What Goes Around, Comes Around... escrita por Jiullia


Capítulo 4
Remember




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Furiosa. Charlô estava furiosa. Como ele ousava falar assim com ela? Logo ela, que... Não, não era isso que estava acontecendo com ela. Não, Charlô de Alcântara Pereira Barreto não era uma adolescente boba mais. Ela sabia se defender, ela sabia o que fazer, e sabia o que era melhor para ela.

E definitivamente não era o Otávio. Ela tentou se afirmar nisso.

Algumas lágrimas caíram durante seu percurso até o esteticista. Mas nada que realmente valesse a pena. Nada referente ao biltre deveria valer a pena mesmo. Não era um sofrimento sadio. Tantas brigas, xingamentos e até lágrimas. Não, isso jamais poderia ser indício de coisa boa. de sentimento. eles se odiavam e ponto final.

O que Charlô não conseguia entender, nem diminuir, era a sensação de aperto no peito e de dor ao lembrar de tudo aquilo.

*Flashback on*

–Otávio, onde você está me levando?

–Calma, Charlô, já estamos chegando.

–Como quer que fique calma? Estou de olhos vendados, sendo guiada por um homem, vai saber pra onde e pra quê, e você quer que eu esteja calma?

–Sim, bem calma. Já estamos chegando. - e chegando bem perto do ouvido dela - Não faremos nada que você não queira.

–Ora, seu... Seu... SEU BILTRE!

Otávio sorriu à menção do apelido "carinhoso" que a prima lhe punha sempre que zangada. Ela não fazia ideia de quanto ficava linda assim, bravinha.

–Pronto, meu bem, chegamos.

Charlô precisava de um tempo para processar as informações. Primeiro, dar um jeito de tirar a venda. Segundo, ele tinha mesmo a chamado de meu bem? E terceiro: ele a estava abraçando pela cintura.

Otávio delicadamente tirou a venda de Charlô, e retornou as mãos para a cintura da prima.

– Otávio?

– Hm

– Por que você está me abraçando pela cintura?

– Shhhh, abra os olhos e só contemple.

Qual não foi a surpresa da loira ao fitar a paisagem. Era um campo gramado, lindo, com algumas árvores. A grama tinha o tom de verde mais lindo que ela já vira. E tinha flores, pois estavam em plena primavera. Ficou sem fôlego com tanta beleza.

–Mas... Mas como você pode ter achado um lugar tão bonito?

–Eu não sei como achei. Só sei que cheguei aqui um dia. E queria muito compartilhar com você.

Charlô se desvencilhou delicadamente dos braços de Otávio, e deu dois passos a frente. E então se virou para encará-lo.

– Por quê?

– Por que o quê?

– Por que você me trouxe aqui? Por que queria que eu visse isso?

– Ora, eu... eu pensei que você pudesse gostar do lugar. É tão aconche-

– Por que eu, Otávio? Você me odeia. Não me deixa em paz. Vive esfregando na minha cara todos os seus namorinhos. Por que você me trouxe aqui?

Otávio estava meio desorientado. Para uma moça de 18 anos, Charlô era bem articulada - e sagaz.

–Isso não é um dos seus truques, não é? Para que eu acredite na sua bondade. Por que já vou avisando que se for eu-

Mas Otávio não a deixou terminar. Num só movimento, puxou a moça pela cintura e a trouxe para junto de si. E a beijou. A segurava firme, para que ela não escapasse.

Charlô tentava de toda maneira escapar dos braços do primo. Que ousadia era aquela agora? Porém Otávio era forte. E aos poucos ele a foi controlando. O estranho para a loira era estar gostando daquilo. Sim, ela estava gostando. E a sensação boa começou a dominá-la. Não mais lutou contra o primo, mas deslizou as mãos suavemente pelos seus braços, enlaçando em seguida seu pescoço. E puxando-o pra mais perto, aprofundou o beijo.

Naquele momento nenhum dos dois pensava nada de concreto. Tinha algo que os prendia juntos, e algo ainda mais intenso naquele beijo. O primeiro.

Charlô entreabriu a boca, delicadamente, e Otávio sentiu o que deveria fazer. E foi uma explosão de sensações quando as línguas se encontraram...

*Flashback off*

–Dona Charlô? Tudo bem?

–Hã? Falou comigo?

–Sim, a senhora está há algum tempo parada na porta. Sente-se mal?

–Não, não, eu... Eu estava pensando em algumas coisas.

–Sente-se, trarei um pouco de café.

Charlô tentava se recuperar do transe. Mas infelizmente, ou felizmente, lembranças não somem tão facilmente.


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