Patrick buscou a doce garota na escola e a pedidos dela, pararam para fazer um lanche em uma padaria próxima a CBI.

–Pai, posso lhe fazer uma pergunta? – Charlotte perguntou, após beber um pouco do seu suco de laranja.

–Claro querida – Respondeu. Como já tinha tomado café da manhã, ele não havia pedido nada.

– Onde você está morando agora?

–Hum, por que você quer saber disso agora? – Ele perguntou desconfiado da loirinha.

–Por nada... – Ela deu uma mordida no seu lanche e depois de alguns segundos prosseguiu – É que eu achava que você estava morando na nossa casa em Malibu, mas de lá até aqui são mais de três horas de viagem.

Patrick a olhava, lendo sua expressão facial. Então concluiu:

–Você não está sendo sincera comigo. Por que perguntou isso?

– Porque eu to curiosa pai, apenas.

–Não, tem alguma coisa por trás disso, você está me escondendo algo – Afirmou.

Ela o encarou séria, mordendo os lábios rosados.

– Só fiz uma pergunta inocente, não precisa ficar desconfiado.

Ambos se calaram. Charlotte continuou comendo seu lanche e Patrick a observava. Ele estava pensativo. Não sabia quanto tempo iria esconder a sua filha que a casa onde moravam não era mais o jeito que era antes.

–Eu moro em um lugar aqui perto, mas também tenho um pequeno quarto no sótão da CBI. Satisfeita?

–Muito, mas...

–Mas?

–Mas o que houve com a casa em Malibu. Você vendeu?

Jane pensou por alguns instantes antes de responder:

–Não.

–Mas você não vai mais lá?

–Charlotte... O que você está escondendo?

Charlotte cruzou os braços e fechou mais ainda a cara.

–Você e essa sua teimosia de querer saber as coisas, estragou a surpresa.

–Surpresa? – Patrick perguntou curioso.

–Sim surpresa.

–Qual surpresa?

–Ah, mas você é teimoso demais sabia? Se for tão bom em adivinhar as coisas então adivinhe o que é.

–Hum... Deduzo que queira saber onde eu moro, pois quer ou me visitar – Ela deu um sorrisinho irônico – Ou melhor, você vai morar comigo.

O sorriso dela desapareceu. Charlotte ficou séria e imitou o biquinho que fazia quando era criança, fazendo Jane sorrir de felicidade. Como ele sentiu falta daquela careta fofa.

–Acertei? – Ele perguntou.

–Você estraga as surpresas, entrando assim na minha mente.

Ele riu.

–Eu não entrei na sua mente, querida. Apenas li o seu comportamento e deduzi...

–Você não mudou nada nesses anos mesmo – Ela brincou, limpando os lábios sujos no guardanapo.

–Então, vai me contar mais sobre isso? Quer dizer, você vai morar mesmo comigo?

–A senhora Haze disse que saiu a minha permissão para ir morar com você! e ela disse que se eu tiver proteção policial, eu posso sair de vez daquele lugar. Você só precisa ir lá e conversar.

–Mas que ótima noticia, Charlotte! Na CBI você terá muita proteção policial.

–É mas... Eu tinha pensado em irmos morar em outro lugar, uma casa de verdade. Não digo na nossa antiga casa, porque ela me traz más lembranças... Mas talvez em outro lugar.

–Imaginava que gostaria de voltar para aquela casa.

–Aconteceram coisas muito ruins lá... Você sabe.

–Sim...

–E por isso eu talvez não esteja pronta para pisar naquele lugar novamente. Não agora, mas talvez algum dia eu volte lá.

–Tudo bem... – Ele colocou a mão sobre a mão da garota – Vamos para a CBI? – Mudou de assunto – Teresa está louca comigo.

–Andou traindo sua namorada, papai? Que feio – Brincou com a cara do consultor.

–Não, Charlotte.

–Não o que? Não são namorados ou não está traindo-a?

–Os dois.

–Sei, sei...

Com o clima mais descontraído entre os dois, Charlotte e Patrick entraram no carro e foram para a agencia. Quando lá chegaram, Patrick não foi ao encontro de Teresa e sim levou Charlotte até o seu sótão.

–Aqui está, o meu quarto.

O sótão era todo de madeira, com uma grande janela que dava vista para o centro de Sacramento. Havia muitas coisas que não pertenciam ao Jane lá e tudo parecia empoeirado, com uma grande camada cobrindo os moveis. Uma caixa grande de madeira era usada como mesa, e nela havia uma luminária e perto, uma cadeira. Sua cama era nada mais que uma placa de madeira com um fino colchão em cima e três travesseiros. Charlotte ficou surpresa com as condições que seu pai vivia. Era inaceitável para ela que alguém como seu pai, que estava acostumado com luxo e uma vida fácil, viver em um lugar deplorável como este.

–Achei que aqui seria mais... –Ela levou o dedo na boca e pensou na melhor palavra para descrever o ambiente- Atraente, digamos...

–Não se preocupe, é temporário. Fico aqui até pegar o Red John, quando conseguir eu vou me mudar imediatamente. Vamos para uma casa maior.

–Mas quanto tempo vai demorar até você pega-lo?

Ele apoiou sua mão no ombro da garota e fitando-a, respondeu:

–Estou chegando perto, querida. Estou chegando muito perto...

–Perto quanto? Você tem noção de quem ele é?

–Não, eu tenho suspeitos de quem possa ser.

–Isso não é perigoso, papai? –Ela perguntou preocupada – Ele tem cúmplices, muitos por sinal e eu sei que eles vão fazer de tudo para proteger o Red John, não é?

–É, mas eu faço de tudo para matar o bastardo que tirou a sua mãe de nós... Tirou a sua mãe de você, Charlotte.

Ela concordou, acenando positivamente com a cabeça.

–Ele não poderia ter feito isso com ela... Ele não podia ter feito isso com nós.

–Não mesmo, querida – Ele a abraçou com força, mergulhando seu rosto em seus cachos loiros que depois de tantos anos, ainda cheiravam a morangos com creme.

Patrick sentia a culpa batendo novamente em sua alma. Ele foi o verdadeiro culpado do assassino ter matado sua esposa. Ele tirou da filha, a coisa mais preciosa que se existe no mundo: A mãe e consequentemente, a família.

Mas agora, as coisas estão mudando.

Patrick está novamente com sua querida filha.

E o pior é que Red John sabia disso. Seu plano estava dando certo.