A Guardiã Das Almas escrita por drê


Capítulo 1
O começo da jornada


Notas iniciais do capítulo

Pra quem já lia, eu modifiquei totalmente.



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- Preciso que você faça alguma coisa. Mas terá que me prometer. É para o seu próprio bem, eu preciso que confie em mim. - srta. Woldardt falou, quase implorando.

- Como posso te prometer, se não sei o que a sra. irá me pedir?

- Apenas.. Confie em mim Savannah. - algo naquele olhar de imploração fez meu coração derreter.

- Tá legal, eu prometo. - falei por fim.

- Quando der meia-noite de hoje, preciso que você faça uma pequena cruz em seu antebraço. - ela vasculhou sua bolça a procura de algo. - Com esta lâmina. Não precisa ser fundo e nem tão grande.. Mas faça.

***

Despertei dos meus pensamentos assim que ouvi um barulho na porta. Era Eric, pedindo que eu fosse jantar. Falei que não queria. Continuei encarando aquela lâmina que a srta. Woldardt me entregou hoje cedo na escola. Eu sempre achei que havia algo de errado com essa professora, começando pelo fato de as aulas de literatura dela, nunca serem literatura. Ela sempre dava um jeito de envolver animais místicos e esquecer o seu papel de professora de literatura.

Se eu fosse realmente me auto mutilar, o que provavelmente eu faria já que prometi, não seria muito difícil. Afinal, moro apenas com meu irmão e ele deve estar entretido com aquele amigo esquisito dele. Mas eu ainda me perguntava qual o motivo de tudo aquilo.

Analisando ainda mais a lâmina, percebi que haviam vários detalhes espalhados por ela. Passando o dedo, totalmente imperceptível, havia uma sigla. Com certa dificuldade percebi que era algo como “CTS”. Corri até meu computador e pesquisei na internet sobre tal sigla. Mas só achei coisas relacionada à carros, escola de vigilância e até tabaco.

- Foda-se. - sussurrei pra mim mesma.

Já estava ficando aflita com tudo aquilo. Desci até a cozinha onde talvez eu fosse jantar. Quando parei na cozinha, percebi que haviam duas caixas de pizza. Ótimo jantar. É isso que você come quando mora com seu irmão. Não que eu esteja reclamando, porque pizza.. Bem, pizza é pizza.

Peguei um pedaço gigante de pizza e fui me sentar no sofá junto com os dois esquisitos. Eles ficaram me encarando e eu fiquei apenas prestando atenção na TV. Aquele Bryan, amigo do meu irmão, me dava calafrios. Quando olho pra ele, ele está sempre me encarando, parecendo que vai pegar uma faca e me cortar em trezentos pedaços. E aqueles olhos.. Vontade de arrancar eles. São laranjas, cara, ninguém tem olhos laranjas. Podiam ser lentes, e se fossem, alguém precisava falar pra ele que não estava legal.

- Preparada pra fazer 16 anos? - Eric falou, sorrindo.

- Ué, só vou ficar um ano mais velha. - franzi a testa. Bryan riu.

- Isso é o que você pensa. - comentou.

- Vai acontecer o que então, espertalhão? - retruquei, encarando-o.

Ele balançou a cabeça negativamente e voltou sua atenção para TV. Eu não sentia ódio dele, mas ele me fazia o sangue ferver sem muita demanda. Isso era o que me irritava, o jeito que ele agia comigo. Diversas vezes pensei que talvez ele me odiasse.

- Não dá muito moral pro Bryan, ele só quer implicar. - Eric sussurrou.

- Olha irmãozinho, você não precisa me pedir pra fazer isso, porque eu já faço desde o primeiro dia em que o vi. - sorri.

- Eu sei. - ele sorriu de volta. - Mas só pra não perder o foco.

Adorava o jeito como Eric cuidava de mim. Sempre atencioso e prestativo. Desde que resolvemos abandonar nosso pai, ele é o meu pai. Sempre cuidou de mim, melhor do que qualquer outra pessoa poderia cuidar. Eu o amo demais, e tenho certeza que sem ele perto de mim, eu estaria acabada na vida.

Sei que você deve estar se perguntando por quê o meu pai foi embora. É uma história que eu odeio relembrar, mas abrirei uma exceção. Meu pai bebia. Muito. Muito mesmo. E era todos os dias. E ele começou depois que minha mãe morreu, então faz muito tempo. Eu só tinha três anos quando minha mãe foi embora. Ele talvez não tenha aguentando toda a pressão, e começou a beber. Ele sempre chegava tarde em casa, e sempre quebrava tudo o que via pela frente. Meu irmão, mesmo com sete anos naquela época, sempre cuidou de mim. A gente se trancava no guarda-roupas para ele não nos achar. Eu acabava adormecendo, mas sempre acordava na cama.

Mas deixemos esse assunto pra lá, faz tempo que não temos notícias dele e eu não quero ter. Tenho uma pequena promessa a cumprir. Depois de receber mais algumas implicâncias vindas de Bryan, retornei ao meu quarto. Procurei pela lâmina que a srta. Woldardt me entregou e segui ao banheiro. No relógio era quase meia-noite, o que significava que estava quase na hora.

Estiquei meu braço sobre a pia e suspirei fundo. Peguei a lâmina e encostei em meu braço. Não era gelado, não tanto quanto o meu corpo estava naquela situação. Odeio quando eu prometo as coisas. Beleza, agora já foi.

- Tá legal Savannah, você fez isso. - falei comigo mesma.

Encostei novamente a lâmina em meu braço e dessa vez forcei-a contra o mesmo. Fiz uma linha reta bem no meio do meu antebraço. O sangue saía por entre a linha que eu acabara de fazer. Subi até a ponta da linha e tracei uma reta cortando a mesma, formando uma cruz. Eu não sei o que me dei na cabeça, mas fiz uma cruz que cobriu o meu antebraço inteiro. Eu achei que seria pior, mas não senti tanta dor.

O sangue caía sobre a pia do banheiro e eu admirava aquela situação. Meu braço não doía, mas o rasgo continuava ali. Ok, agora eu não sabia mesmo o que fazer. Acabara de meu auto mutilar e.. O que vem agora? Mas, minhas respostas estavam por vir.

Ainda observando meu antebraço rasgado, o sangue ao invés de sair para fora do corte, ele estava voltando. Exatamente, o sangue voltou para dentro do meu corpo, voltou para dentro do rasgo que eu acabara de fazer.

E não parou por aí. A doideira continuou.

Eu estava tão pasma com tudo aquilo que acontecia, que eu apenas observei, impressionada. Pouco a pouco o sangue foi secando e nem uma gotinha sequer escorria do meu corpo. O corte continuou aberto, mas não por muito tempo. Lentamente, o mesmo rasgo em formato de cruz foi se fechando. Sim, sozinho. Eu não tive que o costurar ou qualquer coisa do gênero, ele apenas se fechou.

- Mas que mer..? - franzi a testa, ainda parada olhando meu braço.

O único sangue que continha ali era aquele que já havia escorrido até a pia do banheiro. E o meu braço, bem, estava igual antes. Apenas tinha uma pequena elevação, em formato de cruz, obviamente, que mais parecia uma cicatriz.

Saí do meu transe de paralisação chocante pós-auto mutilação, quando meu irmão e seu simpático amigo entraram no banheiro.

Me virei rapidamente para os dois, tentando esconder a lâmina para que nenhum deles vissem o que eu acabara de fazer. Eric me olhava com uma cara até que bem alegre, e eu não sabia o que fazer. E Bryan, bem, ele sempre tinha uma cara de quem comeu e não gostou.

- O que fazem aqui? - perguntei, ligando a torneira da pia, fazendo o sangue descer ralo abaixo.

Olhei para eles, mas senti minha cabeça girando em uma velocidade rápida demais. Percebi Eric movimentando sua boca, mas não consegui compreender som algum que saísse de lá. Levei minha mão, que parecia pesar o triplo de seu peso, até minha cabeça, mas quanto mais rápido eu praticava tal ato, parece que mais demorava. Eu sentia meu corpo endurecendo ou até mesmo entrando em algum tipo de transe.. Não sei, achei até que havia sido envenenada e que meu irmão e seu amigo, junto com a srta. Woldardt pretendiam me matar. Mente psicopata, eu sei. Mas são coisas que pensamentos em momentos assim.

Eu não lembro de muito coisa, a partir daí eu desabei no chão. Não tinha força em meu próprio corpo. Eu estava consciente, eu estava com meus olhos abertos, eu conseguia ver e compreender tudo o que ocorria ao meu redor. Mas era só. Não consegui me levantar, me mexer ou até mesmo falar alguma coisa.

Observei, pelo pouco que conseguia, Eric se aproximando de mim. Logo em seguida, ele me levava para algum lugar. Vai me levar para minha cama, pensei. Mas não. Ele saiu de casa e depois eu realmente acabei apagando. Mas eu estava com Eric e se eu estivesse com ele, tudo acabaria bem. Ele sempre prometeu cuidar de mim.

Bem, espero que ele faça o seu papel. Apesar de eu realmente ter acreditado que ele estava com algum plano maligno contra mim.. Ele é meu irmão, e sempre cuidou de mim, não é agora que ele faria o contrário.



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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. ♥



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