PDV Bella

Assim que o vi, meu corpo todo tremeu. Minha respiração  já não era uniforme e meu coração, nunca bateu tão forte quanto agora. 

- Bella - ele sussurrou meu nome e eu segurei para não correr e abraçá-lo. 

- Vou deixar vocês sozinhos. - meu pai disse praticamente falando sozinho já que eu e Edward estávamos muito mais interessados em ficar nos olhando autônomos do que ouvir o que Charlie disse.

Meu pai saiu e me aproximei entrando no camarim. Alguém atrás de mim fechou a porta e eu ouvi um barulho de chave, mas não dei atenção. 

- Bella. - ele sussurrou novamente - O que você veio fazer aqui?

Confesso que esperava algo como "Ainda bem que você veio falar comigo, meu amor. Eu estou morrendo de saudades." e não um "O que você veio fazer aqui?"

- Meu pai veio nos bastidores e eu só estava o seguindo.

- Ah...

- Bem... É... Eu... - eu odeio quando eu gaguejo ao ficar nervosa. ODEIO! - Eu vou embora.

Sem deixar que ele respondesse alguma coisa, me virei e girei a maçaneta. Empurrei a porta, mas pelo visto estava trancada. Tentei mais três vezes e não obtive nenhum resultado. O barulho de chave que ouvi deve ter sido isso. 

- Edward, eu não consigo abrir essa droga!

- Deixa eu tentar, Bella.

Ele pegou no meu braço com delicadeza e me afastou da porta para que ele pudesse tentar. Esse simples toque macio fez com que uma corrente elétrica percorresse todo o meu corpo. Edward me pareceu indiferente em relação ao toque e tentou abrir a porta, mas também não conseguiu.

- Você não tem a chave? - perguntei e ele negou com a cabeça. Caí no sofá totalmente derrotada. - Ótimo.

Eu deveria estar feliz por estar com ele, mas Edward me pareceu que não queria minha presença lá. No palco quando ele me viu e aqui no camarim ele estava dando olhares que me pareciam que eram de interesse, mas assim que abriu a boca o encanto foi embora. 

Edward sentou-se ao meu lado no sofá e ficou encarando a porta. Queria tanto tocá-lo...

- Vamos ter que passar a noite juntos?

A simples ideia de dormir comigo parecia incomodá-lo de uma forma muito grande. 

- Acho que sim, mas eu pode dormir no sofá se quiser... - dei de ombros - Não me importo de dormir no chão.

- Deixa de besteira, Bella! Até parece que vou deixar que você durma no chão! 

- Machista! - impliquei. 

- Não é questão de machismo ou não e sim de cavalheirismo. 

- Não preciso que você seja cavalheiro comigo. 

Se não foi antes quando apostou minha virgindade, por que quer ser agora? - pensei. 

- Eu não vou deixar que você durma no chão, Bella.

- E eu não vou deixar você dormir no chão, Edward.

- Então dormimos no sofá. 

Quase abri a boca de tão surpresa. A segundos atrás ele não estava desconfortável com a ideia de dormir comigo e agora ele mesmo sugeriu?! Ele era bipolar?!

- Tanto faz. - fingi indiferença e arranquei meus sapatos, peguei meu cabelo, fiz um monte e amarrei em um coque frouxo.

- Se importa se eu dormir sem camisa?

- Não. - respondi simplesmente - Já vi tudo aí que eu tinha pra ver. 

Eu nem acreditei que disse essa ultima frase. Corei, totalmente envergonhada e continuei a me ajeitar para dormir. Meu costume era dormir de calcinha e camisão, mas a situação não me permitia isso. Então teria de dormir com uma roupa justa no corpo e com maquiagem.

Edward tirou sua camisa e tive de me conter para não suspirar ao ver seu abdome e peitoral definidos. Ele era tão, tão perfeito... E com esse ar de mais velho e corpo ainda mais lindo ficava muito melhor. Desviei o olhar para que eu não me agarrasse a ele agora mesmo. 

- Está com fome, Bella?

- Não, mas quero comer. 

Edward riu e se dirigiu a uma mesa onde havia líquidos como suco e refrigerante e algumas delicias doces e eu o segui. 

- Vida de artista deve ser uma droga, né? - eu ironizei - Fazer o que gosta, receber por isso e ter comida de graça. 

- Mas não é fácil.

- Longe de mim dizer que é. - peguei bolo na mesa e sentei na cadeira para comer. Edward fez o mesmo. - Eu só acho que você faz o que gosta, não é? Isso já é muito bom.

- Na verdade, eu fazia o que gosto. 

- Música era sua vida, Edward. 

- Ela deixou de ser há 5 anos. 

- Não consigo entender entender como uma pessoa pode mudar tanto em 5 anos. 

- Tem mais de 5 anos que eu mudei... Na verdade desde que... - ele suspirou - Esqueça!

Eu podia estar louca, mas tinha praticamente certeza que ele ia dizer que mudou desde que me conheceu. Fingi indiferença e dei mais uma garfada no bolo. 

- E você, Bella?

- E eu o que?

- O que você fez nesses 5 anos?

- Estudei medicina em Boston.

- Só?

- Minha vida nunca foi muito badalada, Edward. - disse e suspirei - Nada de bom ou diferente.

- Se casou?

- De jeito nenhum!

Tive de rir de uma coisa dessas e ele me acompanhou, mas provavelmente sem achar graça ou entender. Se nesses 5 anos eu não tinha o homem que eu sonhava em me casar, como era possível que tal fato acontecesse?

- E pelo que eu sei você também não colocou uma coleira no pescoço, não é? - tirei sarro.

- Não. - Edward riu - Nem pensei nisso.

Ficamos em silêncio e terminamos de comer o bolo e então nos deitamos no sofá um de costas para o outro. Aquela posição era desconfortável, mas não porque eu estava quase caindo do sofá e sim porque queria que Edward me abraçasse e dormisse agarrado a mim pela ultima vez. 

- Bella, - chamou-me - você quer trocar de lugar?

- Não, Edward. 

- Você vai cair assim.

- Não tem problema... - disse - Eu não posso dormir no chão? Tem certeza?

Aquela situação estava me deixando mal e totalmente frustrada. Eu estava ali, louca para ser beijada por aqueles lábios macios do Edward e ele nem me dando a mínima atenção. Era frustrante ter de dormir ao seu lado sem poder ser tocada ou tocá-lo. 

- Não. Deixa que eu durmo. - Edward disse e tentou se levantar, mas rapidamente me virei e coloquei meu corpo um pouco em cima do dele para prendê-lo. 

Naquele momento nós estávamos perto demais e eu tinha certeza que ele ouvia meu coração bater freneticamente. Nossas bocas estavam a centímetros uma da outra e eu podia sentir sua respiração quente batendo contra o meu rosto. 

Eram apenas milímetros que nos separavam e eu queria muito que tais não existissem e pudesse beijá-lo até perder o folego para matar toda a saudade desses 5 anos longe. 5 anos sem seu toque, sem seu cheiro, sem seus olhos hipnotizantes.

Foi então que Edward chegou um pouco mais perto e roçou seus lábios nos meus, mas sem - infelizmente - selá-los. Eu estava sem o controle do meu corpo e fiquei autômata. Não sabia o que fazer. É claro que eu queria muito seus lábios nos meus, mas deixaria que ele decidisse se queria ou não a mesma coisa. Porém, por dentro, eu estava praticamente suplicando para que ele me beijasse tão apaixonadamente a ponto de deixar meu corpo todo mole e precisando dos seus braços em torno de mim para me sustentar.