Dos Dois Lados escrita por Lari Haner


Capítulo 59
O Erro Que Deu Certo


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei, sim.
Eu devia estar estudando para os o tortuoso Enem, mas eu já deixei vocês tantas vezes que perdi as contas. Finalmente estou acabando a historia, só mais um capitulo que já estou escrevendo.
Enquanto não saia o novo capitulo eu fiz uma nova fic, É apenas um capitulo, ou seja, SHORT FIC, espero que vocês gostem, vou postar o link no final.

Yeah, então vamos fazer algumas recapitulações?

Ayla esta como alma agora, pois precisava fazer isso para salvar Abby. Seu namorado, Tyler, não sabe de nada (inocente, ahahha desculpe gente, eu precisava...). Georgia, a então heroina, ocupa o corpo de Kayla temporariamente, mas esta fez algumas coisas que não estavam no plano...



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As coisas estavam acontecendo tudo de uma vez, o que não era muito fácil Kayla aguentar. Apenas depois que Tyler e Georgia adormeceram ela foi ao quarto novamente, o que havia ocorrido à fez repensar se foi uma boa coisa ter feito o trato com a menina, mas depois chegou à conclusão de que não tinha muitas opções.

No quarto, andou vagarosamente até a garota ruiva, que se encontrava num sono profundo; Kayla ajoelhou-se ao seu lado e começou a sussurrar: “Georgia?”, logo ela acordou e com um pouco de conversa as duas decidiram ir à sala onde poderiam conversar melhor.

Sentadas no sofá camurça com apenas o abajur lateral ligado, as duas começaram a conversar, Kayla queria dizer a ela muitas coisas, principalmente do ocorrido daquela noite, porém tinha medo de entrar em uma discussão e acabar com a oportunidade de voltar para seu corpo, mesmo assim as emoções falaram mais alto que a razão, Yla interrompeu o que Georgia estava falando:

–Eu vi o que aconteceu, quer dizer... Depois que me dei conta do que realmente estava acontecendo acabei saindo de lá... Achei que podia confiar em você.

A garota ruiva não demonstrou reação nenhuma, pelo contrario, Georgia sabia que Kayla estava de um jeito ou de outro de olho naquilo tudo, e nada que fez foi sem querer.

–Pense comigo, eu estou há sete anos fora de um corpo, sem poder sentir nada... nada! Eu vou te ajudar, mas também preciso de uma vantagem.

Mesmo não querendo Kayla entendeu a situação da garota, e não que concordasse, mas resolveu trocar o assunto, algo que, na situação que ela se encontrava, era mais importante.

–Olha, temos exatamente- Kayla conferiu o relógio da sala – Três horas e vinte e cinco minutos. Já podemos começar preparando as coisas, não sei.

–Kayla, menos, um minuto a mais ou a menos não vai fazer diferença alguma!

O desespero tomou conta da garota que estava como alma agora, e se perguntava mentalmente se realmente tinha ouvido direito. Como um extinto de defesa retrucou:

–Você sabe muito bem que qualquer segundo a mais é uma tragédia, Georgia. Estou falando sério, ambas sabemos disso, então, a menos que você queira ser eu para sempre, é melhor cumprir com a sua promessa de trocarmos novamente.- Kayla não quis fazer uma proposta quando falou aquilo. Mas foi o que pareceu.

Era tentador a ideia de ser humana novamente, Georgia estava vivenciando cada momento que ela esquecera; sentindo cada vez mais emoções, se surpreendendo com os toques e afetos de carinho que vinham do “seu namorado temporário”. Quem resistiria?

O problema era que a garota nunca esteve disposta a ajudar Kayla, e achou a menina estupida em confiar nela. O plano já tinha sido tramado, assim, ela achou melhor acabar com a esperança de Yla

–Sullivian, querida- Ela fez uma pausa e encarou a menina- Como pode ser tão ingênua? Eu realmente achava você uma garota muito inteligente, e que estava lidando bem com as almas, mas, sinceramente, acreditou mesmo que uma alma boa ia te ajudar?

–O que esta insinuando?!- o coração de Kayla parecia o bater de asas de um beija flor.

–Nosso trato foi desfeito, na verdade era só uma desculpa pra eu poder me tornar humana novamente, e aparentemente não tem como você falar com Abby nem com seu namorado querido, já que quem vê as almas e morre não pode mais falar com quem também vê, seu dom se tornou uma maldição.

–Sempre foi uma maldição!- Se é que almas podem chorar, Yla estava chorando de desespero.

–E que sirva de lição, querida, existem muitos tipos de pessoas más, aquelas que partem pra agressão física e botam medo, como Loren, e aqueles que manipulam seus sentimentos para depois quebra-los, esta é uma boa definição para mim.

–Pare com que esta falando!- ela gritava com todas as forças, o que não acordou ninguém já que dela os outros não escutavam absolutamente nada. Kayla enfim se levantou. A impressão que tinha era de estar chorando, mesmo que nenhuma lágrima saia de seu olho. E ela sabia que se quisesse alguma coisa, não era parada que iria conseguir.

–Então, que sirva de lição para você Georgia. O bem sempre vence o mal.

E antes que ela ouvisse uma gargalhada escandalosa, Kayla sumiu.

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Algumas horas antes, após terem falado com Tyler, Jake e Zoe estavam brigando novamente, não é novidade pra ninguém, o que veio a se tornar novidade foi o que aconteceu depois da briga.

Antes que isso fique confuso em sua mente, vamos explicar a situação: Zoe tinha recém-desligado o telefone (após, junto com Jake, ligar para Tyler).

–Já pode sair do meu quarto – disse Zoe o empurrando de sua cama com os pés. O loiro deu um sorriso.

–Se depender dessa sua força eu nunca vou sair daqui. –ela então aceitou aquilo como um desafio, e ao ver sua expressão, Jake se arrependeu das palavras que disse.

Enfurecida, Zoe dirigiu-se até o quarto de Jake, o que fez com que o menino a seguisse pensando em apenas uma coisa “que diabos ela esta fazendo?”

Ele parou na porta enquanto observava ela mexendo em suas gavetas, segundos depois tirou de lá um papel e uma caneta, e sem comentar nada escreveu um bilhete o deixando em cima da escrivaninha e saindo do local, dando um sorrisinho que só ela conseguia dar. Curioso ele foi até o bilhete. Estava escrito:

“Não preciso de força para fazer você sair do meu quarto, afinal, não é no meu quarto que você esta agora;

Eu venci novamente querido

–Zoe”

Imediatamente o menino correu até o quarto dela, sem muito sucesso. A porta havia sido trancada. “Droga” ele murmurou, mas acabou admitindo para si mesma que aquilo foi genial, e se culpando por agir feito um cachorrinho e segui-la pra onde ela fosse.

–Não sabia que estávamos competindo!- ele gritou sentando na frente da porta do quarto da garota.

–Oi?

–Sabe, eu e você, em uma competição, não me lembro de ter assinado nada.

Do outro lado da porta uma garota havia dado um sorriso e logo se dirigido a porta e sentada, exatamente, como jake estava.

–Acho que esse nosso contrato sempre existiu.

–Aé? E qual é o premio?

–Não tem premio mané, nunca vamos acabar essa briga.

Ele acabou balbuciando algo que nem mesmo entendeu, quando outra pessoa interferiu.

–Filho, já tomou banho? Sabe que daqui a pouco estamos indo no aniversário do seu tio, queremos nos certificar que vocês vão ficar limpos e não vão aprontar enquanto tiverem sozinhos.

Zoe até riria se logo após a mesma pergunta não houvesse sido direcionada a ela.

–Ainda não!- respondeu a garota, Jake também havia dado uma resposta negativa apenas movimentando a cabeça.

–Então façam o favor.

Aos poucos Zoe se acostumou com aquela casa, com aquelas pessoas, já não tratava a os pais de Jake como Sr. e Sra. Ajudava na casa e tudo mais, se comportava como uma filha adotiva, e ela gostava disso.

–Quem vai primeiro?- a voz feminina soou do outro lado.

–Você- respondeu Jake se levantando, não queria que ela o visse parado lá. Não ouviu mais resposta alguma, apenas barulhos vindos do quarto e a porta sendo destrancada.

Xxx

Após Zoe entrar no banheiro Jake foi ao quarto dela, mas se deparou com seu irmão mais novo:

–O que esta fazendo aqui? – perguntou jake

–Eu que pergunto

–Você primeiro- foi à coisa mais lógica que conseguiu responder para que pudesse nesse tempo inventar uma resposta.

–Vim devolver o livro que ela me emprestou. Sua vez.

–Vim... Pegar um livro pra ler.

Aquelas palavras desajeitadas foram o suficiente para que o irmão de Jake caísse no chão de tanto rir.

–Você lendo?!- e ele não conseguia parar com o ataque

O ataque de riso era merecido, Jake nunca lera um livro na vida, nem mesmo os do colégio onde geralmente eram obras nacionais falando da cultura do povo, quando havia algum trabalho a respeito de um livro ele pedia pra Zoe resumir a obra para ele com chantagem, ou na maioria das vezes, dando-lhe algo em troca, o que geralmente eram outros livros, quando, mais raramente, ela não oferecia ajuda alguma era hora de entrar na internet e ver um resumo que ele rezava para que estivesse certo. Vendo que seu irmão, Johnny, não ia parar de rir tão cedo correu até a prateleira de livros temporária de Zoe e puxou o livro em que o pirralho acabara de devolver.

–“Marley & Eu”? – algo lembrava que esse titulo era conhecido, assim forçou mais um pouco a memoria e se lembrou de ter assistido o filme, e foi só isso, nem as cenas conseguiu. – Por que você estava lendo um livro com um cachorro fofo na capa? Você é gay?

Antes que pudesse explicar, Zoe adentrou no quarto.

–O único gay aqui é você, Jake- desde que tinha chegado, Zoe e Johnny fizeram uma dupla inseparável, afinal os dois tinha doutorado em irritar Jake e por ai vai.

–Vou sair um pouco, com sua licença, Lady Zoe- ele gesticulou como se fosse um cavaleiro e começou a andar de costas, para que pudesse ver Zoe e Jake ainda. Mal eles sabiam que o garoto tinha um plano, e, dessa vez, não havia informado Zoe.

–Não precisa fechar a porta, eu já vou saindo- falou Jake desconfortável.

O que ouviu foi só uma risada do outro lado, e por fim um track.

O quê??- rapidamente Zoe foi até a porta já sabendo muito bem o que o garoto tinha feito, girou a maçaneta cinco vezes com força e nada – Eu vou matar você seu pirralho- a garota dava pancadas na porta.

Sem resultado algum os dois estavam trancados no quarto novamente.

–Mas de novo? Por que as pessoas tem mania em nos trancar?- perguntou Jake.

Logo os dois ficaram envergonhados por alguns segundos, pois se lembraram do que aconteceu naquele dia. Jake sorriu e teve uma ideia.

–Mãe?!- gritou o mais alto que pode. E assim repetiu mais três vezes.

–Você é um mané ou o que?- perguntou Zoe encostada na porta

–Ela esta vindo!- ao escutar passos no corredor uma ponta de esperança surgiu, mas com a mesma rapidez foi tirada.

–Você é mané Jake? A mãe e o pai foram no aniversário do tio.

– Johnny meu amor, abre a porta pra gente?- Zoe só faltava implorar de joelhos.

–Não, e não vou mais ouvir vocês, estarei no meu quarto assistindo filme.

– Johnny!...

O garoto saiu, estava bem convencido que só abriria aquele quarto quando ouvisse seus pais chegando. Ele sabia que Zoe e Jake tinham assuntos para tratar e estava cansado de nenhum dos dois tomar alguma atitude. O garoto ainda não entendia a complexidade do amor, sorte dele.

Já que os dois estavam destinados a ficar um bom tempo trancados no quarto, Jake achou melhor ter algum assunto, assim, falando a primeira coisa que lhe veio à cabeça ele perguntou a Zoe por que Johnny estava lendo o “livro do cachorrinho”. A garota por sua vez riu e foi até a prateleira onde deixava os livros.

–Ah, então ele me devolveu. Eu achei que John tinha te contado

–Contado o que? Ele virou mesmo gay?

A garota pegou o livro e sentou em uma cadeira, rodando ela sem parar começou a explicar o caso:

–Estávamos pensando em adotar um cachorro, sua mãe ainda não se convenceu da ideia, falou que havia cachorros insuportáveis e pra convence-la pedi para ler este livro- a garota levantou o livro – até os piores cachorros do mundo valem a pena.

Lógico que Jake não entendeu tudo muito bem

–E por que John leria isso?

–Antes de eu indicar para sua mãe mostrei pra ele, ele preferiu ler antes, pra ver se ainda estaria convencido a ter um cão.

– E esta?

–Não sei, não deu tempo de falar com ele. Acho que deu pra notar.

Jake assentiu. O quarto foi tomado pelo silêncio novamente. Zoe se levantou e começou a mexer em seu armário, o garoto apenas a observava, viu então que ela tinha tirado uma caixinha, era pequena, mais ou menos do tamanho de caixinhas de celular, porém esta era de madeira e tinha um mosaico na frente. Zoe sentou na cama, cruzou as pernas e olhou pra ele. Desconfortável o garoto falou:

–Esse é o momento em que você começa a contar todos os seus segredos e seu passado tenebroso? – ele ficou com receio, pois podia muito bem ser isso, mas logo depois que levou uma tapa, percebeu que não.

Abrindo a caixa e acabando com o mistério, Zoe tirou um jogo de cartas, não eram tarô nem nada do tipo, eram só cartas de baralho comum

–Quer jogar rouba-monte?

Jake ficou surpreso, e acabou sorrindo.

–Está falando sério? Você tem mesmo dezessete anos?

A menina fechou a cara.

–É o único jogo que eu sei jogar. – O tom foi tão sincero que Jake começou a se questionar se a menina estava bem.

–Pois bem, hoje você ira aprender canastra!

–O que é isso?

–Passe o monte

E assim ele pode perceber que Zoe não era nada boa em diferenciar os naipes.

Depois de aproximadamente duas horas, os dois decidiram parar, isso pois Zoe conseguiu vencer (depois de ser derrotada três vezes, mas isso era apenas um detalhe).

–Parece que alguém superou o “supremo”- este foi o apelido que Jake se deu após ter feito um jogo limpo, perfeito, como ele mesmo disse.

–É claro que eu deixei- ele revirou os olhos- É sério esse lance que você só sabia jogar rouba-monte?

A menina abaixou a cabeça.

–Minha mae já tentou me ensinar outros, mas nunca consegui aprender algo mais complexo de que ver quem tem o numero maior

Ele riu -Veja só, quem diria que eu iria te ensinar alguma coisa

A menina sorriu e segurou as cartas

–Eram do meu pai, apendi a jogar rouba monte aos sete. Esperava ele todos os dias, e as oito e dois da noite começavamos a jogar.

–Por que os quebrados?

–Oito e dois? Oito do dois, oito de fevereiro, o dia em que meus pais se conheceram, na nossa família tínhamos muita coisa de “superstições e homenagens bobinhas”.

Jake descobriu que não sabia como consolar uma garota. Eram raras as vezes que conseguiam ter uma conversa longa, sem brigas o tempo todo. Zoe estava agora contando do seu passado, até então tão escondido por ela, não que ela tivesse contado sua vida pra ele, mas ele sabia que estava contando uma coisa importante, significante, algo que, Zoe não faz com frequência. Ele pegou o baralho com a intenção de guardar na caixinha, mas quando se deparou, viu que havia um bilhete lá dentro.

Foi um descuido, e quando percebeu Jake já tinha lido.

– o que é isso?- ele perguntou

As bochechas da garota estavam rosadas, sem dizer nada guardou o baralho na caixa, e depois, no armário. Não estava disposta a lidar com aquele assunto, o bilhete se tratava de um recado de seu pai , antes de ir embora deixou uma cartinha para sua filha, para ter certeza que sua esposa não leria, ele a guardou no único lugar que era exclusivo dos dois: a caixinha de baralho.

Ele até iria pedir uma explicação, ou até mesmo pedir desculpas por ter lido o bilhete sem permissão, ou ainda, consola-la dizer que apesar de tudo, agora ela tinha uma família, não de sangue, mas era melhor que nada. Ele realmente queria dizer algo, mas a coragem lhe faltou, e então optou pelo silêncio e deixou seus olhos falarem o que ele queria dizer.

Zoe estava se segurando para não desmoronar naquele instante, o jogo de baralho tinha sido muito divertido, mas ao ver a cartinha, era como se a sua felicidade fosse anulada com palavras. Ela, com toda sua pose de durona, tentou se controlar e acabou dizendo:

–Eu estou com sono Jake, vou dormir.

Já ele, apenas assentiu, saiu da cama e sentou-se no chão, a garota se virou para o lado oposto e se cobriu até o pescoço, agora ele só conseguia ver os cabelos negros contrastados com o edredom branco, nada mal.

Sabe quando a gente é criança e finge que dormir só para poder dormir com seus pais na cama, e instantes depois, acaba dormindo de verdade? Foi o que aconteceu com Zoe, ela queria fingir dormir só pra que Jake não visse sua cara de constrangimento, mas acabou pegando no sono. Dez minutos depois, o garoto se levantou e foi até o outro lado do quarto, viu Zoe dormindo e ficou ali, olhando para ela. Depois de algum tempo, foi até o armário e pegou aquela caixinha novamente, ele não devia, mas queria ler o brilhete, agora, com cuidado. Tentando fazer o mínimo barulho possível começou a investigar o guarda-roupas da menina. Se ele pudesse avançar no tempo, saberia que aquilo foi o pior e o melhor arrependimento dele.

Abriu a ultima gaveta e encontrou a caixa, mas algo agora lhe chamara mais atenção, naquela mesma gaveta havia um livro de capa dura, sem título algum, ao folheá-lo percebeu que era um diário, ele se conteve e acabou não lendo, talvez porque outros objetos lhe chamaram a atenção, entre eles, um pano de setin verde, ao desenrola-lo viu uma garrafa de bebida alcoolica, pela metade.

Ele começou a sentir um aperto profundo, queria não ter visto aquilo, e muito menos pensado no que deveria ser: Zoe estava indo pelo mesmo caminho que sua mãe. Ele bateu no chão com força, e depois enterrou sua cabeça entre as pernas, tentando deixar a mente tranquila para não acordar a garota e brigar com ela. Tarde demais, Jake não sabia ser discreto e acabou acordando Zoe, que imediatamente levantou a voz, talvez por medo, insegurança, qualquer coisa.

–Por que diabos você esta mexendo na minha gaveta?!- Jake levou um susto e com os olhos marejados e sentindo raiva começou uma discussão

–É isso que você quer? Acha que qualquer problema é motivo de beber. Olha aqui Zoe, você tem 17 anos e nem devia ter experimentado isso aqui, ele levantou a garrafa. Achei que você fosse mais consciente, mas acho que acabou com a mesma mente podre da sua mãe.

Ele a segurou pelo pulso e olhou bem dentro do olhos dela.

–Se você quer jogar a sua vida fora, é melhor nunca mais falar comigo. Eu achei que você valia a pena, garota.

O momento de choque que ela havia passado se transformou em magooa, todas essas coisas pesadas que ela ouviu... Ela não ficou calada

–Você julga muito não é? Talvez não imaginou que eu nunca bebi nada, que eu tenho um coração? Não, você nunca imaginou, pra sua informação isso é uma das poucas lembranças que eu tenho de meus pais, juntos. Depois que eles se separaram, minha mãe jogou todo e qualquer resquício de meu pai fora, a única coisa que deixou foi essa garrafa, da lua de mel deles, eles tinham guardado-a, e então, como ela já estava uma alcoolotra, não achou mal algum em beber suas piores lembranças. – nesse momento a menina chorava, estava com o pulso vermelho por causa de Jake.- Todas as vezes que eu disse que você é a pior pessoa do mundo, foi pura brincadeira. Mas não agora Jake, você é a pior pessoa que eu conheci. –Ela pegou a garrafa da mão do garoto que estava perplexo, e muito arrependido.

–Zoe, desculpa... eu... eu

–Cala a boca!- num ato de raiva ela jogou a garrafa nele, por sorte ele desviou, mais ao bater no armário, se estraçalhou. Ela correu ate porta e começou a bater forte.- Jhonny! Abre essa porta agora! Agora!- ela gritava como nunca, estava desesperada. Sem efeito algum, caiu no chão, e desejou que o garoto sumisse.

–Zoe, eu realmente sinto muito...

–Eu mandei calar a boca!

E foi assim que o garoto começou a chorar. Ele se convenceu que o que Zoe disse era verdade, ele era a pior pessoa do mundo.

Jake sentiu uma sensação de fervura, junto com ela medo, insegurança, vergonha. Ele achou que todos os gestos que fez pra conquistar o coração gelado da menina foram em vão.

De repente, ele escutou a voz de Tyler. Não, Tyler não estava lá prestigiando a cena, mas Jake teve um dejavú.

“Zoe não acredita em você, tem medo de que o amor dela seja em vão, é como acreditar em que um assassino se arrependeu e ficou bonzinho. Você sempre foi “galinha” Jake, dizer que gosta só de uma menina é uma quase ironia, mostre a ela que não, porque no fundo, segundo a Yla, você ama Zoe, e amor Jake, é tudo que precisamos.”

Mostre a ela que não. O amor é tudo que precisamos. Ele estava certo do que faria.

O garoto ignorou os estilhaços de vidro no chão, ou da garota que estava tão enfurecida que poderia matar ele naquele instante. Ele ignorou o orgulho, ignorou sua fama de pegador. Correu até a enina e lhe deu uma abraço, intenso.

Curiosamente ela não o chutou, nem tentou qualquer tipo de agressão. Ela o abraçou de volta.

–Eu sempre acreditei que nós dois juntos éramos um erro Zoe. Somos diferentes, muito diferentes. Mas se tem uma coisa que eu tenho certeza, é que eu sempre cometo erros. E você é o erro que eu mais quero cometer. –Dito isso ele a beijou. Quando se separaram os olhos da garota estavam inexpressivos, mas brilhando. – Eu não sei o que é amor, mas se for essa sensação que eu sinto quando estou do seu lado, então, eu te amo.

Zoe deu a resposta como se tivesse contando um segredo. Um segredo nunca revelado.

–Je t'aime, Jake.

A ajuda que ele pediu em francês pra ela tinha valido muito a pena.


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Notas finais do capítulo

Uma chance? um tempinho?

Short fic (capitulo unico)


http://fanfiction.com.br/historia/516461/Eternidade/



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