Acordei em um hospital, estava em uma maca, a minha direita havia uma moça aparentando ter no máximo 30 anos. E a minha esquerda Tyler, se encontrava com um curativo pequeno na cabeça. Pisquei bruscamente, pois a claridade do sol de final da tarde me incomodava um pouco. Levantei da maca, e a enfermeira me olhou:

—Você se sente bem?

—Sim - Disse, apesar de meus pulsos ainda doerem um pouco.

—Então ela já pode ir. Não foi nada grave, mas sem querer ser enxerida o que aconteceu?- perguntou a enfermeira

—É que... er...hum- balbuciei

—Como está Kayla?- perguntou o senhor Wendt entrando no quarto do hospital, assim que me viu dirigiu um olhar doce. – Que bom que está bem, quando vi os dois lá no canto do quarto, desmaiados e com cortes eu quase tive um infarto. Chamei a polícia e eles orientaram pra leva-los ao hospital, bem não é nada fácil levar dois jovens desacordados em um carro.

Eu e Tyler trocamos olhares nervosos, e certamente nos entendemos.

—Mas... Polícia? – disse nervosa

—Qual é o problema? Esse criminoso vai pagar, bem não acho que os dois começaram a brincar de guerrinha e esse foi o resultado, obviamente que não, não é?

Balancei a cabeça negativamente.

—Senhor. W se me der licença preciso falar com Tyler- disse segurando no pulso e o levando pro banheiro

Tranquei a porta.

—E agora?- perguntei

—No banheiro! Jura?- ele disse sem animo

—Quer que eu fale de almas na frente do seu pai?- ele me dirigiu um olhar obvio que a resposta era não.

—O que vamos fazer?

—Eu tenho um plano. Mas preciso que você me ajude.

Contei o plano rapidamente a ele, não era muito agradável ficar em um banheiro conversando. Assim que saímos o sr.W sorriu, o mesmo sorriso malicioso de sempre, qual é a dele? Bem não posso discordar que essa vez era de se maliciar. Eu trancada com um menino no banheiro?

—Preciso ir para minha casa- disse ao padrasto de Ty.

—A policia já esta a caminho- ele disse me parando- não vão fugir de explicações.

Quando a policia chegou fomos interrogados, juntos- o que já facilitava 50% do plano.

—O que vocês estavam fazendo quando o criminoso chegou.

—Que criminoso? – eu disse

—Eu não me lembro de nenhum criminoso- afirmou Tyler.

O policial suspirou fundo, já parecia cansado sem vontade nenhuma de descobrir o caso, vamos dizer que estava “matando o trabalho”.

—Em fim do que se lembram?

—Bem- comecei- Eu estava no quarto dele fazendo exercícios de física, e ele desceu pra buscar alguma coisa para comermos.

—E você rapaz- o policial se dirigiu a Tyler.

—Bem- ele me imitou- Ela estava no meu quarto fazendo exercícios de física e eu desci pra buscar uma coisa para comermos- virei minha cara para o policial não notar que estava rindo.

—Não se lembram de mais nada? – o policial estreitou os olhares

Então eu dei-me o melhor. E comecei a chorar de mentirinha, obvio que o policia não sabia disso.

—Eu queria tanto justiça! Eu não me lembro de nada, quem fez isso merece prisão, eu não teria coragem de defender um criminoso- Forcei um pouco mais o choro.

—Certo se acalme- disse o policial- vou falar para o Sr. W que vocês não se lembram, fiquem atentos sabem que qualquer coisa é só me chamar. Ele sorriu e foi até senhor Wendt que estava dentro do quarto.

—Como conseguiu?- Tyler abriu um sorriso

—Já sou profissional-levantei da cadeira

—Então convença meu padrasto- ele riu

—Porque ela devia me convencer?- o pai de Tyler surgiu encostado na porta

Um palavrão veio em minha mente, a sorte é que o policial já havia sido dispensado pelo simples fato de não ter ajudado em nada, mas algo me dizia que o padrasto de Ty não se convenceria por um choro.

—Convencer ao senhor... - Ty tentou, mas não conseguiu dizer nada.

—Ótimo vamos para casa, certamente teremos que conversar muita coisa.

Um silêncio constrangedor tomou o carro, eram 7 horas e já estava escurecendo. Ao chegarmos a casa de Tyler seu padrasto pediu para que sentássemos no sofá. Ele sentou no oposto.

—Comecem dizendo o que aconteceu, não aceito mentiras e nem choros – Matt Wendt olhou para mim, ameaçador.

—Já contamos pra policia- disse eu por fim

—Vocês já mentiram pra polícia, mas eu não vou ser enganado tão fácil senhorita Sullivan. – a campainha tocou, amém, ou poderia ser ainda pior.

Eu e Ty nos viramos pra porta, era a mãe dele, o que ela estava fazendo aqui? Ela se explicou, disse que ficou muito preocupada com o acontecimento, e acabou vindo, amanhã retornaria a viajem.

—Senhorita Owen, eu preciso falar com você – disse a ela.

—Vai fugir?- seu marido perguntou a mim

—Ah querido, depois você banca o detetive, primeiro vou conversar com Yla- então ela sorriu fazendo um gesto para eu a acompanhar, como eu gostava dela.

Eu contei tudo, absolutamente cada detalhe que as almas me disseram, ela ficou emocionada na visita do meu pai e da minha mãe, Esboçou um sorriso com a minha primeira conversa com Mylla, e ficou horrorizada com a senhora.

—Há tempos eu não vejo uma alma. Mas a cura não é tão difícil, é só uma questão de tempo, eu fechei os olhos e respirei fundo, o que ela falaria mudaria do meu futuro.