Gotas De Vinho escrita por Babs Toffolli


Capítulo 10
Lembranças e Mudanças


Notas iniciais do capítulo

OiOi gentee! *-*
Então, só um pequeno aviso aqui: Alguns de vocês - talvez todos - já devem ter lido o livro Amanhecer. Pois bem, neste último cap eu tive que da umas ligeiras "pinceladas" com algumas palavras do capitulo do livro. O Capítulo "Queimando".
Eu apenas coloquei as palavras que Bella realmente usou para descrever tamanha dor o veneno lhe trazia. E como sou uma mera mortal, não fui capaz de achar palavras melhores do que ela. Então considerem pequenas partes deste capítulo com os créditos do livro de Amanhecer. Estou apenas avisando para que não seja considerado plágio nem nada do tipo. Enfim, aproveitem o novo Capítulo.



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A dor aumentou. Eu já não conseguia sentir a dor das fraturas espalhadas pelo meu corpo. Aquela dor que queimava tomou toda a minha atenção para ela, apenas ela. Estava começando a ficar desconfortável e eu achei que poderia começar a suar, mas acho que era só impressão mesmo.

Antes que a dor voltasse a aumentar como previ que faria, tentei levantar meu braço que não estava quebrado para, pelo menos, me arrastar o máximo possível para tentar chegar à casa. Usei a força do meu abdomem como uma cobra - ainda com uma pontada de dor pelas costelas quebradas - e usei minha mão boa para me servir de apoio. Me surpreendi quando notei que havia chegado vários metros do meu ponto de partida. Continuei, mas a dor estava aumentando, por isso tentei me apressar. Fui me arrastando por mais algum tempo quando notei uma mudança no ambiente constante verde no meio da mata. Meu traje de formatura que deixei cair quando fui levada às pressas para dentro do bosque. Considerei isso um triunfo, ter conseguido chegar até aqui foi muita força que tive de exercer.

A dor aumentou mais uma vez e eu voltei a me movimentar. Por sorte não fomos muito longe. Cheguei ao asfalto da minha rua mais rápido do que achei ser possível, considerando meu estado deprimente. Minha casa estava bem do outro lado e só precisei atravessar a rua apressadamente. Subi a calçada, passei pelos carros e finalmente cheguei ao meu objetivo: A porta. Desesperadamente, e com medo de que aquele vampirou louco mudasse de ideia e voltasse para acabar o que começou, esmurrei a porta com toda a força que eu ainda possuía em meu único braço quase intacto. Charlie não apareceu, então continuei esmurrando e comecei a gritar.

– Pai! - Soquei a porta - Charlie! Socorro! - continuei a berrar e quase abri um buraco na madeira da porta quando ela se abre.

– Oh, meu Deus. Bella! - Eu sei o que ele viu. Viu o corpo de sua filha completamente coberto por hematomas, viu meu corpo acabado e completamente quebrado caído no chão, e mais uma coisa: viu o desespero em meus olhos.

– Me ajude, por favor! - Implorei. - Não sinto minhas pernas, me ajude!

Ele me pegou e me levou no colo até meu quarto. Em todo esse período de tempo, a dor foi se transformando em fogo, como se eu estivesse queimando viva. O que estava acontecendo comigo? O que era aquilo? Repassei em minha cabeça todas as vezes que eu realmente prestei atenção nas histórias de Jessica - que até aquela noite, era pura fantasia pra mim -, mas não lembrei de nada. Nada do que ela havia me contato tinha relação com essa dor. Talvez fosse porque em livros e filmes, não se mostrava nada tão parecido e ela mesma nem estivesse consciente deste fato.

Meu pai entrou no quarto.

– Bella vou ligar para uma ambulância - Meu pai disse quando viu meu estado.

Considerei isso por um tempo indeterminado, pensando o que poderia acontecer se ele o fizesse. Mas primeiro também pensei na dor, e no que ela significava. Bom, aparentemente fui mordida por um vampiro que supostamente em minha cabeça não estava completamente bem de suas faculdades mentais. Ele havia me torturado e me mordido, ele queria o meu sangue. Mas não conseguiu termina-lo, mas essa ultima parte ainda não encontrei o "porquê". Mas ele não me matou, pelo menos não conseguiu, acho. Mas uma coisa que Jessica sempre mencionou, é que vampiros - qualquer um deles - são terrivelmente venenosos. E uma vez que seu veneno tenha contato com o sangue humano e ainda deixar sobrar vida em sua presa, ela acaba se transformando também. Isso! Charlie não podia ligar para uma ambulância, não havia nada que médicos possam fazer em relação a isto. A medicina hoje em dia é bem avançada, mais não o bastante para te salvar de uma transformação cruel e dolorosa de vampiro.

– Não pai, não chame nada nem ninguém aqui, ouviu bem? - Tentei convence-lo, mais ele não iria concordar comigo. A dor aumentou mais ainda.

O que?! Você está louca? Olha o seu estado! - Me acusou apontando para as minhas duas pernas quebradas.

– Eu sei! Mas vou ficar bem, prometo - Não totalmente bem, mais ficaria curada das fraturas. Novamente me lembrei das histórias de Jessica. Ela me dizia que para um humano ter sua transformação concluída, o corpo passava por várias mudanças. E mesmo se estivesse muito danificado, o próprio veneno o curaria. Eu não ficaria totalmente bem, pois estaria vagando por ai como uma vampira bela e imortal, mas pelo menos estaria totalmente restaurada das fraturas graças ao veneno.

Eu ia tendo cada uma dassas lembranças, mas em momento algum deixei de sentir dor. E ela ia aumentando impiedosamente. Doía tanto que eu estava com vontade de gritar. Mas mais uma vez eu não vi sentido e faze-lo. Afinal gritar não me ajudaria a amenizar e dor.

Pedi ao meu pai que apenas me deixasse no quarto e com a porta fechada, e que não entrasse enquanto eu não chamasse, ele literalmente não poderia fazer nada por mim. Minha vida estava condenada e nada nem ninguém poderia mudar isso. Ele insistiu para ligar para o hospital, mas eu disse que no momento, um médico não me ajudaria tampouco. Eu disse também que quando eu pudesse, contaria tudo à ele, mas que neste momento eu apenas queria ser deixada em paz.

– Bom, tudo bem, mas qualquer coisa que quiser pedir, grite. - Avisou ele.

– T-t-tudo bem - Gaguejei, tentando dizer sem perder o controle e acabar gritando em vez de falando.

Fui deixada deitada na cama, sozinha no quarto como havia pedido - ou quase ordenado. Sei que meu pai está muito preocupado, mas não há nada que ele possa fazer agora se não esperar. Esperar até que eu volte ao normal - ou quase normal - e explicasse tudo à ele.

Enquanto isso fui caindo no desespero do fogo que tomava todo o meu corpo e já estava insuportável. Para pelo menos tentar me distrair do fogo, comecei a procurar em minha cabeça, todas as histórias que Jessica já me contou. Me lembrei de que a transformação pode demorar alguns dias, dependendo do quanto de veneno foi absorvido pelo seu corpo. Dias! Vou queimar e tostar viva por dias! Mas não levei isso tão a sério porque eu não sabia ao certo o quanto de veneno havia em meu corpo, e também, dias para alguém no meu estado, pode ser comparados com anos facilmente. Fui vasculhando em minha memórias várias lembranças que tinha das histórias de Jessica. E de repente tive um estalo em minha cabeça e um nome piscou em meus olhos: Charlie.

Lembrei de um certo dia que Jessica me disse que após a transformação, a pessoa, supostamente já uma vampira, estaria louca de sede e completamente perigosa, atacando qualquer um que entrasse em seu caminho. Se essa parte da história fosse real - o que poderia mesmo ser, afinal foi completamente real até aqui -, meu pai corre risco. Preciso que ele saia de casa, eu se esconda em algum lugar para que eu não o veja quando eu despertar para minha eternidade condenada. Bom, meu pai disse para lhe chamar quando precisasse, e eu precisava lhe avisar o risco que estava correndo.

– Pai! - Gritei - Pai, corra aqui de pressa! - Ele apareceu na porta do quarto com a expressão interrogativa.

– Bells?

– Pai, se eu te pedisse uma coisa, faria por mim? - Perguntei, me contorcendo pela dor que impossivelmente tinha aumentado e estava me deixando desnorteada.

– Claro, Bella, do que você precisa? - Perguntou com a esperança de poder me ajudar, finalmente.

– E se eu te pedisse para sair de casa por um tempo? Alguns dias talvez, não precisa ser agora mas quando eu disser pra ir. E você não pode voltar até que eu avise que pode.

– Por que? - Claro que ele perguntaria isso, ele é pai. Naturalmente iria querer saber o porque de está sendo quase expulso de sua própria casa por sua filha que não aparenta estar bem de suas faculdades mentais.

– Eu juro, vou te contar quando puder, mas agora não dá. Eu preciso que você me ajude com isso. É a única coisa que te peço. - Ele deve ter visto a agonia em meu rosto então concordou.

– Tudo bem, Bells. Farei isso, contanto que você me conte tudo depois! - Ordenou ele.

– Eu vou. - Foi tudo que eu disse até que ele saiu do quarto e eu me afundei novamente no fogo que tomava todo meu corpo, lambia minhas veias e me torturava mais do que aquele vampiro que quebrou e marcou cada parte do meu corpo e cada centímetro de minha pele. Aquilo não era nada comparado ao que estou sentindo agora.

A dor só teve tendência a piorar ao longo do tempo em que fiquei paralisada na cama, tentando não gritar. De vez em quando eu deixava escapar alguns princípios de gritos. Ou gemia para pelo menos aliviar a minha garganta que estava travada em meio ao fogo. Ele não teve nenhuma intensão de diminuir. Fiquei apenas tentando contar os segundos para passar o tempo com alguma coisa. Eu não me atrevia a abrir os olhos serrados, isso poderia acabar com todo o meu pouco controle recentemente desenvolvido. Alguns milhões de segundos depois, a dor mudou. Mas não havia parte boa naquilo. Sua única mudança foi ter piorado, o que considerei logicamente impossível.

Mais algum longo e tortuoso tempo depois, senti que estava mais forte e meus sentidos estavam mais aguçados e eu já podia ouvir onde e o que Charlie estava fazendo pela casa. Sabia que a o fogo não havia passado, mais eu precisava me informar.

– Pai! - Gritei. E não demorou muito tempo. Consegui ouvi perfeitamente seus passos quase furando os degraus da escada e abrindo a porta num estalo agudo que ecoou pelo quarto.

– Bella! O que foi? - Perguntou urgente.

– Calma - Eu disse tentando me manter calma. - Eu só quero saber há quanto tempo estou aqui.

– Ah! Bom, já faz um dia.

Um dia. Eu estava queimando viva por apenas um dia, mas que para mim, pareciam décadas.

– Tudo bem, pai, obrigada. Já pode ir.

– Não precisa de mais nada mesmo? - Perguntou ele preocupado.

– Não, eu só queria saber isso. - Então ele deu meia volta lentamente e já ia caminhando para fora do quarto. Eu tomei uma decisão. Não sabia quanto tempo poderia ficar desse jeito, então resolvi não arriscar. - Ah, pai.

– Sim?! - Disse ele voltando o pouco que havia saído do quarto as pressas.

– Eu só estava pensando... acho que seria melhor se você saísse agora. Então arrume o que tiver que arrumar para levar e deixe um bilhete com algum telefone que eu posso usar para falar com você depois. - Instruí.

– C-claro. Já vou. - E ele saiu.

Voltei a contar os segundos. A dor continuava terrivelmente intensa e tortuosa, mas eu estava melhor em conseguir atura-la. Eu não a suportava ao ponto de não senti-la, mas sim a aprecia-la em vez de tentar me livrar dela. Isso me ajudou a continuar parada e a não danificar o meu controle.

Contar segundos era chato, então decidi testar minha nova audição para vigiar os passos de meu pai. Ele andava em seu quarto de um lado para o outro, carregando coisas e as guardando em uma mala talvez, pelo som que faziam quando se chocavam. Depois ele desceu as escadas e foi para a cozinha, e eu ouvi ele pegando algo em uma gaveta e resgando algo. Papel. Ele estava seguindo minhas instruções, então. Estava escrevendo o bilhete que lhe pedi. Ótimo, isso era sinal de que eu estava sendo lavada a sério.

Depois de mais algum tempo, o ouvi arrastando a mala para fora e abrindo o porta-malas da viatura e o fechando logo depois. Então ele entrou no carro, ligou o motor e saiu, me deixando sozinha.

Após um tempo bem mais longo senti mais uma mudança. A dor estava começando a sessar. Primeiro nas mãos e nos pés, e então subindo pelos braços e minhas pernas. Pude sentir que havia recuperado meus movimentos por completo. E então o fogo se acumulou no centro do meu tronco, passando pela barriga, atingindo o estômago até se intensificar ainda mais em meu coração.

Então meu coração começou a disparar loucamente, como se estivesse prestes a saltar do peito, tentando fugir do fogo que estava se preparando para os seus últimos graus enquanto meu coração, suas últimas batidas. Uma batalha começou dentro de mim, mas uma batalha que já estava perdida para os dois competidores: O fofo contra o meu coração - meu único órgão ainda humano. O fogo diminuiu alguns graus e meu coração perdeu uma batida. A dor diminuiu mais um pouco e meu coração bateu, fraco. Deu uma última batida. Silêncio.

Nenhum som, ou nenhuma respiração - nem mesmo a minha. A única coisa de que tinha consciência naquele momento era a falta de dor. E então abri meus olhos e fitei o alto, maravilhada.


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Notas finais do capítulo

Entenderam o que eu disse sobre ter pego pedaços do capítulo de Amanhecer e acrescentado no meu? Então, espero que ninguém ache ruim. Foi apenas meu único jeito de achar as palavras certas que queria passar à vocês. Obrigada pela compreensão e até o próximo capítulo o/



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