My Red Cherry escrita por Miahh


Capítulo 22
Traumas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem?
Eu acho que esse cap ficou meio sentimental, mas tudo bem. Eu gosto de escrever fics puxadas pro sentimentalismo (vide novelas mexicanas) haha. Espero que gostem - se alguém ainda lê a minha fic né, pq faz tanto tempo.....



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Ainda era muito cedo para Lisbon afirmar que o tratado de paz entre as duas estava finalmente proclamado. Charlotte, sua futura enteada, parecia ser regida pela lua e constantemente mudava de humor com a rapidez de uma lebre. Ora, não estava tudo bem na tarde do dia anterior até Charlotte se emburrar ferozmente, se queixando para o pai sobre algo que Lisbon nem havia notado? Pois a agente ainda temia que a pequena torcesse o nariz novamente e se trancasse no quarto, provando que sua bipolaridade emocional era imprevisível.

–Que cheiro bom, pai! –Charlotte correu em direção ao pai que estava na cozinha, largando a coruja e a bolsa, no chão – É batata frita com o quê?

–Com um hambúrguer. É uma janta especial, não se acostume com esse tipo de comida – Respondeu Jane com um sorriso de ponta a ponta, simplesmente pois sabia que o plano tinha dado certo e pelo jeito que Annie agarrou em seu pescoço, a fúria havia se transformado em felicidade. Era uma noticia muito bem vinda naquele momento em que estava lutando pelo coração da agente. – Por que não vai pra cima tomar um banho, enquanto eu termino a janta e falo com a Teresa?

–Está bem – Ela recolheu suas coisas do chão e saltitante subiu até o banheiro, onde bateu a porta com tudo e se entregou a um merecido banho. Ela adorava quando Jane se punha a conversar com a “amiga”, pois sabia que eles não notariam o quanto ela demoraria no banho.

–Como foi o dia? Pelo jeito, ela se divertiu.

–Foi legal. Eu a levei para o parquinho. Ela ficou contente. – Lisbon sorriu para o consultor, que voltou a fritar os hambúrgueres – O que vamos comemorar hoje?

–Como assim?

–Você não é muito fã de fast food.

–Hum... Eu não sou a Van pelt. Eu gosto de fast food. – Ela cruzou os braços e se preparou para responde-lo, porém Jane prosseguiu – E respondendo a sua pergunta, sim, estamos celebrando algo.

–O que seria?

–O relacionamento de vocês duas. Estamos celebrando o relacionamento de vocês duas.

–Minha amizade com a tua filha é algo tão especial assim para ti?

–É, claro que é.

–Hum, e posso saber o por quê?

Ele sorriu, virando-se para a agente que o encarava com um olhar amoroso, porém ainda tímido.

–Eu quero que a minha filha tenha um bom exemplo de mãe por perto. E eu não poderia pedir por uma mulher melhor para cuidar da minha pequena, do que você.

Digamos que as bochechas da Lisbon estavam mais vermelhas do que uma rosa avermelhada.

–Obrigada. – Ela respondeu baixinho e um longo silencio predominou no ar. Logo, Lisbon puxou assunto novamente – Como foi hoje? Você descobriu algo daquela amante do Red John?

–Meh, nada de muito importante. A secretaria se chama Joan Thiele, tem quase a idade da Lorelei e é louca por sushi, além de ter uma grande queda por música clássica, cavalos e filmes franceses.

–Wow, como você descobriu isso tudo? Não foi perguntando para ela.

–Claro que não. Internet está ai para isso.

Ela riu.

–Disse como se soubesse mexer na internet.

–Grace me deu uma ajudinha.

–Eu sabia! – Respondeu com a voz suave. Lisbon estava desfrutando da alegria de ver o seu consultor finalmente relaxado. Ela sabia que desde que Charlotte havia aparecido, muita tensão misturada com felicidade, se apoderou dele. Patrick não dormia de noite. Ela por várias vezes acordou e notou que o consultor perambulava pela casa, arrastando seu chinelo azul pelo carpete da sala. Ele estava aflito. Charlotte estava com ele e ele sabia, com toda a certeza, que sua filha não havia voltado sem motivo. Red John deixou isso bem claro. Era questão de tempo até atacar – Acha que ela é um perigo para nós?

–Não. Apenas uma distração. Red John é um mágico e ela será a sua distração.

–Como assim, Jane?

–Ele irá usa-la e ela sabe disso. Além que, ela não irá nos dar nenhuma informação importante sobre o amante.

–Ela poderia descreve-lo... Isso seria de uma baita ajuda!

–Não, ela não iria fazer isso.

–Você não pode ter tanta certeza disso – Rebateu áspera – Temos que ter esperança.

–Esperança é algo ilusório, Lisbon. Eu confio nos fatos. E os fatos são claros e óbvios, aquela mulher não passa de uma marionete. Logo será descartada. Temos que jogar com outras armas, Lisbon. Temos que ser mais espertos que ele. Temos que seguir no caminho contrario, sermos imprevisíveis.

–Espero que esse caminho que você tanto fala, não nos leve para outra direção.

–Vai dar tudo certo. Agora – Jane pegou uma das batatas fritas que estava sobre o prato e colocou na boca da amante – Vamos aproveitar essa comida gordurosa enquanto ainda dá tempo.

**

Um assovio fraco e melódico ia aos poucos, tomando conta do pequeno corredor vermelho, acompanhado de passos duros que lentamente iam subindo pela escadaria. Dentro do escritório, uma pequena garota de seis anos se encolhia embaixo da mesa. Os cachos loiros estavam caindo sobre a face sonada da jovem. Suas mãos cobriam a boca e uma confusão evidente eclodia dentro de si.

–Vamos ficar bem. – Murmurou a mãe – Não faça barulho.

–Cadê o papai?

–Ele já vem. Agora fique quieta, Cherry. E não se mexa.

–Mas m...

–Silêncio, Charlotte!

Os passos pararam. Um silencio atordoante tomou conta da casa. A aflição foi aumentando e era tudo o que ele precisava. Ele farejava o medo como um cachorro fareja comida. Era sua diversão. Brincar de esconde-esconde com ele chegava a ser mais divertido do que matar a vitima que está deitada, na cama. Era tudo muito fácil e previsível. Ele gostava mais da emoção. E os Jane, - ele pensava – não desapontavam nisso.

–Charlotte, eu preciso que você me prometa uma coisa.

Ela acenou com a cabeça.

–Não importa o que acontecer, você irá correr e não irá olhar para trás.

Não irá olhar para trás.

Nunca olhe para trás, Charlotte.

–Charlotte? Você está bem? Querida, acorde, papai está aqui! – Jane a sacudia com delicadeza, enquanto a filha chorava baixinho de modo crescente, balbuciando palavras aleatórias que em sua mente faziam algum sentido – Charlotte, é só um pesadelo, acorde querida, acorde.

Charlotte acordou em um pulo. Seu pai a mirava assustado, ligeriramente confuso. Jane estava confuso. Charlotte sempre o deixava assim.

–Querida, papai está aqui – Ele a abraço e ela desmorou em lagrimas. Tentou dizer alguma coisa, mas os lábios finos simplesmente não formavam palavras. – Pode me dizer o que estava sonhando?

–Era a mamãe. – Ela disse com a voz alterada – Ela disse que eu tinha que lhe prometer uma coisa.

–Que coisa?

–Que eu não olhasse para trás. Disse que não era pra voltar. Era pra correr.

O coração de Jane foi possuído pela tristeza. Uma sensação estranha se apoderou do seu corpo e ele sentiu vontade de gritar a plenos pulmões.

–Tudo estava tão confuso... – E para ela ainda estava. Ela estava com o seu pai, em uma casa estranha. Não era a sua casa de Malibu. Não havia mãe alguma. Tudo era diferente. Patrick sentia a insegurança na filha. Ela parecia não conseguir processar tudo. – Foi muito real.

–Eu imagino – Ele disse dando um suspiro. Foi muito real, afinal era real. Aconteceu. Lisbon estava certa quando disse que Charlotte talvez tenha visto algo. Talvez ela tivesse visto tudo. – Você vai ficar bem, querida.

E mesmo que Jane tentasse, ele não iria pregar o olho naquela noite. Não importa quanto. Seria outra daquelas noites onde a imagem da sua esposa morta invadia sua mente e arrebatava seu coração. Agora ele sabia que não era o único que tinha esse pensamento. Charlotte também. Infelizmente, ela também havia visto.

**

Anne foi a escola um pouco mais tarde naquele dia. Ambos, pai e filha, perderam a hora e acordaram somente as oito e pouco, quando Lisbon bateu na porta do quarto deles e Jane, com seu sono leve, despertou.

Enquanto isso no escritório, Teresa passou o dia arrumando os preparativos para a festa do aniversário do Jane, no dia seguinte. Ela brilhava, radiante em preparar uma festa para o amado consultor. Teresa era muito organizada em questão de preparação de festas, então tudo estava ficando impecável. A comida já havia sido pedida e paga. Seria entregue na noite seguinte. Metade do escritório havia sido convidado. Haveria um bolo de três quilos, recheado com morango e creme (favorito da pequena Charlotte e provavelmente do seu pai também, ele aceitava qualquer sugestão que a filha desse).

Bexigas foram compradas e Charlotte as encheria junto do Rigsby. Presentes ansiavam em conhecer seu dono. Teresa planejava vestir um santo salto alto e usar um batom extremamente escuro para chamar a atenção do consultor. De certa forma, ela se daria de presente para ele.

Naquele dia, os casos na CBI estavam trazendo aflição aos agentes, já que pareciam não ter resposta. Jane recebeu diversas criticas da chefa por deixar o trabalho mais cedo e fazer questão de buscar sua filha na escola. Mas, em todo caso, ela iria ter um papel importante em um dos casos. Todos já estavam sabendo sobre a Joan e seu envolvimento com o Red John, porém eles não sabiam muitos detalhes. Detalhes esses que não poderiam ser encontrados em um perfil da internet. Coisas que apenas Charlotte poderia dizer.

–Você se lembra dela? – Patrick mostrou uma foto para a filha, que estava sentada em uma cadeira de rodinhas, com as pernas no braço da mesma e a coluna encostando no outro. Posição levemente desconfortável, mas muito agradável para a garota que gostava de ficar assim desde que era uma criança. Isso sempre deixava Jane sorridente. Não havia prova maior que ela era a sua filha do que esses pequenos gestos que continuavam ao continuar dos anos.

–Joanita – Respondeu sorridente – Recepcionista daquele lugar lá.

–Já conversaram?

–Não, nunca. Ela me parece legal. Quer dizer, ela é legal com todo mundo, soa até um pouco falso. Mas... Eu realmente não gosto dela. Nem um pouquinho. Então não me dei o trabalho de gastar saliva com essa criatura.

–Por que você não gosta dela?

–Meh, por que eu iria gostar? Ela é estranha demais. Ela parece meio louca, tipo como se ela fosse viciada em Valium ou Xanax. Ela está sempre meio desligada, meio sonada. De vez em quando ela aparece normal, mas dai ela muda. Fica séria, fria. Algumas pessoas tem medo dela.

–Medo que ela faça o que?

–Medo dela em si. Ela tem um olhar sinistro. É uma mistura de crueldade com sonolência – Charlotte riu, girando a cadeira a batendo o pé na escrivaninha que ficava perto do sofá de couro do pai – Ela me mataria se fosse capaz. Ela mataria qualquer um se fosse capaz. Ela é dissimulada. Não sei como a contrataram.

–E se eu te dissesse que ela tem alguma coisa a ver com o Red John?

–Diria que faz sentido – Respondeu um pouco mais séria – Aposto que toma aqueles antidepressivos por causa dele. Aposto ainda mais que acha que iria se livrar da morte, ficando ao lado dele. Mas, sabe, ela é burra. Ele vai mata-la. Ela é tão besta que até eu iria.

Patrick trocou olhares com a amiga e ambos pareciam assustados com a forma que a pequena Charlotte disse aquilo. Na verdade, ela estava um pouco mais medonha naquele dia. Patrick achava que poderia ter algo a ver com o sonho que ela tivera.

– Você se lembra de mais alguma coisa? Além disso? – Lisbon perguntou e Charlotte sacudiu a cabeça de leve.

– Acho que mais do que nunca, você deveria tomar cuidado – Jane afirmou olhando nos olhos claros e calmos da filha, tal garota que parecia tão acostumada com a situação que se encontrava que não demonstrava mais sinais de preocupação. Na verdade, Charlotte os escondia muito bem. Ela tinha medo, muito medo.

– Ele vai me pegar de qualquer forma – Ela respondeu e Lisbon apertou os lábios, sentida pela forma que a menina declarou aquilo – Ninguém vai me salvar.

– Charlotte! Eu já disse para você não falar isso. Lisbon e eu estamos fazendo o possível para deixa-la mais confortável diante toda a essa situação em que você se encontra.

Prontamente a menina levantou da cadeira e sorriu para o pai.

– Eu sei, pai. Eu estava brincando. Eu sei que tudo ficará bem.

Entretanto, Red John que até agora permaneceu quieto, estava agora prestes a botar seu plano em prática.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que faz muito tempo que eu não postava a minha fic e que acho que todos perderam o interesse por ela, mas eu ando tão ocupada com a faculdade que nem dá pra postar muito. Eu quero voltar a escrever essa fic o mais rápido possivel, antes que eu me esqueça o final que eu tinha dado a ela haha.
Beijos



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