As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 61
Vejo um amigo com novos olhos




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THALIA

Minha cabeça martelava de tal forma que cheguei a pensar que tinha batido em algum lugar, mas não; no fundo eu sabia que aquela maldita dor era fruto de uma noite inteira de choro. Aquela era a segunda vez em toda a minha vida em que eu realmente chorara; não queria mais desperdiçar algo tão puro e sentido assim de novo. A claridade fraca da manhã adentrava a janela ao lado da minha cama; ainda de olhos fechados, virei meu corpo e suspirei... Deveria ter bebido muito mais, assim talvez eu não lembrasse a noite passada. Abri meus olhos e os fechei rapidamente já que eles ameaçaram lacrimejar; a manhã poderia ser pálida, mas meus olhos pareciam mais sensíveis do que nunca foram.

Celine estava caída no chão, desmaiada ou dormindo (talvez os dois), apenas de peças intimas longe de sua cama com uma aparência triste; ela com toda a certeza teria uma ressaca das grandes. Annie e Pam estavam deitadas em suas respectivas camas, mas em posições desconfortáveis; ambas ainda de sapatos. Estávamos todas em um estado terrível, mas eu tinha certeza de que o único problema delas era o excesso de álcool.

Levantei contrariada e me aproximei da janela. A altura (mesmo não sendo assim tão alta) me deu ânsia. Segurei o beiral da janela com força e fechei os olhos enquanto uma brisa me bagunçava os cabelos em um afago frio. Dei as costas à janela e ao vento, caminhei até o banheiro e analisei minha imagem no espelho: a sombra preta borrada escorria até minhas bochechas, meus lábios, assim como o resto do rosto, não tinham cor; eu parecia um urso panda. Meus cabelos estavam embaraçados até a raiz e meu hálito era uma mistura de uísque com algo como cerveja barata e uma péssima noite de sono. Eu não só parecia como me sentia um lixo. Respirei fundo e comecei o trabalho de salvar aquele rosto: peguei diversos lenços demaquilantes e sem tanta presa fui tirando o estrago do meu rosto; no fim só existia uma pele tão branca quanto papel e dois olhos inexpressivos.

Abri o chuveiro e retirei as peças intimas que ainda me cobriam o corpo. A água quente relaxava meus músculos tensos e eu senti vontade de chorar mais uma vez; reprimi esse desejo repulsivo e fechei os olhos aproveitando aquele calor agradável... Calor... Aquele fogo que eu sentia tinha sumido; não tudo, mas havia sumido a um ponto em que eu não o perceberia tão fácil. Sorri com esse pensamento e voltei ao desafio que era meu cabelo embaraçado. Vesti uma blusa cinza de manga comprida com uma caveira desenhada em preto, um short preto, meias que iam acima do joelho e botas sem salto, ambas pretas. Para disfarçar, passei delineador e um gloss nos lábios.

Sai do banheiro já vestida, mas me deparei com minhas amigas em um estado lastimável. Caminhei até Celine e a ergui do chão; levei a ruiva até sua cama e a cobri com seu edredom. Depois, Pam e Annie foram mais simples: tirei os sapatos e os acessórios que as duas ainda usavam e as cobri também. Sai daquele quarto, mas antes deixei um bilhete sugerindo que elas tomassem chá verde.

Era sábado e estava cedo. 08h00min da manhã e a escola estava mergulhada em silencio. Foi gostoso passar por aquele lugar vazio, sem ninguém que pudesse estragar meu dia logo cedo. Caminhei até onde pudesse ver os portões do colégio; estavam fechados. Dei a volta no colégio inteiro para chegar ao pequeno portão de ferro enferrujado e assim sair dos muros do internato. Eu queria ir para longe e pensar um pouco no que queria da vida. Andei por muito tempo até chegar ao Central Park. Caminhei por entre as folhas marrons até achar um lugar vazio e com vista para o lago. Me sentei ali em silencio, olhando para longe.

–Você não está triste, está? - pensei em sorrir, mas não consegui.

–Eu gosto de ficar olhando pra longe; não significa que estou triste, eu só gosto disso. – me virei para aquele menino de feições calmas sentado ao meu lado. – E você, Percy?

–Sei lá. Tava entediado e ficar pensando no futuro só piora meu animo. – eu sorri.

–Sei bem como é isso. Não saber o que vai ser e ficar imaginando milhões de possibilidades que te confundem cada vez mais... É cansativo.

Senti seus olhos sobre mim, me analisando. Percy parecia tentar e conseguir ver parcialmente minha alma, ele queria ajudar sem saber como...

–Tenho a impressão de que semideuses têm que ser fortes o tempo inteiro e isso me incomoda. – ele falou com irritação; olhei em seus olhos procurando por uma continuação – Você deu sua vida por outras três e mesmo assim, alguns campistas duvidaram da sua força... – ele bagunçou os cabelos – É como se a vida nos ensinasse a ser fortes a cada segundo...

–A vida não te ensina a ser forte, Percy. – ele olhou pra mim com um misto de emoções – Ela te obriga. Principalmente semideuses. Nós nunca teremos muitas opções e as que tivermos serão horríveis... – trocamos um olhar e dissemos juntos:

–Ser um meio-sangue é um saco! – nós rimos.

–No que estava pensando? – Percy voltou a olhar para frente.

–No que quero da minha vida. – a resposta o surpreendeu – Sabe, antes minha única preocupação era fugir dos meus pais e dos monstros; sobreviver... Não sei se quero isso, não mais.

–Thalia... Você não está pensando em...

–Me matar? – ergui uma sobrancelha – Não daria esse gostinho aos deuses, monstros e sabe lá quem mais.

–Então...

–Eu só quero me encontrar de novo. Me perdi no caminho para o acampamento, perdi amigos... – Percy me deu um soco de leve no braço. – Você prometeu que não iria me deixar.

–Quero cumprir a promessa.

–Sabe que eu espero o mesmo. Não quero me iludir de novo.

A vista pareceu mais interessante a nós dois, mas eu sabia que ele pensava na promessa assim como eu. Eu sentia que podia confiar nele; éramos parecidos o bastante para eu saber que ele se importava com promessas. Eu adorava Percy, mesmo com nossas brigas, mas eu não diria isso em voz alta. Abracei meus joelhos e sorri... O sorriso sumiu à medida que eu via o movimento nas folhas.

–Percy! – Apontei para a região após o lago; ainda existiam algumas folhas verdes por lá, mas não era isso. Um movimento rápido e quase imperceptível fez as folhas se mexerem mais uma vez.

–Eu não gostei disso. – sua voz soou um pouco assustada, mas não o culpo. Nós sabíamos que existia um monstro ali, mas não sabíamos qual. Para piorar nossa situação, que já não era boa, Felipe resolveu aparecer sorridente caminhando calmamente para perto de nós.

–Hey gente! Qual é a boa?

–Não sei a boa, mas a má não é legal. – murmurei, mas Fê ouviu.

–O que? – outro movimento nas folhas e o som de algo caindo na água. Fiquei em pé prevendo o pior e observei uma “cobra” deslizando pela superfície até sumir no fundo do lago.

–Percy, me diz que aquilo é só uma cobra. – pedi ao menino em pé ao meu lado.

–Tha, eu não sei o que é... Mas não é uma cobra. – varias ondinhas marcavam o lago e Felipe fazia diversas perguntas que não iríamos responder.

–CORRE! – Percy e eu gritamos quando o monstro deu as caras. O corpo de mulher acabava na cintura onde existia o corpo de uma cobra gigantesca; ela se levantou até que tínhamos uma perfeita noção do que lidávamos. Um de cada lado, Percy e eu pegamos um braço de Felipe e corremos para longe daquele individuo medonho. O som, agora mais alto e assustador, das folhas estavam mais perto... A cauda da serpente se enrolou em uma árvore a nossa frente e simplesmente se torceu como uma sucuri até quebrar o tronco. A árvore caiu a nossa frente nós impedindo de continuar a correr.

–MAS QUE PORRA É ESSA? – Felipe gritou quando o monstro voltou a se erguer a nossa frente, separado apenas pela árvore caída. Viramos para a esquerda e voltamos a correr sabendo que a mulher-serpente escorregava pelo parque atrás de nós e com a infeliz certeza de que ela era infinitamente mais rápida.

–Você a vê? – gritei abismada, mas não tive resposta.

Talvez você esteja pensando em uma dracaena, mas não era nada disso. As dracaena têm no lugar das pernas caudas de serpente, ou seja, dois corpos répteis; elas vinham sempre com lanças pontiagudas... Esse monstro conseguia ser maior e suas unhas eram o suficiente para cortar qualquer pele. Não era uma visão muito agradável... Fê foi jogado para o lado com a cauda de serpente; seu corpo se chocou com força em um galho de arvore e o quebrou. A queda foi feia e ouvi seu grito de dor. Nesses milésimos, Percy sacou a espada e golpeou o monstro; escamas voaram, mas nada alem disso. Não perdi tempo e esforço com minha lança, mas me concentrei... Quem ela era?

Percy foi jogado contra uma mesa de pedra e eu ouvi o ofego de dor escapando de sua garganta. O monstro me deu as costas me ignorando e seguindo para atacar meu primo. Não tenho palavras para dizer o quanto esse comportamento me irritou; era puro machismo atacar só os meninos e simplesmente virar as costas para mim. Não! Eu não tolero machismo; não mesmo. Ela mostrava as garras para um Percy ainda caído sobre a mesa de concreto. Encontrei uma pedra a uns dois metros de mim e com um tamanho considerável. Corri até lá e assim que tive a pedra em mãos, lancei nas costas nuas do monstro; ela se desequilibrou, mas não caiu. Em uma velocidade anormal e monstruosa ela se virou e enlaçou meu corpo em sua parte serpente me erguendo do chão. Foi à amostra grátis de um ataque de sucuri: ele me esmagava aos poucos à medida que seu tronco, a parte mulher, se aproximava de mim, o ar começava a sumir dos meus pulmões... E seu rosto se encontrava em frente ao meu.

Consegui enxergar beleza que antes existia naquele corpo humano, mas agora os cabelos tinham agora um tom doentio e morto de castanho, a pele era levemente amarelada, alguns dentes pareciam podres. Já ouviram a expressão que diz que os olhos são a janela para a alma? Foi o que aconteceu. Os olhos tinham as pupilas em fenda vertical, mas foi o tom incomum de verde que me chamou a atenção... Era verde de Percy, o verde de Poseidon... Do mesmo modo que fiquei vidrada em seus olhos, o monstro se focou nos meus... Enxerguei a surpresa em seus olhos que nunca fechavam.

Meu corpo caiu no chão, mas ela ainda estava perto demais de mim. Eu já sabia quem era ela e ela sabia quem eu era.

–Eu devia devorá-la. – o monstro rosnou; a voz era rouca, áspera, mas era inegável uma nota de dor ali. Notei que sua boca estava manchada de sangue. Com um dedo ela traçou um caminho pelo meu rosto no que deveria ser um carinho gélido.

–Você não seria melhor que Hera se fizesse isso. – ela recuou como se tivesse levado o pior golpe que alguém pudesse dar. – Você não é melhor que ela.

–Ela me transformou nisso – sua voz arrastada me causou calafrios e o cheiro de sangue me invadiu. – Acha isso algo certo, garota? – não me lembro de ter sentido a raiva tão firme na voz de alguém.

–Não. Desde quando os deuses são certos? – seu corpo caiu a minha frente; ela pareceria sentada se não fosse seu corpo. Me levantei e dei um passo em sua direção. Eu não consegui sentir mais medo dela. – Eu sinto muito. – ela voltou seus olhos faiscantes para mim... E foi embora. Corri até Percy, que estava mais perto; me agachei a seu lado. – Você está bem?

Ele se virou no concreto gemendo, cerrou os dentes e murmurou:

–Claro; me dê cinco minutos. – sai correndo até onde Felipe tinha caído. Cai de joelhos ao seu lado; seu fôlego era realmente curto e ele expressava apenas dor. O galho havia caído em cima de seu corpo o impedindo de levantar e ele gritava em agonia.

–Fê, calma. Eu vou chamar uma ambulância, ok? – peguei meu celular e discava o numero quando notei algumas pessoas chegando para ver o que tinha acontecido. –PERCY, ME AJUDA AQUI! – gritei enquanto ninguém atendia. Percy andava meio sonso até nós e eu comuniquei um acidente no Central Park. – Vêm, me ajuda a tirar isso de cima dele. – juntos tiramos aquele galho de cima do menino. Felipe estava com dificuldade enorme em respirar e eu suspeitava que tivesse quebrado algumas costelas. Sentei na grama e puxei sua cabeça para meu colo, afagando seus cabelos e acalmando-o com calma.

–Lia... Lia... O que... Aquilo? – ele murmurava já que expressava sonolência.

–Hei, fica comigo. – ele abriu um pouco os olhos – Vou te contar, mas agora não. – vi o pessoal da ambulância. Uma maca vinha para perto de nós e dois homens tiraram meu amigo do meu colo. Ofereceram a mim e a Percy o lugar de acompanhantes; assim nós entramos na ambulância junto com Lipe.

[...]

A sala branca estava em perfeito silencio. Felipe estava dormindo graças a um calmante no soro, Percy estava no corredor com meu celular falando com a mãe e eu estava encolhida em uma poltrona me culpando por ferir indiretamente aquele menino maravilhoso. Não conseguia acreditar que só por ser meu amigo, Felipe estava pagando um preço bem alto. Médicos entravam e saiam da sala, olhando exames e conferindo os remédios que deveriam estar no soro. Um corte fino no braço dele indicava onde uma unha havia raspado.

–Deixe-me limpar esse ferimento mocinha. – um homem de meia idade se aproximou de mim com uma pequena bolinha de algodão provavelmente banhada em álcool.

–Que ferimento?

–Esteve tão preocupada com seu amigo que nem percebeu esse corte na sua bochecha. – levei a mão a minha bochecha e quando voltei a olhá-la notei a pequena mancha de sangue nos meus dedos. Acenei positivamente para o homem e virei meu rosto para o lado para que assim ele tivesse melhor acesso ao corte. Enquanto ele limpava a ferida notei Percy falando com uma mulher, mas não dei muita importância a isso.

–Ele vai ficar bem, não vai? – perguntei ao homem que agora limpava meus dedos.

–Vai sim. Ele precisa apenas descansar por bastante tempo até as duas costelas se curarem. Não podemos fazer nada alem de esperar.

Puxei as pernas para cima da poltrona e me encolhi ainda mais me culpando por isso. Não deveria ter deixado o acampamento. Melhor: eu deveria ter saído com a Nayla, assim talvez fosse ela em uma maca e não Felipe... Fê abriu os olhos e olhou ao seu redor tentando descobrir onde estava.

–Lia? – olhei em seus olhos confusos. – O que aconteceu no parque?

– Fê... – ele não me deixou continuar; deu duas batinhas na maca indicando para eu me sentar ao seu lado. Fiz o que ele me pediu e afaguei seus cabelos – o que você viu?

–Uma mulher serpente muito estranha.

–É a primeira vez que você vê algo estranho?

–Não. Sempre vejo esses bichos estranhos... – seus olhos me fuzilaram pedindo uma resposta que eu não queria dar. – Thalia, o que aconteceu?

Percy, a mulher e uma enfermeira entraram no quarto e me pouparam da resposta. Me afastei do menino e me encostei na parede. Percy se aproximou trazendo meu celular.

–Ele viu mesmo aquele...? – Percy não terminou a pergunta.

–Viu. Disse que já viu outros antes e está me cobrando respostas. Eu não sei o que fazer, Percy. – ele me olhava como se partilhasse a mesma duvida. A mulher se aproximou de nós.

–Lia, essa é a minha mãe, Sally Jackson. – sorri para ela e senti uma pontada de inveja do meu primo ao ver o amor de mãe naqueles doces olhos castanhos.

–É um prazer conhecê-la, Thalia. – ele disse com a voz gentil.

–Igualmente, senhora Jackson.

–Tá, o que era aquilo? – Percy perguntou se referindo ao monstro.

–O paciente recebeu alta; vai precisar de repouso absoluto por algumas semanas. – a enfermeira comunicou. Enquanto preenchia um atestado para a escola. Fê levantou com calma e eu fui para seu lado para que se apoiasse.

–Vou levá-los para a escola. – Sally nos disse e fomos os quatro andando devagar pelo hospital até o estacionamento. Lipe e eu fomos atrás, e Sally e Percy foram à frente. – O que aconteceu com vocês hoje? – ela perguntou preocupada, mas sem deixar de ser doce.

–Ele viu o monstro. Isso não é normal! – Percy exclamou.

–Não é comum, querido. – a mãe respondeu o filho – A Nevoa confunde a maioria, não todos. Como você está, Felipe? O que viu?

–Eu não sei o que vi! – ele exclamou frustrado. Me olhou com olhos suplicantes por uma resposta.

–Que monstro era aquele? E por que recuou?

–Recuou porque nós dois lembramos pessoas importantes para ela.

–O que? – Fê e Percy disseram ao mesmo tempo em razão da minha resposta.

–Aquela era Lâmia, uma antiga filha de Poseidon e amante de Zeus. Hera não gostava dela, o que não é surpresa, e matava todos os seus filhos assim que nasciam. – o carro estava um perfeito silencio enquanto apenas a minha voz soava – A vingança da deusa só acabou quando a transformou em um monstro que não poderia fechar os olhos, assim ela sempre veria os filhos mortos.

–Isso é horrível. – Sally murmurou.

–Ela devora crianças com raiva por não ter criado seus filhos. Lâmia é a versão mais antiga do bicho-papão.

–Ela ia nos comer? – Percy expressou seu choque.

–Não por que você a lembrou do pai e eu a lembrei do amante. Ela provavelmente não vê os deuses há séculos ou milênios, mas não teremos tanta sorte assim uma segunda vez.

–Espera. Para tudo! – Felipe balançava as mãos nervosamente, mas não mexia o tronco – Vocês estão me dizendo que os antigos deuses Zeus e Poseidon existem?

–Como você é machista! – exclamei irritada por ele citar apenas os “homens”. Sally riu.

–Querido, você vê alem dos outros humanos, você consegue enxergar através da nevoa que encobre a realidade: todos os deuses e monstros gregos são reais. – a voz delicada e calorosa da mulher acalmou até a mim.

–Mas por que aquele monstro estava atrás de vocês dois?

–A crença mais antiga era a de que os deuses caminhavam pela terra e se apaixonavam por mortais – Percy explicou – Daí surgiam os heróis, meio-sangues.

–Vocês... Não! Isso é ridículo demais para ser verdade... – Lipe riu.

–Queria que não fosse verdade, mas é. – disse em voz baixa. – Lembra quando fomos à praia?

–Lembro, mas...

–Você me perguntou a quem eu pertencia: céu ou mar. Ainda se lembra disso?

“–Pensando no que, Lia? – Fê chegou se sentando ao meu lado e me oferecendo um canudinho; peguei o pedaço de plástico e coloquei no furo no coco que estávamos dividindo.

–Que o céu e o mar não se misturam. – ele riu e apontou para a linha do horizonte.

–Eles se juntam ali no fundo, você vê?

–É ilusão. Você sabe que eles não se misturam de verdade. – disse e logo em seguida, suguei aquele liquido revigorante da fruta. – Alem do mais, eles vivem em guerra.

–Se você pertencesse a apenas um dos dois, a qual pertenceria? Céu ou mar? – ele perguntou de forma ingênua e descontraída. Eu sorri porque eu tinha uma resposta concreta.

–Aos céus. – ele riu.”

–Você é filha de Zeus? O deus dos deuses? – ele me olhava incrédulo.

–É.

–Isso é incrível! – eu ri.

–É maravilhoso! – ele notou meu sarcasmo e o começo de escárnio, então resolveu adivinhar o pai divino do meu primo.

–Você é filho de Poseidon, não é? Mal conseguia ficar longe das ondas. – Percy sorriu, mas não respondeu já que havíamos chegado ao internato de Felipe... E o meu ficava ali na frente. Chamamos alguns seguranças ou porteiros, avisamos o diretor da condição do menino e entregamos o atestado. Antes de ele desaparecer pelos corredores do seu colégio e sumir da nossa frente – Eu vou te ligar mais tarde.

–Eu sei.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente senti falta de encaixar mais monstros na fic, rsrsrsrs, mas essa Lâmia realmente existe na mitologia.
Coments? =))))