The Ascent escrita por Thaina Fernandes


Capítulo 24
Capítulo 23




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Capítulo 23

 

((Caspian))

—Cas, finalmente atendeu! Não estava dormindo, não é? — disse a voz do outro lado do meu telefone.Uma voz que eu não ouvia desde que havia deixado Andolovina.

—Isabella,— eu grunhi para o telefone.

Sua risada ecoou pela linha.

—É assim que cumprimenta sua irmã mais velha? Tsc, mamãe te ensinou melhores maneiras do que isso.  Eu tenho uma notícia boa para te dar e uma ruim, qual quer primeiro?

Me sentei, esfregando os olhos para tentar acordar um pouco.

—A má, acho. Apenas fale logo.

Ela bufou do outro lado da linha e eu quase pude ver sua expressão de escárnio.

—Okay, a má é que papai está planejando ir conhecer sua futura esposa no começo do mês que vem. — eu soltei um palavrão, o que a fez gargalhar.

—E a boa? Me diga que é que você não irá deixá-lo vir.

—Melhor ainda, eu irei também, antes dele. Aliás, irei em dois dias. E Rhys irá comigo, então você não estará sozinho ai.

Fechei os olhos desejando fortemente voltar a dormir. Meu pai vindo aqui era terrível, mas eu já esperava que ele viesse ver sua nova aquisição. Mas Isabella era um imã para encrenca, pior que Sophia. Porém, Rhys sempre conseguia controlá-la. Ou quase.

—Eu não vou nem tentar te fazer mudar de ideia, então vou pedir para providenciarem quartos para vocês.

Nós despedimos e ela desligou, indo arrumar suas coisas. Olhei para o relógio e notei o quão cedo era, eu nunca acordava a essa hora. Nunca dormia tão cedo assim.

Olhei minha nova pintura, agora seca.  Eu havia pintado minhas irmãs, cabeças juntas como sempre, fofocando. O fundo era nosso castelo, as pedras antigas contrastando com a pele pálida das duas. Eu sentia mesmo falta de Andolovina.

Balancei a cabeça, afastando a sensação de nostalgia que havia me tomado. Segui meu caminho até o banheiro, tomando uma ducha para me acordar.

Acendendo um cigarro, sai em direção ao castelo.

Entrei pelos fundos, como havia virado meu costume. Os empregados não queriam me matar de tédio com conversa fiada, como os nobres que ainda estavam se hospedando no castelo queriam.

Andei pelos corredores, pelo caminho que já me era conhecido até o quarto de Sophia. Meu colar vibrava levemente, me mostrando que ela estava bem. Já fazia uma semana desde que havíamos ido a corte Seelie, e Sophia parecia estar cada vez mais preocupada, o que me preocupava. Eu então havia me incumbido de ajudá-la de qualquer forma que eu pudesse.

Quando virei um corredor quase fui atropelado por uma cabeça loira enfiada em um livro. Os olhos azuis de Carolinne se estreitaram para mim.

—Está indo ver Sophia? — ela exigiu daquele modo dela de quem está acostumada a ter as coisas do seu jeito. -Ela está treinando com aquele Guardião grisalho, o que só mostra como ela está doida, já que a Sophia de antigamente nunca acordaria cedo assim para fazer qualquer atividade física.

Sorri com isso, sabendo que se tratando dela devia ser verdade mesmo.

—Ela aprender a se defender de todo jeito que puder é uma coisa ótima. Assim não terá medo de enfrentar algo que a pegar de surpresa, como aconteceu com Noah.

Ela me olhou novamente, estreitando seus olhos mais ainda, como se estivesse me estudando. Como se estivesse procurando alguma coisa. Olhou para os lados, para as portas. Suspirou, e indicou com a cabeça que eu deveria seguí-la.

Rolando meus olhos, obedeci. Não era bom despertar a fúria de uma bruxa, afinal de contas.

Carolinne me levou para uma sala que deveria ter sido o escritório de alguém algum dia. Ela marchou até a mesa, apoiando seu quadril nela. Me olhou obstinadamente.

—Sobre o que quer falar comigo que não pode ser dito no corredor? — eu perguntei, sabendo que ela provavelmente não era muito minha fã. Ela, apesar de ser um doce com Sophia e Klaus, não tinha essa atitude com o resto do mundo

—Você sabe que Sophia e James dormiram juntos. — ela constatou, não se dando ao trabalho de perguntar. Assenti com a cabeça. — Você não pensou em acabar com isso entre os dois? Ela é sua noiva, afinal de contas, mesmo que não tenha sido escolha de vocês. E sabemos que você e James se odeiam.

Passei a mão pelo meu cabelo, olhando para fora da janela. Me sentei na poltrona no canto da sala. Eu já havia me feito a mesma pegunta, o por que de eu não fazer nada sobre os dois.

—Sim, eu odeio James. Mas não seria justo com Sophia, não acha? Ela foi jogada nesse novo mundo, vai ter que casar com alguém que não gosta. Eu não me sentiria bem em tirar o pouco de felicidade que ainda lhe resta.

Ela considerou isso, mordendo sua bochecha.

—Entendo. Sophia é minha melhor amiga desde que eu me lembro, porém… James nunca foi muito bom para ela. Ela está estressada desse jeito por causa dele, tenho certeza.  - levantei uma sobrancelha para ela. - No começo ele mentia para ela, tentava manter todos longe dela quando ela morou com ele até sua ascensão. A isolou para fazê-la sentir que vir para cá, para o passado dela, fosse a única escolha. Não vejo o que impediria ele de fazer novamente.

Apoiei meu queixo em minha mão. Isso soava muito como James. Manipulador desde sempre.

—Onde está querendo chegar com isso, bruxinha? Quer que eu a mande se separar dele? Se eu fizer isso ela me odiará, coisa que não quero que aconteça.

Ela riu.

—Ela não te odiaria, e se pensa que sim então você é um otário. Sei que de importa com ela, então detenha isso antes que ela se machuque mais. Conte a verdade sobre ele, minha intuição me diz que a história de vocês é mais profunda do que parece.

Olhei para a janela, evitando seu olhar. Isso era uma coisa que eu não queria falar com ela, muito menos com Sophia.

—Não vou a fazer ficar contra ele, Carolinne. Ele mesmo fará isso.

Ela andou até a porta, me dando uma olhada por cima do ombro antes de sair do cômodo.

—Sophia mudou, James perceberá isso quando voltar. Não acho que ele vá gostar de como ela se tornou independente. Espero que você esteja certo. Eu estou indo me encontrar com ela agora, ela já deve estar terminando.

Ela então foi embora, me deixando sozinho com meus pensamentos. Não fui atrás de Sophia, sabendo que ela provavelmente iria querer descansar um pouco antes de treinarmos seu poder.




((Sophia))

 

Limpei o suor da testa, completamente exausta. Robert não estava pegando leve comigo, apesar de eu ser a rainha dele. Bloqueei um chute, e tentei acertar um soco nele. Ele havia me dito que numa luta com os Giovannis armas seriam o melhor método de defesa, porém aprender a me defender sem nada era importante também.

Me distrai por um segundo com a imagem de Carolinne sentada no banco perto da parede da sala, estudando feitiços. Apenas uma pequena desviada de olhar foi o suficiente para Robert me derrubar de vez no chão.

Ele riu da minha cara, estendendo sua mão para me ajudar a levantar. Massageei meu quadril, já sentindo um roxo começando a aparecer ali.

—Não faça essa cara, alteza. Ontem consegui lhe derrubar muito mais cedo. —Fiz uma careta com a lembrança de como ele havia me derrubado diversas vezes. — Acho que por hoje está bom, descanse e lhe vejo amanhã de novo.

Ele me fez uma curta  reverência e foi embora. Andei até Linne, que me olhou já com um sorriso nos lábios. Levantei uma mão para parar qualquer comentário que ela fosse fazer, ganhando um rolar de olhos dela.

—A última vez que te vi com a cara enfiada em um livro foi quando você comprou aquele livro pornográfico de dona de casa. — eu tirei sarro dela, pegando minha garrafa de água e dando um gole nela. — O quê está fazendo?

Ela me deu uma olhada feia antes de responder.

—Estou estudando novos feitiços, sua chata. Assim como você, também quero ter algo a mais para contribuir nessa guerra toda. — ela fechou o livro, o deixando no banco. — E o livro não era pornográfico, quem lê livro de dona de casa aqui é você.

Rolei os olhos para ela e a segui para o caminho que nos levaria para a parte normal do castelo. Me estiquei, sentindo meus músculos doerem.

—Bem, espero que seus feitiços não sejam para me fazer virar um sapo quando eu te irritar. Não acho que iria ter muita sorte em achar alguém para me beijar nesse estado.

Ela me olhou casualmente de lado. —Caspian lhe beijaria.

Decidi que minha melhor resposta seria ignorá-la. Ela estava fazendo comentários assim a semana toda, sempre que podia.  

Quando finalmente chegamos em meu quarto minhas pernas estavam berrando de dor. Me joguei na cama, sentindo a maciez dela me acomodar acolhedoramente.

—James deu alguma notícia? — Ela perguntou, sentada na poltrona.

Senti meu cenho franzir instantaneamente, fazia uma semana que James estava longe.

—Ele não falou comigo nos últimos 3 dias, mas não senti nada de errado pelo laço de sangue, então não acho que ele não esteja bem. Apenas ocupado.

—Hmmmm, entendi. — ela disse, admirando suas unhas. — Vai ver Caspian hoje?

Lhe olhei de esguelha.

—Você está terrivelmente curiosa sobre ele hoje. Por acaso tá caída por ele é?

Ela jogou seu cabelo pelo ombro, me dando uma olhada de desdém.

—Estou apenas perguntando, estou muito bem com Klaus no momento. Apenas acho que você fica menos tensa quando está com ele, e sejamos sinceras, isso não acontece quando está com James.

Desviei o olhar, focando no entalhe da minha cama. Eu sempre soube que Carolinne não gostava de James, não confiava nele, mas ultimamente ela estava demonstrando mais isso.

—Caspian e eu iremos praticar meu poder hoje. Eu acho, ainda não o vi hoje.

—Graças a deus que não o viu mesmo, nem tomou banho ainda. — ela se levantou, indo até a porta. — Apenas me prometa que vai tentar ir relaxar um pouco, okay? Eu sei que vai contra sua natureza, mas se preocupar tanto assim vai lhe dar rugas prematuras.

Rolei os olhos para ela mas mesmo assim concordei com a cabeça. Esperei ela sair do quarto para seguir até o banheiro, onde eu enchi a banheira. Me encarei no espelho, tracejando com os dedos minhas olheiras que podiam muito bem terem sido tatuadas em meu rosto.

Ela tinha razão, eu precisava relaxar. Eu estava estressada com a guerra, com o conselho… e com James.

Coloquei uma bomba de banho de lavanda na água super quente. Quando entrei completamente soltei um leve suspiro, sentindo meus músculos começarem a relaxar. Encostando a cabeça na beirada da banheira, me lembrei do último encontro com James em meu sonhos.

Ele havia nos trazido para a cabana dessa vez, mas quando eu me joguei em seus braços ele não havia sorrido.

—Há algo errado? — eu perguntei, me afastando dele.

—Eu estou preocupado com você, sozinha. Ainda mais agora que fez de Nicholas um inimigo também. Não deveria se arriscar tanto assim por nada.

Franzi meu cenho para ele. Lutei contra a vontade de dizer quer não era por nada, que eu estava lutando pelo o que era meu por direito. Mas me lembrei que ele provavelmente também estava estressado e não quis dizer isso.Ele estava parecendo o James da primeira vez que eu havia o conhecido. Tentei sorrir de forma apaziguadora para ele.

—Não se preocupe comigo, eu estou bem aqui. E consigo lidar com Nicholas, já tenho mais da metade do Conselho do meu lado. — vendo aquela expressão continuar em seu rosto, resolvi mudar de assunto. — Como estão indo as buscas? Acharam mais alguma pista?

Ele passou uma mão pelo cabelo, obviamente frustrado.

—Apenas pistas que não levam a lugar algum, aquele Giovanni deve ter nos dado essa informação apenas para nos distrairmos. Acho que voltaremos para o castelo logo.

Fui para perto dele novamente, minha mão  encontrando a sua, a apertando.

— Ótimo, eu estou com saudades. — eu disse, sorrindo para ele, minha outra mão tracejando a base de seu pescoço, seguindo para a linha do seu cabelo. Olhei para cima, encontrando seus olhos pratas em mim.

—Também estou.

Mas seu sorriso não chegou aos seus olhos, que se desviaram do meu rosto para o meu colar que eu não tirava mais.

Okay, então James estava estranho.  Repeti a mim mesma pela milésima vez que esse comportamento nele era normal, ele ficava estranho quando eu morei com ele na minha Ascensão.  Não deveria significar mais nada além de estresse, não é? Todos estavamos assim.

Mas o olhar dele era o que me perturbou. Parecia que ele estava vendo algo errado quando me olhava.

Sacudi a cabeça para me livrar desses pensamentos, e mergulhei completamente debaixo da água lilás. Me livrando do barulho sempre presente no castelo, me permiti pensar em algo mais. Eu precisava me focar no que devia fazer. Conquistar meu lugar no trono, acabar com os Giovannis, me casar.

Toquei a esmeralda de meu colar, que eu não tirava nem para tomar banho, já que eu duvidava que água estragasse ouro. Caspjan havia me dito para usar sempre, também.

Pensei em perguntar para Caspian sobre James, então percebi o quão terrível isso seria. Seria a mesma coisa que ele me perguntar sobre alguma garota que ele estivesse dormindo.

Só que eu não precisava pedir informações para Caspian, me lembrei. Eu havia roubado uma ficha com o nome dele do escritório de Nicholas, mas não a havia olhado até agora. Eu não havia tido motivos para tentar entender o comportamento de James.

Terminei de me lavar, assim como meu cabelo, e sai do banho. Meus dedos estavam completamente enrugados, me fazendo perceber que eu provavelmente havia ficado tempo demais lá.

Me vesti com jeans e camiseta como sempre, mas quando me olhei no espelho eu senti uma sensação de estranheza. O jeans e a camiseta me faziam parecer com a Sophia de antigamente, humana e sem rumo. Pela primeira vez notei que eu havia mudado, até minha postura.

Afastei esses pensamentos para longe, e espiei o relógio. Geralmente essa hora Caspian viria me encontrar para me fazer matar algumas plantas, ele até jogou uma planta em mim ontem, me mandando matá-la no ar antes de me atingir, como um sádico.

Sádico ele era, mas estava se provando um bom amigo. O que era bizarro, pois quando o conheci achei que seria a pessoa que eu menos iria gostar de passar tempo junto. E apesar de tudo, Linne estava certa. Ele meio que me deixava mais relaxada, já que eu sabia que ele me apoiaria caso alguém surgisse me questionando por querer  ter alguma voz na guerra. Ele já havia me defendido mais de duas vezes de vampiros que haviam me acusado de ser humana demais para saber do que eu estava falando.  

Eu havia ficado arrasada depois desses encontros, porém não falei nada. Mantive minha cabeça erguida, desafiadoramente. Eu já havia decidido que não abaixaria a cabeça para ninguém.  

Eu não demonstraria fraqueza para mais ninguém. Eu estava cansada de ser fraca. Eu já havia sido fraca demais quando estava no hospício e deixei Noah tomar minhas memórias.

Trinquei os dentes. Eu não devia pensar nisso agora. Fui até minha escrivaninha, onde eu deixava todos os relatórios sobre a guerra. James escrevia eles também, seu último relato havia sido rastros que desapareciam como se a pessoa tivesse voado, sumido.

James.

Abri a ultima gaveta, e peguei sua ficha. Eu ainda tinha um pouco de tempo, então decidi acabar logo com isso.

Passei os olhos pela primeira página, que relatava que ele havia treinado com Robert até estar pronto para ser um guardião oficial. Não havia nada de interessante nela.

Algumas paginas para frente achei algo que parecia mais promissor, haviam mais coisas escritas do que apenas o básico. Era um relatório percebi, escrito por Robert. Sobre o dia do ataque aos meus pais.

“Guardião Koutrick se encontrava sozinho com a Rainha Tereza e o Rei John quando o ataque começou, no quarto deles... “

Eu não estava pronta para ler sobre a morte dos meus pais, então procurei por cima até que um outro nome me chamou atenção.

Guardiã Anna Hearvoux.

“Noah fez Anna Hearvoux de refém para tentar fazer  James se distrair, e assim ele com seus capangas conseguirei assassinar o rei e a rainha. Koutrick lutou até suas forças acabarem, mas os números deles eram maiores. Os Giovannis levaram a Guardiã Hearvoux com eles, como prisioneira.

Koutrick passou meses tentando achá-la, sem sucesso. Ela foi considerada morta seis meses depois.”

Parei e ler quando ouvi uma serie de batidas rítmicas vindas da porta. Caspian havia chegado.

—Entre. — eu disse, me tirando do estado de quase choque que eu me encontrava.

Caspian entrou como se fosse dono do quarto, como sempre. Ele olhou ao redor, o canto de sua boca subindo. Ele deve ter percebido que meu quarto estava quase arrumado, finalmente.

—Decidiu arrumar seu reino de bagunça? Aposto que seus súditos de pelúcia a veneram mais ainda. — ele deve ter percebido que havia algo errado comigo, já que seus olhos violáceos ficaram preocupados. — Aconteceu alguma coisa?

Entreguei a página que eu estava lendo para ele. Caspian saberia mais sobre isso, pensei. Ele parecia saber sobre quase tudo, afinal de contas.

Ele me olhou com algo parecido com pena.

—Ele nunca te contou sobre Anna, não é? — ele sacudiu a cabeça para si mesmo.  — Essa pergunta foi estúpida, é claro que ele não lhe contou.

Me levantei, me sentindo inquieta. Os olhos de Caspian não me deixaram.

—James não fala muito sobre ele. Você sabe quem ela era?

Ele se sentou na minha poltrona, massageando sua têmpora, parecendo querer estar fazendo alguma outra coisa em qualquer outro lugar.

—Ela era a guardiã designada da sua mãe, ela e James estavam apaixonados. James a havia pedido em noivado fazia poucos dias. — ele pausou quando viu o choque em meu rosto. James nunca havia mencionado que havia ficado noivo de ninguém. — Noah a pegou como vingança por James não lhe contar onde você estava escondida, achou que desse jeito ele iria ter um incentivo para dizer sua localização. Depois disso ele foi embora daqui, ficou em Andalovina por um tempo depois de tentar caçá-la. Voltou para cumprir a promessa que havia feito a seu pai de te proteger, aparentemente.

Me sentei na beirada da minha cama, absorvendo tudo isso. James havia perdido sua noiva por minha culpa, basicamente. Noah era mais sádico do que eu pensava.

Fechei os olhos. James era quem devia ter me contado sobre isso. Ele havia ficado meses a procurando. Uma parte egoísta minha gritou de ciúmes, o resto de mim apenas se sentiu magoada por ele não ter sido a pessoa a me contar sobre isso.

—Obrigada, Cas. — eu disse, finalmente. Me levantei e tentei sorrir para ele. — que tal treinarmos um pouco agora? Preciso revidar a planta que jogou na minha cara ontem.



((James))

Fazia uma semana que eu estava longe do castelo, longe de Sophia.

Olhei para o chão, procurando novamente o rastro que desaparecia sempre. Meus homens estavam ficando cansados de nunca encontrarem nada, assim como eu.

Mas haviam rastros que desapareciam, como se a pessoa tivesse criado asas e voado, não deixando trilha nenhuma, nem mesmo de magia. Os Giovanni não podiam fazer esse tipo de coisa, eu sabia. Um fey talvez, mas não um Giovanni.

Havia apenas uma pessoa que eu tinha certeza de ter um poder desse.

Tirei o pensamento dela para fora de minha mente. Eu devia voltar logo para o castelo, para meus deveres com Sophia. Cada dia que eu passava longe dela era mais um dia em que ela podia ser atacada, sem eu estar lá para protegê-la, para cumprir a promessa feita a seu pai.

E havia Caspian lá também, e só deus sabe o que ele havia contado a ela sobre mim. O que ele havia revelado.

—Koutrick, achei algo!

Fui até o lugar onde o guardião estava abaixado. Daniel apontou para um par pegada no chão, apenas o formato de dois sapatos femininos formados na terra. E o leve traço de seu cheiro. Andei mais adiante, procurando outras marcas de que era mesmo ela. Não havia mais nada.

Passei a mão pelo meu cabelo, querendo o arrancar tamanha minha exasperação.  Ela estava brincando comigo. Ela sabia que eu iria perceber que era ela.

Anna.




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