A Diabólica Vida De Eleonora Duncan escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Me empolguei DEMAIS escrevendo esse capítulo! Vocês vão perceber isso por causa do tamanho, haha.
Para escrever esse capítulo, eu me inspirei em uma cena do Visual novel/Otome Game/Dating Sim chamado (P)lanets. Recomendo para quem não tem dificuldades em entender inglês, ele é totalmente grátis ^^
Espero que gostem! ♥



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            Desta vez, coloquei o despertador para despertar, não queria correr o risco de confiar em Demon para me acordar e chegar atrasada mais uma vez. Após fazer minha higiene pessoal, fui direto me vestir. Um short preto, uma blusa branca, andei até a janela e a abri, estava fazendo frio, decidi pegar minha jaqueta preta de couro, ela era curta, mas aquecia. Vesti meias pretas como as de ontem e o mesmo sapato. Demon não havia despertado com o barulho, deixei que ele dormisse, caso ele acordasse e sentisse minha falta, ele me encontraria na escola de qualquer jeito! Verifiquei meus materiais para ter certeza de que estava tudo ali, inclusive meus horários, eu não queria ficar desorientada como ontem.

            Marin estava sentada a mesa, tomando seu café, eu me sentei ao seu lado.

            – Vai trabalhar mais cedo hoje? – Perguntei.

            – Ah, sim, tenho muitos horários hoje. – Ela falou após dar um gole em seu café. Comecei a preparar minha refeição enquanto ela falava. – As pessoas precisam de alguém para conversar cada vez mais! – Marin é psicóloga, o que às vezes facilitava e dificultava a convivência com ela. Facilitava porque ela sempre me dava soluções para os meus problemas... mas dificultava porque... porque eu não conseguia esconder nada dela! Ela sabe muito bem quando eu estava mentindo ou ocultando algo dela. – E na maioria das vezes, são adolescentes da sua idade.

            – É mesmo? Seria engraçado se alguém que eu conhecesse fosse ao seu consultório, aí você poderia me contar mais sobre eles.

            – Você está muito engraçadinha, dona Eleonora. – Dei umas risadinhas – Se eu fizesse isso, seria para o seu próprio bem.

            – Claro que sim! – Exclamei – Você não gostaria de saber que a sua filha adotiva está andando por aí com um psicopata. – Me levantei, indo em direção a porta.

            – Ei, eu sou uma psicóloga, não psiquiatra! – Marin fingiu uma irritação – Boa aula!

            Assim que saí de casa, senti um vento frio bater na parte exposta de minha pele. Me arrependi imediatamente de não ter posto uma calça ou algo mais quente. Cruzei meus braços e tomei coragem de sair logo. Caminhei tranquilamente até a escola, já que saí mais cedo, as ruas não estavam tão movimentada, muito pelo o contrário, estavam desertas. Eu podia escutar os passarinhos cantarem, sentir o cheiro das flores que infestava toda a cidade, era o dia perfeito. A escola também estava vazia, será que eu havia chegado cedo demais? Conferi o relógio e ainda eram 6h20, as aulas começam às 7h10, sim, eu havia chegado cedo demais. Fui direto para o corredor, eu deixei minha mochila no armário e só voltaria a pegá-la na hora da aula.

            – Bom dia, senhorita Eleonora! – Uma senhora me cumprimentou com um sorriso no rosto.

            – Ah, bom dia, diretora. – Arrisquei. Ela sabia o meu nome, já tinha uma idade avançada e havia chegado cedo na escola...

            – Não tive a oportunidade de falar com a senhorita ontem, então espero que essa hora seja conveniente para você.

            – É sim, não estou ocupada.

            – Ótimo! Eu preciso que a senhorita ajude um dos clubes na escola. Temos várias opções, mas apenas dois clubes precisam de ajuda agora. O clube de basquete e o clube de jardinagem, qual você escolhe?

            Eu não me dava muito bem com plantas, apenas gostava de aprecia-las, mas eu não entedia nada sobre elas. Eu gosto de esporte, o basquete não é o meu favorito, mas...

            – Eu prefiro ajudar o clube de basquete. – Não, espera... eu prefiro ajudar o clube de jardinagem... ou não?

            – Então aqui está a sua primeira tarefa: verifique se o seu clube precisa de ajuda! – A diretora saiu.

            – Ceeerto, mas onde fica o clube de basquete? – Eu falei comigo mesma. Eu estava na frente da sala dos representantes, eu poderia perguntar a Nathaniel onde fica, mas aí eu seria uma daquelas alunas que só pede favor e não retribui. Mas quem disse que eu não retribuiria o favor? Só me falta surgir uma oportunidade... fui em frente. Bati na porta, mas não obtive resposta, talvez ele não tivesse chegado ainda? Ou só não queria ser perturbado. Dei meia volta e entrei na sala de aula A, acabei encontrando Íris sozinha, tocando em seu violão. A música era muito bonita, muito bonita mesmo, era um som agradável. Esperei que ela terminasse para que eu falasse com ela.

            – Oi, Íris!

            – Olá, Eleonora! – Ela guardou o violão na capa e o colocou nas costas.

            – Você poderia me ajudar? A diretora pediu para que eu fosse ajudar o clube de basquete, mas eu não sei onde fica.

            – Eu sinto muito – Ela olhou o relógio – Eu preciso ir ao clube de música agora. Mas por que você não pergunta ao Castiel? Ela faz parte do clube e deve estar no pátio, como sempre.

            – Que pena... eu vou fazer isso, então.

            Fui ao pátio, mas Castiel não estava por lá. Eu queria mesmo pergunta-lo onde ele me levaria, pois eu estava ficando curiosa! Me sentei em um banquinho para esperar o tempo passar, fiquei admirando aquele espaço da escola. Era enorme, haviam algumas plantas atrás de mim, a grama era verde, muito bem tratada. Eu podia ficar o dia inteiro ali, só admirando a paisagem, mas infelizmente, precisávamos passar o dia inteiro presos entre quatro paredes sem graças. Olhei no relógio mais uma vez e já eram 6h40, os alunos estavam começando a chegar aos montes, se Castiel chegasse, ele provavelmente passaria por mim.

            – Nora, oi! Você chegou cedo hoje! – Ken estava parado a minha frente.

            – Oi Ken, cheguei sim, dessa vez eu... eu me lembrei de ligar o despertador.

            – O que você está fazendo aqui fora, sozinha?

            – Eu preciso saber onde é o clube de basquete, esperava encontrar alguém para me levar até lá.

            – Então você escolheu o basquete? Eu jurava que você tinha escolhido a jardinagem! Nós costumávamos cuidar das plantas lá de casa, lembra?

            – É... mas eu perdi o interesse no orfanato.

            – Venha, eu te levo lá! – Ken me pegou pelo pulso e me puxou até o clube. Ele podia ser magrelo e pequeno, mas ele era bem forte! Me distraí com Ken e acabei não vendo Castiel... não protestei nem nada... eu queria que alguém me mostrasse onde era o clube e aquilo estava feito.

            – É aqui, no ginásio!

            – M-mas não tem ninguém aqui... como é que vou ajudar o clube desse jeito.

            – Não, o Castiel está ali. – Ken falou baixinho.

            – Por que você está sussurrando? – Respondi num tom normal, Castiel olhou em nossa direção. – Você tem medo dele?

            – Você não tem? – Ele olhou espantado para mim – Ele está vindo para cá, depois eu falo com você.

            – Ken! – Chamei, mas ele já havia saído correndo.

            – Então você virou amiga daquele baixinho? – Castiel falou ao cruzar os braços – Eu acho que você pode encontrar companhia melhor. – Ele deu um sorriso. Do que ele estava falando? Ele não tem direito de falar assim, já que ele não sabe de nada da minha vida, inclusive que...

            – Nós já éramos amigos antes de me mandarem para o orfanato. – Eu não queria falar mais sobre aquele assunto... – Você participa do clube de basquete, não é?

            – Sim, por quê?

            – A diretora disse que eu precisava ajudar o clube, mas não disse com o quê.

            – Aquela velha sempre faz isso... Vamos ver, os caras estão sempre reclamando que as bolas estão sumindo, eu sinceramente não sei como eles conseguem perder bolas daquele tamanho. Devem ser por volta de 5 bolas. É, deve ser isso mesmo.

            –  Ok, eu vou procurar então, só espero não me perder por aí. Obrigada! – Virei as costas, mas Castiel me chamou pelo nome.

            – Você não vai pedir a minha ajuda para procurar?

            – Eu pediria, mas acredito que você não esteja interessado em fazer isso, não é mesmo?

            – É. – Ele voltou a cruzar os braços e deu um traço de um sorriso. Retribuí da mesma forma e fui a procura das bolas. No pátio, havia uma bola embaixo de um dos bancos, eu a peguei e segurei embaixo do meu braço, voltei para o ginásio e deixei a bola em uma caixa. Fui para o corredor, entre os armários, havia outra, na sala de aula A havia mais uma, guardei no ginásio e fui dar uma olhada na sala dos representantes, havia uma bola embaixo das carteiras. Como ela havia parado ali? Nathaniel não parece ser muito esportivo... Guardei mais uma vez, ao todo, eu havia achado 4, mas Castiel disse que seriam 5 bolas. Eu já estava cansada com todo aquele vai e vem, sentei de novo num banquinho e joguei minha cabeça para trás, fiquei olhando para o céu e... e espera aí? Havia uma bola na árvore? Me levantei do banco.

            A árvore não era muito alta, eu poderia subir ali sem problemas e eu o fiz. Peguei a bola, feliz por ter conseguido encontrar todas as bolas e cumprir a minha primeira tarefa. Agora eu só precisava descer. Fui pisando nos galhos inferiores com cuidado, se eu caísse dali, não seria uma queda bonita. Com esse pensamento, eu acabei pisando em falso em um dos galhos e caí. Caí em pé, mas eu só pude averiguar as consequências quando tentei andar e senti uma dor imensa em um dos meus tornozelos.

            – Ótimo. – Resmunguei – Eu ainda preciso devolver a última bola... – Olhei para o muro, eu podia segurar nele e ir pulando em um só pé, não me custaria muito tempo, eu acho. A ideia teria sido boa se o meu pé machucado não balançasse cada vez que eu saltava, mas eu tinha que continuar. Cheguei ao ginásio mais exausta que antes, guardei a bola na caixa e sentei na arquibancada para descansar, tirei meu sapato, que estava apertando o meu pé, tirei a meia também, para que eu ficasse mais a vontade. Meu tornozelo doía e eu não podia fazer nada.

            – Já acabou? – Castiel entrou no ginásio. – A diretora pediu para eu verificar se estava tudo certo, já que você estava demorando muito.

            – Eu encontrei todas as bolas. – Apontei para a caixa – Tinha uma bola na árvore, eu subi para pegar, mas caí na descida. Acho que machuquei o pé. – Apontei para o meu tornozelo, que parecia inchar cada vez mais.

            – E como você chegou até aqui? – Ele olhou assustado para o meu tornozelo.

            – Pulando em um pé só... – Me senti uma boba falando aquilo, eu tinha certeza de que ele iria rir de mim.

            – Você é mesmo doidinha, sabia? Você se machucou, não deveria ter continuado. Eu vou te levar a enfermaria, parece que você torceu o seu tornozelo. – Ele passou um braço por minhas costas e o outro por baixo de minhas pernas, quando percebi, eu já estava em seu colo. Segurei em seu pescoço.

            – Mas eu... eu queria terminar a minha tarefa. – Meu rosto estava encostado no peito de Castiel, eu podia escutar o seu coração bater, eu podia sentir o seu cheiro. Corei, por que eu estava pensando nessas coisas?

            – Você fez um bom trabalho. – Castiel me congratulou – Seu tornozelo pode doer um pouco. – Ele começou a andar em direção ao corredor, eu imaginei que ele estaria lotado, seria impossível passar por ali... Castiel se irritaria e me largaria ali mesmo. Mas nada disso aconteceu, as pessoas abriram um buraco ao ver Castiel me carregando, o que era tão interessante nisso? 

            – Por que todos estão olhando para você? – Perguntei.

            – Não é para mim que estão olhando. – Ele respondeu, olhei por cima do ombro dele. – É para você.

            – Oh... – Foi a única coisa que consegui dizer. Em poucos minutos, estávamos na enfermaria. Castiel me deitou na maca com delicadeza e se encostou na parede, ele ficou me observando.

            – O que aconteceu com essa jovem? – A enfermeira veio até a mim.

            – Eu caí de uma árvore tentando apanhar uma bola, caí em pé, mas acabei me machucando.

            – E por que você não ajudou a senhorita? – Ela olhou para Castiel.

            – Porque ela recusou minha ajuda. – Levantei um cenho – E eu só a encontrei depois que o serviço – ele apontou para meu pé – estava feito.

            – Você torceu o seu pé, querida. – Ela voltou a falar comigo – Eu não posso fazer muito por você, porque essa área não é a minha especialidade. Acredito que você precisará ir ao hospital. Eu vou precisar ligar para sua mãe e falar com a diretora ou com um representante para que ele te libere das suas aulas.

            – Só espero que Marin não esteja atendendo alguém. – Falei comigo mesma.

            – Você pode me dar o telefone da sua mãe? – Passei o número – Como ela se chama?

            – Marin Duncan. – Falei, Castiel pareceu um pouco incomodado. Ela ligou e falou com Marin. A enfermeira disse que ela chegaria logo para me buscar.

            – Castiel, você não vai para a aula? – Perguntei.

            – Ah, não, eu prefiro ficar aqui, cuidando de você.

            – Oh, como o amor é lindo! – A enfermeira falou.

            – Não, n-não é isso...

            – Não precisa ficar com vergonha. – Castiel se sentou ao meu lado.

            – Eu vou pegar a sua permissão de saída com o representante e deixar os dois a sós. – Ela saiu e fechou a porta, me deixando sozinha com o Castiel.

            – O que você está fazendo?? – Perguntei, eu sentia minhas bochechas quentes, meu rosto todo estava quente!

            – Arrumando uma desculpa para faltar aula. – Ele deu aquele sorriso de canto. – E isso – ele apontou novamente para o meu tornozelo – é um ótimo motivo.

            – Mas isso não se faz...

            – Vamos dizer que eu te fiz um favor em te trazer até aqui e você retribuiu o favor ao me dar uma justificativa para faltar. O Nathaniel não pode me encher mais.

            A enfermeira voltou acompanhada de Marin. Castiel sorriu para ela, Marin sorriu de volta. Então ele estava tentando ser educado? O que Marin pensaria... eu disse a ela que me encontraria com Castiel e agora ela me vê junto a ele nesse estado... ih, o que ela pensaria dele? Meus pensamentos foram interrompidos por Castiel, que havia me pegado no colo de novo.

            – Castiel, você não precisa...

            – Eu me sinto na obrigação. – Ele respondeu. Marin ficou calada, apenas observando a situação, ela nem mesmo tentava esconder o sorriso que tinha no rosto. Espero que ela não diga nada constrangedor, não que isso fosse característico dela, mas...

            – Não precisa. – Repeti – Eu preciso buscar a minha mochila no armário.

            – Eu pego para você. – Marin falou – Só me dê a chave e me diga qual é.

            Indiquei para Marin qual era o armário, ela me deu as chaves do carro e Castiel me carregou até lá. Fiquei pensando se eu não era muito pesada ou se eu estivesse o machucando.

            – Então o nosso “encontro” vai ficar para depois, quando seu pé melhorar. – Ele falou.

            – Me desculpa por te causar problemas.

            – Eu já te disse que você me fez um favor.

            – Então obrigada. – Antes que ele se afastasse, eu o puxei pela camisa e beijei seu rosto. Por um momento, ele pareceu envergonhado, o que me fez rir. Ele se afastou do carro e entrou na escola novamente.

            – Então esse é o Castiel? – Marin entrou no carro e olhou para mim. – Que menino adorável. Como foi que você conseguiu?

            – S-sim! – Fiquei meio confusa com a pergunta dela, como eu havia conseguido? – Ontem eu fui falar com ele no corredor e acabamos nos encontrando outras vezes.

            – Não! – Ela riu – Como você conseguiu machucar o seu pé!      

            – AAAAAH! – Minha mente se clareou – Eu tinha que ajudar o clube de basquete procurando as bolas. Acontece que tinha uma em cima da árvore e eu subi para pega-la, mas acabei caindo quando fui descer. O Castiel me encontrou e me levou para a enfermaria.

            – Ele parece ser muito gentil.

            – Que nada, ele só fez aquilo para faltar aula. – Falei um pouco decepcionada, mas a gente só se conheceu ontem, eu esperava mesmo que ele se importasse comigo? É, eu esperava. No hospital, o médico tratou do meu pé e me deu um atestado de três dias. Eu precisava ficar três dias em casa, descansando. Não era exatamente o que eu queria, perder as matérias e explicações, ser um aluna ausente logo no início das minhas aulas. Ken passou lá em casa depois da aula, ele ficou sabendo, assim como toda a escola, que eu havia machucado o pé.

            – Então o Castiel te ajudou mesmo? – Ele estava curioso.

            – O que o Castiel fez com você? Você parece ter medo dele.

            – Ele me maltrata, fala coisas maldosas para mim...

            – É verdade que ele te chamou de baixinho para mim, mas nada além disso. Ele não parece ser tão mau assim.

            – Isso porque você só viu ele de bom humor. Mas Nora, eu não acho que alguém consegue ser malvado com você?

            – Por quê?

            – Não sei... eu sei que eu não conseguiria.

            – Ah, eu aposto que você consegue ficar bravo comigo quando quiser.

            – Eu não teria tanta certeza, Nora. – Conversamos por mais um tempo, então Ken foi embora, ele não podia chegar muito tarde em casa, também, ele tinha medo de ir embora sozinho no escuro. Demon mal se manifestou na presença de Ken, ele não gostava dele, como eu havia dito. Tive que explicar a Demon como eu havia machucado o meu pé, contei a ele tudo o que havia acontecido hoje, ele havia ficado muito empolgado, mas decepcionado por não ter visto a minha queda... eu tenho certeza de que ele falou isso de brincadeira!


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