Saint Seiya Reboot escrita por RukasuStorm


Capítulo 2
Capítulo 02 - Donzela




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Touki acorda. Está já sem sua armadura. Tudo que vê ao redor é um quarto simples, está deitado sobre uma esteira e sobre si está um cobertor. De onde está é possível ver por uma pequena janela os cidadãos tentando reestabelecer suas vidas. Limpam os destroços. Ambulâncias estão retirando o corpo dos feridos e mortos. O sangue das vítimas se mistura com as poças de água da chuva.


- Então você acordou. – Disse uma voz feminina, por trás de uma porta de correr, do outro lado do cômodo.


Touki virou seu olhar, a porta se abriu, a jovem garçonete adentrou, em sua mão uma bandeja com um copo de chá, e uma vasilha com água quente, dentro, uma toalha. Ela se ajoelhou ao lado da esteira.


- Foi você que me trouxe aqui? – Touki perguntou.


- Foi sim. – Ela respondeu, entregando o copo de chá para o jovem cavaleiro.


- Obrigado. – Respondeu Touki ao receber o copo.


- O que foi aquilo de ontem? – Interrogou a jovem garota.


- Eram Berserkers. – Respondeu. – Homens vingativos que venderam suas vidas a um demônio. Em troca de poder oferecem todo o seu sangue. Para sobreviverem precisam se alimentar o sangue das vítimas que faz. Possivelmente aquele Masame procura vingança nesta cidade.


- Masame... – Respondeu a garota. – Ele foi um homem influente aqui. Ele e seus capangas eram como uma máfia, cobravam por tudo e de todos e em troca não os fazia mal. Mas ele foi amotinado, não o vemos há pelo menos dois anos. – Explicou.


- Então faz sentido ele estar aqui.


- E o que é você? – Questionou novamente a garota.


- Eu sou um servo da deusa. – Explanou. – Minha missão é proteger a terra daqueles que tentam feri-la.


- Deusa?


- A Deusa Athena. – Respondeu. – Uma Deusa de paz, compreensão e sabedoria.


A garota não falou mais nada. Tudo aquilo era surreal demais para ela.


Touki se levantou da cama. Localizou a sua caixa de ferro num dos vértices do pequeno cômodo. A colocou nas costas e saiu pela porta.


- Muito obrigado. – Disse Touki. – Não nos apresentamos. Eu sou Touki.


- Eu sou... – Respondeu tímida. – Akira.


Touki saiu pela porta. Desceu pequenas escadas, se encontrou no restaurante que comera no dia anterior. Seguiu pelo caminho oposto ao mar, subindo as montanhas, em direção à floresta. Atravessou bosques, pulou sobre rochedos, passou por rios. Após aproximadamente uma hora, o Cavaleiro chega a um templo, tradicionalmente oriental, de dimensões enormes, entretanto de difícil acesso a pessoas normais.


- Que nostálgico... – Disse Touki, colocando a sua caixa metálica no chão ao seu lado, esticou os braços em direção aos céus e respirou fundo. – Faz muito tempo que não venho aqui...


- Touki! – Uma voz exclamou de dentro do templo.


Touki se virou, enxergou de longe um jovem, aparentemente de sua idade. Tinha olhos negros, cabelos de mesma cor, espetados. Trajava uma roupa cerimonial de um clérigo xintoísta. Pelos itens de limpeza ao seu lado, estava a limpar o exterior do templo.


- Hiko! – Touki exclamou em resposta, animado. Os dois já se conheciam. Foram um a direção do outro e se cumprimentaram com um forte aperto de mão.


Touki o chamava de Hiko como um apelido, seu nome, na verdade pseudônimo, era Hikoboshi. Ele é também um Cavaleiro, companheiro de treinamento daquele, mas está mais avançado, atualmente já é um Cavaleiro de Prata, ou Silver Saint.


- Há quanto tempo, Hiko? – Touki questionou ao seu velho amigo.


- Você nunca mais veio nos visitar desde que foi treinar com Theros. – Hikoboshi respondeu.


- Onde está o mestre? – Perguntou Touki.


- Vou te levar até a ele. – Disse Hikoboshi.


Os dois adentraram o enorme templo, em seu interior, em um jardim ornamentado, estava um jovem adulto, de longos cabelos negros, também com traços orientais. Encontrava-se ajoelhado, trajando também trajes cerimoniais, orando em frente a um altar. Olhos fechados, em profundo silêncio.


- Ele está orando?


- Ele está assim já há dois dias. – Hikoboshi respondeu. – Ele pediu-me para não o atrapalhar quando ele estiver fazendo isso. Ele repete isso todo mês, durante três dias.


- Não devo atrapalhá-lo também. – Disse Touki. – Se isso dura apenas três dias então amanhã poderei conversar com ele. Esta noite ficarei aqui.


- Direi às sacerdotisas que preparem um aposento para você, Touki. – Notificou Hikoboshi, se retirando para os aposentos internos do templo.


Touki observou novamente o corpo inerte daquele um dia fora seu professor.


- Mestre... – Cochichou. Em seguida seguiu o seu colega.


Horas se passaram. A noite caiu. A lua ainda estava crescente. Touki estava sentado do lado de forma do templo, aos fundos. As pequenas luzes da cidade e a iluminação dos barcos em alto-mar eram visíveis. O Cavaleiro estava com o olhar um pouco entristecido.


- Touki... – Hikoboshi se aproximou, sem ser percebido.


- Hiko... – Touki respondeu.


- Não consegue dormir? – perguntou.


- E você? – Respondeu com outra pergunta.


- Eu sempre durmo tarde, eu tenho algumas tarefas acumuladas para cumprir. – Respondeu ele. – Mas gostaria que você me respondesse primeiro.


- Estou pensando no povo daquela cidade... – Respondeu ele.


- Foi atacada por Ares, não foi? – Questionou.


- Como sabe? – Touki interrogou.


- Berserkers tem atacado a região nos últimos meses, aparentemente querem atrair o mestre.


- E tantos inocentes se vão... – Touki respondeu sentido.


- O mestre se recusou a se aproximar de qualquer um dos ataques. – Respondeu Hikoboshi. – Eu não pude dar conta de todos os casos, muitas vilas foram engolidas por tragédias.


- Como o nosso mestre permitiu algo assim? – Touki se indignou. Levantou-se. – Com a força que ele tem ele seria...


- Não podemos questionar as escolhas dele. – Interrompeu Hikoboshi. – Eu creio na sabedoria do nosso mestre. E também creio que ele se martiriza por todas as vidas perdidas.


Touki se acalmou, mas não pareceu se contentar com essa resposta.


- Vá dormir, Touki. – Hikoboshi pediu, virou-se na outra direção.


Touki não respondeu. Apenas adentrou o seu quarto que era logo próximo dali.


Durante este diálogo, naquela pequena cidade, várias pessoas ainda estavam tentando reconstruir tudo que fora destruído no dia anterior. A jovem garota, que trabalhava no pequeno quiosque, Akira, estava no segundo andar de sua casa. Estava sentada em um canto da parede, com os braços abraçando as pernas. Parecia estar chorando, um pouco. Não tinha coragem de dormir após tudo que aconteceu.


Amanheceu no templo. Ainda são seis horas da manhã. Hikoboshi anda pelos corredores como se procurasse algo. Até o momento em que encontra Touki colocando a caixa metálica novamente em suas costas.


- Mas o nosso mestre ainda não saiu da oração. – Hikoboshi afirmou. – Porque você já está indo?


- Eu decidi uma coisa Hiko. – Touki respondeu, se virando para o colega. – Eu não vou sair daquela cidade até derrotar aquele Berserker.


- Mas Touki... – Hikoboshi tentou impedi-lo.


- Não adianta. – Touki exclamou. – E avise ao mestre se ele quiser me ver, que ele me ajude a enfrentar os Berserker.


O Cavaleiro de Bronze correu de volta em direção à cidade, pelo menos caminho que seguiu para chegar ao templo. Demorou menos tempo de percurso, desta vez teria sido aproximadamente quarenta minutos. Aproximou-se novamente da avenida principal, os destroços de dois dias atrás ainda estavam presentes.


- Então o Cavaleiro retornou. – A grave voz ecoou por todos os becos daquela estrada.


- Berserker... – Touki cochichou com raiva.


Ao ouvir a voz, todos os moradores entraram novamente em suas casas, gritos de medo eram ouvidos por toda a parte. Akira, ao ouvir de seu apartamento olhou pela janela, encontrando o seu herói em meio a neblina densa.


- Touki... – Cochichou.


- Estava apenas esperando você retornar. – A voz exclamou mais uma vez.


A figura humana saiu da neblina. Era novamente Masame, o Berserker, trajava a mesma armadura e em sua mão direita a mesma arma, um sabre cuja lâmina era completamente dentada.


- Se não me engano, Masame de Shark, correto? – Touki indagou.


- Acho ótimo que lembre meu nome, Cavaleiro. Mas sinto não lembrar o seu. – Respondeu de forma irônica.


- Eu não me importo de me apresentar de novo.


Retirou a caixa metálica de suas costas, se abrindo. Novamente estava lá, a estatueta em forma de raposa. O processo se repete, ela se separa em pequenas placas cobrindo o corpo do Cavaleiro.


- Meu nome é Touki de Vulpecula, o Cavaleiro de Bronze da Constelação de Raposa.


- Essa formalidade não é necessária! – Exclamou Masame, erguendo sua espada. – Kouga Giri!


Com o brandir de sua arma, uma coluna de água é levantada contra Touki, que desvia rapidamente.


- Kitsunebi! – Exclamou, erguendo suas duas mãos para frente, é lançado contra Masame quatro esferas em chamas.


- Inútil! – Masame gritou, repetindo o golpe com sua espada, as esferas de chama são cortadas ao meio pela cortina de água.


- Argh... – Touki sentia dor nos ferimentos causados na última batalha.


- Pelo visto você ainda não está cem por cento. – Masame afirmou.


Touki negou a dizer qualquer palavra sobre isso.


- Flare Illusion! – Gritou, abriu os dois braços. Um anel de fogo é gerado a partir de seu corpo, expandindo-se até alcançar o seu inimigo.


- Este golpe não me afeta. – disse o Berserker. – Não pense que eu vou cair neste truque barato.

Uma aura negra começou a emanar do corpo do inimigo, a temperatura baixou, uma fina chuva começou a cair, o fogo se extinguiu. Touki estava com uma expressão de raiva em seu rosto.


- Tamamo no Mae! – A voz de Touki já estava por ficar rouca. Usou novamente a técnica que dividiu seu corpo em nove clones iguais. – Kyuhadou!


Uma aura vermelha cobre todos os corpos de Touki. Ela é convertida na forma de colunas de fogo que se aproximam do corpo do Berserker.


- Acabou, Berserker! – exclamou o cavaleiro.


- Não penso assim! – O Berserker gritou. – Great White!


Ele largou sua espada no chão e ergueu as duas mãos para o céu. Uma gigantesca coluna de água foi erguida, arremessando Touki para longe, desfazendo os seus clones.


- Pare, Berserker. – Ordenou uma voz distante.


- Essa voz... – Disse Touki, bastante fraco.


- Quem está aí?! – Masame questionou enfurecido.


Uma forma energia dourada tomou o lugar. Todos os civis que estavam assistindo aquela cena imediatamente dormiram, por exceção de Akira, que continuava a observar a luta entre os guerreiros.


- Este cosmo... é gigantesco... – Masame já estava um pouco amedrontado.


A neblina se foi. Já era visível o corpo do mestre de Touki se aproximando, ao seu lado estava Hikoboshi, carregando uma caixa metálica em suas costas, mas diferentemente da de seu companheiro, esta era dourada.


- Mestre! – Touki sorriu neste instante.


- Berserker, peço que pare o que está fazendo agora e converta-se. – Disse o mestre.


- Não seja tolo. – Masame riu. – Onde mais conseguirei tamanho poder?! Great White!


O Berserker novamente gerou uma coluna de água, desta vez em direção ao mestre. Apenas por erguer seu braço, o golpe foi completamente nulificado.


- O quê?! – Masame se surpreendeu.


- Sinto que tenha recusado a oportunidade. – Exclamou o mestre. – Terei que expurgá-lo daqui.


- E quem é você? – Questionou Masame.


- Sou um dos doze mais poderosos Cavaleiros de Athena. Um dos doze protetores das doze Casas do Zodíaco. O Cavaleiro de Ouro da Constelação de Virgem. Izanagi de Virgo!


Hikoboshi posicionou a caixa dourada no chão, próxima ao seu mestre. A mesma se abriu, a estátua lá contida tinha a forma de um anjo ajoelhado, unindo mãos em oração.


- Virgo Cloth! – Izanagi, o mestre, invocou a armadura em seu corpo. Cobria mais partes do corpo que a armadura de bronze trajada por Touki. Suas ombreiras lembravam as asas de um anjo e seu elmo era brilhante como um halo.


- Este poder... – Masame estava pasmo.


- Hana no Inori, a oração das flores. – Izanagi juntou as mãos em oração. Em um instante, todo o chão foi coberto por todos os tipos de flores, de todas as cores e com fortes aromas.


- O que você pensa que está fazendo? – O Berserker gritou. Pegou sua espada novamente no chão e tentou cortar as plantas, mas tudo o que acontecia e que elas se prendiam na lâmina, assim como na armadura que Masame vestia.


- Estas não são flores terrenas. – Izanagi afirmou. – Estas são flores cultivadas nos jardins celestiais. Elas purificarão sua alma pecadora.


- Tolo! – Masame exclamou, a aura negra voltou a cobrir o seu corpo, as flores ao seu redor morriam.


- Então quer dizer que vai resistir? – Izanagi perguntou. – Esperava que você se rendesse em arrependimento para expiar seus pecados. Morigami Shukufuku, a benção do deus da floresta.


O segundo golpe foi lançado. Do chão várias raízes amarravam o corpo do Berserker, impossibilitando seus movimentos.


- Agora irei terminar seu exorcismo. – Izanagi se aproximou do corpo que se relutava. – Shizen Shinden, o templo da natureza.


Encostou sua mão direita na testa de seu inimigo, em uma velocidade surpreendente ele absorveu para seu próprio corpo toda aquela energia negra que o Berserker emanou. Após a realização deste movimento, Masame ficou desacordado. As vinhas que o prendia se soltaram, ele caiu em meio as flores.


- Espero que seu espírito se salve. – Izanagi orou.


- Mestre! – Touki se levantou com dificuldade, se aproximou de Izanagi.


- Você agiu de forma muito impulsiva. – O Cavaleiro de Ouro afirmou. – Não o culpo, mas espero que isso não se repita.


- Mestre... – Disse Touki admirado.


Izanagi olhou para os lados, e por um instante viu Akira em sua janela, teria assistido a tudo aquilo.


- Por que ela... – Izanagi indagava o motivo dela não ter adormecido como os outros membros da cidade.


Touki querendo saber o que o seu mestre pensava olhou na mesma direção, e também viu a jovem garota.


- Akira... – Touki cochichou.


- Você a conhece? – O mestre perguntou ao discípulo.


- Ela que me medicou ontem. – Touki informou.


Enquanto isso, em um lugar fora do próprio tempo e do espaço. Um palácio de dimensões colossais, dividido em cinco torres, quatro periféricas e uma central, maior. Um homem, trajando uma armadura de guerra negra, está sentado em um trono. Todo o cômodo parece estar congelado. Em sua mão ele quebra uma taça que segurava.


- Por que tanta raiva, Deimos? – Uma voz questionou ao fundo.


- Esta voz... Cydoimos. – Respondeu o homem, que atendia pelo nome de Deimos.


Um outro homem se aproximou. Também vestia uma pesada, suas extremidades mais pareciam asas e plumagens de pássaro. Era em tons de amarelo, dourado, vermelho e laranja. Possuía longos cabelos carmesins e olhos rubros.


- Me informaram que você acabou de perder dois membros de seu contingente. – Afirmou o outro homem, que atendia pelo nome de Cydoimos. – Um deles ainda foi uma serventia de um Cavaleiro de Ouro.


- Eu não me importava com aqueles dois mesmo, Cydoimos. – Escondeu a face de raiva que estava há alguns minutos. – Enquanto houver terror no rosto das pessoas, haverão Berserkers para me servirem.


- Interessante seu ponto de vista. – Cydoimos afirmou. – Apenas peço que me deixe com aquele Cavaleiro de Bronze.


- Por que estaria interessado você na casta mais baixa de Cavaleiros? – Deimos questionou. – Só com o nosso poder podemos esmagar cem deles em segundos.


- Apenas quero responder uma dúvida minha. Mas como ele que derrotou o seu Hammerhead, achei que seria educado de minha parte lhe pedir permissão. – Respondeu.


- Se quer tanto enfrentá-lo, faça como quiser. Apenas deixe aquele Cavaleiro de Ouro comigo. - Disse Deimos.


- Muito obrigado, o passo que estou a dar será decisivo nesta guerra, lhe garanto que sua permissão será muito bem recebida futuramente pelo senhor Ares. – Cydoimos desapareceu sob a forma de chamas.


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