The Ascent escrita por Thaina Fernandes


Capítulo 19
Capítulo 18




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Eu encarava James, deitada ao seu lado. Eu nunca o havia visto assim, ele parecia quase em paz. Minhas pernas estavam entrelaçadas com as dele. Ele estava acariciando levemente meu ombro com o seu dedão. Era tão confortante estar ali com ele, tão intimo. Era natural. Fechei os olhos e sorri. James me amava.

—Espero que não esteja rindo da minha cara, princesa.

Bufei. Quem fazia isso era ele, e não eu.—Eu estou apenas feliz, você sabe que não tem nada do que rir da sua cara.

Ele se colocou acima de mim, sem deixar seu peso cair, apoiando o queixo em uma de suas mãos.

—Bem, você podia estar rindo da minha pinta em formato de coelho.— ele sorriu para mim daquele modo que fazia aparecerem finas rugas nos cantos de seus olhos.—Ah é verdade, é você que tem uma pinta assim.

O olhei fingindo estar muito ofendida. —Ei, não parece um coelho!

Ele a tracejou com o dedo, na lateral da minha coxa, me causando arrepios.

—É o coelho mais bonito que eu já vi.— Ele disse isso com a boca colada em meu ouvido.Estremeci, o encarando intensamente. Suspirei. —Qual o problema, Tess?

—O que vamos fazer, James?— eu perguntei, as pontas dos meus dedos inconscientemente tracejando a linha de seu ombro. Deus, ele tinha músculo até aqui. —Por mais que eu queira, não podemos ficar aqui nessa cabana para sempre.

Ele rolou para meu lado novamente. Sacudiu a cabeça. —Não sei. O que é uma coisa totalmente nova para mim, não ter um plano. Eu tentei me manter no plano original, que era apenas te trazer para cá e virar seu guardião, mas ser só o seu guardião se provou quase impossível. Eu não sei o que você tem, que me deixa assim. Desde o primeiro momento, desde a primeira vez que você abriu a boca para falar alguma bobagem desafiadora, eu não consigo te tirar da minha cabeça. É quase como um feitiço isso.

—Eu me sinto assim em relação a você também. Não acho que eu possa mais ficar longe de você. eu disse, colocando minha cabeça em seu peito,—Mas precisamos voltar ao mundo real. Noah esteve aqui, James. Precisamos avisar o conselho.

—Eu sei. —ele suspirou.— Nós iremos fazer tudo isso, Tess. Mas se ele fosse atacar, teria feito na hora. Ele sabe que você é muito valiosa para arriscar um ataque direto.

Ele se sentou, e eu o imitei. Me levantei, olhando a quantidade absurda de roupas que eu teria que vestir novamente. Olhei para James, que estava me encarando escancaradamente. Sem que eu percebesse, ele já havia se enfiado em suas calças; Eu coloquei minha calcinha, seguida pela Chemise. Ele se levantou e se colocou atrás de mim. Puxou o espartilho para cima, e surpreendentemente o colocou em mim com mais habilidade do que eu esperava. Ele não o apertou muito. Depois me ajudou a enlaçar o resto do vestido.

—Esperava que tirar fosse a sua especialidade, não colocar vestidos.

Ele nem me respondeu, apenas colocou o resto de suas roupas. Me estendeu sua mão, e quando eu a peguei, me puxou até ele.

—Não sei quando ficaremos sozinhos novamente, então é melhor eu dizer agora.— ele me olhou serio.— Eu te amo, Sophia Thereza Dragomir.

Eu sorri. —Também te amo, James Koutrick.

Ele começou a me levar até a porta, mas antes de chegarmos lá ele olhou por cima do ombro, com aquele sorriso de sabichão que eu tanto amava estampado em seu rosto;

—Ah é, obrigado por ter me dado a sua jóia preciosa hoje. É assim que chamam a virgindade naqueles seus livrinhos, não é?

Eu soltei uma gargalhada sem querer, e lhe dei um soco no ombro.—Cale a boca James.

De mãos dadas, começamos a fazer o percurso de volta para o castelo. Ansiedade começou a crescer em meu peito. Eu de algum modo sabia que esta minha felicidade não podia durar muito, não é assim que as coisas funcionam, não é?

Sacudi a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos. O caminho de volta era longo, o que me fez perceber como estávamos fundo na floresta. Eu era mesmo uma tonta, tendo andando tudo isso sem nem ao menos perceber; Quando chegamos a borda da floresta, já podendo ver as portas do castelo, James me puxou para um ultimo beijo.

—Eu vou ir falar com Robert, e o farei chamar uma reunião de emergência. Vamos dizer que você o viu quando saiu para caminhar, pois não conseguia dormir depois de toda a emoção de hoje. Troque para uma roupa normal, eu vou fazer a mesma coisa para não termos suspeitas. Tudo bem?

Assenti com a cabeça, e ele me puxou pela entrada secreta dos funcionários, me deixando na porta do meu quarto.

Eu fiz exatamente como ele me disse, me enfiei em qualquer roupa, tomando cuidado para colocar uma blusa com a gola alta para esconder a pequena cicatriz da mordida. Depois de lavar meu rosto, me olhei no espelho. Minhas bochechas ainda estavam coradas, os olhos brilhando. Eu parecia feliz, graças ao James.

Fechei os olhos, me lembrando que eu estava noiva de Caspian. Eu estava com a sensação no estômago de novo, como se algo ruim fosse acontecer. Tentei afastar essa sensação para longe, e me sentei na cama. Noah havia aparecido do meu lado, o que só provava que ele não era uma coisa criada pela minha mente. E para ele ter conseguido passar pelos feitiços ele tinha que ser muito forte.

Eu havia feito a coisa certa, aceitando a aliança com os Alighieri. Eu sabia disso. O exercito deles nos fortaleceriam ainda mais. E eu tinha o meu poder, e se meu sonho estivesse certo, ele iria nos ajudar mais ainda.

Mas mesmo assim eu não podia evitar me preocupar. Haviam tantas coisas que eu ainda tinha que descobrir. Tinha que tirar Nicholas do poder, descobrir onde estava o diário do meu pai…

Antes que eu pudesse pensar em mais coisas que eu tinha que fazer, houve uma batida em minha porta. Eu a abri, e encontrei James, usando moletom preto e camiseta preta.

—Pronta? — ele me perguntou, e eu assenti. Eu havia começado a ficar nervosa. E se alguém descobrisse que eu não estava apenas dando uma caminhada?— Não precisa ficar assim, vai dar tudo certo.

Ele segurou minha mão por um momento, se virando depois, me indicando que eu deveria o seguir. Eu me apressei, ficando ao seu lado. Estávamos seguindo em direção a sala de reunião quando Klaus surgiu de um corredor, quase me fazendo tropeçar.

—Ei, foi mal Princesa, eu não te vi. Está indo para essa reunião também?

Eu notei suas roupas, ele ainda estava de pijama. Mas parecia desperto demais para ter estado dormindo. Carolinne deve ter se divertido essa noite. Eu lhe dei um quase sorriso.

—Meio que fui eu quem a convocou. Lá você entenderá melhor.

A sala de reunião estava com todas as cadeiras ocupadas. Caspian estava sentado em seu lugar, ao lado da minha cadeira vazia. Nicholas estava lá, a cadeira em frente a minha. A raiva que eu estava sentindo dele por falar comigo daquele jeito começou a borbulhar novamente. Me sentei.

Nicholas se levantou, e todos os sussurros foram silenciados.

—Hoje tivemos uma invasão. Um Giovanni quebrou o feitiço de segurança, e ameaçou nossa princesa. Uma patrulha foi enviada para checar se há mais alguém, assim como as feiticeiras foram recolocar novamente os feitiços.

Pyotr fez um som de indignação. — Se rudo já está sob controle, por que nos reuniu aqui tão tarde da noite?

O restante deles fizeram barulhos de concordância. Antes de Nicholas tivesse a chance de responder, eu decidi abrir a boca e parar de só olhar tudo acontecer.

—Não foi um simples Giovanni, foi Noah. Noah invadiu e ficou a menos de meio metro de distância de mim.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo. A coisa que eu mais escutei foi “mas isso é impossível!”. Caspian colocou sua mão em cima do meu antebraço, me fazendo olhar para ele.

—Você está bem? Ele te fez alguma coisa? — ele me perguntou em voz baixa, me encarando. Parecia extremamente sério. Com espanto, me lembrei novamente que ele era meu noivo agora.

—Estou bem, ele só me deu um enorme susto.

Mas mesmo assim sua mandíbula continuava travada. Seus olhos violáceos se  viraram, pousando em Nicholas.

—Isto é inadmissível, Nicholas. —sua voz não estava alta, mas mesmo assim foi o suficiente para fazer todos prestarem atenção nele.— Sophia é a única herdeira do trono, você deveria tomar mais cuidado com as proteções do castelo. Afinal. são tempos de guerra. Você não quer que nada aconteça com ela, não é?

A furia no olhar de Nicholas foi impagável.Ele olhava para Caspian quase como se quisesse esmaga-lo. Não acho que ele estava acostumado a ter alguém falando assim com ele

—É claro que não, Principe Allighieri. Como já disse, já tomam,os as providencias necessárias.

Mas Caspian não parecia impressionado. — E os outros seres sobrenaturais, já os invocou pedindo ajuda? Meu pai odiaria saber que você não está levando a visão que a Princesa teve na ascensão a sério.

Nicholas o olhou mais raivosamente ainda. —Sim, todos foram convocados. Bom, já que todos estão a par da situação. podemos encerrar esta reunião.

Eu me levantei, já que todos só poderiam levantar depois de mim. James abriu a porta para mim, e me seguiu até lá fora.

— Robert quer que eu vá para a reunião dos guardiões, não deve demorar muito. Você vai ficar bem?

Eu lhe fiz uma careta. —É claro que sim, ninguém vai me matar daqui até meu quarto, acho.

Caspian veio até meu lado e sorriu para James. — Eu a acompanho até lá, não se preocupe James.

James franziu o cenho, mas não falou nada. Me deu uma olhada estranha antes de se virar e ir até Robert, que conversava com Nicholas.

Eu comecei a andar, Caspian ao meu encalço. Eu estava começando a focar com dor de cabeça, percebi. Com certeza por conta de tudo que eu bebi hoje.

—Sophia, o que você estava fazendo andando na floresta a noite? Você sabe que é perigoso.

Bufei. — Não fale assim comigo, Caspian. Eu estava pensando em tudo que aconteceu, assimilando todos os eventos que ocorreram em tão pouco tempo, você sabe.

Ele segurou meu braço, me fazendo parar de andar. Estávamos em um corredor particularmente escuro.

—Eu fiquei preocupado no minuto que fui avisado dessa reunião, sabia? Seria bom ser avisado por você  quando é ameaçada por um psicopata, já que agora nós somos noivos, mesmo que não por nossa escolha.

Suspirei. Eu não sabia que ele iria ficar preocupado. Eu, de fato, achei que ele não ia nem ligar.

—Caspian, me desculpe. Da próxima vez eu prometo que te mando uma mensagem pelo menos, mas não havia nada para se preocupar. Ele só queria me assustar, não me machucar.

Ele passou a mão pelo cabelo. Parecia estar tenso. Sacudiu  cabeça uma vez, e continuamos a andar. Quando chegamos na porta do meu quarto, ele não só saiu andando como eu esperava. Ele tracejou a linha do meu maxilar com a ponta de seus dedos.

—Eu sei quando você mente, lembra? Você está com o cheiro dele ainda. — antes que eu pudesse responder, ele me deu um beijo na testa. —Boa noite Princesa, te vejo amanhã.

E foi embora.

Ele devia saber que eu estava com James, não devia? Me senti como uma criança pega fazendo arte. O que era ridículo, já que eu não devia explicações para ele, não tinha que me sentir assim. Novamente me lembrei que eu estava noiva dele. Ele meio que tinha o direito de exigir uma explicação se quisesse.

Com um suspiro, entrei em meu quarto e fui tomar uma ducha. Me enfiei em meus pijamas mais confortáveis, e deitei na cama, esperando um sono que não vinha. Eu não sabia há quanto tempo eu estava tentando dormir quando vi uma sombra entrar pela janela do meu quarto.

Mas dessa vez eu estava preparada. Taquei um ursinho de pelúcia em sua direção, ouvindo uma risada que eu já conhecia quando minha arma mortal o atingiu. Senti seu cheiro antes de conseguir distinguir seu rosto.

—Minha nossa Tess, não sei se vou conseguir sobreviver a este ataque mortal. Acho que precisarei de respiração boca a boca. —James disse caçoando enquanto se enfiava nas cobertas comigo.

Cheguei para perto dele.— Idiota, você me deu um susto enorme. Nunca ouviu falar de portas? São uma invenção incrível sabia?

Ele tirou uma mecha do meu rosto, e beijou minha bochecha.

—Eu estava testando a segurança do seu quarto. Não é muito boa, sabia? Acho melhor eu ficar aqui e te proteger.

Eu ri e o abracei. Ele de algum jeito encontrou meus lábios com os seus, me dando um de seus beijos. A descarga de poder estava mais forte agora, percebi. Ele nos rolou, ficando por cima de mim. Interrompi o beijo para recuperar meu folego.

—Como foi a reunião?

Sua boca se moveu para meu pescoço, me deixando arrepiada. —Robert disse o de sempre, e designou as esquipes para patrulhar o perímetro. Nada demais.

Eu notei uma leveza forçada no seu tom de voz, havia alguma coisa que ele não queria me contar. Eu decidi não perguntar nada agora. Passei meus dedos pelo seu cabelo.

—Caspian sabe sobre nós. — o informei.

Ele sorriu. —Ótimo.

Sacudi a cabeça para ele. Ainda não entendia esse odio que um tinha pelo outro. Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, sua boca estava na minha novamente, sua mão puxando minha camiseta, me fazendo perder o raciocinio.

Algum tempo depois, eu estava deitada junto a ele. Eu podia sentir o pequeno sorriso em minha boca.

—Isso é bom. — eu disse, sentindo sua mão acariciar meu cabelo. —É relaxante, ainda mais depois do dia de hoje.

Ele demorou um pouco para falar alguma coisa. —Você ficou com muito medo? Quando ele apareceu na sua frente.

Eu levantei minha cabeça para o encarar. Ele parecia preocupado, estava com aquela ruguinha minúscula no meio das sobrancelhas. Passei meu dedo em cima dela, tentando a alisar.

—Eu fiquei em choque. Ele já havia me ameaçado antes, mas vê-lo ao vivo foi uma experiencia diferente.

Ele pareceu pensar sobre isso um pouco.

—Tess, você ainda não me disse como conhecia Noah.

Eu meio que me levante. Esse era um tópico que eu não estava muito  a fim de conversar. Mas era James, eu podia contar as coisas para ele, até as que eu tinha medo de pensar muito sobre. Abracei meus joelhos, o lençol me cobrindo mas deixando minhas costas nuas.

—Quando ele apareceu no meu sonho pela primeira vez, queria me fazer ressuscitar alguém. Eu recusei. Ele  apareceu novamente, em forma de memória. Ele ia me visitar no hospital, me disse que era da família, que ia cuidar de mim.Era por isso que ele me parecia tão… familiar. Mas eu não acreditei que ele era um Dragomir. Depois usou essa memória para me ameaçar novamente, falando para eu fazer o que ele mandava ou começaria a guerra. “Uma vila por vez, vou destruir seu país, até chegar a você e fazer você aceitar. É sua escolha”, foi o que ele me disse. Eu não o levei a sério, não contei a ninguém, e então ele começou a cumprir a promessa. Ele é realmente da família, James? Como pode um Giovanni ser um Dragomir?

Sua mão se movia acariciando minhas costas. Ele hesitou antes de responder. —Sim, Sophia. Ele é um Dragomir. Ninguém imaginou que ele fosse se virar contra seu próprio país. Seus pais tiveram um menino antes de você Tessa. Noah é seu irmão.


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