O Mundo Dá Voltas escrita por duda_bouvier


Capítulo 18
Capítulo 18 -David




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16- David

Terça feira na escola. Dia de futsal na quadra e eu esqueci de falar com minha mãe pra não lavar os tênis. Tive ir pra escola de papete. Ta... O problema é que eu lembrei disso em cima da hora, no horário do jogo.

            - David, vamos jogar? Hey, você ta de sandália? – perguntou Jeff.

            - Eu tinha me esquecido! E agora?

            - Como você vai jogar? De sandália, nem pensar!

            - Isso não é sandália! É papete!

            - Da na mesma! Então você não joga hoje, fica pra próxima.

Me enfezei. Sempre vou na aula terça-feira só pra jogar futsal, chega na hora não vou jogar? Ah fala serio. Tudo ia desmoronando, quando lembrei da minha ultima opção fixa: Eduarda. Fui lá nela, que tava num canto da escola com Seb. Cheguei segurando vela, mas respirei fundo e preparei pro não que receberia.

            - Eduarda... –chamei

            - Que você quer? – respondeu ela.

            - Olha... to precisando de um favor seu.

            - você precisando de mim? Em que posso lhe ser útil? – perguntou sarcasticamente.

            - olha... é que eu vou jogar futsal hoje, mas minha mãe lavou meus tênis...

            - ...E você quer que eu empreste o meu pra você?

            - Isso. –respondi sem graça. Morro de vergonha de conversar com ela. Pronto, falei!

            - ah... –ela respirou fundo e disse: - bom... apesar de você não merecer... E outra tênis não é coisa de se ficar emprestando... Mas em consideração ao meu irmão...

            - Olha, eu to te pedindo... Não precisa ser por mim, porque eu sei que você não faria. Mas não leva em vantagem o Pierre. Para com isso.

            - eu não ia te emprestar não. Você tem tênis e muitos. Lavasse antes então ou senão deixasse pra outro dia.

            - Mas não fui eu, foi minha mãe.

            - ah, Duddy. Empresta pra ele. – disse Seb.

            - Ta. – foi tirando o all Star dos pés. Sentei do lado dela pra calçar.

            - Mas ele te serve, David? –perguntou Seb de novo.

            - Serve.

            - quanto você calça?

            - 35/36. Não parece, mais é.

            - nuss... eu calçava isso na 5º serie.

            - ah... você é esquisito.

            - Não David, você que tem o pé pequeno. –disse Duda me entregando os tênis.

            - Eu sou pequeno, melhor dizendo. Sem abusar... Me empresta sua meia também?

            - Sem abusar, mas abusando... é de estrelinha!

            - Não faz mal! Eu vou te entregar tudo lavadinho depois! Não esquenta com isso.

            - Que lavar menino! Anda, vai jogar La! Vê se pelo menos faz um gol, seu perna de pau!

            - Perna de pau o caramba!

            - anda David! conseguiu o tênis? –gritou Jeff ao fundo.

            - consegui! – dei um beijo no rosto dela, agradecido. – Obrigada! Muito obrigada mesmo! Salvou minha vida! – e sai correndo. Quando dei por mim, vi que tinha dado um beijo nao muito na bochecha dela, onde deveria ter sido.

            - anda moleque! Para de pensar na morte da bezerra e vamos jogar. –animava Jeff.

Bom,o jogo tava ate que animado. O povo torcia pro meu time [claro, eu jogo bem e as meninas ficam correndo atrás de mim]. Ta, dessa vez não fiz gol, quase quebrei minha canela,mas no final meu time venceu. Fui procurar ela pra entregar o tênis. Achei ela na cantina, comendo La um salgadinho de pacote e refrigerante.

            - Hey Duda! – gritei e ela olhou.

            - que?

            - Ah, primeiro, te chamei de Duda. E outra, na sua casa eu te entrego seu tênis.       

            - você pode ate entregar lá, mas se você lavar, eu lavo seu focinho também.

            - ai violenta!

            - e outra, pode ir com ele... Gostei da sua papete! ^^

            - Ta as ordens...

            - Serio? Demorou! To brincando. Só gostei da sua foto estampada do lado.

            - que foto? –quando vi, era a do macaco, de onde eu comprei. O símbolo é um macaco. –Que racismo!

            - Parei! Te vejo La em casa. – e saiu. Depois ela voltou. –Sou mal educada! Você aceita?

            - não. Obrigada!

Ela foi com as amigas dela lá e eu fui com os meninos do jogo. Chegando La, Pierre tava lavando o carro da mãe dele, com o gato do lado e o som de toda altura.

            - Ei Pierre! – chamei e ele nem ouviu. – EI PIERRE! –agora ele escutou.

            - Oi! Oi zebra!

            - Abaixa isso vey, você vai ficar surdo!

            - hein?

            - corno!

            - corno o caramba!

            - ah, isso você escuta ne?

            - eu tava brincando. E esse tênis? É igual um que minha irmã tem.

            - É mesmo... talvez porque seja o tênis dela. – ele me olhou com uma cara assustada e nem disse mais nada. Logo a irmã dele chegou e ai a gente foi almoçar. Deram comida pro gato, arrumaram a casa. Na hora que eu vi que ela tinha saído, fui lá nos fundos lavar o tênis escondido. Mas, como nunca tenho sorte, ela viu e foi La.

            - o que você ta fazendo? – gritou ela correndo.

            - eu disse que ia lavar e te entregar limpo!

            - para com isso! Meu tênis já tava sujo!

            - Mas minha mãe disse que é feio entregar as coisas emprestadas do mesmo jeito. Tem que devolver melhor do que quando pegou.

            - isso lembra aquela musiquinha... Minha mãe mandou eu escolher este da-qui! (8)

            - tinha um copo de veneno bem em cima do piano. –completei.

            - chega, isso é infantil!

            - Bastante! Mas para, deixa eu lavar!

            - não senhor!

            - Vou jogar água em você!        

            - ai que medo!

Joguei água nela e ela assustou.

            - ah! Isso não vale! – ela pegou um tênis e saiu correndo quintal a fora. Corri atrás dela feito um doido.

            - Me devolve!

            - vem pegar então!

Tava divertido, eu corria atrás dela, quando passava perto da água, eu molhava ela... Ate que consegui encurralar ela e a segurei, a abraçando.

            - Me solta!

            - então me dá o tênis!

            - So se você conseguir pegar!

            - já to pegando você, so falta você se render e me dar o tênis. Ai eu te solto.

            - você prometendo que não vai lavar...

            - Não senhora! Anda, me da!

            - Não!

Virei ela de frente pra mim. Agora não teria como e ela teria que me dar.

            - por favor! Me entrega! Não é todo dia que eu to disposto a obedecer minha mãe.

            - ai que bonitinho! Me convenceu! Seu mal criado que não obedece a mãe!

Ela me entregou o tênis e fui lavar. Ela ficou La do meu lado vendo.

            - você esqueceu de lavar ali, oh!

            - ah, ajuda a lavar então!

            - Não, não mandei você lavar! Você ta mais me lavando do que o próprio tênis.

            - haha, assim você para de me atrapalhar!

            - então vamos ver...

Ela me abraçou por trás e ficou me enchendo a paciência!

            - da pra parar? –disse. Mas ela parou e ficou me olhando. Eu também parei e olhei nos olhos dela. Respiramos juntos. Ficou um silencio no quintal, debaixo da varanda onde estávamos. Ainda nos olhávamos, quando resolvi disfarçar e olhei pro céu.  

- vai chover...

- É... ta ficando escuro ne? – disse ela, esquentando os braços.

- O que vocês dois estão fazendo ai? – perguntou Pierre com uma xícara na mao.

- er... eu tava tentando lavar o tênis da sua irmã, mas ela ta me enchendo o saco pra não lavar.

            - Mas vai chover... vocês querem entrar e tomar café?

            - vou terminar aqui primeiro, depois eu vou. – respondi.

            - Vou ver se ele vai lavar direitinho. – ela disse. Aff...

            - Ta... – e voltou pra dentro de novo.

            - Quando chover você corre... –disse pra ela.

            - Por quê?

            - Se não sua chapinha vai pro saco.

            - Haha, se eu usasse chapinha...

            - é natural?

            - Claro!

            - Ah é...

            - É meio cacheado... igual o do meu irmão...

            - Hum... prazer, eu tenho o cabelo liso! –disse me gabando.

            - humilha! Prazer, eu tenho o cabelo castanho claro.

            - E eu os olhos esverdeados.

            - chega?

Ri dela. Tadinha... Ela não se parece nem um fio de cabelo com o Pierre... Ele é mais bonito [sem viadagem]. Terminei de lavar o tênis e pus pra secar. Tava cansado e sentei na varanda. Ela me olhava de banda.

            - não prefere entrar?

            - não...

            -Certeza?

            - absoluta! To mal...

            - O que você tem?

            - canseira...

Me deu uma vontade de sentar... não estava muito normal...

            - me faz um favor? –pedi

            - faço... qual?

            - Pega uma blusa de frio pra mim?

            - Vai chover, mas não ta frio...

            - por favor?

Ela foi La dentro e eu fiquei com ânsia. Tudo me incomodava... Colicas... não menstruais, ate por que sou um garoto, mas de rins... faz tempos que não bebo água. Quando ela voltou, eu tava roxo já.

            - David... ta tudo bem? –perguntou ela. eu estava com os olhos fechados, e não a vi. Mas ela perguntou preocupada.

            - Não. – respondi abrindo os olhos. Vesti a blusa e fui pra dentro e bebi um grande copo de água. Pierre já vinha atrás pra ver o que acontecia.

            - Falta de beber água Pie.

            - Porque você não bebe água? Eu hein...

            - Nem lembro...

            - Agora passa mal. Vou ligar pra sua mãe.

            - Não! – implorei. –ela vai me matar!

            - Mas David...

            - eu já to melhorando. Vou pro seu quarto.

            - ta... é a cama da janela ta?

            - até parece que eu não sei.

            - é que ta arrumando meu quarto... ai eu to dividindo quarto com ele. – respondeu Duda.

            - ah ta...

 Fui La pro quarto e fiquei La deitado um pouquinho. Tava melhorando. Melhorei de vez quando minha irmã me ligou. Faz tempos que não a vejo.

            - Oi Ju!

            - ei meu amorzinho! Como vai?

            - Mais ou menos... to meio passando mal.

            - o que você tem?

            - Dor nos rins, amor. – disse pra ela, me contendo de dor. A gente é bastante carinhoso um com o outro, ainda mais agora que ela ta morando longe.

            - Bebe água, fica quietinho que passa. Onde você ta?

            - to na casa do meu amigo. Por quê?

            - eu liguei La pra casa e ninguém atende. Não é de hoje isso.

            - Eu fico só aqui. Não fico em casa não.

            - Por quê?

            - Sei La... quando você vai vir me ver?

            - não sei... não estou tendo muito tempo pra nada... que tal você vir aqui?

            - Serio?

            - Serio! Ai você vem pra Ca e fica aqui comigo uns dias.

            - Depois eu posso levar meu amigo?

            - Sim, mas depois. Porque se não ele vai ficar aqui sozinho. To com mais saudade de você do que ele.

            - eu te amo! –nisso, os dois entravam no quarto e eu já tinha melhorado.

            - eu também e muito! Vou deixar você descansar. Beijo. Te adoro!

Ela desligou e eu fechei o celular todo sorridente. Pierre me olhava com uma cara desconfiada.

            - é... pelo visto já melhorou ne?

            - Um pouco...

            - sua cara depois de ter falado com uma delas já mostra que você melhorou.

            - uma delas não! Olha como você fala!

            - e quem era então?

            - Deve ser uma das dele... no mínimo... –disse Duda. Ela estava com uma cara esquisita.

            - era minha irmã! *-* –disse eu com os olhos brilhando.

            - a Julie?

            - ela mesma! Ela me chamou pra ir na casa dela!

            - E onde ela mora? –perguntou Duda.

            - Em Toronto, perto da casa da minha avó.

            - Que bom David! faz um tempão que ela não manda noticias ne? –animou Pierre.

            - Tem mesmo. Acho que ela nem ta sabendo dos meus pais...

            - sua mãe deve falar pra ela ainda...

            - é mesmo... ai... –senti uma fincada. –Acho que vou dormir...

            - dorme um pouco então. Mais tarde eu te chamo.

            - tudo bem então.

Dormi e nem vi mais o que eles aprontavam. Quando acordei, tava o gato em cima da minha cama [do Pierre] e os dois estavam dormindo na cama dela. Fiquei La olhando pro teto, enquanto o gato me enchia a paciência se lambendo todo. Fiz barulho La e Pie acordou.

            - que isso David?

      - nada, esbarrei sem querer.       

      - cadê o moostha?

      - ta no meu pé, fazendo nojeiras.

- ah, ele ta lembendo... Todo gato faz isso.

- ele ta o que, Pierre?

- Ta lembendo os pelos dele. Tomando banho, melhor dizendo.

- Lambendo, ne?

      - então.

      - Você disse lembendo.

      - ah, você entendeu.

      - Depois o da roça sou eu. – comecei a rir. Ele mandou o travesseiro em mim. –viado!

      - o caramba! Vai ficar me corrigindo agora, é?

      - vou!

Ele se levantou e começamos a forçar uma briguinha. Empurrei ele contra a parede e ele me jogou no chão. Bati a cabeça. Doeu...

      - ai Pie! –choraminguei.

      - Foi mal, vey! Foi sem querer!

As desculpas dele não adiantaram. Deu um chute “lá” e ele caiu no chão também.

      - Ao... –resmungou ele, ate vesgo...

      - hhaushauhsua

      - você ri, ne?

      - Claro! Vai bater ne mim pra você ver.

      - Tadinha da Duda! – ele levantou e deitou ao lado dela de novo, que dormia abraçada a um bichinho de pelúcia.

 

 


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Notas finais do capítulo

ficou um capitulo um pouco 'enorme de mais', mas espero q nao fique cansativo... bgs



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