Os dias foram se passando, aos poucos nós, os OOCs, fomos nos acostumando com o local e com a ideia de vivermos todos juntos em uma espécie de mansão em Ernas. E junto com nossos personagens favoritos.

Não que viver lá seja ruim. Nós acordávamos, comíamos o café da manhã que era delicioso, e depois passávamos o dia todo conversando. Não parecia que aquela confusão estava acontecendo, muitas vezes esqueci o motivo de eu estar ali, de todos estarem ali, de os personagens da Grand Chase estarem ali. Agora não precisávamos mais nos utilizar de computadores e microfones para nos comunicar.

Era uma tarde de terça-feira, se não me engano; Até perdi a noção do tempo. Estávamos todos sentados nos grandes sofás da sala de estar do QG.

- Celly, o que você acha de tudo isso? – Carlos me perguntou.

- Um... Pesadelo, talvez – Respondi, sem ter muita certeza do que tinha dito.

- Não acha que foi legal nós termos nos encontrado?

- Foi, claro que foi. Mas isso é um pouco assustador, mesmo assim.

- Medrosa como sempre – Ele me envolveu em seus braços e me apertou – Tem medo de tudo! – Concluiu, rindo.

- M-mentira sua, eu não tenho medo de tudo – Eu tinha sentido meu rosto corar. Por que esse maldito estava me abraçando desse jeito?

- Claro que não – Ele finalmente me soltou – Você precisava ver a cara do Zero, quando o achei. Parecia estar perdido, e se perguntando por que ele estava ali.

- Pelo menos você não viu um par de olhos vermelhos te encarando na janela do seu quarto.

O assunto continuou, não cabe a mim contar tudo o que foi dito. Alguns chasers estavam patrulhando por toda Ernas, a fim de encontrar algum monstro que pudesse dar informações sobre o paradeiro dos outros vilões. Eles não iriam todos para a Terra sem ao menos deixar algum espião para tomar conta de Ernas, iriam?

Mas Mari continuava na biblioteca. Senti pena daquela garota, todo o peso de descobrir tudo sobre como o laço entre OOCs e ICs era possível foi jogado em cima dela. Sua OOC, Íris, estava conversando com Juh, uma segunda OOC do Dio. Cheguei a falar sobre esse detalhe?

Dio, no RP, na verdade teve dois OOCs. Juh foi a primeira, mas depois de um tempo desistiu. Mas isso não significa que ela esqueceu completamente o Dio, não significa que ela ainda não saiba interpretá-lo; Por isso continuou sendo uma OOC. Lucas veio logo depois dela.

Vamos voltar ao assunto da Mari. Ela ainda estava jogada na biblioteca, no meio dos livros.

- Quando é que você vai sair daí e vir se distrair um pouco? – Disse Dio, que estava vagando pelo QG e passou em frente à porta da biblioteca.

- Eu não posso. Tenho que descobrir os motivos disso tudo – Ela respondeu.

- Ora, deixe de ser estúpida – O asmodiano adentrara a sala.

- Saia daqui, você está me desconcentrando – Retrucou a garota.

Dio então pegou a garota pelas mãos, a levantou e a fez largar os livros.

- Te garanto que sou muito mais interessante do que esses amontoados de páginas escritas – Um sorriso pervertido surgiu no rosto do rapaz. O rosto da última calnatiana corou, mas a garota arrumou forças para empurrar o asmodiano para trás.

- F-fique longe de mim – Ela voltou para os seus livros – E me deixe pesquisar em paz.

- Certo, te deixarei em paz – Ele riu, e se retirou da biblioteca.

Os dias estavam passando rápido demais, e uma agonia começou a me incomodar. Como se não bastasse o mal pressentimento que já me assombrava... Realmente, ainda não acreditei totalmente no que estava acontecendo.

Mas todos estavam se divertindo, tão felizes... Eu devia estar exagerando. Acho que devo parar de ser tão paranoica, e aproveitar a minha visita a Ernas. Não devo esquecer que, depois de tudo acabar, nunca mais eu poderei ver novamente os meus amigos... Isso é triste, muito triste.