Trinta Notas e Treze Tons escrita por Akira Seiy, Kuma


Capítulo 2
Capítulo 1 - Díades


Notas iniciais do capítulo

Falei que não ia demorar, mas demorou... Pois é.. Alguém acabou me deixando escrever sozinha pra ficar com a namorada, pelo menos ele sabe pedir desculpa com jeitinho.... Pois é enfim espero que goste(m), não sei quantas pessoas estão lendo isso...
http://www.youtube.com/watch?v=VvjCIJO7LqU
Recomendo ouvir enquanto lê. (Akira)



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Coisas inesperadas acontecem o tempo todo, às vezes são agradáveis, às vezes não te agradam a principio, mas você se acostuma. Como você lida com elas, sendo boas ou ruins, é o que importa. Aprenda a conviver com o inesperado, e encontrará a paz.

Mas nem sempre é fácil de conviver sem saber o que está por vir, a vida já é complicada o suficiente, escolhas erradas só a fazem piorar.


─Ivy?– Diz a mulher parada ao lado da cadeira da garota que se debruça sobre um caderno na escrivaninha do seu quarto. - O que está escrevendo?

─Mãe! - A menina se levanta em um pulo. – Já disse pra você bater quando quiser entrar no meu quarto!

─A porta está aberta. – A menina fica quieta sem saber o que dizer, por um instante.

─O que aconteceu? – Pergunta ela finalmente.

─Sua amiga ligou, ela quer sair com você hoje. – Ela cruza os braços e termina dizendo – Aquela Beatriz.

─Mãe! Por que não passou pra mim? – Pergunta ela agora agitada.

─Você estava dormindo. – A mulher franzi a testa. – Eu falo pra você acordar cedo.

─Não começa mãe. – Diz sem elevar a voz, para não parecer uma ofensa a sua mãe, da uma pequena pausa e pergunta – Aonde ela quer ir?

─Ela disse que é pra você ligar quando acordasse. – Diz enquanto caminha até a porta. – Mas sabe que eu não gosto dessa garota.

─Tá mãe. – A menina pega o telefone sobre a mesa ao lado do caderno em que escrevia. Sua mãe já se encontrava em outro cômodo. Ela fecha a porta e se senta novamente na cadeira.

Tecla os números, ao quais havia decorado, Ivy tem uma boa memoria. O telefone chama uma, duas, três vezes, até que se houve a voz da garota do outro lado da linha.

─Ivy? – Pergunta a menina pelo telefone.

─Sim Bia, o que queria falar comigo?

─Ah é, Ivy, vamos sair hoje anoite?

─Aonde quer ir? – Ivy conhecia a garota muito bem para saber que provavelmente não era a um bom lugar, muito menos apropriado para a idade delas.

─É surpresa! – A risada da garota era de um agudo irritante, mas se perdurou por alguns segundos. – Fale pra sua mãe que você vem!

─Eu gostaria de saber aonde vamos antes de falar com ela.

─Não seja chata Ivy. Vai estragar a surpresa? – Diz em um tom desapontado.

─Eu só quero saber Bia. Não fique triste.

─Mas era pra ser uma surpresa Ivy!

─Bia, me desculpa, mas eu não posso ir se você não falar aonde vamos. – A menina já passara por vários causos com Beatriz para saber que não deveria confiar tão cegamente naquela menina.

Tá bom Ivy, sua estraga prazeres. Como já se passaram alguns meses do seu aniversário, e você nem comemorou eu pensei em irmos a uma daquelas ‘casas’ de música, sabe? Onde ficam tocando.

­─Quer ir a uma noite de amadores? – Ivy fica surpresa. – Você!?

─Bom, é para seu aniversario.

─Na verdade não, mas tudo bem, se é assim eu vou! – A garota fica animada, ela adora música tanto quanto sua própria vida. – Vou falar com a minha mãe! Tchau Bia.

─Até mais Ivy. Ah Sim, venha aqui lá pelas seis horas tá! E como é sábado venha para dormir em casa.

─Ah combinado.

Ivy desliga o telefone e sai em disparada ao encontro da mãe. As duas debatem por um tempo, mas a menina já pegou a pratica de como persuadir a sua mãe.

Até o resto da tarde ficou escrevendo, tocando alguns acordes em seu violão, uma hora ou outra ia conversar com sua mãe. Ficou fazendo algumas outras coisinhas até dar a hora para começar a se arrumar, preparou sua bolsa para passar a noite na casa de Beatriz. Tomou banho e se trocou, pegou um dos seus vestidos favoritos para usar, florido com babados nas laterais e alguns laços. Deixou seus cabelos soltos, que iam até parte das costas, um pouco acima da cintura. Terminou de se arrumar e pegou suas coisas, sua mãe já a chamava na frente da casa com o carro ligado.

Não conversam quase nada durante a viagem, mas um pouco antes de chegar ela diz o que toda mãe fala aos filhos antes de deixarem eles em algum lugar. As famosas frases “Juízo em!”, ou “Se comporte e respeite os pais de sua amiga.”, “Não converse com estranhos”. Nada fora do comum.

Ivy sai do carro alegre, na frente da casa de sua amiga. Toca a campainha, e logo se ouvem latidos de cachorro, Beatriz sai pela frente, falando para o animal se calar.

Ela já estava arrumada, com um vestido preto simples, mas muito bonito. Seus cabelos se prendiam em uma trança, a maquiagem forte realçava seus olhos.

Ela dá um abraço na garota como cumprimento. E pega a bolsa que Ivy estava segurando.

─Já estamos indo, vou deixar isso aqui na sala.

Ela leva a bolsa pra dentro, e volta rapidamente. Já fechando a porta.

─Vamos? – Pergunta Beatriz sorrindo para a garota.

─Ah claro. – Diz meio confusa. – É aqui por perto?

─Sim. – ela aponta para a esquina. – É a uns dois quarteirões daqui.

As duas conversam sobre a escola, as meninas, é claro sobre os garotos. Chegam rapidamente. Mas Ivy se assusta ao ver o lugar.

─Ei Bia, isso aqui é um bar!

─Ah eu sei, mas hoje é noite de palco aberto.

─Isso não tem nada haver com shows de amadores Bia. – A menina fica brava e desapontada.

─Não se preocupe você vai gostar Ivy, confie em mim!

A menina se conforma, sabia que vindo de Beatriz não seria exatamente o esperado. Mas não poderia ser tão ruim assim, certo?

As duas entram, o lugar parecia ser um bar clássico apesar de tudo, era bem bonito, não estava lotado e uma pequena porção de pessoas se aglomerava em volta do pequeno palco, as duas se sentaram em uma mesa perto da movimentação.

Aos poucos Ivy começou a prestar atenção ao palco. Um doce som de um piano, calmo, sereno e harmônico enchia o lugar. As notas eram perfeitamente sincronizadas, ela nunca havia ouvido tal composição, não era conhecida, como não poderia conhecer algo tão belo? Era o que passava pala cabeça da garota enquanto ouvia a harmonia.

─Eu sabia que ia gostar. – Beatriz tira o foco da garota por alguns momentos.

─Bia, isso é incrível. – Ela sorri para a garota. Muito feliz agora, não desapontada e nem com raiva, como um agradecimento na verdade.

─Esse lugar é um bar, mas não é, entendeu!?

─Não muito, mas essa musica, é perfeita. – Disse voltando os olhos para o pianista que continuava a tocar. Calmamente e com uma postura digna de um profissional, os cabelos um pouco compridos balançavam com alguns acordes mais rápidos, suas mãos eram ágeis, e não erravam uma tecla se quer. – Quem é ele?

─Eu não sei. Mas ele sempre vem aos sábados. Por incrível que pareça conheci esse lugar há pouco tempo.

─Não parece mesmo um lugar que você frequentaria. – Elas riem por uns instantes, mas logo Ivy se volta ao palco. – Ele é incrível.

─Devo concordar. É bonito também.

─Bia, por favor. – Diz para a garota parar.

Elas riem, e ficam conversando na pequena mesa daquele bar pouco conhecido, que poderia ser um dos melhores lugares da cidade.

A apenas alguns metros, Adam estava a tocar incansavelmente o piano sobre o palco mal iluminado. Poderia ele estar descontando suas frustrações em uma harmonia bem arranjada, comemorando ou apenas tocando para se divertir, não importa o que estivesse sentindo seu amor pela musica e seu talento seriam os mesmos.

Havia chegado há quase duas horas, estava tocando desde então, não importa se seus dedos doíam ou seus braços estavam cansados, ele estava fazendo o que amava, era apenas isso que ele pensava. Tocava sem partitura, a composição era de sua autoria, não havia motivo para folhas e mais folhas de papeis sem utilidade, sabia cada nota.

Acho que ele tocava para esquecer seus problemas, essa era a forma dele de se acalmar, ou quem sabe enxergar o mundo de outra forma. Talvez um dia eu descubra isso, mas o que eu sei é que essa era sua paixão, poderia ser até mesmo a coisa que ela mais amava no mundo.

Em uma, ou outra pausa em seu arranjo seus olhos passavam pelo seu publico rapidamente.

Por mais talentoso que seja o artista, sempre procura agradar. Em uma dessas pausas, viu o olhar mais atento, apaixonado e belo que já vira em sua carreira. A linda garota com os cabelos em seus ombros apreciava cada acorde que ele tocava. Com um sorriso bobo e hílare. Ele se perguntava como alguém que parece tão jovem pode gostar de um instrumento tão clássico? E indagava se tocava tão bem assim. Ficou curioso para com essa menina. Mas voltou, poucos segundos depois, suas atenções novamente para as monocromáticas teclas.

Mesmo depois de horas tocando sempre que olhava para a garota ela estava com a mesma admiração. Passou a se interessar pela jovem, sua curiosidade poderia vir a se tornar um erro. Mas ele não podia simplesmente ignorar.


Pouco tempo depois já estava exausto, mas era de costume a essa hora, já estava tocando durante quase três horas sem descanso. O bar já estava encerrando o seu expediente. Não restavam nem cinco pessoas no estabelecimento. Praticamente era apenas um ou dois funcionários, Adam que já parara de tocar e estava conversando com uma das atendentes, e as duas meninas. Uma ainda incrivelmente animada enquanto a outra cambaleava de sono.

─Ivy, vamos embora. – Diz a garota com seus cabelos já desgrenhados e uma cara desanimada. – Por favor!

─Mas Bia, eu quero falar com ele. – A garota continuava com a mesma animação de quando chegara ao local.

─Vá lá então Ivy! Rápido.

─Mas, o que eu falo?

─Qualquer coisa. – Beatriz já estava impaciente. – Sei lá, elogie o jeito que ele toca.

─Mas e depois?

─Vai logo ou vamos embora!

Ivy estava tão ansiosa que mal percebeu o pianista a olhando e se fazendo as mesmas perguntas. Se questionando se ia ao encontro da garota, e o que falaria. Mas passou a perceber a agitação da garota, além do silêncio do lugar quase vazio, seus ouvidos raramente se enganariam após tantos anos afinando instrumentos. Mas ainda estava incerto se ia falar com ela ou não.

Beatriz já impaciente se levantou e puxou a menina. A praticamente arrastou pelo pequeno salão ao encontro de Adam. A garota resistia e reclamava, ele apenas ficou olhando tentando não rir da pequena Ivy. Em pouco tempo os dois já estavam frente a frente. Beatriz foi alvoroçada em direção à saída gritando algo como “Me encontre lá fora e não demore”.

Por alguns instantes nenhum deles sabia o que dizer, os dois estavam impressionados um com o outro.

─Eu, eu sou Adam. – Disse meio tímido e em um tom baixo, mas foi o suficiente para a garota sorrir.

A diferença entre a altura deles era imensa, ele sempre foi alto e magro, ela por outro lado sempre era vitima de brincadeiras e apelidos por causa de sua altura, eventualmente a baixo da média para sua idade.

─Eu sou Ivy. – Ela tinha um sorriso doce e gentil. – É que eu queria dizer que... Adorei sua apresentação.


─Ah sim, obrigado. – Sorriu meio sem jeito, como poderia ficar acuado com uma garotinha? Perguntava a si mesmo. Enquanto tentava não transparecer.

─Você toca ao todos os sábados, é isso? – Pergunta a garota.

─É isso mesmo, todos os sábados. – Ele se perguntou se a garota viria a todos os finais de semana. Não pode deixar de se alegrar, por um motivo que ainda desconhecia, mas era um sentimento incomparável.

Beatriz mais impaciente do que nunca entra novamente gritando por Ivy.

─Eh, me desculpe. – Ela vai em direção à amiga, mas um pouco antes de chegar se vira. E como em um último anseio diz – Vou tentar vir a todas as suas apresentações, Adam.

As duas garotas voltam para a casa de Beatriz, não perdem tempo e vão direto para os colchões arrumados na sala de entrada para elas. Beatriz estava exausta e dormiu em menos de dez minutos. Ivy ficou pensando, e não tirava aquelas notas de sua mente. Mas também estava cansada e dormiu tempos depois da outra garota já adormecida.

Por algum motivo Adam também não parava de pensar na garota que conhecera. Mas foi apenas para sua casa e simplesmente caiu na cama sem tempo para pensar em mais nada, estava tão esgotado pelo dia que adormecera instantaneamente.


Mas com isso podemos concluir que nossa historia teve inicio, talvez não um muito bom, ou mágico como na maioria conta. Mas vamos esperar o dia em que essa historia será contada para alguém que não dirá que poderia ter sido diferente, mas para alguém que se emocionara com ela. E a guardará eternamente.


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