Fomos andando em alta velocidade pelas estradas e ele entrou em uma curva em que não havia placa ou sinal de sua existência ali.

– Você mora longe assim? - Eu estava começando a ficar curiosa. Ele riu.

– Já estamos chegando. - Respondeu com um sorriso.

Depois de andar mais alguns quilômetros, vi uma casa que eu nunca imaginaria poder existir, principalmente naquele lugar. Mas ao chegar perto do quintal, a grama estava devidamente aparada e muito verde. Ao lado do gramado, uma casa de três andares se projetava no chão, com suas paredes brancas e detalhes de madeira. Muito moderno.

– Nossa! - Suspirei.

– Gosta? - Disse Edward.

– É linda. - Eu disse e ele sorriu pra mim.

– Vamos entrando. - Pegou em minha mão e me levou para dentro, passando pelas escadas de madeira e abrindo uma das portas duplas de vidro. - Bem-vinda. - Disse ele, mas eu não pude responder, estava admirando aquela casa que, sendo uma residência apenas para vampiros, não era nada do que eu esperava.

As paredes antes de concreto, agora eram puramente de vidro, uma casa bem aberta, clara e linda. Com quadros espalhados nas poucas paredes normais que haviam nos fundos do aposento.

– Onde estão todos? - Perguntou Edward retoricamente. Não demorou muito e vi Alice descendo - ou flutuando como uma bailarina - pelas escadas e parando de frente pra mim.

– Eles foram caçar. Fiquei porque sabia que vocês vinham. - Ela sorriu pra mim - Olá, Bella. - E inesperadamente, deu um passo a frente e me abraço como uma velha amiga.

Olhei para a baixinha e não consegui deixar de sorrir também. Eu nunca havia falado com ela, só havia visto na escola, o que me lembra...

– Ah, oi. Você não foi pra faculdade? - Ela havia se formada comigo, não tinha?

– Ah, eu preferi ficar. Posso fazer depois, afinal temos uma eternidade para isso. - Depois soltou uma risadinha musical e adorável. - Bem, fique a vontade. Edward, mostre a casa à ela.

– Claro - Concordou com um enorme sorriso. - Vamos. - E me levou novamente puxando minha mão.

Ele foi me levando a todas as partes da casa, e a cada cômodo que visitávamos, eu ficava mais impressionada com a mistura de simplicidade e modernidade em cada detalhe e enfeite da casa. O último cômodo que ele me mostrou, foi seu quarto, que ficava no terceiro andar e no fundo tinha uma enorme janela de vidro, aberta para a floresta.

– Já conheceu esse lado da cidade? - Perguntou, apontando para as árvores.

– Não. É aqui que vocês caçam? - Perguntei, lembrando de Alice nos informando de que todos haviam saído para caçar.

– É, bem, tentamos expandir os locais. E também gostamos de variar as espécies de animais que caçamos.

– Variar? Quais por exemplo? - Me interessei. Poderia ser mais uma dica pra mim.

– Ah, você já sabe sobre os alces e servos. Mas as vezes queremos algo para nos divertir. Como ursos ou leões da montanha. - Eu nunca havia pensado nisso. Ursos, leões da montanha... Animais selvagens e que lutariam mais pela sua vida do que um servo.

– Divertir? - Perguntei, ainda pensando em como.

– Bom, nós nunca temos muita coisa de interessante para fazer com toda nossa força, então, antes de nos alimentarmos com eles, nós deixamos que eles lutem até que fiquem cansados e ai os matamos. - Sorriu.

Eu poderia estar sorrindo também, mas isso me lembrou da noite em que ele também se "divertiu" comigo antes de tudo. Ele percebeu.

– Bella, eu juro, eu nunca me arrependi tanto, em minha existência. Sei que eu nunca vou merecer seu perdão por isso. Você não me deve nada, pode ficar a vontade para me deixar quando achar que foi de mais, ou...

– Shh - O silenciei, pondo a mão em seu rosto - Eu já disse que te perdoo. Pare de se culpar!

– Mas o que eu fiz com você... - Ele soltou um gemido de dor e repulsa que eu imediatamente não suportei e o envolvi em meus braços com toda a força que pude. Mas ele pareceu não respirar - Ai. - Disse e eu o soltei.

– O que foi? - Perguntei, o olhando para ver se tinha machucado alguma coisa.

– Bem, você é muito jovem, e por isso mais forte que eu. Mas o força diminui com mais ou menos depois de um ano. - Então eu era mais forte que ele... Sorri com isso. Só agora eu havia percebido, que eu nunca fui mais forte que ninguém do meu tamanho.

– Interessante - Sorri outra vez.

Ele também sorriu e inclinou o pescoço para baixo e eu me levantei na ponta dos pés e toquei meus lábios nos seus. Primeiro carinhosamente. Mas depois ele aprofundou o beijo e foi ficando difícil respirar. Não que nós precisássemos de ar, mas ficou um pouco sufocante. Então ele nos sentou no largo e espaçoso sofá preto no canto do quarto e eu agarrei em seus cabelos, não querendo solta-lo, aproveitando que era mais forte. Então ele soltou um sorriso suspirado.

– Venha, vamos conhecer o resto de minha família - Ele se levantou e pegou em minha mão esquerda e enquanto andava ao meu lado, acariciava a parte inferior do meu pulso.

Quando estávamos descendo as escadas, ouvi a porta sedo aberta e cinco pares de pés entrando para a cozinha na porta dos fundos. Quando chegamos, fui recebida por um abraço inesperado de uma mulher linda com os cabelos cor de mel e o rosto em forma de coração.

– Bella - Disse ela - Seja bem-vinda, querida.

– Obrigada - Falei, tímida.

– Bella - Disse Edward - Essa é minha... mãe, Esme.

– Ah, muito prazer. - Sorri.

– O prazer é nosso de recebe-la em nossa casa, Bella - Um homem lindo, louro e com expressão madura que me recebeu com um largo e gentil sorriso. Reconheci o Dr. Cullen.

– Então... Vocês todos já sabiam sobre mim? - E sabiam do que já passei por Edward?

– Ah, sim - Esme respondeu - Ele nos contou essa manhã. Disse que te conheceu há uns dias atrás, enquanto caçavam. Ele disse que te achou uma caçadora muito graciosa. - Olhei para Edward e ele me deu um sorriso enorme e olhou para Esme.

– Ah, não me envergonhe assim, mãe... - Riu. Esme olhou para ele com um suspiro de alívio e admiração. - Bom deixa eu te apresentar meus irmãos. - Continuou ele - Este é Jasper.

Ele me apontou à mais um vampiro louro, um pouco mais alto que Carlisle, com a expressão um pouco dura e lindo.

– É bom te conhecer, Bella - Me cumprimentou num tom formal.

– Igualmente - Respondi no mesmo tom.

– Meu outro irmão, Emmett - Continuou Edward. Ele me apresentou a outro vampiro, só que moreno, o cabelo escuro bem curto e extremamente musculoso, e meu instinto protetor foi ligado em alguma parte dentro de mim, em alerta para perigo.

– Olá, Bellinha - Ele, como Esme e Alice, me puxou para um abraço que retribuí de bom grado. - Finalmente alguém para implicar com o Edward quando eu estiver ocupado. - Ele riu. Eu apenas sorri.

– Emmett - Edward o repreendeu. Emmett não ligou, então Edward me apresentou para a última Cullen da casa - Esta é Rosalie.

Quando à olhei com mais atenção, quase caí para trás. Ela era impossivelmente e maravilhosamente linda. Desde os cabelos louros e ondulados até o meio das costas, até suas pernas que mesmo sob os jeans, eram perfeitas. Estendi minha mão para cumprimenta-la.

– Oi. - Falei tímida. Eu não recebi nenhuma resposta, ela apenas apertou minha mão e manteve uma pequena distância. Relevei. Eu nunca fui do tipo que espera que todos gostem de mim, e se ela foi essa exceção na família de Edward, tudo bem.

– Espero que tenha gostado da casa. - Disse Carlisle.

– Ah, e gostei. - Eu disse com simpatia. - Ela é linda. Linda mesmo. - Esme riu.

– Obrigada, querida. - Disse ela. - Já mostrou a floresta pra ela, Edward?

– Não, nós estávamos indo para lá quando vocês chegaram. - Respondeu ele.

– Ora, então não se incomodem conosco, podem ir. - Disse ela, nos empurrando para a porta dos fundos. Paramos na soleira da porta e dei uma última olhada para todos aqueles vampiros, tão esforçados em fazer o bem.

Edward segurou em minha mão e me levou para o quintal atrás da casa. Logo ali, corria um largo e expeço rio.

– Vamos - Disse Edward. Ele largou minha mão e começou a correr em direção ao rio. Fui atrás dele e cheguei bem a tempo de saltarmos sobre o rio juntos.

Pousamos no gramado verde e úmido da vasta floresta, praticamente logo ao lado da casa. Ele passou a mão por trás das minhas costas e segurou em minha cintura e fomos andando. Sem pressa. Apenas olhando e admirando a floresta. Era um lugar bonito de certa maneira. Muito verde e cheio de animais, pelo que pude ouvir e sentir pelos cheiros.

Edward foi andando ao meu lado, contando mais de sua vida, seus costumes e manias, e com quantos anos havia sido transformado. Parado para sempre em seus 17 anos. Eu não perguntei o porque de tão jovem e paralisado para sempre. Depois de muita conversa banal, resolvi que queria fazer algo divertido.

– Você conhece toda a floresta? - Perguntei com um tom de brincadeira.

– Basicamente. - Respondeu ele.

– Vamos correr um pouco? Quero poder conhecer toda a extensão - Sorri.

– Tudo bem. Vá na frente.

Segui seu conselho e corri pelas árvores. Ele logo atrás de mim, mas depois de algumas tentativas, eu é que precisei acompanha-lo. Eu vi um pequeno conjunto de árvores fechadas como uma caverna de galhos entrelaçados e me dirigi à elas. Ele me seguiu e logo chegamos à elas. Parei de correr por causa do espaço apertado e entrei por entre os galhos, até achar um lugar lindo.

Era uma campina completamente colorida por inúmeras flores. Rodeada por árvores, ela tinha uma simetria perfeitamente redonda e confortável. Havia alguns raios de sol que conseguiam entrar pelo buraco que ficava no céu, formato pelas árvores.

– Uau. É linda! - Suspirei.

– É mesmo. Eu nem conhecia este lugar.

– Podemos ficar um pouco? - Perguntei. Eu queria ficar. Era um lugar tão perfeito que dava pena chegar e não entrar para aproveitar um pouco.

– Claro, venha. - Ele me levou pela mão até o centro da roda e se sentou no chão. Eu me sentei ao seu lado e ficamos ali. Voltamos a conversar sobre banalidades e nos deitamos de costas no chão, um olhando o rosto reluzente do outro sob o sol.