The Ascent escrita por Thaina Fernandes


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Eu, honestamente, não tenho nem desculpas pra quantidade de tempo que demorou pra postar isso.



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—Anna era uma guardiã, assim como eu. Ela era incumbida de cuidar de sua tia. — a voz de James chega até mim, enquanto eu abotoava meu vestido no banheiro.  Respirei profundamente, me preparando. —Ela era tão…. tão valente. Era a melhor guardiã, melhor até que eu. No momento que nos vimos soubemos que éramos sodalis.

 

Eu posso ouvi-lo mudar de posição no quarto. Encostando meu quadril na pia segurei a pedra do meu colar em minha mão, apenas o gesto sendo o suficiente para me confortar.

 

—Noah a pegou tentando chegar a você. A mim, para falar a verdade. Ele achou que se a tivesse, eu a trocaria por você.

 

Sai do banheiro, o encarando novamente. —E isso foi exatamente o que fez. Barganhou com ele em.troca de sua sodalis, não é?

 

Suspirei. ele se virou para mim novamente, me deixando olhar seu rosto direito pela primeira vez. Ele parecia…. tão exausto. —Talvez no começo sim. Mas não depois. Eu parei assim que me apaixonei por você.

 

Sacudindo a cabeça eu soltei uma risada sem humor. —Me poupe, James. Me enganou. Mentiu para mim sobre ter que beber seu sangue apenas para formar um laço de sangue comigo e conseguir me rastrear quando quisesse.

 

Eu nunca havia visto James parecendo tão vulnerável quanto agora, com ele me olhando assim, olhos implorando por algo.

 

—Eu parei. Eu percebi, que mesmo que fizesse isso, ela se foi de qualquer jeito. Eu passei anos achando que ela havia morrido, depois que soube que ela estava com ele eu… eu saí de mim. Eu apenas conseguia pensar em como a conseguir e volta. Sophia, se tivesse um sodalis entenderia. Quando se tem um, a vida daquela pessoa se torna a sua. Você faria qualquer coisa para salva-la, quebraria qualquer regra. É nosso instinto.

 

—E precisava dormir comigo? Se a amava tanto, como conseguiu fingir que me amava também?

 

Seu rosto se contorceu com impaciência, me lembrando de como ele era quando nos conhecemos. Em como brigávamos o tempo todo, seu temperamento curto. —Meus sentimentos por você são diferentes. Todos eles foram verdadeiros.

 

Esfregando as mãos em meu rosto, sacudi a cabeça. Falar disso… de nosso passado não adiantaria em nada. Eu já passei pela dor que passei, analisá-lo não me ajudaria.

 

—Sabe onde Noah está? — perguntei depois de alguns segundos de silêncio. — Disse que sabia de um jeito de achá-lo… ou essa foi mais uma de suas mentiras?

 

Ele pareceu pensar em continuar o assunto de antes, mas deve ter chegado a mesma conclusão que eu. Ele assentiu com a cabeça, dando um passo para frente.

 

—Ele esta entre dimensões, é por isso que não conseguimos o achar. Está escondido em Unseelie.

 

Senti meus olhos se arregalaram. Unseelie. A corte sombria das fadas. Lar dos ministros mais terríveis. Se apenas a Seelie era capaz de me dar arrepios… não conseguia nem imaginar o tipo de criaturas que viviam em Unseelie.

 

—Consegue chegar até ele? — eu finalmente perguntei, dando um passo para frente.

Ele sacudiu a cabeça em uma negativa

—Unseelie é...enorme. Não sei ao certo onde esta, apenas sei disso o que ele deixou escapar.

 

Lhe dei uma olhada sem emoção. —Isso não me serve de nada. Ainda mantém contato com ele?

 

Ele pareceu envergonhado, seus olhos claros se desviando de mim. —Não, mas não seria difícil começar novamente. Podemos achar um jeito de descobrir assim.

 

Assentindo, me encostei novamente na cômoda entalhada, me sentindo exausta. A batalha, James, tudo isso que aconteceu finalmente caem sobre mim, me pesando para baixo. Meu colar vibrou em meu pescoço, me fazendo  sentir falta de Caspian. Ele saberia me aconselhar agora, ou ao menos me confortar.

 

Sacudindo a cabeça, me lembrando de quem eu sou e na frente de quem estou, olhei novamente para a pessoa que mais me causou dor. —Caspian. Por que o colocou em Seelie? Tem noção do quanto ele sofreu lá?

 

Agora sim James pareceu irritado, dando um passo a frente, mais perto de mim. —Ele era incontrolável. Seu ego era maior que todo o continente, ele pegava no meu pé constantemente. Não sabia que ele seria burro o suficiente para se meter com a rainha. Não foi minha culpa. Além do mais, foi uma lição que ele merecia levar.

 

Novamente, enxergo vermelho, m sentindo mais brava do que nunca. Mesmo não sabendo de onde esse sentimento de proteção estava vindo, de onde essa necessidade de o defender estava saindo de  dentro de mim. —Ele foi torturado durante anos. Como pode dizer que ele merecia? É seu irmão! Não devia ter o minimo de empatia por ele?

 

Sua boca se abriu, sem duvidas para se defender, mas é interrompido por uma batida em minha porta. James instantaneamente entra em alerta, sua mão indo na bainha de sua espada pronto para atacar caso seja um inimigo.

 

—Estamos prontos para ir, Vossa Alteza.

 

James abre a porta, revelando um de nossos guardiões, que faz uma reverência assim que me vê. O nome dele, se eu me lembrava bem, era Marcus. —O portal já foi aberto. É melhor irmos logo, o prisioneiro está inquieto.

 

Aceno com a cabeça para ele mostrando que havia entendido, saindo do quarto e indo em direção ao salão principal. A noite, percebi, seria longa.




(Caspian)

 

Isabella segurou a barra de minha calça, me fazendo parar de andar de um lado de seu quarto até o outro.

 

—Ela está bem. — disse pela milésima vez de seu lugar ao pé de sua cama. — Pare de marchar assim ou vai fazer um buraco no chão, irmãozinho.

 

Passei meus dedos pelo meu cabelo, me sentando em sua cama, meus cotovelos apoiados em minhas coxas enquanto eu sustentava minha cabeça em minhas mãos. Era fácil falar. Ela não sentiu a energia emanando do colar, o desespero.

 

—Eu devia ter insistido em ir junto. E se algo aconteceu com ela-

 

Isabella suspirou, vindo se sentar ao meu lado. Seus dedos escovaram meus cabelos para trás, em um gesto de conforto muito conhecido por mim.

 

—Ela realmente é especial para você, não é?— Sem palavras, assenti. Não havia motivo em negar isso. —Não a conheço a muito tempo, mas sei que ela sabe se cuidar. Sentiu seu colar vibrar, não foi? Sabe que ela consegue utilizar suas habilidades de luta através dele. Ela deve estar a caminho agora mesmo—

 

Minha irmã é interrompida pela porta de seu quarto se escancarando, deixando um Azriel ofegante entrar, parecendo que havia vindo correndo até aqui.

 

—O portal foi aberto. Ela capturou um deles para questionamento.

 

Antes que ele possa falar algo mais, sai de meu lugar, passando por ele logo em seguida. Em um passo rápido, segui o caminho até às celas, ouvindo o passo de Isabella e Azriel atrás de mim. Rhys estava longe hoje, cuidando de seus espiões.

 

A cela, numa das masmorras mais afastadas, cheira a sangue poluído quando finalmente faço meu caminho por dentro dela. Haviam soldados nas portas, guardando o que estava la dentro.

 

Meus olhos varreram a sala freneticamente, querendo fazer certeza de que ela estava bem. Meu ombros se livrar da tensão no instante que vejo o cabelo cobre no canto da sala, falando baixo com—

 

James.

 

James está com uma mão no cotovelo dela, sussurrando algo em seu ouvido. O cenho dela está franzido, encarando o chão.

 

Algo em meu estômago se contorceu em um sentimento feio.

 

Como se sentisse minha presença na sala, seus olhos se encontram com os meus.

 

—Cas. — ela diz, se esquivando de James. — Estamos apenas -

 

Não a deixei terminar, dando largos passos até ela. Segurei seu rosto em minhas mãos, achatando suas bochechas um pouco enquanto tentava encontrar algum machucado nela, a fazendo parecer um peixe. Ela piscou seus olhos verdes em confusão para mim, corando. James deu um passo para trás, me dando uma olhada venenosa.

 

—Você está bem? — perguntei, e até mesmo eu pude ouvir o toque de desespero em minha voz. — O que aconteceu?

 

Seus olhos se suavizaram, uma de sua mãos vindo em cima da minha em sua bochecha direita, a palma dela tão menor que a minha. — Eles conseguiram entrar na cidade. tive que usar meu poder. Lorde Crisan está do nosso lado agora, pelo menos.

 

—Mas não se machucou? Eles lhe atingiram?

 

Eu sabia que soava frenético em minhas perguntas, mas eu havia passado cada momento desde a notícia do ataque em puro nervos, me preocupando com ela.

 

Ela sacudiu a cabeça, sua mão retirando a minha de seu rosto, a trazendo para baixo. Ela entrelaçou nossos dedos, apertando minha mão em conforto. —Estou bem, Cas. Prometo. 

 

Fomos interrompidos por um pigarreio. James deu um passo a frente.

 

—Posso terminar de interrogá-lo, Tessa. Vá descansar, usou demais seu poder hoje.

 

Ela hesitou, olhos verdes indo em direção ao Dracul acorrentado no meio da sala. —Talvez eu devesse tentar um pouco mais. 

 

—Ele não irá falar nada por enquanto. Devemos esperar a sede começar a fazer efeito nele, aí sim teremos resultados.

 

Ela pareceu considerar isso por um momento, finalmente assentindo. —Me mantenha informada.

 

Observei a interação quietamente. Eu queria a perguntar sobre como, e por que, ela estava falando com James nesse tom tão normal, mas sabia que não era uma boa ideia.

 

Mas haviam pessoas demais a nossa volta, ouvidos demais. Teria que esperar até mais tarde.

 

—Eu lhe acompanho.

 

Ela, como se nem percebesse o que estava fazendo, não soltou minha mão ao ir até a porta onde Isabella e Azriel estavam nos aguardando, fazendo um gesto para eles nos seguirem também.

 

—Como? — foi a única pergunta de Isabella.

 

Sophia se encolheu um pouco ao meu lado, estremecendo com a lembrança. Sua aura estava uma cor estranha, um marrom indefinido.

 

—Eles atacaram do nada. Eu tive que usar meu poder neles todos, a energia deles dentro de mim…— ela estremeceu com a memória. — Tão errada, vazia. Foi terrível.

 

— Mas conseguiu o apoio de Lord Crisan. — Azriel afirmou, esperando a confirmação.

 

Crisan seria louco se não aceitasse a aliança depois do feito. Para uma pessoa só acabar com um exército inteiro… o poder dela novamente me deixou maravilhado. E amedrontado por ela ao mesmo tempo.

 

Sophia tirou impacientemente uma mecha de cabelo que estava se recusando a sair da frente de seu rosto. — É claro que sim. Esse não foi o problema. O que me preocupa agora é apenas uma coisa. — Olhou em volta. seus olhos verdes vasculhando tudo para ter certeza que estávamos sozinhos. — Ninguém fora do conselho sabia que eu iria estar lá. O que significa que...

 

—...A informação saiu de dentro daquela sala. — terminei para ela. Ela assentiu, parecendo preocupada, mordendo seu lábio inferior em um gesto que eu já reconhecia como sendo nervoso. — Sabemos muito em quem se beneficiaria em você falhar e ser capturada na mesma noite.

 

Azriel assentiu a nossa frente, parando na esquina do corredor de Sophia. Minha irmã parecia prestes a quebrar alguma coisa ao lado dele. — Temos de achar evidência.

 

—Sim. James disse que talvez consiga contato com Noah novamente, fingindo estar do lado dele. Pode ser um início.

 

Não pude evitar o rosnado que saiu de minha garganta. — Restabelecer essa conexão não será difícil para ele. De repente esqueceu que ele quase lhe entregou ao seu irmão, Sophia querida?

 

Ela me deu uma olhada dura. —Não, e sabe disso. Mas ele sabe que me ajudar é o único jeito de continuar em minha corte.

 

—Ele está se ajudando, não a você. Depois de tudo que aconteceu vai confiar nele novamente? — Retruquei com mais emoção do que pretendia.

 

Mas a imagem dela definhando por causa dele ainda estava fresca em minha mente. Em como quase a perdemos. Não podia, não iria deixá-la passar por aquilo novamente. Nem que eu precisasse tomar medidas extremas para isso.

 

— Se ele quisesse me entregar, teria o feito na batalha ao invés de me proteger. Sabe disso Caspian. Não confio nele, apenas acho sábio usá-lo como podemos. Não temos muito opção.

 

Isabella e Azriel trocaram uma olhada. Minha irmã deu um passo a frente, seu longo cabelo negro brilhando com as luzes quentes das paredes. — É melhor discutir isso mais tarde. ou ao menos em privacidade.

 

Dei um passo passo para trás, finalmente notando o quanto estávamos perto um do outro em nosso confronto. Podia sentir o perfume dela assim. Seus olhos verdes continuavam me encarando em desafio. Me desafiando a contradizê-la novamente.

 

Suspirei, passando uma mão pelo meu cabelo, frustrado. Para evitar uma briga, apenas dei meia volta.

 

Meu círculo interno me seguiu, olhando hesitantemente para mim. Mesmo já fazendo meu caminho para fora do castelo pude ouvir o suave, mas cheio de emoção "inferno" que Sophia havia soltado em frustração antes de bater a porta do seu quarto com força.



Foi só quando chegamos em minha cabine que minha irmã falou novamente. Azriel, claramente mais esperto que ela, soube que a melhor coisa a se fazer era me deixar em paz com o meu humor. Segurei um suspiro assim que vi seus lábios se abrindo para formar uma frase. Estava esperando que ela tivesse esquecido de me encher hoje. Eu precisava ficar quieto, sozinho. Bolar uma estratégia.

 

— Ciúmes não lhe cai bem, irmãozinho.

 

A olhem com desdém. — Do que diabos está falando, Bella? Sabe muito bem que minhas acusações não são infundadas.

 

Ela se sentou no sofá, suas longas pernas se dobrando delicadamente debaixo dela.

 

— Verdade. — ela concedeu. Seus olhos pratas me encaravam de um jeito que eu conhecia muito bem.— Mas sabe que ela estava certa. James é a nossa única ponte até Noah neste momento. Precisamos tirar proveito disso.

 

Fui até a geladeira. Na porta havia um desenho mal feito, me dado como presente por Sophia. Uma versão mequetrefe minha, com casaco e tudo, estava fumando enquanto uma Sophiazinha estava com uma planta pendurada na cabeça.

 

—Não quero vê-la naquele estado novamente. — Finalmente admiti, minha voz baixa. — Ela está se recuperando apenas agora. Não precisa de mais confusão causada por James.

 

Isabella pareceu considerar isso por alguns instantes. Ela me olhou daquele jeito de quem sabe mais do que devia.

 

—Bem, nenhum de nós queremos isso. Ela realmente é especial, Cas. Mal posso esperar para ver como ela irá reinar. Tenho certeza que será de uma maneira nunca vista antes. Ela está destinada a grandes feitos. — Se levantou, indo em direção a porta. Me deu uma olhada pro cima do seu ombro — Os dois estão. Meu conselho, irmãozinho, é ir se desculpar com ela. Ela deve estar assustada, foi sua primeira batalha de verdade. Não deixe esse clima ruim entre vocês prevalecer.



Não lhe dei uma resposta. Eu sabia que ela estava certa. Apenas aceitei seu abraço quando ela se despediu de mim.

 

Mais tarde, deitado em minha cama tentando ler o mesmo parágrafo uma vez atrás da outra, grunhi para mim mesmo. Isabella, irritantemente, parecia estar certa.

 

Me levantei, pegando meu reflexo no espelho. Meu rosto parecia mais preocupado que o normal, a barba por fazer deixando claro que estava sem tempo ultimamente.

 

Infernos, eu sabia que estava sem tempo. Ultimamente todos meus pensamentos e momentos livres se resumiam a apenas uma coisa: como ajudar Sophia. Tanto na guerra quanto em qualquer outra coisa que ela precisasse.

 

Passei uma mão pelos meus cabelos, reparando que precisava de um corte. Eu sabia que não devia ter sido tão duro com a princesa, mas quem podia me culpar? Depois de assistir de camarote tudo que ela passou, não podia achar uma boa ideia ter James tão perto dela novamente.

 

Não era ciúmes. Era preocupação.

 

Pelo menos foi o que eu disse a mim mesmo.

 

Eu sabia que tinha apenas uma coisa a fazer para contornar meu comportamento. Me desculpar com ela.

 

Olhei a minha volta, até essa cabana tinha traços dela por toda parte. Um livro na mesa da cozinha, o desenho na porta da geladeira, um cardigã no braço do sofá. Por um segundo me perguntei quando isso virou meu normal.

 

Mas era o normal. Eu queria normal. Depois de 10 anos preso em uma corte de pesadelos, ter a constante de Sophia em minha vida era algo que eu não queria ter que deixar tão cedo.

 

Não até que ela dissesse a palavra. Me mandasse finalmente para longe.

 

Meus pés seguiram sozinhos até o castelo, os bichos da floresta parando suas canções noturnas ao sentir minha presença. Até para eles eu era uma ameaça, eles podiam sentir isso apenas em meus passos. A unica pessoa além de meu circulo de amigos que não parecia ligar para o fato de todos me considerarem perigoso era Sophia.

 

Os Cárpatos eram algo que eu ainda me pegava admirando. Não havia nada assim em meu reino, nada tão selvagem. As montanhas em volta do castelo, até de noite, eram cheias de vida.

 

Devia ser mais tarde do que eu achei, já que apenas os guardiões estavam em seus postos, mais ninguém da corte estava acordado e andando pelo castelo, querendo pegar uma olhada de princesa. O que, para falar a verdade, era um alívio. O povo de minha corte podia ser mais letal, infinitamente mais perigosos. Mas ao menos eles não tentavam disfarçar isso. Aqui, eles disfarçavam seu veneno com suas boas maneiras e bajulação.

 

Assim que virei no corredor do quarto de Sophia, pude ouvir vozes.

 

Quietamente, chamei meu poder até mim, as sombras me cobrindo um pouco mais, me tornando indetectável para qualquer um.

 

—É tolice. — James disse, a centímetros de Sophia. — Talvez seja a coisa mais estúpida que eu já te ouvi dizer, Tessa.

 

Sophia, agora de pijama, seu cabelo trançado caindo sobre seu ombro esquerdo, o olhou com irritação. — Não me lembro de ter pedido sua opinião, James.  

 

—Sabe que estou certo. — ele insistiu, dando um passo para mais perto dela. — E se—

 

Ela levantou sua mão para ele, o mandando ficar quieto. A luz do corredor fazia seu cabelo parecer mais cobre ainda.

 

— É minha escolha. Disse que queria me ajudar, James. Apenas me diga se consegue ou não.

 

Ele a estudou por alguns instantes. —Por você? Claro que sim.

 

Eu senti minha respiração se prendendo em minha garganta quando ela lhe deu um meio sorriso, seus lábios ainda juntos amargamente. —Isso não cola mais comigo.

 

E talvez, eu percebi quando dei um passo a frente, me revelando finalmente, talvez eu estivesse não com ciúmes. Mas furioso. Depois de tudo que aconteceu, de tudo que ela teve que superar, ela estava caindo nas garras dele novamente.

 

—Cas. — ela disse, seu olhar vindo para mim. Deu um passo a frente, vindo em minha direção, sua feição se suavizando.— Está tudo bem?

 

James nos deu uma olhada, suas narinas infladas por um momento enquanto compreensão passava por seus olhos.

 

Ele deu um passo a frente dela, pronto para me dizer algo. eu logo o interrompi.

 

— Vejo que está ocupada. Nos falamos amanhã.

 

Franzindo o cenho, ela deu um passo em volta de James, como se ele fosse um pedaço de madeira em seu caminho. —Não estou. James estava indo embora.

 

Ela lhe deu um olhar, indicando com a cabeça que podia ir. Ele, milagrosamente, obedeceu a ordem sem dizer nada mais. Mas eu conhecia aquele olhar em seu rosto. A última vez que eu vi ele, fiquei trancado em Seelie por anos.

 

Ela entrou em seu quarto, claramente querendo que eu a seguisse.

 

O quarto dela, sempre um pouco bagunçado, cheirava como ele.

 

—Desculpe interromper sua reunião.

 

Ela me olhou com a cabeça inclinada, confusa. — Por que… qual o problema? Aconteceu algo?

 

Peguei um de seus livros, o folheando. Qualquer coisa para tentar dissipar um pouco do sentimento feio que estava crescendo em meu peito. Ela foi em direção ao mini freezer que havia no canto de seu quarto, pegando uma garrafa de sangue. Ela a bebeu em longo goles, sem dúvidas drenada pela batalha que teve que lutar hoje.

 

—Eu planejava me desculpar, por mais cedo. Me diga, Sophia, quais mentiras dele você caiu dessa vez?

 

Ela se levantou da cama, vindo em minha direção. Tomou o livro de minhas mãos, me virando para encara-la.

 

—Do que, exatamente, está me acusando Caspian?

 

—Nada. Apenas não quero que repita os mesmos erros novamente.

 

Ela parece perceber do que estou falando. Seu rosto fica absolutamente imóvel por alguns segundos.

 

—James veio me passar o relatório sobre o prisioneiro, Caspian. Não tentar me conquistar. E de qualquer forma, acha que eu seria tola o suficiente para ser seduzida novamente?

 

A observei. Ela estava cansada, podia ver. Mais do que quando havia saído daqui. Nos últimos dias, seu humor estava bem melhor, seu rosto mais corado.

 

—Você é nova, Sophia. Não me admiraria se acontecesse. Você tem o coração-

 

Ela deu um passo para perto de mim, uma expressão de pura raiva passando por sua feição. — Tenho um coração humano? Ia mesmo me falar isso, Cas?

 

Permaneço em silêncio.

 

—O que quer que eu faça? Quer que me desculpe por ter sentimentos, ao contrário de todo mundo nesse castelo? — Sua aura, percebi, estava ficando preta. Eu queria retirar minhas palavras, mas não pude. Ela continuou falando.





((Sophia))



Caspian tentou dizer algo, mas eu o impedi, um dedo meu o empurrando para trás. Eu estava tão cansada. Cansada de ser acusada de ser humana demais, quando a cada dia que passava eu estava perdendo mais minha humanidade.

 

—Não vou me desculpar por isso, Caspian. Ao menos eu não tenho medo de mostrar o que eu sinto para o mundo, para os meus amigos. Não tenho medo de como vão me tratar por isso, não vou ser conhecida como uma rainha fria, calculista. 

 

Ele me deu aquele sorriso dele, de predador. Deu um passo a frente, me fazendo consequentemente dar um para trás. Eu sabia que havia cutucado uma ferida que não devia.

 

—Eu não demonstro fraqueza, Sophia querida. Deveria aprender isso algum dia. — retrucou, seja olhos violáceos duros, como nunca havia visto antes. Não direcionados para mim.— Se concentre mais no seu reino, e não na primeira pessoa que te demonstrou um pouco de carinho e quem sabe conseguirá manter a coroa em sua cabeça tempo o suficiente para fazer a diferença.

 

Foi quase como um tapa. Dei um passo para trás.

 

— Você...— Sacudi minha cabeça, lutando com a vontade de chorar. Eu estava com raiva. E magoada. — É realmente um covarde odioso. Saia do meu quarto.

 

Ele quase rosnou para mim. —Com prazer. Não venha batendo em minha porta quando ele lhe trair novamente.

 

Bateu a porta atrás de si mesmo. Sentei em minha cama, ofegante. A dor em meu peito, que eu achei que já havia me recuperado, tomou uma forma completamente diferente.

 

Grunhi contra o travesseiro, frustrada. Eu sabia que Caspian não me perdoaria por usar sua insegurança contra ele tão cedo. As palavras dele contra mim também eram verdades, mas eu sabia que ele as havia dito pois estava magoado pelas minhas.

 

Frustada, me obriguei a dormir, sabendo que assim que acordasse teria que lidar com meu prisioneiro. Não importa  o quanto eu quisesse, não podia sair correndo atrás dele para me desculpar.


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Notas finais do capítulo

Podem usar os comentários como sua caixa de me dar bronca por ter demorado dois anos... ou pra me contar o que acharam, vocês que sabem kkk



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