As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 74
Equilibrio


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Sei que demorei, mas começou minha semana de avaliações terrivelmente irritantes. Como sei que vou ficar de recuperação em algumas matérias provavelmente terei mais uma semana de estudos insuportáveis. Achei que conseguiria avisar antes das provas, mas realmente não deu... Enfim, espero que gostem deste cap:



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THALIA

Pontos pretos dançavam animadamente sobre meus olhos; eu não conseguia ver nada com clareza. Considerando o estrago que eu sabia estar feito na minha nuca, eu estava em excelênte forma.

Eu sabia que ainda haviam gritos ecoando e medo preenchia o meu ar. Havia, bom não sei como descrevê-los já que minha visão não é confiavel: homens ou gigantes, não importa, com dentes lascados e afiados, olhos frios de expressão. De longe compreendi o que eram, mas meu raciocinio demorou a transformar isso em um pensamento coerente: eram canibais.

A maioria das caçadoras estava presa por cipós fortes, sem qualquer chance de movimentos. Ártemis lutava contra vários, mas enxerguei o que não percebi antes: ela estava cansada. A caçada com Apolo não havia sido apenas ruim, havia sido desastrosa. Margaret, a menina de cabelos alaranjados, estava de pé sendo açoitada com inumeras chicotadas. Ela não emitia som algum... Ou meus ouvidos estavam pior do que pensei?

Se havia alguém me torturando não senti e não vi nada.

[...]

–Não! Isso... Isso dói! - os gritos de Margaret ecoavam em meus ouvidos. Não sei como, mas todas as caçadoras corriam de um lado para o outro; fugiam. Ártemis também corria, mas com lágrimas nos olhos perolados.

Ainda havia luta, mas não sei bem quem lutava com quem. Imagens borradas dançavam sobre meus olhos tornando tudo uma ilusão inacreditavelmente bonita. Forcei a terra com as mãos e tentei me erguer do chão. Não havia um rio aqui? Ergui apenas os ombros e o esforço me deu náuseas; voltei e beijar o chão.

Margaret gritava.Outras caçadoras também gritavam, mas eu só conseguia ouvir a primeira. Seus olhos pareceram encontrar os meus; foi um motivo para voltar a tentar me erguer. O esforço fez meus múculos formigarem. Consegui me sentar.

–Thalia? – a voz era docemente embargada, claramente divina. Não abri os olhos, mas me concentrei nas sensações ao meu redor: meu corpo tremia e parecia queimar em frio e calor. Ouvi de longe o que me parecia ser um lobo uivar.

–O que aconteceu? – minha voz nem parecia ser a minha. Ainda não abri os olhos por ter medo do que veria.

–Não se lembra?

–Se lembrase não teria perguntado. – senti os olhos queimarem em fúria; lógico que foram abertos – Onde está Margaret?

–Thalia...

–Onde ela está? O que aconteceu? Por que...

Ártemis pousou uma mão em meu ombro e a outra na testa, me forçando a deitar novamente. Um pano gelado e úmido foi colocaado em minha testa.

–Ainda sente dor?

–Muita.

–Tome... – senti o gosto do Néctar descer pela garganta me aquecendo, reconfortando, quase um carinho.

–Me diz o que aconteceu? Por favor!

Só quando suspirou entendi a dor que a preechia; ela só havia se mostrado assimna morte de Zoe. Apenas quando perdeu uma caçadora.

–Entramos canibais em uma emboscada. – a deusa socou o colchão e seus olhos flamejaram – Estavam preparados demais, Thalia. Aquilo foi armado para nós. Aquela pedra deveria ter te matado, mas não consideraram o vento...

O vento havia me salvado. A conclusão era assombrosa.

–Margaret se sacrificou por nós. Aquela alma pura e boa...

–Ártemis... Eu... Eu atirei...? – minha voz pesava; eu não lembrava e os borrões da minha mente eram absurdamente confusos. Meus pulmões se comprimiam em uma culpa que eu não sabia de onde vinha.

–Shii – ele puxou minha cabeça para seu colo e afastva meus cabelos suhos de sangue do meu rosto. Aquilo era tão mágico e sincero que senti meu peito se encher de calor. Aquilo era o que eu costumava fazer para Annabeth dormir, era aquilo que eu sempre quiz que minha mãe fizesse – Minha menina doce e corajosa. Você vez o certo. Margaret fez o certo. Sei que não se recorda do epsódio, mas não se culpe.

Os dedos pálidos e frios da deusa percorriam meu rosto e cabelos deixando um rastro de paz por onde passavam. Voltei a sentir o pano úmido em minha testa antes de adormecer com o gosto da culpa no fundo da garganta.

Os olhos dela brilhavam como um dia os meus também brilhavam: era a dor de se sácrificar por outros, dar a vida pelos outros que amamos. Compreendi que ela não lutaria pela vida. Ártemis também. Dois, três homens mordiam-lhe a pele arrancando sangue e pedaços. Lágrimas escorriam dos olhos dela e possivelmente dos meus também. Agora eu compreendia o que Grover, Annabeth e Luke sentiram quando fiz minha escolha. Era uma dor absurda.

A deusa me amparou o corpo e me incentivou a correr. Só havia sobrado nós duas e Margaret... Não haviamos andado nem dez metros quando o primeiro grito agoniado dela me fez ceder. Não o corpo, mas a alma.

Parei quando o segundo grito ecoou.

A aljava apareceu e meu arco estava em já em mãos.A deusa sorriu minimamente entre lágrimas. Acho que ela não aguentava aqueles gritos tanto quanto eu. Funguei e encaixei a flecha no arco... Seus olhos encontraram os meus em um pedido mudo e agoniado “Atire! Por favor, atire!”... Puxei a corda... Sangue escorria por seu corpo e já não havia muita pele com excessão do rosto que continuava “intacto”...

–Por favor... – não sairam as palavras, ou se sairam, não chegaram até mim. Só o simples mover dos lábios pálidos... soltei.

Margaret entreabriu os lábios em um suspiro e desvaneceu. O corpo teria caído no chão se não fosse os brutamontes canibais agarrando com os dentes a pele exposta. A flecha lhe perfurara o peito e lhe partira o coração, mas duvido que dosse nela o que doia em mim.

–Venha, Thalia. Não podemos fazer mais nada...

[...]

Os pesadelos pareciam ter dado um tempo, como se nos permitisse alguns dias de luto. Eu não sabia a quanto tempo Margaret estava na Caçada, não sabia nada dela que não fosse um lindo par de olhos doces e sorrisos gentis. Impressionante o quanto me doia a morte uma estranha.

Estavamos mais uma vez separadas. A deusa havia saido em outra caçada. A cada vez que ela partia e voltava eu percebia que as coisas iam de mal a pior. Enquanto cada uma de nós optou por seguir em uma direção qualquer e aleatória, segui o leste: o caminho do sol nascente, do Acampamento, da esperança.

Me sentei na beira de um riacho e tirei sapatos. Sentei numa rocha efiquei apenas balançando meus pés de um lado para o outro. A água era refrescante e me lembrava Percy. Percy era uma parte do lar que eu um dia pensei ter. Fiquei surpresa por notar que não havia pensado muito na minha vida longe da Caçada deste que aceitara fazer os votos. Quem eram meus amigos antes deste mundo aqui? Eu conheci um menino que eram o mais perto que humanidade teria de anjo... Não era?

Esfrguei a testa com força.

Eu sentia muito a falta do abraço protetor de alguém. Era tão ruim apenas seguir em frente sem ter um refúgio um dia ou outro... Posso ter ficado horas ali fazendo o mesmo movimento com os pés, mas eu não saberia dizer.

O som atravessou as árvores como um múrmurio. Afirmo não ter entendido o significado até o vento ajudar a trazer aquele pedido de socorro aos meus ouvidos. Levantei atenta a qualquer novo som e não tardou aos gritos ecoarem.

Esqueci os sapatos, esqueci como se respirava, porém esquecer de correr era impossivel. Tenho certeza de que devo tre tropeçado em galhos e escorregado em lodo, mas não diminui a velocidade. Precisava encontrar as caçadoras. Os gritos eram de duas delas, mas ainda estava longe para poder dizer de qual delas era. Passei por diversos galhos e sabia estar toda arranhada.

Parei abruptamente.

A menos de 30 centimetros estava um longo abismo. Não havia qualquer meio de descer que não fosse caindo. Não havia meio de ver o fim daquilo... Recuei assustada, sentindo o corpo mole e os olhos embasados.

Novos gritos de repulsa.

Era Baheera e a pequena Sophia... Os gritos vinham lá de baixo!

–Vamos, Thalia. Deixe de ser medrosa. – dizer em voz alta parecia tão certo quanto pavoroso. Parei estando a poucos centimetros de cair. Fechei os olhos com força até conseguir enchergar a luz... Respirei fundo, abri os olhos... Haviam sim um fim naquele “abismo”. Era como uma fortaleza lá embaixo. Paredes de cimento cinza próximas a uma grade alta demais pare se pular e revestida por arame farpado; um pouco abaixo de mim. Ligado ao arame estava uma base com um guarda adormecido. Respire fundo, respire fundo, respire fundo. No que deveria ser o chão, pedaços de tijolos e telhas quebradas: entulho. Se eu caisse aquele material me causaria danos mais sérios do que simplesmente ser esmagada contra o asfalto.

Mas eu ainda não havia encontrado nenhuma caçadora... Abracei meus ombros tentando fazer a tremor passar. Só respire. Respire e relaxe. Abrir os olhos me deu tontura, mas não poderia deixar o medo me vencer. Pra que havia servido todas aquelas tardes com Ártemis? Eu não fraquejaria agora que minhas irmãs precisavam de mim. Lá embaixo, não haviam monstros gregos ou aberrações em aparências, eram homens, semideuses ou humanos, não importa. Tentavam agarraá-las e de longe eu via o medo e o nojo delas. Agradeci a Zeus por ser Baheera e não Kaye ali; a japonesa não conseguiria lidar com aquilo de novo... Mas e a pequena Sophia? As duas estavam machucadas e tentavam resistir aos toques como pudiam. Não demorou nem dois minutos para as duas estarem acorrentadas.

Eu tinha que fazer algo!

Eu tinha uma ideia arriscada, mas era tudo o que tinha para por em ação: encaixei três flechas no arco e esperei o momento de atirar. Fechei os olhos e revi o rosto terno de um menino, seu nome não veio com facilidade, mas eu sabia que era Charlie. Sua voz parecia sussurrar em meu ouvido outra vez: Relaxe. Sinta o ar, controle o ar; você é filha de Zeus, pode fazer isso. Soltei as flechas e três homens cairam mortos no chão. Não perdi tempo e, dessa vez, peguei cinco flechas... Não havia ninguém vivo lá embaixo. O sentinela continuava dormindo.

As caçadoras pareciam estar inconscientes.

Ótimo. Ninguém para me ver. Agora eu só precisava chegar até elas.

Olhei para os lados procurando por quaquer coisa que me fizesse acordar desse pesadelo. Lógico que não havia nada. Sentei no fim da rocha de olhos fechados, procurei uma beirada em que pudesse apoiar o pé, mas apenas com otato foi inútil. Abri os olhos e a única coisa que vi foi a queda. Era tão simples imaginar meu corpo caindo livremente e se chocando dolorosamente contra os pedaços quebrados de telhas e tijolos... Era fácil me imaginar morrendo; eu fazia isso desde pequena. Engoli a bile e encontrei onde me apoiar. Virei o corpo e fui descendo lentamente encontrando um lugar em que pudesse apoiar pé e mão. Meu corpo suava de nervoso... Fiquei pendurada contendo um gemido e um ofego quando meu apoi se partiu e colidiu ruidosamente no chão próximo as meninas.

Você não vai cair. Você não vai cair. Não vai. Não vai, não vai, não.

Consegui me apoiar em uma nova beirada e assim fui até chegar a grade. Ela tinha no mínimo oito metros de altura. Era tão óbvio quanto a lua pertence a noite que aquele lugar não foi feito para ser invadido. Tentei colocar o pé sobre o arame... O cabo de aço pareceu não aguentar o meu peso e balançar me espulsando dali. Claro que aquilo era a minha imaginação medrosa e traiçoeira. Apoiei todo o meu corpo no cabo que já cortava minha pele. O arame farpado ia cortando minha pele, mas ele parecia estar carregado de eletricidade; isso ajudava a diminuir um pouco a dor. Consegui dar mais dois passos, mas assim que a rocha ficou distante das minhas costas senti o vento bater contra mim quase me motivando a cair.

–Você não tem coragem. Vai cair, sabe que sim. Filhote de deus, poupe seus esforços... O chão clama por você... – a voz era de Cronos; ele ria em minha mente e senti um aperto forte no peito – Você está sozinha...

Outro vento bateu forte me desequilibrando. Meu corpo foi quase jogado para a frente, mas segurei as mãos no arame. Meu sangue tingia o aço quando voltei a me erguer. Meus pés queimavam, minhas mãos ardiam e eu não lembrava como se respirava. Eu não queria acreditar que estava sozinha... Não de novo!

–Zeus... – um ofego escapou dos meus lábios quando em meio a outro passo um farpa se prendeu a pele já rasgada do meu pé esquerdo, rasgando-a ainda mais. Perdi o equilibrio e estendi os braços buscando auxilio no ar – Não me deixe cair. Por favor, não me deixe cair! Me ajude a salvá-las... – dei outro passo deixando parte da minha pele para trás; ofeguei outra vez já estava na metade do caminho – Não vou conseguir sozinha...

Um vento morno colidiu com as minhas costas me motivando a dar mais um passo. Era como se houvesse uma mão me apoiando, me incentivando a ir. Meus cabelos voavam para a frente do meu rosto e arrisquei fechar os olhos.

–Não! – estremeci sentindo o ódio do titã na minha mente... Como ele havia ido parar lá?

–Hei! Você aí. Pare já ou eu atiro – abri os olhos assustada; o vigia havia acordado e mirava sua arma em meu peito.


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Notas finais do capítulo

E então.... s2
Me perdoem qualquer erro, bjss =)



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