Eram seis horas da tarde, Anna já havia tomado banho e se arrumado para sair com Jared. Colocou uma saia mullet preta, uma blusa azul escuro e um casaco de renda preto. Nos pés tinha um sapato não muito alto e também preto. O estilo dela geralmente assustava algumas pessoas, mas em uma cidade sombria e como aquela seu estilo estava perfeito.  

De repente sua mãe entrou em seu quarto.

- Querida, quem é aquele bonitão esperando por você lá embaixo? - a mãe de Anna era muito bem-humorada e vivia fazendo a filha rir com as besteiras que falava. Na verdade, Adriene, estava espantada pela filha estar esperando alguém. Anna era sempre muito sozinha, e ver Jared na porta fez Adriene ficar feliz pela filha.

- Ele chama Jared. É novo na cidade, e é da minha sala. Vou mostrar a cidade para ele.

- É bom descer logo então. Não é educado fazer um rapaz lindo como aquele te esperar. - Anna começou a rir.

- Ok mãe, estou indo. 

Anna desceu as escadas e foi para a porta. 

- Tchau, mãe! Volto logo. - gritou.

- Divirtam-se.

*

- Acho que você ainda não visitou o farol do Cabo Lookout, certo?

Anna e Jared já estavam no centro de centro da ilha de Hatteras.

- Ainda não, mas estou louco para ir lá. Podemos ir? - ele usava calça jeans e uma camiseta preta. Ele não era muito diferente de Anna. Ambos adoravam preto. Ela achava isso atraente nele. 

- Vamos, a praia não é tão longe daqui, eu costumo ir lá a pé quando quero ficar sozinha. A praia não é tão cheia e é um bom lugar para ficar sentada pensando na vida. 

Foram andando até a praia. Anna não gostava muito de praias, mas aquele lugar era especial. Seu lugar preferido em toda a cidade. Chegaram no litoral e Anna chamou Jared pra sentar em um lugar mais escondido, onde conseguiam ver o farol perfeitamente. Ele não estava tão distante e aquilo a fazia sentir confortável.

- Esse lugar sofre por causa de vários furacões e tempestades. O farol foi construído para para prevenir acidentes marítimos, mas devido a perda de muitas embarcações aqui, o local foi apelidado de "Cemitério do Atlântico". Acho que tudo isso faz esse local tão incrível. - Jared observava Anna falar. 

- Aqui é realmente perfeito, nunca estive em um lugar tão bonito. 

Ambos ficaram em silêncio, o céu já estava passando de um tom laranja para um roxo escuro. Estava realmente lindo.

De repente, Jared levantou da areia e foi andando em direção à água. Pegou Anna pela mão e disse:

- Não vamos perder a chance de fazer isso.

 - Não! Água não!

Sem escutá-la, saiu correndo puxando-a para a água. 

- Vamos! Não temos nada a perder!

Em segundos, os dois já estavam ensopados. Jogavam água um no outro como duas crianças. Era como se nunca tivessem feito aquilo outra vez, e realmente Anna nunca tinha se divertido assim. Desde que Jared aparecera na sua vida tudo havia mudado, ela tinha rido mais nesses dias do que no mês passado.

Anna tirou se casaco de renda e o jogou na areia. Jared, vendo a ação da garota, resolveu fazer o mesmo com sua camiseta, mas quando a tirou, ela ficou olhando-o com uma fixação que espantou até ela. Quando ele viu que estava sendo observado, acabou falando:

- Se quiser eu coloco de volta.

- Oh, não. Está tudo bem. - ao dizer isso, amarrou a sua saia, fazendo com que ela mostrasse sua coxa. Se sentia livre e feliz.

Conseguiam ouvir uma música começando a tocar em uma casa perto da praia. A música era Don't Stop Dancing da banda Creed.

- Eu adoro essa música. - Anna disse fechando os olhos. - "Children don't stop dancing, believe you can fly, away...away." - começou a cantar. 

O céu já estava escuro e tudo o que viam, além da luz do farol, era estrelas. Já estavam cansados de ficar ali na água, então foram deitar na areia. A praia estava vazia a não ser por aqueles dois corpos deitados e molhados. Anna e Jared estavam bem perto um do outro. 

Jared suspirou e virou a cabeça para olhar Anna. 

- Foi um dia e tanto, né? 

- Sim. Nunca me diverti tanto.

Eles permaneceram olhando um para o outro.

- Anna, você é linda. - a garota sentiu seu rosto corar e abaixou o olhar.

O luar batia no rosto dos dois. Era a noite que não devia acabar nunca. 

Em meio ao silêncio, Jared aproximou-se de Anna. Agora seus rostos estavam colados e um conseguia sentir a respiração do outro. O rapaz passou a mão nos cabelos dela, e lentamente tocou seus lábios. Dois corpos, dois corações disparados, duas almas apaixonadas. Anna sentia o toque quente e ao mesmo tempo carinhoso de Jared. Eles se afastaram um pouco, mas continuaram se olhando. 

- Me desculpe, acho que não devia ter te beijado. - Jared disse.

- Não se desculpe. Você não fez isso sozinho. - Anna estava sorrindo.

Eles se levantaram juntos. 

- Acho que devemos voltar para a casa. Já são nove horas da noite. - Anna olhou as horas no celular.

- Sim. Vamos. 

Seguiram o caminho de volta quase todo em silêncio. 

Já estavam na frente da casa de Anna. Ambos estavam tímidos com o que havia acontecido.

- Então... te vejo amanhã? 

- Claro. 

Anna virou-se de costas para subir a escada que dava para a porta de sua casa. 

- Anna...

- Oi? 

- Boa noite. - ele tinha no rosto, um sorriso meio torto. Estava completamente atraente, ou melhor, é completamente atraente.

- Boa noite, Jared. - ela não conseguia esconder o imenso sorriso que havia aparecido em seu rosto. 

 *

 - Alô? Jenny! Meu Deus, mal consegui esperar pra te ligar e te contar tudo o que aconteceu. - Anna ligou para Jenny assim que subiu as escadas. 

- Conte tudo! Já estava desesperada. Você demorou muito a me ligar.

- A gente saiu para dar uma volta, eu levei ele pra perto do farol, lá na praia. Ele me molhou toda no mar, e no fim das contas, acabamos nos beijando. Foi tudo tão perfeito, mas eu estou com medo de me machucar. Ele é incrível...

- Ah, Anna! Pare com isso! Não tenha medo. Estou empolgada por você, espero que dê certo tudo entre vocês!

Jeny não conseguia esconder sua empolgação.

- Foca, vou dormir. Nos falamos amanhã. 

- Boa noite. Sonhe com o Jared.

- E você com o John.

- Isso não é problema. - começaram a rir. 

*

Deitada em sua cama, tudo o que passava por sua cabeça era o que havia acontecido. Quando fechava os olhos podia sentir o cheiro dele ali, ao seu lado.