15 -Duda
Hahaha. O David é muito lerdinho, coitado! Achou que eu estava grávida. Aiai... ele saiu lá de casa todo triste. Fiquei com dó. Não gosto de ver ninguém triste. E ele é ninguém pra mim. Por isso fui atrás dele discretamente.
- Onde você vai Duda?
- Passear com o Moosthafar.
- Mas ele é um gato e não um cachorro. – respondeu Pierre. Interrogatório antes de eu sair.
- Não me diga! – disse eu sarcasticamente.
Peguei o gato e sai. Fui descendo as escadas e vi o David virando a próxima rua. Dei uma corridinha básica ate ele. Não sei o que o Seb iria pensar de ouvir uma coisa dessas. Eu e o David brigamos no fim da aula e depois eu vou atrás dele. Haha, ainda bem, que ele ta lá pra Itália. Fingi que ia direto quando ele olhou pra trás. Ele negou com cara de ironia. Segurei pra não xingar.
- que foi? – perguntei, quando passando pela calçada, ele lá parado na frente do portão da casa dele.
- Nada. Onde você vai?
- Passear com o Moostha.
- Passear com um gato?
- Que tem de mais?
- Nada...
Ele ia abrindo o portão, quando o cachorro dele veio direto em mim. Alias, no gato. Levei um baita susto. O David puxando o cachorro [que era grande] e eu tirando o gato de perto. David falou com o cachorro pra parar e ele parou do lado dele. Eita cachorro bonito e ensinado.
- pode descer o gato agora. – disse ele.
- hehe.
Ele já ia entrando quando eu pra poder forçar ele a ficar La, pedi um copo d’água.
- me da água? – e sorri.
- Pidona!
Ele foi entrando com o cachorro e abriu uma portinha lá. Eu não entrei, ele não me chamou pra entrar. To La esperando a água.
- ou, você não vai entrar não?- perguntou ele.
- to esperando você me chamar.
- Ah esqueci que você não é de casa. Anda, entra!
Entrei e to lá olhando, torcendo pra não surgir outro cachorro do nada e pegar meu gatinho. Eu sei que o David odeia meu gato, mas... tomei a água e agradeci. Precisava conversar com ele. Mas como que eu ia fazer? Dei um jeito de puxar conversa. Você deve estar se perguntando, porque essa insistência em conversar com ele. Mas é porque alem de esclarecer algumas coisas, eu precisava descobrir algumas coisinhas. (6’
- Onde você ensinou seu cachorro?
- ensinou o que?
- a obedecer desse jeito.
- ah... é so ensinar desde filhote, que ele aprende.
- e gato aprende?
- Pelo o que eu saiba não... – disse ele, segurando riso.
- Aff... bom, é melhor eu ir, porque...
Fui andando em direção ao portão. Ele coçava o olho. Por raios, meu celular toca. Achei que era o Seb, né? Quando a saudade bate, qualquer numero é ele. Raios, era meu pai. Fui descendo a rampinha da garagem da casa dele e ele veio atrás. Não sabia se fechava o portão ou o que.
- Oi pai!
- Onde você ta?
- to na rua. Por quê?
- Nada... So pra saber de você. Você some.
- eu que sumo? Ta doido? Eu ligo pra você mas você nunca retorna, cansei.
Era só o que me faltava! Meu pai falando que eu não ligo mais pra ele. Culpa do meu irmão, como sempre! Desliguei o telefone e David continuava lá, bicando a conversa.
- seu pai?
- É... Diz que ta com saudades... Mentiroso...
- ah ta... – disse ele, com uma cara triste. – Seu pai ao menos se preocupa ainda com você...
- Nem tanto...
- Mais que o meu, te garanto que sim.
- Ah ta bom!
Mas depois lembrei que o pai dele foi embora de casa. E agora?
- Mas ele nem liga, nem fala mais nada com você não?
- Não. Eu sou insignificante pra ele. F****, também ele que se vire sozinho quando precisar de ajuda.
- calma David! Não se revolte!
- Tarde demais! Eu odeio aquele homem, como nunca odiei ninguém.
- ninguém? – perguntei.
- Ninguem. Nem mesmo você.
- nuss... foi profundo agora!
- Eduarda, você não tem noção do que ele se transformou aqui em casa. Ele batia ne mim, xingava minha mae, quebrava as coisas... como você quer que eu chame de pai um sujeito desse?
- nossa! Seu pai era mó legal...
- Era!
- Mas porque ele ficou assim?
- Deve ter achado alguma qualquer na rua e trocou minha mãe. –enquanto ele dizia essas palavras, pude ver ódio em seus olhos, que em seguida, deram lugar a lagrimas. – ele ta achando que tem minha idade. Nem eu faço isso com ninguém, quanto mais a mulher que ele jurou amá-la pro resto da vida. Como ele pôde?
- nossa! Não sabia que você estava sofrendo tanto assim na sua casa. Me perdoa, não queria tocar nesse assunto.
- Não tem problema... Tem horas que eu preciso mesmo desabafar. Só que eu nunca espero que seja com você :s. – disse ele, levantando a cabeça e me olhando. Estávamos sentados na calçada, em frente o portão dele. Sempre é isso. Quando ele tem alguma coisa pra dizer, quem aparece sou eu. Eu sempre acabo escutando. Haha! Ele que dê graças a Deus que eu não sou fofoqueira. Ta, parei :x.
- Ta, tudo bem... apesar de eu não saber o porque de eu estar aqui te dando atenção, mas...
- engraçado... Sempre que eu vou pra fazer alguma coisa errada, você aparece.
- O que você ia fazer de errado?
- Nada dessa vez... Fala com o errado do seu irmão que... não deixa! É confidencial.
- aiai... Olha o que você faz com meu irmão, hein? Tchau pra você.
Peguei o gato do chão e fui andando de volta, dando a volta na rua. Não era isso que eu queria saber, mas... eu queria saber se ele tinha voltado com a Vanessa. Eu conheço ela. mas fiquei sem coragem de perguntar, depois que eu vi o trambolho chorando. Meu celular tocou de novo e atendi enfezada.
- alo?
- Nossa Catty! O que você tem?
Ah meu Deus! Era o Seb!
- Nada amor! É que meu pai me ligou agora, e tava me enfezando. Achei que fosse ele de novo.
- hã... Sei...
- que dia você volta?
- amanhã.
- Serio?Amanhã? Eba!
- Devo chegar de tarde... O que anda aprontando?
- Nada de bom...
- e o David?
- Me machucou outra vez.
- KKKKK. Desisto!
- Porque você ri? Levei 3 pontos dessa vez.
- Desculpa, não sabia que era tão serio.
- Mas já perdoei ele já.
- aiai Duda, mas sei lá... Acho que você ainda namora com ele algum dia!
- Credo Seb! Você, meu próprio namorado diz uma coisa dessas?
- So disse o que passa na minha cabeça.
- pois então fique com seus pensamentos so pra você! – e desliguei o telefone. Que desaforo! Então, ele não me ama m**** nenhuma! Que ódio! Cheguei em casa e contei pro meu irmão, que mais uma vez, dormia no sofá da sala. [só sabe dormir!]
- ...ele disse que eu e o David namoraria algum dia. Ve se pode Pie!
- ZzZzZzZ...
- PIERRE! EU TO FALANDO COM VOCÊ!!
- hã?
- aff!
- Pera! Volta aqui! Diz tudo de novo! – pediu ele, acordando.
- Não! Vai dormir!
- você disse que o Seb falou o que?
- que eu e o David namoraríamos algum dia.
- Serio, ele disse isso?
- Pior que foi!
- Haha, até seu namorado desconfia disso! – disse ele, rindo.
- KKKKKKKKKK. – ri, sarcasticamente. Ele sem entender, riu também. – Muito engraçado Pierre! Muito mesmo!
- Mas fala que não é.
- Não é!
- Ah, você pode até negar agora... Mas vai chegar um dia, que nem você e nem ele vão conseguir esconder o que vocês sentem.
- Pie... Cala a boquinha?
- Por quê?
- Por que você já ta me enchendo a paciência.
- Não, não é isso! Porque você não admite?
Perdi a paciência de vez e desci a mão nele. Começamos a brigar na sala, até minha mãe e meu tio chegaram e nos separaram.
- Hey crianças! Parem com isso! – gritou minha mãe. Eu e o Pie olhamos pra ela com cara fechada. Desde quando ainda somos crianças?
- Ah! Pai! – gritou Pierre assustado.
- Seu tio! – corrigiu titio.
- ah!
- Voces brigando? O que aconteceu? – perguntou a mamãe, nos beijando.
- O Pie ta falando m**** de mim.
- O que você disse dela, Pie?
- Eu so disse a verdade!
- Que verdade, Duda?
- Ele ta falando que eu e o David vamos ser namorados. Mãe,é mentira!
- Ta! Pierre! Para de falar mentira!
- Se você acha que eu to mentindo... Mãe! Me da um abraço?
- Até dois, anjinho!
Ela abraçou ele pra lá e titio brincava com o gato. Depois, meu pai chegou em casa.
- Ah! Tio! – gritou Pierre assustado de novo, ainda abraçado a minha mãe.
- Seu pai! – corrigiu papai.
- Aff, pai!
- Chega Pierre, não quero brigar com você. – respondeu meu pai, serio.