Smoky Paradise escrita por ju


Capítulo 5
Capítulo 5




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Por um momento minha cabeça sentiu um peso sendo totalmente empurrado para fora, um alivio sem tamanho. Olhei para a porta da sala do hospital e Cíntia, mãe de Brad e Louis estava caminhando em meu encontro, com uma maçã em uma mão e um suco de uva na outra. Ela os entregou a Brad que comeu como se não houvesse amanhã, o dia em que talvez demorasse a chegar. Dias ruins demoram a chegar ao fim. Cíntia olhou para mim com um olhar agradecido e ela parecia, mesmo que ligeiramente, gostar de mim. Ela parecia ser uma pessoa um tanto fechada, não mal-humorada, apenas um pouco quieta e fria. Mas ela parecia estar em um momento confortável. Tentei transmitir o mesmo com um olhar, mas eu deveria estar  parecendo uma idiota, então desviei o olhar e esperei por alguma atitude vinda de sua parte.

- É Julia né?

- Sim, muito prazer. Cíntia não é?

-Sim.

Ela pairou seus olhos no filho, ainda dando um gole no seu suco de uva industrializado, e parecia desapontada. Não com ele, mas com as pessoas que o colocaram nessa situação. Brad sofria com isso, e não era certo ele estar passando por essa situação.

- Obrigada. Obrigada por ter vindo até aqui e ter conseguido o que conseguiu. Para nós já é o bastante. - Dessa vez Cíntia realmente olhava dentro dos meus olhos- e obrigada por tomar o seu tempo com os meus filhos. Eles realmente gostam de você.

Gaguejei algumas expressões desconexas e então disse.

- É um prazer eu ter conhecido os dois. Eles me fazem bem e gostaria de retribuir. A senhora já sabe sobre- fui interrompida sutilmente, com uma mão no ombro e uma voz calma.

- Pode me chamar de Cíntia, por favor. O termo senhora que faz sentir que o tempo passou rápido demais.

- Sim senhora. Quer dizer, Cíntia. Você já sabe sobre eu e Louis certo?

- Querida, não vou dizer que não desconfiava dos dois. Louis estava muito animado ultimamente, característica nem um pouco comum nele. Ele é um amor de pessoa, mas claro, tem seus dias de mal humor. E então ontem pedi para que ele me esclarecesse o fato de ter chegado do mercado apenas com um saco de batatas e uma dúzia de pães, processo que demorou mais de horas. Julia eu percebi que ele está apaixonado. O brilho em seus olhos ao falar de você me encantou. Então ele me contou que vocês estavam namorando à algum tempo mas não tinham oficializado. Ele só estava passando tempo com quem ele ama.

Gostoso.

- Obrigada Cíntia. É um prazer te conhecer.

Pedi licença e me retirei da sala, permitindo que Dalton, seu pai, entrasse na sala. O cumprimentei com um abraço e ele me agradeceu, nos apresentamos melhor e tudo mais. Fiquei sozinha com Louis novamente.

- Eu te amo.

Ele disse com um sorriso tão sincero que a minha vontade era de o colocar em uma caixinha, levar para a casa e cuidar todos dias.

- Eu também sr. William. Amanhã nossa aula vai ser de vôlei mesmo. Preparado?

- Por vocês? Sempre.

Ele dirigiu até minha casa e decidimos contar tudo para a minha mãe. Sobre meu pai, ele poderia ficar sabendo depois. 

Eu entrei primeiro em casa e chamei pela minha mãe. Ela não demorou muito e apareceu de camisola e toalha na cabeça. Que vergonha alheia. 

- FILHA! EU PRECISO SABER SE VOCÊ VAI TRAZER VISITAS, ANTES QUE ELES ME ENCONTREM DE CAMISOLA CANTANDO BRITNEY SPEARS SOZINHA EM CASA MEU AMOR!

Fechei os olhos para tentar escapar desse pequeno mico momentâneo, sem sucesso. 

- E você é? - minha mãe disse em um tom gentil, tentando apagar esse momento constrangedor que tinha acabado de vivenciar. 

- Louis Tomlinson. 

- Ah sim Louis, irmão de Brad, aquele para quem você esta dando as aulas não é filha?

Minha mãe olhou para mim e eu olhei para Louis.

- A senhora se importaria se eu entrasse?

Entramos e pedimos para a minha mãe se sentar. Não que fosse muito sério, mas queríamos uma coisa mais formal.

- Sra. Frank, eu e sua filha estamos eu um relacionamento. 

Minha mãe abriu a boca em surpresa, para Louis isso repercutiu um pequeno surto de medo, mas eu sabia que a surpresa era por que ela achava ele o menino mais maravilhoso que eu conhecia, e na sua cabeça ele era demais para mim. Obrigada mãe.

- Bom, parabéns aos dois. 

Minha mãe estava meio sem reação e aquele foi um momento um tanto desconfortável, ninguém falava nada. Para quebrar um pouco o gelo eu comecei a falar sobre Brad e sobre a sua situação, e que eu teria que trocar o meu cooper super interessante (só que não) de sextas a noite por aulas de vôlei.

Todos saíram felizes e ufa. Agora poderíamos nos encontrar sem nos preocupar com desculpas medíocres. Eu poderia falar para o mundo que ele era meu. Dei um selinho nele e me despedi, pois eu tinha que entregar um projeto enorme de filosofia para o dia seguinte, e adivinha, nem tinha começado.

Fui até o meu quarto e prendi o cabelo em um rabo alto. Tirei meu tênis e me joguei na cama, com o notebook no colo. Demorei longas uma hora e meia para terminar essa coisa inútil, e então tomei uma ducha e coloquei um pijama. Arrastei minha poltrona até a janela e peguei meu caderno na escrivaninha. Olhei para as estrelas e a lua estava simplesmente maravilhosa. Vênus estava totalmente visível, ao lado dela, agora minguante.

Ver tudo isso me fazia pensar em Louis. Afinal tudo me fazia pensar nele, mas era como se a lua fosse um ponto de encontro, afinal, de onde ele estivesse, a lua para que ele olha é a mesma que a minha. Desenhei o rosto dele. Nada de desenhos profissionais ou algo do tipo, só sempre achei o desenho uma das formas mais fáceis de expressar o que eu estou sentindo. Comecei, claro, pelos olhos. Claro pelos olhos, porque eram neles que eu via a verdade. Os seus olhos eram não só a porta de sua alma, mas a porta da minha alma. Eu me enxergava em seus olhos, transparentes e apaixonantes. Senti o veneno Louis bombeando novamente por todas as minhas veias. Por onde ele passava, meus músculos formigavam e minha estrutura se tornava fraca, mas de uma forma tão maravilhosamente boa. Eu me arrepiava em cada centímetro do corpo, só em pensar no seu toque, no seu cheiro. Fechei os olhos e imaginei ele aqui comigo. Eu só precisava dele, de verdade, só ele me alimentava, só a presença dele já era suficiente. 

O amor. O amor nem sempre vem planejadinho, nem sempre encontramos quem nos completa fácil assim. Eu acho que sou uma menina sortuda. Sorte porque encontrei quem eu preciso, a tempo de passar uma vida ao seu lado. Um infinito. Todas as pessoas tem a sua porcentagem de felicidade e a sua de tristeza. Em todos os casos, a minhas eram 50%. Com Louis, a minha porcentagem de felicidade simplesmente subia drasticamente e se sobrepunha aos míseros porcento de tristeza. Tristeza por saber que esses momentos não duram para sempre, a minha vontade com certeza seria essa.

Pois é. Meu desenho ficou horrível. Mas pelo menos eu tinha um Louis, mesmo que uma versão horrível e medonha dele, mais perto de mim. Nossa eu estava louca. Credo.

Fui dormir e só pensava nele. Coloquei meus fones de novo e a música era "Don´t Let Me Go" de um cantor britânico que me falha o nome. Como a música dizia tudo o que eu queria dizer eu não sei, mas era a pura verdade. Soltei meu rabo de cavalo e tirei os fones.

Acordei com um gosto doce na boca. Abri os olhos e vi minha mãe com uma colher de mel na minha boca. Que merda era aquela.

- Acorda filha. Mel é açúcar, açúcar é doce, doce é energia. Hoje você tem aula querida, esqueceu?

Eca.

Levantei e coloquei uma regata pink com uma calça justa preta, minha bolsa de linha preta e branca e coloquei uma tiara colorida no cabelo, para ver se tirava o volume.

Cheguei na escola e caminhei pelos corredores iluminados à procura de algum rosto conhecido, e pronto. Que merda.


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