em uma de nossas conversas para nos conhecer, eu havia comentado que gostaria de conhecer Londres.

- Você quer mesmo, Bella? - Charlie perguntou desconfiado.

- Quero, claro - Falei com entusiasmo - Dizem que é uma cidade muito bonita.

- Ah, e é. Eu já estive por lá, não vou deixar que ela se perca. - Edward garantiu.

- Bom, então... Tudo bem, eu não vejo problemas com isso. - Charlie finalmente concordou.

- Serio? - A esperança tomou conta de mim - Ah, obrigada pai! - E sem pensar, me aproximei com cuidado e lhe dei um leve abraço. Ele se espantou, nós não tínhamos esse tipo de afeto, mas meu medo de perde-lo não me deixava, e eu não sabia quanto tempo poderíamos ter juntos.

- Ah,  que isso, Bells - Disse ele surpreso - Divirta-se por lá.

- Aham, vou sim! - Se eu pudesse, estaria chorando. - Bom então vou até meu quarto para arrumar minhas coisas.

- Vocês vão hoje? - Perguntou Charlie. Opa. Abri minha boca para responder, mas Edward já tinha uma resposta formulada.

- Não, vamos amanhã, mas achei que Bella pudesse ficar na minha casa esta noite. - Charlie fez cara feia e Edward se apressou - Eu o respeito tanto quanto Bella, senhor, e lhe garanto que não vamos quebrar nenhuma regra sua. Sei que Bella ainda é jovem para isso. E minha família estará lá também, não se preocupe.

      Charlie se calou e assentiu com a cabeça. Eu voei para o meu quarto e Edward veio comigo, deixando Charlie assistindo algum jogo na TV.

      Quando cheguei em meu quarto, saí pegando uma das malas que usei para me mudar da casa de minha mãe e deixei-a aberta em cima da cama. Edward apenas ficou me observando sentado na cadeira de balanço de quando eu era bebê, olhando eu voando pelo quarto, pegando todo tipo de roupa que eu precisaria para uma expedição de busca. Quando acabei, ele se levantou e descemos em passos humanos até a sala.

- Estou pronta, pai. - Falei.

- Ah, sim.  - Disse vindo se despedir com um outro abraço, só que um pouco mais distante. - Boa viagem, filha.

- Obrigada.

- Voltaremos logo, senhor - Disse Edward atrás de mim. - Vou tomar conta dela. - Prometeu.

- Tudo bem. - Eles trocaram um olhar que eu não intendi.

      Saímos de casa quando uma tempestade começava a se formar e voamos para o carro, guardando minha bagagem no porta-malas e entrando no carro rapidamente. Seguimos sempre em alta velocidade pelas estradas de Forks até a casa do Cullen novamente. Fomos recebidos por Alice.

- Vou montar guarda em frente a sua casa, Bella - Disse ela - ninguém vai chegar perto do seu pai sem que eu veja.

- Obrigada, Alice. - Respondi.

      Segui Edward até seu quarto, onde ele também arrumou suas coisas velozmente pelo quarto. Quando acabou - com apenas uma mala como eu - nós dois descemos enquanto Esme falava ao telefone. Tentei escutar a conversa. Ela estava falando com algum funcionário do aeroporto de Seattle, para reservar uma passagem de última hora para o próximo voo para Nova York. Quando chegamos na sala, ela havia acabado de desligar.

- Tudo pronto para o voo de vocês. - Disse ela - Vocês partem em duas horas.

- Certo. - Disse Edward.

     Ele me levou de volta ao carro e guardou sua bagagem junto com a minha. Estava começando a chover. Nos despedimos da família e entramos no Volvo, voando pelas estrada que ligam Forks à Seattle de baixo da chuva que começava a engrossar.