Um Amor Sem Fronteiras escrita por Indi LeFay


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Foi a minha amiga que escreveu,para um trabalho, acreditem se quiserem Sociologia. Amei tanto que tive que postar.



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  Eu estava no meu quarto, sentado na cama, brincando com a empregada, enquanto papai estava em seu escritório e minha mãe havia fazer compras.

  A casa ficava muito vazia sem ela. A casa já era muito grande para nós três, eu nem sabia contar quantos quartos tinham, mas sabia que eram diversos.

  Eu sempre achei que era minha mãe que deixava a casa feliz, ela era diferente do meu pai. Ele é frio e nunca tem tempo para mim, ele está sempre trabalhando e sempre dizendo que tem que ganhar mais dinheiro, não sei por que, se nem temos mais no que gastar. Já a minha mãe não, ela se preocupa com os outros e sempre tenta ajudar os órfãos da nossa cidade, ela é cheia de vida, diferente do meu pai. Mas eu tenho tudo que um menino da minha idade poderia querer. Afinal, somos uma das famílias mais ricas da cidade.

  Só o mais importante e o que eu mais quero é o que eu não tenho. Amigos.

  Meu pai acha que somos bons demais para nos relacionarmos com alguém, ele acha que   somos superiores. Minha mãe não pensa assim, mas ela parece sentir medo do meu pai.

  Eu nunca tive um amigo, não de verdade, já tive imaginários, sem contar a empregada e o mordomo Fuyuhiko Takano, ele era gentil e engraçado, quando ele não estava trabalhando ou ouvindo os gritos do meu pai, ele brincava comigo. Ele trabalhava em nossa casa desde que eu nasci. Aproximadamente sete anos.

  -Ritsu! – ouvi minha mãe gritar. Pulei da cama e desci as escadas correndo, ao encontro da minha mãe.

  Ao chegar à sala, abracei. Vi o mordomo parado à porta,

  - Fuyuhiko! – eu gritei e fui ao encontro dele, sorrindo. Mas parei na metade do caminho.

  Percebi que havia alguém perto atrás dele, alguém bem pequeno, com os mesmos cabelos pretos e olhos castanhos de Fuyuhiko. Olhei curioso e vi o rosto de um menino aparecer, mais alto e mais velho que eu, mais ainda sim era uma criança.

- Ritsu – disse Fuyuhiko -, este é Masamune Takano, meu filho – ele completou.

  Olhei timidamente para o menino e percebi que ele me fitava, eu corei e desviei o olhar para Fuyuhiko.

  - Seu filho? – perguntei e ele confirmou.

   - Ele não tinha com quem ficar hoje, então permiti que Takano o trouxesse para cá, mas não conte ao seu pai, sabe como ele é com ... “visitas” – minha mãe sussurrou ao meu ouvido. Eu apenas assenti.

  - Ele tem nove anos – continuou minha mãe -, um pouco mais velho que você, mas tenho certeza de que se vão se dar bem – disse minha mãe, sorrindo e me encorajando.

  Eu olhei o menino de novo, agora ele estava do lado do pai, não estava mais escondido.

  - Tenho que trabalhar – disse Fuyuhiko – Comporte-se – Ele completou, olhando para o filho. E então fez uma reverência para mim e minha mãe, e então se retirou. Logo após me abraçar, minha mãe saiu também, mas pediu para eu “ficar de olho” no filho de Fuyuhiko.

  - Oi – ele disse, apenas.

  - Oi – eu respondi, timidamente.

  - Onodera, não é? – ele perguntou, eu achei estranho ele me chamar pelo sobrenome, mas não questionei.

  - Sim. Takano, não é? – eu perguntei e ele assentiu.

  - Você não tem muitos amigos. – no começo achei que era uma pergunta, mas depois percebi que era uma afirmação, então apenas baixei a cabeça.

  - Você pode ser meu amigo – eu disse e ele apenas me olhou, sem dizer nada. Eu segui em direção ás escadas, a fim de chegar ao meu quarto.

  Depois apenas ouvi os passos me seguindo. Fiquei feliz por ele estar vindo comigo, senti que talvez pudéssemos ser amigos.

  - Ei – eu chamei, me virando, mas ele estava tão perto, que quando me virei bati nele, e ele caiu da escada. Eu fiquei paralisado, eu havia provocado isso, sem querer, mas havia.

  E apenas fiquei olhando ele cair, até que tomei uma atitude e desci a escada correndo.

  - Você está bem? – eu perguntei, nervoso.

  - Sim – respondeu ele, virando o rosto e se sentando.

  - Olhe para mim – eu disse e ele hesitou, mas enfim virou o rosto para mim e sua testa estava sangrando.

  - Ah, e agora? – eu me questionei, desesperado – Vou chamar seu pai.

  - Não, isso é nada, não dói, já enfrentei coisa pior. – ele falou, se levantando. Eu pensei em que tipo de coisa ruim um menino de nove anos poderia ter passado. – Não quero que incomode meu pai, o seu já está brabo com o meu, se souber que ele saiu de seus deveres, vai despedi-lo.

  - Me deixa limpar o sangue, pelo menos. Depois sua mãe faz um curativo em casa – eu disse e estendi minha mão.

  Fiquei esperando por alguns segundos, o olhando, quando enfim, ele segurou minha mão e subimos ás escadas e fomos para o banheiro do meu quarto.

  Ele sentou no chão, enquanto eu revirava as gavetas do armário.

- Takano – eu chamei – Acho que é isso. Venha.

  Ele se aproximou. Me olhou, desconfiado. Eu passei um pano em sua testa, e ele estremeceu ao meu toque, mas enfim aceitou. Limpei o sangue e parecia ter parado, Takano ainda me olhava desconfiado.

  - Acabei – eu disse.

  Ele suspirou e se levantou, indo em direção à porta, então eu o segui.

  - E agora? – eu perguntei. Ele parou e ficou em silêncio, parecia estar pensando, até que se pronunciou de novo.

  - Talvez possamos mesmo ser amigos – ele disse e seguiu andando.

  10 anos depois.

  Eu estava andando pela floresta perto da minha casa, procurando a única pessoa que me deixava feliz. Takano.

  Era engraçado, como ficamos amigos nesses últimos 10 anos, mas ainda nos chamávamos pelo sobrenome. Nós crescemos muito e nos tornamos grandes amigos, mesmo que ás vezes nós apenas ficássemos juntos em silêncio, sem diálogo, era difícil para ele começar uma conversa, mas, não sei como, eu sempre entendia o que ele sentia.

  - Takano, te achei! – eu disse, olhando para o homem que estava deitado na grama.

  - Oi – ele disse e deu um pequeno sorriso. Me deitei do seu lado.

  - Meu pai continua com aquela ideia- eu disse e Takano apenas suspirou.

  - Você podia simplesmente não ir, se não quisesse. – ele disse

  - Eu não quero, mas meu pai quer que eu faça administração em uma faculdade cara e estrangeira. - eu disse e o olhei. Ele parecia preocupado.

  - Não gosto do seu pai – ele disse, apenas.

  - Eu sei – eu respondi. Meu pai não sabe que sou amigo do filho do mordomo, sei que ele bateria em mim e me expulsaria de casa, por isso sempre viemos conversar nesta floresta, escondidos. Apenas minha mãe e o pai dele sabem que somos amigos há 10 anos.

  - Você poderia ficar aqui... Comigo. Amigos fariam isso – ele disse

  - Eu quero, mas não posso contrariar meu pai – eu disse e me levantei – Tenho que ir, acho que ele deve estar chegando em casa.

  Me virei e comecei a andar. Mas logo em seguida fui parado. Takano estava segurando meu braço. Aquilo doía um pouco, levando em conta que ele era mais alto e mais forte que eu. Mas aquilo realmente me surpreendeu.

  - Takano?

  - Não precisa ir – ele disse me olhando.

  Continuamos nos olhando por um tempo, até que ele resolveu me soltar.

  - Tudo bem – eu disse e me sentei no chão de novo. Sei que ele se se referia a ficar na cidade, mas fiz de conta que não entendi.

  Ele se sentou ao meu lado.

  - RITSU ONODERA – ouvi meu pai gritar. Droga!

  - P-pai!– eu exclamei, nervoso.

  - O que faz com esse garoto? Ele é pobre! Você sabe que somos superiores e não nos relacionamos com esse tipo de gente! Quer difamar o nome da nossa família? Quer que sejamos mal vistos pela sociedade de classe alta? – ele gritou

  - E-eu – eu gaguejei, mas ele apenas agarrou meu braço e me arrastou, olhando com desprezo para Takano.

  Takano, por sua vez, apenas me olhou, triste, talvez decepcionado, por eu não ter dito nada.

  Me senti mal, queria fazer algo, mas eu tinha medo do meu pai.

  Passaram-se duas semanas. Eu e Takano não nos vimos mais, Fuyuhiko foi despedido pelo meu pai, mesmo minha mãe o defendendo. Minha mãe e meu pai brigavam mais frequentemente. Ela queria que ele engolisse seu orgulho e respeitasse os outros, e também que aceitasse.

  Eu apenas passava trancado no meu quarto, pensando, e chorei algumas vezes. Por mais que eu quisesse esquecer, eu sentia falta do Takano. Eu esperava o dia em que tivesse coragem de enfrentar meu pai e voltar para ele. Quero dizer, voltar a ser amigo dele.

  - Ritsu – disse meu pai ao entrar em meu quarto – Faça suas malas, fiz sua matrícula em uma faculdade em Londres.

  - Londres? – eu perguntei assustado.

  - Sim. AGORA! – ele gritou. Eu senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Não era isso que eu queria, eu queria ficar aqui, com a minha mãe, na minha casa, frequentando uma faculdade local. E principalmente, não queria deixar o Takano, ele que me deu força durante esses anos para suportar meu pai e meus medos, ele ajudou a construir quem eu sou hoje.

  - Não – eu disse e fechei meus olhos, o tão aguardado dia havia chegado.

  - O que? – ele perguntou

  - Não vou para essa faculdade. Não é isso que eu quero, eu odeio administração, eu quero ficar aqui, eu amo essa casa e amo minha mãe, e até amo você, eu não viveria sem vocês. Mas não posso fazer algo que me faça infeliz por você, está na hora de eu mesmo mandar na minha vida. Eu não aguento mais isso, eu vou embora de casa – eu disse, quase gritando, eu já estava chorando e minha respiração parecia falhar, mas não dava para voltar atrás agora. – E se quiser saber, eu realmente gosto do Takano, ele é um ótimo amigo. Amizade é uma coisa na qual você sempre me privou. E se quiser saber também, eu acho que gosto do Takano como mais que um amigo. – eu praticamente cuspi as palavras no rosto dele, mas depois de perceber o que havia falado, eu corei muito, meu rosto estava pegando fogo. Não acreditei que tinha dito isso. Minha mente estava perturbada.

  - Eu vou embora, se você não puder aceitar isso, se você não puder aceitar quem eu sou você terá perdido seu filho. Mas se você aceitar minhas escolhas será o dia mais feliz da minha vida- eu disse, mas não conseguia mais o olhar, não depois de ter dito aquilo. Então percebi que minha mãe estava parada à porta. Será que ela ouviu tudo oque eu falei?

  - Eu... Eu – tentava dizer meu pai – Tudo bem. – ele disse e parecia surpreso com suas próprias palavras. Minha mãe o abraçou, mas ele não parecia triste, apenas abalado.

  Eu saí correndo de casa. Passei por todos, sem ao menos olhar para trás. Ele tinha que estar lá, eu sentia que ele estava lá. Corri para a floresta. Ao chegar lá, estava vazia.

  Eu estava ofegante, e me sentia triste. Muito triste. Até que me senti sendo virado. Takano estava lá, ele havia me posto à sua frente e me olhava, surpreso.

  - Eu falei com o meu pai, e disse tudo o que sentia, e eu vou ficar aqui agora, mesmo que ele me contrarie depois, eu vou ficar, quero ficar aqui... Com você – eu disse, eu já devia estar vermelho a essa altura, mas eu não me importava.

  De repente Takano fez algo que realmente me surpreendeu. Ele pressionou seus lábios contra os meus. Eu fiquei traumatizado, mas logo cedi. Acho que eu queria aquilo, mesmo sendo errado.

  - Seu pai aceitou mesmo quem você é?

  - Ele vai aceitar – eu disse e o abracei, e assim soube que todos os dias depois daquele seriam felizes.


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Notas finais do capítulo

Lindo, as fojoshis vão amar!!