O Tempo Dirá escrita por Bibelo


Capítulo 4
Vamos?


Notas iniciais do capítulo

como prometido. Hoje é quinta e pude postar (:
espero que gostem
desculpem desde já pelos erros
Boa Leitura

[Capítulo reescrito dia 21/07/2015]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/321106/chapter/4

Capitulo 4 - vamos?

[...]

— Garfield? — murmurou Rachel surpresa. Ele tinha a expressão séria, o que a incomodou um pouco: — O que faz aqui? — Resolveu perguntar finalmente, tentando mascarar sua surpresa de segundos atrás.

— Não posso mais vir ao parque? — respondeu irônico. Rachel deixou um sorriso catatônico sair, para logo mais abaixar o olhar. Ele suspirou: — Tenho de falar com você.

A jovem Roth o fitou curiosa. Se arrastando para o canto do banco, deu espaço para ele se sentar. Garfield o fez.

O silêncio se instalou por longos minutos. O clima era constrangedor para ambos, e sequer a música que tocava nos fones de Rachel a distraía.

— Desculpe. — Depois de muito tempo ela resolveu se pronunciar, sendo que Garfield não o faria: — Não deveria ter me intrometido, vi que você ficou incomodado com aquilo. — emendou constrangida: — Não sou boa nem para agradecimentos ou desculpas.

Afirmou parando de falar.

Garfield colocou sua mão em cima das gélidas mãos de Rachel. Ela assustou-se o encarando:

— Rae. Me escuta bem! — seu tom de voz ressoou como ordem. Ela crispou os lábios, mas resolveu ouvir: — Não posso negar que meu orgulho foi meio que ferido. Mas, engoli todo ele no momento em que o Richard ameaçou bater em você. Eu não fiquei nervoso por você ter intervido, e sim porque achei que você fosse se machucar. — apertou as mãos da garota atenta: — Não me perdoaria se acontecesse. Proteger a Kory, mas deixar você apanhar. Grande amigo. — zombou de si mesmo sorrindo à ela: — Não tem do que se desculpar.

Ela encarou-o assustada. Um tanto ousado, ela diria. Desceu o olhar à suas mãos unidas em seu colo.

— Naquela hora — recomeçou Rachel séria: —, quando eu cheguei para ver o que acontecia, você me disse que aquilo acabaria logo. O que você quis dizer? — perguntou curiosa.

Ele soltou um riso fraco, desviando o olhar para a frente:

— Eu nunca tive intenção de vencer, sabe. Deixei que me acertasse. — Falou pensativo, como se levasse sua mente à outros tempos, talvez mais tranquilos que os dias atuais.

Resolveu prestar atenção na garota, percebendo somente naquele momento suas mãos juntas. Não evitou uma vermelhidão se apossar de seu rosto. Rachel percebeu:

— Logan? Tudo bem? — perguntou se aproximando. Ele afastou-se, recusando o contato que ela faria para ver se estava febril.

— To-to ótimo! Só estou com um pouco de frio. — respondeu constrangido. Rachel acreditou ficando quieta na sequência.

Garfield propôs uma caminhada em torno do lago. Um pouco a contra gosto, Rachel aceitou o convite e começaram a andar. Com o tempo gélido e o vento fino passando por seus rostos, ambos diminuíam o passo, hora ou outra evitando ficar contra o vento.

Em um dos momentos de conversa, Garfield pediu para ouvir um pouco da música que tocava no celular da amiga. Dizendo ser de uma banda de Rock chamada Dope, passaram a ouvir a música compartilhando dos fones.

A aproximação a fez sentir-se estranha. O coração doía de tão rápido que palpitava. Aquela sensação era nova e incômoda.

— Queria pedir uma coisa. — Garfield falou chamando a atenção da garota levemente corada: — Pare de me chamar de Logan. Você é minha amiga. Pode me chamar de Garfield, ou Gar, igual a Kory! — sorriu o rapaz ao pronunciar o apelido: — aaah!— exclamou fazendo Rachel assustar-se: — Tenho de te apresentar a Kory amanhã. Ela quer muito te conhecer!

— Tudo bom. — afirmou desligando o aparelho já quase sem bateria: — Acho que é melhor eu voltar, tenho muita coisa pra fazer em casa. — comentou dando meia volta.

— Eu te acompanho. — propôs já à seu encalço. Ela o fitou de soslaio surpresa: — Lógico que eu vou. — respondeu como se pressentisse a pergunta da garota: — E se aparecer um maníaco e tentar te raptar? — comentou zombeteiro cruzando os braços.

Ela o olhou decepcionada. Por alguns instantes se lembrou de Mutano, e comparar alguém com ele era deveras preocupante.

— Você quem sabe! Mas garanto que não iria aparecer nenhum maníaco. — por fim caminharam quietos por alguns quarteirões.

Chegaram em frente ao prédio de Rachel. Pequeno, de quatro andares e com sacada. Rachel subiu as escadas para o Hall.

— Até, Garfield! — Ela lhe acenou subindo até seu aparamento pelas escadas. Garfield demorou-se um pouco em frente ao prédio até enfim seguir caminho.

***

O dia seguinte havia chego. Rachel já andava pelas ruas que davam à escola. Estava atrasada para a primeira aula, e sendo ela de matemática atrasos não eram tolerados. Apressou um pouco os passos, passando pelo portão de entrada.

No exato momento em que entrou sentiu vários olhares se dirigiram a si. Murmúrios, cochichos e piadinhas rondavam os corredores, todos sobre ela e a suposta briga do dia anterior.

Já se sentia incomodada com aquilo, mas não deixou que percebessem. Sabia bem como funcionava o interesse humano em "atazanar" aqueles que se incomodam com as brincadeiras.

— Rachel! — Garfield gritou ao fundo correndo um tanto esbaforido. Rachel parou de andar pra olhá-lo, um tanto curiosa, mas é puxada por seu braço começando a correr junto dele: — Não para não, estamos atrasados. — disse ele risonhamente.

"Eu tinha de parar no armário...", pensou Rachel um tanto incomodada. Ela estava atrasada, mas compensaria depois.

Entraram ofegantes na sala ainda sem professor. Garfield suspirou aliviado, enquanto Rachel praguejou pela corrida não planejada.

— Não... precisava... me... puxar! — falou a garota pausadamente pela falta de ar momentânea. Ele riu soltando seu braço.

— Mals! Mas então? como ta? — ela o encarou irritada.

— Cansada, soada, com sede e incomodada. — a ultima palavra foi como um tiro de canhão de tão pesado e denso que saiu. Garfield deixou o sorriso de lado para um olhar sério tomar conta de sua face.

— Incomodada com o que? — perguntou preocupado.

Antes que ela respondesse o professor entrou na sala. Agradeceu mentalmente pelo famoso "salvo pelo gongo" sentando-se ao seu lugar. Podiam não ser amigos à mais de uma semana, mas ela o observava o bastante para saber o quão explosivo ele era, e que provavelmente ele causaria um grande escarcéu na escola pelos boatos.

A aula passou normalmente tediosa, prendendo até mesmo Rachel em pensamentos bem longe da Guerra de Secessão não encerrada na ultima aula.

Diferente de Sexta-feira, não havia nenhuma briga ou discussão que fizesse as aulas serem encerradas ou, no mínimo, atrasadas. Infelizmente todas as duas aulas passaram tão vagarosas quanto nunca.

Após longos minutos a aula se encerrou, dando uma pausa de cinco minutos até o outro professor dar continuidade ao dia. Todos se levantaram para esticarem as pernas. Garfield se virou encarando Kory que lhe esboçou um sorriso.

— Hey, Rachel! — chamou Garfield fazendo-a se virar para encarar os dois.

— Sou Kory Anders. Mas acho que sabe disso, nos cumprimentamos sempre nos armários! — falou ela recebendo um aceno por parte da Roth: — O que acha de nós três comermos juntos no intervalo, assim podemos nos conhecer melhor.

Rachel não se sentiu à vontade com a proposta, mas sabia que hora ou outra seria abordada pela famosíssima amiga do Logan.

— Pode ser, Rae? — indagou Garfield curioso.

— Pode.

Kory soltou um grito de entusiasmo voltando para o seu lugar.

— Ei. — Garfield a chamou novamente: — o que você quis dizer mais cedo? — Rachel deu de ombros sem se lembrar: — Com o se sentir incomodada. Quem esta te enchendo? — a questão saiu mais séria do que devia.

— Você vai perceber quando sair nos corredores e ouvir o que estão falando. — disse virando-se novamente para a lousa.

***

Rachel saiu no momento em que o professor deu a aula como encerrada. Não estava com uma grande vontade de conversar com Kory, sabendo bem que os assuntos penderiam ao lado familiar, o qual era tabu à ela.

Sentou-se debaixo de sua costumeira árvore desembalando sua fruta do pequeno saquinho plástico.

— Poderia ter nos esperado, Rae. — Comentou Garfield aproximando-se dela com Kory ao lado.

Sentaram ao lado dela, dispostos em um circulo. Kory cruzou as pernas na famosa posição de índio:

— Você é bem saudável, em? — seu comentário fez Rachel levantar o olhar até a garota um tanto sorridente demais.

— Não diria isso. — afirmou a empata dando de ombros. Não que fosse saudável, mas era a coisa mais próxima de si quando saiu.

— Fiquei morrendo de vontade de poder te conhecer, Rae. — disse alegremente Kory. — Achei incrível o que você fez. Você é muito forte, Rae... Posso te chamar assim, certo? — A garota já tomara todas as liberdades antes de fazer a pergunta, então Rachel simplesmente aquiesceu. Não se importava por como era chamada.

Mas era bem nostálgico, pois todos os titãs também a chamavam assim.

— Você fala demais! — zombou Garfield recebendo um olhar pouco convidativo da ruiva.

— Não é verdade. — salientou a Anders: — Pelo menos eu falo coisas sensatas ao contrário de certas pessoas! — fez sinal com os olhos, como se aponta discreta, mas descaradamente, para o rapaz à frente.

Garfield bufou, mas sem retirar o humor de seu rosto alvo.

— Se conhecem a quanto tempo? — a pergunta saiu de Rachel, surpreendendo um pouco a dupla à frente.

— Bom, desde o fundamental. Mais precisamente na 7ª série. — respondeu ela pensativa: — O Gar me disse que você já o conhecia também. Muito legal.

— Mesmo ele não se lembrando de mim? — fora somente um comentário, sem nenhuma carga de sentimento. Mas para Kory aqui foi como um tiro de canhão em alto mar.

— Como assim? Como você pode não se lembrar dela? — implicou Kory encarando Garfield estupefata.

— A culpa não é minha, por acaso tenho memória de elefante? — responde ele se irritando, mesmo que tecnicamente ele tivesse.

— Não lembrar de uma colega que você estudou a vida inteira é um absurdo, ainda mais se ELA lembra! — retrucou aproximando-se de Rachel. —Não se preocupe, nunca me esquecerei de você, minha amiga! — prometeu a Kory segurando uma das mãos dela.

Amiga?, pensou Rachel curiosamente.

Garfield se levantou esticando os braços ao alto.

— Aonde vai Gar? — perguntou a ruiva fitando o rapaz que começara a andar em direção ao corredor.

— Vou no banheiro. Volto já! — Respondeu já basicamente longe, deixando ambas sozinhas para conversarem.

— Então — recomeçou Kory sorrindo: —, me conte um pouco sobre você!

Rachel crispou os lábios incomodada.

— O que quer saber? — ela pensou em filtrar os tópicos, pois não seria ela a começar um assunto familiar.

— Hm... - murmurou Kory com a mão no queixo pensador: — Já sei. Me fale um pouco de seus pais.

Aquilo foi realmente um baque para ela. Como ela poderia lhe dizer quem eram seus pais sem entrar nos sórdidos detalhes de seu enfadonho nascimento?

— Bem... — começou um tanto incerta. Nunca preparara um discurso para esses momentos, e agora se martirizava por isso: — Minha mãe teve de me criar sozinha, já que meu pai morreu quando eu era pequena. Ela me ensinou muita coisa, era uma boa mulher.

Era praticamente tudo mentira. Se ela conseguia ver sua mãe mais de duas vezes na semana era lucro. O fato de seu pai estar morto não chegava a ser embromação; afinal de contas para Rachel ele sempre esteve morto, ainda que a atormentasse em sonhos dos quais nunca se recordava.

— Sinto muito por seu pai! — disse Kory em tom reconfortante: — Meus pais desapareceram a muito tempo, nunca mais os vi. Desde então sou criada por minha irmã mais velha. Vivemos juntos eu, minha irmã e o nosso caçula. - afirmou sorridente. — Tem irmãos, Rae?

— Não. — respondeu direta, mesmo que na verdade tivesse seis, não próximos, e nunca desejaria que fossem.

O assunto não passou disso, mudando para coisas banais como garotos, livros e um pouco sobre maquiagem a qual Rachel fez questão de ignorar e se concentrar em um ponto qualquer.

***

Garfield andava pelos corredores lotados. Muitas das garotas vieram à seu encontro bloqueando a passagem até o toalete.

Ele riu sem graça enquanto era bombardeado por perguntas, das quais muitas não conseguiu identificar. Somente algumas, que estavam bem perto dele, foram bem entendidas. Algo como: "Como você esta?", "Esta muito machucado?", "Quer sair comigo?", "Quem era aquela garota?" e o famoso "É alguma ficante sua?".

Ele se irritou um pouco com a falta de privacidade que tinha. Não se propôs a responder nenhuma, e perguntas sobre a Rachel eram uma incógnita até mesmo à ele. Se um dia lhe perguntassem o porque de continuar ao lado dela mesmo depois de tanto o ignorar, ele não saberia responder.

Assim que o excesso de perguntas altas abandonaram seus ouvidos, algumas conversas perturbadoras foram examinadas:

— Aquela garota parecia um demônio. Tem gente que viu a mesma ficar com os olhos vermelhos. — comentou um rapaz perto da mureta entre o jardim e o corredor.

— Pra vencer o Grayson, tem de ser um monstro mesmo. — respondeu o outro, bem ao centro do pequeno grupo.

As risadas ressoaram altas, mas que mal incomodaram os outros alunos que falavam em um tom mais elevado.

Garfield virou seu rosto aos rapazes que o encaravam desafiadoramente. Ele percebeu naquele momento o porque de Rachel agir estranhamente quando entrou na sala. E aquilo o irritou e muito.

— O que foi Logan? Ofendemos a sua salvadora? — provocou um deles. Garfield não se propôs a responder. Não poderia entrar em nenhuma outra briga sem cair diretamente em uma suspensão.

— Ficou mudo, é? — continuaram a ralhar aumentando a falta de paciência do rapaz que já mal a tinha.

— To achando que era a namoradinha dele. — zombou um terceiro de braços cruzados.

— Namorada não, mas puta sim. Aquela ali só serve para fazer um boquete de vez em quando. — cuspiu maldosamente desencadeando risos medonhos dos rapazes.

Aquela foi a gota. Garfield prensou o rapaz no centro deles no pilar, que sustentava o segundo andar, pelo pomo de Adão.

— O que pensa que estava fazendo Garfield? — perguntou preocupado o rapaz quase asfixiado.

— Insultem ela novamente que eu juro que irei bater em vocês até perderem a consciência. — ameaçou, mesmo sabendo que iria ser suspenso se passasse daquilo.

Os rapazes ficaram mudos, fazendo Garfield assumir aquilo como uma confirmação. Resolveu retornar à árvore, até mesmo a vontade de ir ao banheiro havia passado.

***

Enquanto conversavam na árvore, Lucky apareceu eufórica no meio das duas, como se o mundo fosse acabar se não contasse o que sabia. Talvez fosse.

— Kory! — exclamou pela amiga: — Advinha!

— Lucky, essa é a Rachel! — Apresentou Kory ignorando-a.

— Ta ta, oi! — apresentou-se sem muito deslumbre: — Então, sabe o Wally? — Kory rolou os olhos aquiescendo: — Então, ele vai dar uma festa na casa dele amanhã e esta convidando tudo mundo. Você vai, né? — não foi bem uma pergunta, foi mais para uma afirmação.

— Vou, mas — Passou o braço em volta dos ombros de Rachel a puxando para si. A empata não aprovou a repentina aproximação: — Só se ela puder ir.

Lucky aquiesceu, meio a contra gosto. Kory vibrou eufórica soltando enfim a mais nova amiga.

— Não gosto de festas. — resmungou Rachel desgostosa.

— Por favor Rae! Vamos? — insistiu copiosamente. Suspirando fundo ela aceitou: — YES! Lucky pode confirmar a minha presença, a da Rae e a do Gar!

O Gar o que? — indagou chegando perto das três garotas esbaforidas. Cortando, claro, a Roth dessa conta.

— O Wally vai dar uma festa e convidou todo mundo. Eu vou, a Rae vai e você também. — respondeu a Anders.

Ele encarou Rachel surpreso: —Você vai?

— A Anders me obrigou. — defendeu-se. Garfield sorriu radiante.

— Se a Rachel vai, também irei. - Ele se virou à Lucky: — Que horas? — perguntou em tom de falsa amizade. Lucky bufou.

— Não precisa ser falso comigo! — cuspiu: — Será as 8 da noite. Você sabe o lugar. Beijos de cocos meus amores!

Assim ela sumiu de perto deles.

— Eu não sei onde fica a casa do West. — disse a Roth totalmente desgostosa quanto aquele assunto.

— A gente te leva. Eu sempre vou com o Gar! Nós passamos para te pegar.

Se ela simplesmente dissesse à eles que não iria, talvez tudo se resolvesse na maior paz. Mas não foi o que aconteceu, a levando à uma festa perigosa, onde o maior alvo estaria colado em sua testa.

[...]

Fim do capítulo 4 - Vamos?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado
beijos ate quinta